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Abrapa debate geopolítica e mercado asiático no contexto da Guerra Comercial e da Covid 19

30 de Junho de 2020

Algodão sustentável – chancelado pelo programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e pela Better Cotton Initiative (BCI)–, rastreabilidade da lavoura até a algodoeira, além de qualidade, boa logística de escoamento e competitividade por preço são vantagens dos cotonicultores brasileiros para brigar por mercado e aumentar a presença da pluma nacional na Ásia, em um cenário nada animador, devido aos efeitos da guerra comercial entre Estados Unidos e China e da pandemia da Covid 19. A conclusão foi consenso entre os participantes do webinar Geopolítica e Comércio: cenários para o algodão brasileiro na Ásia, promovido, na noite de ontem (30/06), pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).


O debate virtual teve presença da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, do professor de Agronegócios do Insper, Marcos Jank, do trader suíço residente na China, Thomas Reinhart, além dos presidentes da Abrapa, Milton Garbugio, e da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Henrique Snitcovski.  O webinar foi mediado pelo diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte. O evento é parte das ações do Projeto Setorial de Promoção das Exportações do Algodão Brasileiro, firmado entre a Abrapa e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), para a criação de um plano de promoção internacional do algodão brasileiro na Ásia, região que é destino de 90% dos embarques da pluma nacional.


Tão determinante quanto a pandemia, para os participantes, é uma definição da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Ao sobretaxar em 25% o algodão americano, a crise entre os dois países abriu uma oportunidade para o Brasil assumir, pela primeira vez, a liderança nas vendas para o gigante asiático. No início deste ano, contudo, a assinatura de um acordo entre as duas potências deveria por um fim à guerra. “O trade deal previa que as exportações americanas iriam chegar a US$ 35 bilhões em 2020, mas, até agora, não chegou a US$ 5 bilhões. Está bem aquém do que foi prometido”, considera Marcos Jank. De acordo com Jank, o Brasil se beneficiou da contenda nos últimos anos, tirando cerca de US$10 bilhões dos americanos no mercado chinês.  O fim da sobretaxa de 25% tirou a vantagem do Brasil.


“A presença da Abrapa na Ásia vai cobrir de sete a oito países diferentes. Teremos que atuar no Vietnã, Indonésia, Malásia, Bangladesh, Paquistão, Índia, a partir de Singapura. Vimos que as exportações brasileiras duplicaram nos últimos dois anos, atingindo dois milhões de toneladas, US$ 3 bilhões. O algodão brasileiro está crescendo de maneira muito pronunciada, e a presença física é uma promoção frente aos Estados Unidos, que já exportam há 200 anos. Acredito que, em dez anos, vamos superar o algodão americano em exportações, chegando ao primeiro lugar do ranking”, prevê Jank.



Para Thomas Reinhart, se não houver acordo, o Brasil terá uma vantagem relativa no suprimento de algodão para o mercado chinês. “Mas, sem acordo, a economia chinesa vai sofrer, e a demanda mundial vai diminuir, o que é ruim para todos”, afirmou. Ele acredita que, se a primeira fase do trade deal se concretizar, a China vai comprar basicamente algodão americano. “Nos preços atuais, o Brasil é competitivo frente aos Estados Unidos, mas a demanda das fiações continuará fraca, até o fim da pandemia. Para todos os mercados, e não apenas o asiático”, afirmou. “Por isso, o algodão sustentável ABR/BCI é um grande trunfo do Brasil, especialmente porque a BCI não está mais certificando algodão da região de Xinjiang”, disse Reinhart, referindo-se aos problemas encontrados, especialmente em questões trabalhistas.


A ministra Tereza Cristina enfatizou o trabalho que vem sendo realizado pelo Mapa na abertura e manutenção de mercados fora do Brasil. Segundo ela, são hoje sete adidos da agricultura, e “mais um”, que será baseado em Singapura, onde a Abrapa está em processo de abertura de um escritório de representação, como parte do projeto com a Apex Brasil.


“A pandemia afetou todas as cadeias produtivas, mas, especialmente, a do algodão. A recuperação da China, com redução dos casos de Covid, já justificaria um aumento de importações, apesar de que estamos vendo um movimento diferente da pandemia, com segundas ondas, em lugares que pensamos que já estavam estabilizados, teremos de acompanhar isso muito de perto, para saber o que vem por aí”, pondera.


Logística


O esforço em aprimoramento da logística para escoamento da safra, que o Brasil teve de empreender nos últimos três anos, tornou-se, segundo a Anea, um diferencial competitivo, que fortalece o país neste período de crise. “O Brasil conseguiu se organizar e tem uma capacidade de exportação estratégica, uma vez que nosso transit time é mais longo. Essa é a hora de consolidação e fortalecimento. Temos de aproveitar essa oportunidade”, afirmou.


Em sua fala, o presidente da Abrapa, Milton Garbugio, afirmou que entender de geopolítica é hoje prioridade para o cotonicultor brasileiro. “Por isso, o projeto Ásia é tão importante para Abrapa. Agradecemos o apoio da Ministra Tereza Cristina, do Mapa, do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e da Apex, por tornar esta estratégia possível”, afirmou Garbugio.

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Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa com as principais notícias do mundo do algodão

26 de Junho de 2020

ALGODÃO PELO MUNDO #24


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📊 Algodão em NY - Os contratos futuros de algodão em NY fecharam os últimos sete dias relativamente estáveis.  O contrato dez/20 fechou a semana com ligeira alta de 0,3%, a 59,70 c/lp.



🐂 Altistas - Semana que vem, terça dia 30/6, o mercado finalmente terá os números finais de área plantada nos EUA, com a divulgação do Acreage Report do USDA. Em março, o USDA previu 13,7 milhões de acres. A mediana das estimativas das consultorias é de 13,2 milhões de acres, variando de 11,9 a 13,9 milhões de acres.



🐂 Altistas 2 - O relatório de Crop Progress, do USDA, mostrou que 75% das lavouras dos EUA estão em condições de "boa" a "excelente", enquanto na safra passada este indicador foi de 83%. Na semana passada, choveu no West Texas, no entanto, em algumas lavouras a chuva chegou tarde demais. A área de Memphis Eastern está com temperatura mais baixa do que o normal.



🐻 Baixistas- Nesta semana, os mercados foram pressionados pelas notícias de um crescimento nos casos Covid-19 dos EUA.  Na quinta-feira, os Estados Unidos registraram em torno de 40.000 novos casos de Covid-19, recorde diário pelo segundo dia consecutivo.



🐻 Baixistas 2- Além disso, o FMI- Fundo Monetário Internacional afirmou nesta quarta-feira que a economia global se contrairá ainda mais do que a previsão anterior do órgão.  O FMI disse na quarta-feira que a economia global encolherá 4,9% este ano, em comparação com a estimativa de abril de 3%.



🇨🇳 🇺🇸 Acordo Comercial - Apesar do assessor da Casa Branca, Peter Navarro, sugerir em uma entrevista à Fox News, esta semana, que o acordo comercial EUA-China havia terminado, os mercados se acalmaram rapidamente depois que o presidente Trump tuitou que o acordo estava "totalmente intacto".  A China esta semana respondeu por 90% das compras de algodão americano, mas dificilmente cumprirá os termos do acordo.



🇺🇸 Plantio - Para a semana que terminou em 21/6, o USDA estimou o plantio da safra de algodão de 2020 em 96%, com a maioria dos estados com o plantio praticamente finalizado.  Missouri (90%) e Oklahoma (87%) são as situações mais críticas.



🇨🇳 China - Esta semana será de pouco movimento comercial na China, pois além das novas medidas de distanciamento social em Pequim, o país está em feriado. De 25 a 28 de junho, os Chineses comemoram o Chinese Dragon Boat Festival.



🇻🇳 Vietnã - Dados econômicos divulgados mostram que a economia do Vietnã, segundo maior importador de algodão brasileiro, está se recuperando dos impactos do Covid-19, como indicam os crescentes números de consumo e manufatura em maio.  O governo revisou a meta de crescimento do PIB para 4,5-5,4% neste ano, abaixo dos 7% de crescimento do ano passado.



🇧🇷 Colheita - A Abrapa informou o progresso da colheita da safra 2019/20 de algodão no Brasil até a semana passada: Mato Grosso: 0,1%; Bahia: 4%; Goiás: 14%; Minas Gerais: 10%; Mato Grosso do Sul: 31%; Paraná: 90%;  São Paulo: 85%; Maranhão 10%: e Piauí: 6%. Média Brasil: 3% colhido



🇧🇷 Agenda - No dia 29/6, ocorrerá um webinar, promovido pela Abrapa, com o tema Ásia - Geopolítica e Comércio Internacional: Cenários para o Algodão Brasileiro.  Este evento faz parte do Ciclo de Debates: promoção e presença do algodão brasileiro no exterior, e integra o projeto de promoção do algodão brasileiro, em parceria com Apex Brasil e Anea (Associação Nacional dos Exportadores de Algodão).



🚢 🇧🇷 Exportações - O Brasil exportou 16 mil toneladas de algodão em pluma na terceira semana de junho/20.  O total exportado nas três primeiras semanas foi de 32,6 mil toneladas.



📉📈 Preços - A tabela abaixo ⬇ mostra os últimos movimentos de


preços, índices e câmbio que impactam o mercado de algodão.


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Reunião da Câmara Setorial do Algodão avalia os impactos da Covid-19 Resumo

25 de Junho de 2020

Iniciada a colheita de algodão há pouco mais de duas semanas, na maioria dos dez estados produtores do país, o que se pode afirmar com alguma precisão sobre a safra 2019/2020 no Brasil é que ela será grande ­– aproximadamente, 2,9 milhões de toneladas–, de alta produtividade (1795 quilos de pluma por hectare, em média) e de excelente qualidade, conforme já sinalizam os primeiros resultados dos exames de High Volume Instrument (HVI). Sobre o plantio do ciclo 2020/2021, e o tamanho da área plantada, os produtores presentes à 59ª reunião da Câmara Setorial do Algodão e Derivados, realizada "online" nesta quarta-feira (24/06), preferiram não arriscar qualquer número precipitado. A hesitação decorre das incertezas acerca dos rumos da pandemia da Covid-19, que afetou o mercado global, gerando efeitos em cascata desde o consumidor final, passando pela indústria nacional e as exportações, o que leva o produtor a ter cautela sobre o quanto plantar.



De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que preside a Câmara atualmente, em torno de 3% da área plantada de 1,62 milhão de hectares já foram colhidos até agora. A Câmara Setorial do Algodão é uma iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e é constituída por representantes dos principais elos da cadeia produtiva.



A Covid-19 aumentou a busca dos produtores por crédito, especialmente, para a armazenagem da pluma. A previsão da Abrapa e da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão é de estoques de passagem maior. "Não temos notícias de cancelamentos de remessas até agora, mas os prazos para entrega estão sendo alongados, enquanto isso o produtor precisa de infraestrutura para suas reservas, o que lhe permite também gerenciar suas vendas de acordo com as melhores oportunidades de mercado", explicou o presidente da Abrapa, Milton Garbugio, destacando que o tópico foi contemplado no Plano Safra 2020, lançado na última semana, em Brasília.



Por causa da pandemia, os produtores estão pleiteando um novo ajuste no valor do Preço Mínimo da pluma, estabelecido pelo Mapa. Atualmente, em Real, ele está cotado a 77,45 a arroba, o que já é o resultado de um reajuste ocorrido este ano. Antes, valia R$72 a arroba. De acordo com a Abrapa, o Preço Mínimo mais adequado à conjuntura atual seria de R$92 a arroba, R$14,55 a mais do que a cotação corrente. De acordo com o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, "é muito importante que o Preço Mínimo esteja equiparado à realidade, uma vez que ele é a referência para os programas do Governo para crédito, subvenção e seguro rural", disse.


O custo do algodão no Brasil nesta safra está estimado em dólar US$0,60 por libra-peso é com base nele que os produtores calculam o parâmetro ideal.



Exportações



O presidente da Anea, Henrique Snicovski, também centrou sua análise sobre o quadro presente das exportações. A previsão inicial da Anea era de embarques na ordem de 2,1 milhões de toneladas, mas o advento do coronavirus obrigou a associação a uma revisão dos números levemente para baixo, para pouco menos de 2 milhões de toneladas de pluma. "O ciclo de exportações da safra 2018/2019 ainda não está encerrado. De julho de 2019 a meados de junho de 2020, o país já embarcou 1,89 milhão de toneladas de algodão", afirmou Snitcovski. Segundo ele, o acumulado de junho é de 34 mil toneladas, mas a entidade acredita que chagarão a cerca de 50 mil toneladas, dado que deverá ser consolidado no primeiro dia útil de julho.



"Apesar da revisão na meta, é importante lembrar que este é o maior registro de embarques de algodão que o Brasil já teve. No segundo semestre do ano passado, o país exportou 1,08 milhão de toneladas, o maior segundo semestre da série histórica, desde 1997", diz Snitcovski.  Desde o final de abril até junho deste ano, os embarques estão sendo alongados. "No início da safra 2020, ainda teremos algodão da anterior para embarcar", adverte.



Recordes a cada mês também foram batidos no primeiro trimestre deste ano, de janeiro a abril. "Maio já foi impactado pela pandemia, e, em junho, o número deve ficar perto de 50 mil toneladas, o que também não será a maior marca para este mês. De qualquer maneira, é muito representativo para o setor, uma vez que, de uma safra de cerca de 2,8 milhões de toneladas, vamos exportar quase dois milhões. Teremos um período desafiador à frente, não apenas com o alongamento dos embarques, mas de competitividade no mercado internacional. Por isso, é muito bom escutar que a safra 2019/2020 está vindo bem, com boa produtividade e qualidade", conclui.



Mercado asiático



Ainda segundo a Anea, a China continua sendo o maior destino da pluma nacional, com 30% dos embarques. Na sequência, vem o Vietnam, com 15%; Bangladesh, com 12%; e, empatados, Indonésia, Paquistão e Turquia, com 10% cada um. Somados, esses seis principais mercados representam 90% dos embarques do Brasil. O país segue como o segundo maior exportador da pluma, com 20% do mercado do algodão. Cerca de 97% dos embarques se deram pelo Porto de Santos. Os 3% restantes seguiram pelos chamados portos do "arco norte" do Brasil e outros da região nordeste.



A pandemia também alterou o calendário de um dos mais importantes eventos da cotonicultura nacional, o Anea Cotton Dinner, que deveria acontecer a partir desta semana, mas foi postergado para o período de 30 de junho a 03 de julho de 2021.




Indústria




Gravemente abalada pelo coronavirus em 2020, a indústria têxtil lançou um sopro de otimismo para 2021, na reunião da Câmara Setorial. Entretanto, para 2020, o "mapa de calor" apresentado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) foi, praticamente, monocromático: vermelho, indicando péssimo desempenho e perspectivas em 2020, entre os meses de abril e junho. Em verde, com algum otimismo, as pretensões de exportações do setor, ainda que sujeitas ao momento de recessão nos mercados consumidores.


"Em junho do ano passado, nós estávamos com 73% do cenário verde, ou, na pior das hipóteses, cinza, e hoje estamos apenas com 7% na cor da esperança. Pior ainda quando consideramos que iniciamos 2020 com índices bastante elevados. A pandemia virou tudo de ponta-cabeça", considera Fernando Pimentel, presidente da Abit.



Para o futuro, contudo – alertando que há muita econometria, passível de diversas revisões – a Abit prevê crescimento de 8,3% na produção têxtil; 7,4% no setor de vestuário; 6,5% na produção de roupas e 5,1% nos empregos. Nestes mesmos tópicos, atualmente, a indústria nacional registra queda de 18,3% no varejo; 13,8% na produção têxtil; 17% na produção de vestuário e de 43,6% nos empregos.



"Este dado mostra que, não havendo nada mais complicado à frente, sairemos de uma queda de consumo de 45% para menos 18%, de acordo com o índice Cielo, o que daria uma perspectiva de evolução. Já temos mais de 70% dos shoppings abertos em São Paulo, mas o consumidor não está muito voraz. O e-commerce está operando a toda carga, mas não compensa as quedas. Para piorar, um veranico no estado diminuiu o ritmo das compras de roupas de inverno", afirma Pimentel.



Segundo o presidente da Abit, o comércio de rua – informal – está acontecendo intensamente, mas não o formal. A Abit manifestou preocupação com a segurança de grande parcela da sociedade que não está tomando os devidos cuidados com a quarentena.



Cerca de 66% das empresas brasileiras estão operando com 50% ou menos da capacidade instalada. "O crédito anunciado pelo governo não chegou na ponta, da forma devida, e, quando chegou, beneficiou mais as empresas de maior porte.  Ao mesmo tempo, vemos a dificuldade enorme dos pequenos empresários para acessar as linhas disponibilizadas para eles. "Precisamos dar as mãos para o destravamento do crédito nesta retomada", conclui Pimentel.

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Ciclo de Debates Abrapa Geopolítica e comércio – cenários para o algodão brasileiro na Ásia

25 de Junho de 2020

A Ásia representa 90% dos destinos do algodão brasileiro, e, só a China, 30% desse total. Por isso, é imprescindível entender a conjuntura e traçar estratégias para consolidar e expandir a presença nesse mercado. Na próxima segunda-feira, 29 de junho, às 20h (horário de Brasília) ,junte-se a quem entende do assunto, no webinar "Geopolítica e comércio – cenários para o algodão brasileiro na Ásia".



Painelistas:



Marcos Jank – Professor de Agronegócio Global no Insper.


Thomas Reinhart – Fornecimento e comercialização China – Paul Reinhart A.G.


Tereza Cristina Correa da Costa Dias – Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.


Milton Garbugio – Presidente da Abrapa.


Henrique Snitcovski – Presidente da Anea.



Inscreva-se antecipadamente: https://us02web.zoom.us/webinar/register/WN_kULDpa3SSh21FAWrj9CqwQ

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CTIA reúne-se pela primeira vez após o advento da Covid-19

23 de Junho de 2020

Câmara Temática de Insumos Agropecuários discute os efeitos da pandemia no abastecimento de produtos para os diversos setores do agro


A primeira desde o decreto da pandemia da Covid-19, a 104ª Reunião da Câmara Temática dos Insumos Agropecuários (CTIA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), realizada online, na tarde desta segunda-feira (22), abordou os reflexos da crise sobre o suprimento de insumos para a agricultura brasileira, desde químicos e fertilizantes, até máquinas e logística. Os insumos, como pesticidas e fertilizantes, são considerados imprescindíveis para a agricultura tropical, e como grande parte dos princípios ativos desses produtos, são provenientes da Ásia, os diversos setores do agro temiam o desabastecimento, o que não se confirmou. Nos últimos anos, a presidência da CTIA tem sido da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), representada pelo vice-presidente Júlio Cézar Busato, que também preside a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa).



Embora tenha havido queda geral da demanda, sobretudo em cadeias produtivas como a do algodão e da cana-de-açúcar, em setores como o de insumos de máquinas, implementos, silos e irrigação, por exemplo, a retração foi menor que a esperada, em torno de 6%. Em logística para embarque de pluma, o Brasil bateu recordes em volume mensais de exportações este ano, como em janeiro, quando 309 mil toneladas de algodão partiram para o exterior, e, no caso da soja, os registros são de remessas de um milhão de toneladas ao dia para o mercado externo.



Temor do desabastecimento



Uma das primeiras incertezas a reboque da Covid, o desabastecimento de alimentos nas prateleiras, não se concretizou, mas o perigo da falta de fertilizantes e defensivos permaneceu no radar de Governo e produtores diariamente. Segundo o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Luís Eduardo Pacifici Rangel, o suprimento de insumos agropecuários foi acompanhado de perto, tanto no âmbito do Mapa, quanto no Comitê de Crise do Governo, como um tema transversal à pandemia,



"Prospectamos os gargalos e concluímos que não eram sistêmicos. Pudemos intervir pontualmente, muitas vezes, com o apoio do comitê na Casa Civil. Com a produção agrícola a todo vapor e o início do período de compra de insumos para a safra subsequente, precisávamos dirimir os riscos de interrupção de abastecimento por problemas logísticos, e, a partir da certeza de que o problema estava bem monitorado, pudemos levantar os olhos para as questões econômicas, de exportação", disse Rangel. Entre as boas notícias do período, o secretário comemorou o que chamou de "a melhor relação de troca entre fertilizantes e soja dos últimos 15 anos", o que, em sua visão, é um indicador importante pois "mostra o apetite do produtor para investir no plantio, com efeito multiplicador em todas as cadeias", afirmou.



Mais crédito



Presente à reunião, o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, destacou a importância do Plano Safra 2020/2021, lançado na última semana, para minorar os impactos da pandemia na cotonicultura. "Em nome de todas as associações estaduais de produtores de algodão, a Abrapa novamente agradece o empenho da ministra Tereza Cristina e de sua equipe para aumentar o limite de crédito e possibilitar a retenção de estoques, com juros a 6% ao ano", disse. De acordo com Portocarrero a medida deixa o produtor mais livre para segurar um pouco a comercialização de seus produtos, até que as coisas se normalizem. "Hoje o mercado na indústria nacional e internacional está parado. Não temos ainda notícias de cancelamentos de contratos, mas sabemos que o adiamento de embarques já é uma realidade", argumentou Portocarrero. O Plano Safra foi elogiado por todas as demais cadeias produtivas representadas na reunião da CTIA.



Persistência



Em suas considerações finais, o presidente Júlio Busato lembrou a persistência do agricultor brasileiro que, com tecnologia, dedicação e união se manteve operante e tem sido o grande pilar da economia nacional. "A palavra de ordem é cautela. Certamente não deveremos investir em aquisições de terras, maquinário e expansão de áreas, mas em tecnologia para o cultivo e a produtividade continuaremos investindo. Parabéns aos ministérios da Agricultura e de Infraestrutura pelo trabalho. Nós, do agro, não desistimos, nessa luta para garantir o abastecimento da nossa população, e seguimos também mandando nossos produtos para o mercado externo, ajudando a trazer mais divisas para o Brasil e segurança alimentar para o mundo", afirma Busato.


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18 de Junho de 2020

Cotonicultura mereceu destaque no Plano Safra 2020/2021 para amenizar prejuízos da Covid-19


Um dos setores mais atingidos pela queda no consumo gerada pela pandemia do Covid-19, a cotonicultura, assim como o setor sucroalcooleiro, teve atenção especial do Governo no escopo do Plano Safra 2020/2021. A cerimônia de lançamento ocorreu nesta quarta-feira (17), no Palácio do Planalto, em Brasília, com presença do presidente da República, Jair Bolsonaro, e da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, dentre outras autoridades do alto escalão do Governo, parlamentares e representantes do agro. Para os cotonicultores, a boa notícia foi o aumento do limite por CPF para o crédito para investimento em armazenagem dos estoques atuais, que antes era de R$ 4,8 milhões e passa a ser de R$ 32,5, com juros de 6% ao ano. A partir de agora, esse limite será igual seja para CNPJ ou CPF.


 


Os produtores de algodão consideraram a notícia extremamente positiva, mas, para celebrarem, dependem ainda da regulamentação e da forma como os bancos irão estabelecer o acesso ao crédito. Esta edição do Plano Safra tem recursos de R$ 236,3 bilhões para apoiar a produção agropecuária nacional, um aumento de R$ 13,5 bilhões em relação à anterior. Os financiamentos poderão ser contratados de 1º de julho de 2020 a 30 de junho de 2021.


 


“Este incremento no volume do crédito chega em excelente hora, pois o consumo de algodão será menor, no mundo e no Brasil, em função da pandemia. Uma situação assim,  coincidindo com preços em baixa e uma grande safra – que estamos começando a colher agora no Centro Oeste –, indica que teremos mais estoques de passagem e precisamos armazenar, até para vender melhor o nosso produto”, analisa Milton Garbugio, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Contudo, Garbugio teme que, na prática, o produtor não consiga acessar plenamente os recursos disponíveis. “Tudo vai depender do entendimento dos bancos quanto à análise de endividamento do produtor, de acordo com o que será normatizado. O ideal será que o produto seja a própria garantia do crédito”, diz o presidente da Abrapa.


 


Outra novidade desta edição do Plano Safra é que a linha de crédito rural para armazenamento, o Financiamento para Garantia de Preço ao Produtor (FGPP), derivada do antigo Empréstimo do Governo Federal (EGF), atendendo a um pleito da Abrapa, equiparou CPF e CNPJ em relação ao limite financiado. “Isso torna o Plano Safra mais adequado à realidade do setor”, afirma o presidente. Milton Garbugio elogiou o trabalho da ministra Tereza Cristina à frente da pasta. “Tem sido essencial para garantir a competitividade da agricultura brasileira, especialmente no momento de crise que o mundo enfrenta na atualidade”, considera.


 


Sustentabilidade


 


O incentivo à produção sustentável também teve destaque no Plano Safra 2020/2021. O Programa para Redução de Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura (Programa ABC), que é a principal linha para financiamento de técnicas sustentáveis, terá R$ 2,5 bilhões em recursos com taxa de juros de 6% ao ano, uma ampliação de R$ 400 milhões. Na safra 2020-2021, os produtores terão acesso à linha ABC Ambiental, com recursos para restauração florestal, voltada para contribuir com a adequação das propriedades rurais ao Código Florestal. A taxa de juros é de 4,5% ao ano. A partir de 1º de julho de 2020, os produtores poderão financiar aquisição de cotas de reserva ambiental, medida aprovada pelo Conselho Monetário Nacional.


 


Também há incentivos à adoção de tecnologias relacionadas aos bioinsumos dentro das propriedades rurais e pelas cooperativas. Os produtores podem acessar pelas modalidades de custeio, para aquisição de bioinsumos, ou investimento, na montagem de biofábricas dentro das propriedades (onfarm). Os recursos estão previstos no Inovagro e, no caso dos investimentos em biofábricas, podem chegar a 30% do valor de todo o financiamento. Para as cooperativas, as linhas de crédito é o Prodecoop, para a aquisição de equipamentos para a produção dos bioinsumos.


 


“Semear, plantar, cuidar, esperar florescer e enfim colher os frutos da terra é e sempre será algo essencial e belo. Uma atividade totalmente ligada à natureza só pode ter como caminho a busca da sustentabilidade”, destacou a ministra. 


 


Durante o lançamento do Plano Safra, o presidente Jair Bolsonaro destacou que a produção agrícola não parou durante a pandemia, garantindo o alimento para toda a população brasileira. “Todos os países têm como objetivo a segurança alimentar. A cidade pode parar, mas se um dia o campo parar, todos sucumbirão”, disse Bolsonaro. 

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Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa com as principais notícias do mundo do algodão

12 de Junho de 2020

ALGODÃO PELO MUNDO #22


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📊 Algodão em NY - Após rally na última sexta (5/6), os contratos futuros de algodão em NY voltaram a cair durante a semana.  Nesta quinta (11/6), pesaram negativamente os receios sobre uma possível segunda onda de Covid nos EUA e também as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell.  O contrato dez/20 fechou a última semana (até ontem) com baixa de 0,15%, a 59,49 centavos de dólar por libra-peso (c/lp).


🐂 Altistas- Dados divulgados ontem confirmam que o mercado de trabalho americano continuou seu retorno à normalidade, mesmo que o desemprego ainda esteja elevado.  Números da Covid em queda: EUA, Itália, França, Alemanha, Espanha e Rússia.  Com relação ao algodão, o relatório de vendas de exportação dos EUA para as safras 19/20 e 20/21 mostrou números consideravelmente superiores aos registrados na semana anterior, apesar de serem oriundos somente de dois países: China 🇨🇳 e Vietnam 🇻🇳.


🐻 Baixistas- Ontem o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a recuperação econômica terá "um longo caminho", apesar de reafirmar a intenção do Banco Central Americano de fornecer estímulos à economia, enquanto for necessário, e manter a taxa de juros próxima a zero até, pelo menos, 2022.  Em relação ao mercado de algodão, o USDA divulgou o relatório de oferta e demanda (WASDE) considerado baixista ontem.


🌎 Oferta e Demanda – As projeções globais de algodão para 2020/21, divulgadas ontem pelo USDA no WASDE de junho, mostram consumo menor e estoques finais mais altos. Os estoques finais mundiais aumentaram 1,1 milhões de toneladas nas projeções deste mês, refletindo cortes adicionais no consumo mundial de pouco mais de 400 mil toneladas tanto em 2019/20 quanto em 2020/21.


🌎 Oferta e Demanda 2- O consumo mundial em 2020/21 foi revisado para baixo, puxado por reduções de 220 mil toneladas na previsão para a China 🇨🇳, e de 110 mil t para a Índia 🇮🇳 . O órgão ainda estimou, no seu relatório, que os estoques finais do mundo, em 2020/21, deverão ser de 22,8 milhões de toneladas, ou 91,5% de relação estoque/uso.


🇺🇸 Plantio - O USDA divulgou esta semana mais um relatório sobre o progresso da safra 2020.  Segundo a publicação, o plantio da safra de algodão de 2020 atingiu 77%, número abaixo da média dos últimos cinco anos (80%).  Em relação às condições da lavoura, o departamento indica que 87% das plantações estão regulares ou boas, em comparação com 89% na safra passada.


🇺🇸 Subsídios - Reportagem desta semana do New York Times mostra que o programa de US$ 28 bilhões do governo Trump (2018 e 2019), para compensar os agricultores pelas perdas pela guerra comercial 🇨🇳 x 🇺🇸, ajudou, desproporcionalmente, o setor do algodão dos EUA. Segundo o jornal, os produtores de algodão receberam 33 vezes mais em subsídios federais em 2019, do que a renda que realmente perderam, devido a interrupções no comércio.


🇧🇷 Colheita - A Abrapa informou o progresso da colheita de algodão da safra 2019/20 no Brasil: Bahia: 3%; Goiás: 7%; Minas Gerais: 5%; Mato Grosso do Sul: 16%; Paraná: 80%; São Paulo: 73%. Os estados do Maranhão e Piauí iniciam esta semana, enquanto Mato Grosso deve iniciar a colheita das primeiras lavouras na próxima semana.


🚢 🇧🇷 Exportações - O Brasil exportou 9,6 mil toneladas de algodão em pluma na primeira semana de junho/20.


📉📈 Preços - A tabela abaixo ⬇ mostra os últimos movimentos de preços, índices e câmbio que impactam o mercado de algodão.


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Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa com as principais notícias do mundo do algodão

05 de Junho de 2020

ALGODÃO PELO MUNDO#21


📊 Algodão em NY - Os futuros de NY estão em mais uma semana de alta. Fatores como baixas taxas de juros, abundância de liquidez nos mercados, dólar mais fraco e reaberturas econômicas nas principais economias do ocidente têm se sobressaído em relação aos fundamentos baixistas.  O contrato dez/20 fechou a última semana (até ontem) com alta de 3,6%, a 59,58 centavos de dólar por libra-peso (c/lp).



🐂 Altistas- Entre as notícias altistas desta semana, estão a redução do desemprego nos EUA, em maio, e estímulos monetários por parte do Banco Central Europeu (BCE). Com relação ao algodão, notícias de problemas climáticos na safra americana, como clima seco em partes do Texas (maior produtor), tendem a confirmar uma redução de área no relatório “Acreage Report”, que será divulgado no final do mês pelo USDA.



🐻 Baixistas- No último capítulo da novela entre Washington e Pequim, a China pediu a suas empresas estatais que suspendam compras de produtos agrícolas dos Estados Unidos, após o governo norte-americano ter afirmado que iria eliminar o tratamento especial dos EUA a Hong Kong. No relatório de vendas externas semanais de algodão dos EUA, divulgado nesta quinta-feira, as vendas foram negativas, sem compras Chinesas de algodão da safra atual.



🇮🇳 Índia - Enquanto produtores iniciam o plantio de algodão da safra 20/21, o Governo da Índia, maior produtor mundial de algodão, anunciou esta semana aumento no preço mínimo (MSP) pago aos produtores do país.  O aumento foi de 5% para em torno de 83,4 c/lp CIF Ásia.  Este nível de subsídio causa distorções tanto internas quanto no mercado internacional.



🦗 Gafanhotos - A Índia e o Paquistão, quinto maior produtor mundial, estão enfrentando uma séria praga de gafanhotos que ameaça suas lavouras, incluindo as de algodão.  As nuvens de gafanhotos têm atingido até mesmo as áreas urbanas em algumas províncias, destruindo parques e a arborização das vias. Trata-se, até o momento, da crise mais grave dessa natureza desde 1993, segundo o governo do Paquistão.



🇵🇰 Paquistão. O governo local negociou com a FAO um repasse de US$ 500 milhões para mitigar os efeitos da infestação sobre a renda dos agricultores. Estima-se que cerca de 1,8 milhão de pessoas trabalhem apenas nas lavouras de algodão em Punjabi. Além da indústria têxtil, o algodão tem importância para a segurança alimentar do país: o óleo de algodão responde por quase 20% do consumo de óleo comestível no Paquistão.



👕♻ Sustentabilidade - Hoje, 5 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente.  Ótima oportunidade para lembrar que 1/3 do algodão certificado produzido no mundo é brasileiro, pois mais de 80% da produção nacional têm certificação de sustentabilidade.



🏭 Microplásticos – Além disso, o algodão é natural e não polui.   Partículas invisíveis oriundas de roupas sintéticas representam mais de 35% dos microplásticos que poluem os oceanos, afetando os ecossistemas e a saúde humana, segundo a OCDE.



🇺🇸 Plantio - O USDA divulgou esta semana mais um relatório sobre o progresso do plantio da safra 2020.  Segundo o relatório, o plantio da safra de algodão de 2020 atingiu 66% plantada até 31/maio.  Este número está em linha com o do ano passado e com a média dos últimos cinco anos.



🇧🇷 Colheita - A previsão para início da colheita nas primeiras áreas da Bahia é a partir de 10 de junho, assim como em Goiás, Minas Gerais, e no restante do Mato Grosso do Sul.  As primeiras lavouras de algodão de Mato Grosso começam a ser colhidas na segunda quinzena de junho.  São Paulo alcança 61% da área total colhida e o Paraná, 80%.



🚢 🇧🇷 Exportações - O Brasil exportou 69,6 mil toneladas de algodão em pluma no mês de maio/20.  Com isso, o volume total exportado neste ano comercial (Ago-Jul) já supera 1,8 milhões de toneladas.



📉📈 Preços - A tabela abaixo ⬇ mostra os últimos movimentos de


preços, índices e câmbio que impactam o mercado de algodão.


📊 Algodão em NY - Os futuros de NY estão em mais uma semana de alta. Fatores como baixas taxas de juros, abundância de liquidez nos mercados, dólar mais fraco e reaberturas econômicas nas principais economias do ocidente têm se sobressaído em relação aos fundamentos baixistas.  O contrato dez/20 fechou a última semana (até ontem) com alta de 3,6%, a 59,58 centavos de dólar por libra-peso (c/lp).



🐂 Altistas- Entre as notícias altistas desta semana, estão a redução do desemprego nos EUA, em maio, e estímulos monetários por parte do Banco Central Europeu (BCE). Com relação ao algodão, notícias de problemas climáticos na safra americana, como clima seco em partes do Texas (maior produtor), tendem a confirmar uma redução de área no relatório “Acreage Report”, que será divulgado no final do mês pelo USDA.



🐻 Baixistas- No último capítulo da novela entre Washington e Pequim, a China pediu a suas empresas estatais que suspendam compras de produtos agrícolas dos Estados Unidos, após o governo norte-americano ter afirmado que iria eliminar o tratamento especial dos EUA a Hong Kong. No relatório de vendas externas semanais de algodão dos EUA, divulgado nesta quinta-feira, as vendas foram negativas, sem compras Chinesas de algodão da safra atual.



🇮🇳 Índia - Enquanto produtores iniciam o plantio de algodão da safra 20/21, o Governo da Índia, maior produtor mundial de algodão, anunciou esta semana aumento no preço mínimo (MSP) pago aos produtores do país.  O aumento foi de 5% para em torno de 83,4 c/lp CIF Ásia.  Este nível de subsídio causa distorções tanto internas quanto no mercado internacional.



🦗 Gafanhotos - A Índia e o Paquistão, quinto maior produtor mundial, estão enfrentando uma séria praga de gafanhotos que ameaça suas lavouras, incluindo as de algodão.  As nuvens de gafanhotos têm atingido até mesmo as áreas urbanas em algumas províncias, destruindo parques e a arborização das vias. Trata-se, até o momento, da crise mais grave dessa natureza desde 1993, segundo o governo do Paquistão.



🇵🇰 Paquistão. O governo local negociou com a FAO um repasse de US$ 500 milhões para mitigar os efeitos da infestação sobre a renda dos agricultores. Estima-se que cerca de 1,8 milhão de pessoas trabalhem apenas nas lavouras de algodão em Punjabi. Além da indústria têxtil, o algodão tem importância para a segurança alimentar do país: o óleo de algodão responde por quase 20% do consumo de óleo comestível no Paquistão.



👕♻ Sustentabilidade - Hoje, 5 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente.  Ótima oportunidade para lembrar que 1/3 do algodão certificado produzido no mundo é brasileiro, pois mais de 80% da produção nacional têm certificação de sustentabilidade.



🏭 Microplásticos – Além disso, o algodão é natural e não polui.   Partículas invisíveis oriundas de roupas sintéticas representam mais de 35% dos microplásticos que poluem os oceanos, afetando os ecossistemas e a saúde humana, segundo a OCDE.



🇺🇸 Plantio - O USDA divulgou esta semana mais um relatório sobre o progresso do plantio da safra 2020.  Segundo o relatório, o plantio da safra de algodão de 2020 atingiu 66% plantada até 31/maio.  Este número está em linha com o do ano passado e com a média dos últimos cinco anos.



🇧🇷 Colheita - A previsão para início da colheita nas primeiras áreas da Bahia é a partir de 10 de junho, assim como em Goiás, Minas Gerais, e no restante do Mato Grosso do Sul.  As primeiras lavouras de algodão de Mato Grosso começam a ser colhidas na segunda quinzena de junho.  São Paulo alcança 61% da área total colhida e o Paraná, 80%.



🚢 🇧🇷 Exportações - O Brasil exportou 69,6 mil toneladas de algodão em pluma no mês de maio/20.  Com isso, o volume total exportado neste ano comercial (Ago-Jul) já supera 1,8 milhões de toneladas.



📉📈 Preços - A tabela abaixo ⬇ mostra os últimos movimentos de preços, índices e câmbio que impactam o mercado de algodão.


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Abrapa participa do Denim Meeting Talks

04 de Junho de 2020

Setores de fibras têxteis debatem o futuro do jeans


O Brasil é atualmente o maior produtor mundial de jeans, com 25 milhões de metros produzidos ao mês. O tecido é feito majoritariamente de algodão, commodity na qual o país também performa em grande estilo, sendo hoje o quarto maior produtor mundial, segundo maior exportador, e, também, campeão global em produtividade sem irrigação (1776kg/hectares). Mas, em quase um século e meio de história, desde que o denim ganhou o guarda-roupa das pessoas ao redor do mundo, muita coisa mudou no tecido, que começou a incorporar outras fibras e tecnologias.



O que pode vir a ser o futuro deste item que é quase unanimidade no planeta, em termos de funcionalidade, conforto e sustentabilidade, foi debatido nesta terça-feira (03/06), no Denim Meeting Talks, evento virtual que teve como um dos convidados o vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Júlio Cézar Busato. A "live" incluiu representantes da indústria de produção de outras fibras de base natural, como a viscose, e sintética, como o elastano e o nylon.



O debate entre representantes de setores, aparentemente, concorrentes teve como objetivo repensar o jeans, sob as luzes e incertezas do cenário que se desenha, principalmente, pós-pandemia da Covid-19, em que os consumidores estão ainda mais exigentes com atributos como conforto – para trabalhar de jeans em home office –, segurança e sustentabilidade. O jeans, que originalmente era feito totalmente em algodão, desde os anos de 1960 vem incorporando outras fibras, nem sempre biodegradáveis, para conferir mais maleabilidade, movimento e caimento à trama. Na "ordem do dia" da cadeia produtiva, estão termos como sustentabilidade, economia circular, rastreabilidade, redução de resíduos e biodegradabilidade.



Em sua fala, Busato resumiu a história do algodão no Brasil e os diferentes modelos de produção que caracterizaram as muitas fases de cotonicultura brasileira, desde o século XVII até o final do século XX, quando as lavouras migraram para o centro-oeste do país, e o conceito de produção passou a ter como linha-mestra a sustentabilidade (ambiental, social e econômica) da fibra.



Segundo Busato, esse pensamento sustentável só se configurou graças à união dos produtores e à organização do setor, em associações estaduais, congregadas pela nacional, a Abrapa. "Assim, conseguimos nos mobilizar para atingir a excelência. Hoje, temos qualidade, volume de escala e regularidade de fornecimento. Conquistamos a credibilidade no mercado, com programas voltados à precisão e transparência nos resultados de classificação, e somos reconhecidos como líderes mundiais em produção sustentável", disse o vice-presidente da Abrapa, que preside também a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa). Ele enfatizou a importância do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que, desde 2013, estabeleceu 178 critérios a serem cumpridos pelos agricultores, nos quais estão inserido outros 25 itens da Better Cotton Initiative (BCI), uma vez que a Abrapa opera em benchmark com a BCI, referência global em licenciamento de algodão sustentável. "Os cotonicultores brasileiros se orgulham de ter 80% do seu algodão chancelado com o selo ABR, que é auditado por empresas de terceira parte, e de grande renome", afirma o Júlio Busato.


Único com tecnologia milenar, natural e biodegradável, 100% reciclável e produzido em parâmetros sustentáveis, o algodão inspira outras fibras a agregar biodegradabilidade e também a investir em processos de reciclagem. Um dos exemplos é a "Refibra", novo produto Tencel, feito de resíduos de madeira e algodão, da Lenzing, também representada no evento.

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