Com a presença de ministros e futuros ministros de estado, de representantes diplomáticos de vários países, políticos e agentes dos diversos elos da cadeia produtiva do algodão, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Arlindo de Azevedo Moura, transmitiu ao cotonicultor Milton Garbugio, o comando da entidade. A cerimônia de Posse do Conselho de Administração e Fiscal do Biênio 2019/2020 da Abrapa foi marcada pelo clima de otimismo gerado pela conjuntura atual da cotonicultura e a expectativa causada pela proximidade de um novo governo, que terá como ministra da agricultura a deputada Tereza Cristina, uma das presenças da noite. O evento foi realizado no espaço Unique Palace, em Brasília, no dia 05 de dezembro de 2018.
Em seu discurso, Alindo Moura lembrou o crescimento expressivo de produção e de área plantada com algodão nas últimas safras, respectivamente, de 111% e 68%, ante 2016. "Tive a boa sorte de ser presidente da entidade em uma época muito favorável, exceto, é bem verdade, pelas indefinições na conjuntura político-econômica do Brasil. Contudo, o clima ajudou às lavouras, os preços remuneraram bem o produtor, que, animado, plantou mais. No meu discurso de posse, arrisquei uma projeção. Disse que o Brasil poderia dobrar a produção de pluma em cinco anos e isso aconteceu ao longo das últimas três safras. Em parte, graças à retomada na ocupação de áreas que haviam retraído em safras anteriores, principalmente, em virtude de problemas climáticos", afirmou, repassando o desafio para o sucessor, Milton Garbugio.
"É totalmente factível dobrar a área nos próximos cinco anos, se continuarmos crescendo a uma média de 15% a cada safra. Me atrevo a deixar esse desafio para o Milton. Se mantivermos a média de produtividade dos últimos anos, vamos chegar a 2,7 milhões de toneladas de algodão", calculou.
Crescer com compromisso
Milton Garbugio ressaltou a larga trajetória da Abrapa na defesa da cotonicultura, ao longo dos seus 20 anos de existência, e disse que o objetivo da entidade é fazer a cotonicultura brasileira crescer com compromisso. "Saímos da condição de importadores para, ainda em 2001, garantirmos a autossuficiência da produção de algodão para o abastecimento da indústria nacional. Em 2019, para cada três fardos de algodão que produzimos, dois serão exportados. Precisamos eleger prioridades para pôr esse algodão no mercado mundial", disse. Dentre os pontos elencados, Garbugio destacou a necessidade de se melhorar a infraestrutura logística, de planejamento de portos, de manter a qualidade da fibra e promovê-la no mercado externo, de ganhar ainda mais credibilidade e avançar em sustentabilidade.
O novo presidente da Abrapa ressaltou ainda a importância do benchmark do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) com a Better Cotton Initiative (BCI), que elevou o Brasil ao posto de maior fornecedor mundial de algodão sustentável, licenciado pela BCI. As missões Compradores e Vendedores foram pontuadas como essenciais para a abertura e manutenção de mercados no exterior, diante da nova escalada da cotonicultura brasileira no ranking dos maiores exportadores mundiais, chegando ao posto de segundo colocado, atrás apenas dos Estados Unidos.
Agro forte
A cerimônia contou com a presença da futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e do atual ministro da pasta, Blairo Maggi. Os tons dos discursos deles foram diferentes, a primeira falando sobre a expectativa e o compromisso para o desenvolvimento do agro à frente do cargo, e o segundo, despedindo-se da função, rememorando as lutas da cotonicultura, da qual faz parte desde antes da criação da Abrapa. Ambos, contudo, reafirmaram a crença de que o agro, em especial, a cotonicultura, detém a chave para o desenvolvimento do Brasil. "Temos o dever de fazer o Brasil dar certo", afirmou a futura ministra.
"Aprendemos com os problemas do passado e, ao começarmos a plantar algodão, uma nova atividade, no cerrado, entendemos que precisávamos ser sustentáveis. Não queríamos o chamado 'voo de galinha, que alça aqui e cai adiante", relembrou Blairo Maggi. O ministro destacou a importância da Embrapa e da Fundação MT no desenvolvimento da cotonicultura, e o papel de representatividade da Abrapa no fortalecimento do setor. "Quando começamos os problemas eram diferentes. Hoje eles são ainda mais complexos. Conquistar um mercado é difícil e perder é fácil", afirmou.
Certificação
Uma das grandes conquistas do biênio encerrado foi a certificação internacional do Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA) pelo ICA/Bremen, instituição de referência mundial que congrega o Faserinstitut Bremen, o Bremen Fibre Institute (FIBRE) e o Bremer Baumwollboerse (BBB). Conquistando a chancela do instituto, o laboratório central, terceiro pilar do programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), passou a fazer parte de um seleto grupo de apenas 11 laboratórios no mundo, certificados pela mais importante instituição de testagem de resultados de HVI.
"Há dois anos, recebi da gestão anterior o laboratório pronto, totalmente concebido dentro dos padrões, e já pensado para ser habilitado à certificação internacional. Colocá-lo para operar já foi um grande desafio. No Brasil, ao contrário do que acontece nos EUA, em que todo processo é feito pelo USDA, são os produtores os responsáveis por fazer a checagem dos resultados laboratoriais. Lá, dos 80 laboratórios do gênero existentes, apenas um conquistou a chancela, em duas máquinas. Aqui, o nosso, com apenas dois anos e duas máquinas, já passou a fazer parte do grupo de somente onze laboratórios em todo o mundo a receber a certificação ICA/Bremen. Isso é motivo de grande orgulho", disse Arlindo Moura.
Reuniões
Antes da cerimônia de posse, a Abrapa realizou, na tarde do dia 5 de dezembro, a Assembleia Geral Extraordinária do Conselho de Representantes, na qual foi discutido o orçamento da Abrapa para 2019, e foi eleita, por aclamação, a chapa única para a nova diretoria da Abrapa, que congrega o Conselho de Administração e Fiscal do Biênio da Abrapa. Durante a manhã, representantes da Abrapa e associadas participaram da reunião da Câmara Setorial do Algodão e Derivados, na sede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília.