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Guerra comercial entre EUA e China seguem gerando incertezas no mercado global
23 de Abril de 2025A situação comercial entre Estados Unidos e China segue gerando incertezas no mercado global. Enquanto Pequim aguarda que o país norte-americano mostre “respeito” para, quem sabe, iniciar algum diálogo, do outro lado se espera um contato para iniciar as negociações. As informações constam no Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa desta sexta-feira (18). Confira os destaques trazidos pelo Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa: Algodão em NY – O contrato Jul/25 fechou nesta quinta 17/abr cotado a 66,30 U$c/lp (-1,0% vs. 10/abr). O contrato Dez/25 fechou em 67,86 U$c/lp (-0,6% vs. 10/abr). Basis Ásia – Basis médio do algodão brasileiro posto Leste da Ásia: 913 pts para embarque Abr/Mai-25 (Middling 1-1/8″ (31-3-36), fonte Cotlook 17/abr/25). Altistas 1 – Após semanas de forte reação a notícias caóticas sobre o tarifaço e tensões geopolíticas, o mercado de algodão parece ter retomado o foco nos fundamentos. Altistas 2 – O bom volume de vendas para exportação desta semana e as previsões de clima seco em regiões-chave dos EUA deram suporte ao mercado. Baixistas 1 – Os mercados de ações recuaram após o presidente do Federal Reserve dos EUA afirmar que as tarifas foram maiores do que o esperado, o que pode resultar em mais inflação, aumento do desemprego e crescimento mais lento. Baixistas 2 – A demanda global por algodão segue abaixo do esperado, mesmo com preços mais baixos. EUA – Segundo o USDA, 5% da área já foi plantada nos EUA, abaixo dos 8% da média de 5 anos. Chuvas no Delta e Sudeste atrasam plantio. China 1 – O plantio de algodão em Xinjiang alcançou mais de 62% da área plantada prevista na semana passada, informou a Beijing Cotton Outlook (BCO). É um aumento de 48 pontos percentuais em relação à semana anterior. China 2 – O governo chinês reduziu em 200 mil tons as estimativas tanto para importação quanto para consumo de algodão no ano 2024/25, ficando em 1,5 milhão tons e 7,6 milhões tons respectivamente. China 3 – A Associação de Algodão da China prevê área plantada de 2,95 milhões de hectares para 2025/26, sendo 92% em Xinjiang. Tarifaço – Alguns países taxados pelos EUA cogitam ampliar a compra de pluma norte-americana para melhorar relações com a Casa Branca. É o caso da Indonésia e do Paquistão. A Indonésia tem nos EUA o cliente de 40% de sua exportação de têxteis e roupas. Agenda – Mercado fechado hoje devido ao feriado da Sexta-feira Santa. Brasil – Exportações – As exportações brasileiras de algodão somaram 103,9 mil tons nas duas primeiras semanas de abril. A média diária de embarque é 5,2% superior que a registrada no mesmo mês de 2024.
‘Quem é o Brasil na Revolução da Moda?’: Mapeamento nacional propõe a reflexão sobre o papel do país na transformação do setor
23 de Abril de 2025Uma fotografia da indústria da moda do Brasil revela um quadro cheio de lacunas. Sabemos que o país ostenta o título de maior cadeia têxtil completa do Ocidente: do cultivo de matéria prima aos desfiles de moda, temos de um tudo: fiações, tecelagens, beneficiadoras, confecções e varejo. Mas ainda estamos engatinhando quando as perguntas são sobre o impacto socioambiental do segmento. O que sabemos com certeza é que, mesmo sofrendo a pressão do grande varejo internacional, os dados revelam a pujança do setor. Em 2023, o faturamento da Cadeia Têxtil e de Confecção alcançou R$ 203,9 bilhões, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção. Foram 8,02 bilhões de peças produzidas em 2023, um total de 2 milhões de toneladas. Quando se observa apenas a produção de matéria-prima, os dados ficam ainda mais impressionantes: em 2024, o Brasil tornou-se o maior produtor de algodão do mundo: a safra de 2023/2024 foi de 3,7 milhões de toneladas de algodão, numa área de quase 2 milhões de hectares, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão. Assim como os dados econômicos, o que também está fartamente documentado são os impactos socioambientais do setor: é o que nos conta o relatório Crimes da Moda, desenvolvido pela organização não-governamental Earthsight. O crescimento do cultivo do algodão brasileiro, que alimenta multinacionais de moda ao redor do mundo com o rótulo de sustentável, vem acompanhado de desmatamento do cerrado, poluição de mananciais, perda de biodiversidade e até grilagem de terras. Em palavras simples: um bom negócio para quem vende, um impacto devastador para as comunidades tradicionais do oeste baiano. A transparência da indústria têxtil brasileira não está na moda Em comparação à abundância de dados sobre a importância econômica e sobre os impactos ambientais da moda, sabemos relativamente pouco sobre o quanto as marcas da moda investem na redução destes impactos, conforme as conclusões do Índice de Transparência da Moda (ITM 2024). Não chega à metade o percentual de marcas analisadas que divulga dados fundamentais para a compreensão do que vem sendo feito pela redução desses impactos – como, por exemplo, as emissões de gás carbônico relacionadas às suas próprias instalações (45%). Um compromisso efetivo com o fim do desmatamento, por sua vez, é assumido por apenas 10% das marcas. Implementação de práticas regenerativas é compromisso de 8% das marcas analisadas – quando se analisa que a principal fibra utilizada pela moda é de origem vegetal e, portanto, afetada pela crise climática, entende-se que o pouco caso das marcas pela preservação ambiental põe a própria indústria em risco. Quando se fala em compromisso com direitos humanos, então, o retrato se mostra ainda mais obscuro. Entre 2018 e 2023, a transparência sobre políticas para fornecedores sobre trabalho escravo contemporâneo reduziu de 58% para 55%. As informações sobre a divisão por cor ou raça dos trabalhadores são divulgadas por 18% das empresas e nenhuma empresa analisada divulga as diferenças salariais da sua equipe sob uma perspectiva racial. Já a presença de grupos afetados em processos de devida diligência – que é quando se analisa e investiga os riscos e impactos aos direitos humanos e ao meio ambiente – é registrado respectivamente por 7% e 5% das empresas. Parece que, apesar da proliferação da sigla ESG, o S – que significa Social – anda meio esquecido. A sociedade civil se levanta para exigir mudanças A sociedade civil tenta fazer a sua parte – e, em um cenário de tão poucos registros, transparência virou uma bandeira. O levantamento de dados sobre os impactos da moda é por si só uma tarefa hercúlea. Relatórios como o Crimes da Moda e o Índice de Transparência da Moda ajudam a dar uma perspectiva sobre o tamanho do problema do segmento. Esse ano, como parte da maior campanha de moda ativista do mundo, a Semana Fashion Revolution, o Instituto Fashion Revolution Brasil lançou o desafio “Quem é o Brasil na Revolução da Moda?”. Distribuídos pelas cinco regiões do país, os mais de 100 voluntários da organização farão um mapeamento colaborativo, visando traçar um retrato dos maiores desafios e potencialidades do segmento no país. No Brasil, a SFR existe desde 2014, e foi criada após a tragédia do Rana Plaza, que vitimou 1.138 trabalhadores da moda em Bangladesh no dia 24 de abril de 2013. Marina de Luca, Coordenadora de Mobilização e da SFR, destaca que “atuar, há 11 anos, nessa jornada nos ensinou muita coisa, e é muito potente ver a consolidação dessa campanha plural a cada ano”. Para a coordenadora, o mapeamento proposto pela campanha deste ano é uma forma de evidenciar a maturidade do movimento, que, atualmente, conta com uma rede de centenas de voluntários, espalhados por todas as regiões do Brasil, e que atuam em mais de 150 instituições de ensino. Além do mapeamento, a SFR conta com uma programação de centenas de ações, que acontecem de 22 a 27 de abril, de Norte a Sul do país. Todas as pessoas que se interessam pelo tema estão convidadas a se engajarem na busca por uma moda brasileira mais justa, ética e transparente.
Abrapa promove capacitação para inspetores de UBA na Bahia
23 de Abril de 2025A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) realizou, ontem (22), o curso de Capacitação e Qualificação de Inspetores de Unidades de Beneficiamento de Algodão (UBA). A formação ocorreu no Centro de Análise de Fibras da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), em Luís Eduardo Magalhães (BA), e reuniu 44 participantes, entre gestores, classificadores, coordenadores das UBAs e demais responsáveis pelo processo de amostragem dos fardos de algodão. Conduzida pela Abrapa e supervisionada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a capacitação faz parte do processo de certificação de conformidade da qualidade do algodão brasileiro e atende aos requisitos do Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB). Durante o curso, foram abordados os requisitos legais do programa, incluindo os padrões oficiais de classificação, identidade e qualidade do algodão em pluma, além dos processos de amostragem, apresentação e rotulagem do produto. “O treinamento teve como objetivo qualificar os inspetores de UBA, profissionais responsáveis pela amostragem dos fardos de algodão, que deve seguir rigorosamente os requisitos da Instrução Normativa nº 24/2016 (IN24), do Mapa, alinhada a padrões internacionais. A retirada e o manuseio corretos das amostras garantem resultados cada vez mais confiáveis — algo essencial para a indústria e para toda a cadeia do algodão, pois asseguram maior transparência, credibilidade e rastreabilidade”, explicou Edson Mizoguchi, gestor do Programa de Qualidade da Abrapa. Sérgio Brentano, gerente do Centro de Análise de Fibras da Abapa, compartilhou da mesma opinião e destacou a importância da qualificação dos inspetores, que somam cerca de 170 profissionais atuando na Bahia. “Essa ação de treinamento eleva o nível dos processos nas usinas que são fundamentais para a imagem da cotonicultura brasileira. Garantir que a amostragem seja bem executada é garantir credibilidade, confiabilidade e rastreabilidade ao nosso algodão”, ressaltou. Os inspetores de UBA desempenham um papel estratégico na garantia da rastreabilidade e da qualidade do algodão beneficiado. São responsáveis por gerenciar o processo de amostragem dentro das unidades de beneficiamento, assegurando sua conformidade com as normas internacionais. Entre suas atribuições, está a alimentação do Sistema Abrapa de Identificação (SAI) e do Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), que asseguram que as amostras e os fardos atendam aos padrões estabelecidos pela IN24. “Mais uma vez, a Abrapa saiu na frente ao lançar o PQAB, colocando seu braço, junto ao do Mapa, diretamente nas algodoeiras. A proposta é qualificar um colaborador do produtor para atuar como inspetor de qualidade dentro do processo. Esse profissional se torna um especialista, com uma visão holística de toda a cadeia do algodão, contribuindo para que todas as amostras que saem da algodoeira cheguem ao laboratório dentro dos padrões exigidos pela Instrução Normativa nº 24, de 2016. Com isso, todos ganham: o produtor, que passa a contar com um processo mais estruturado; o colaborador, que adquire conhecimento, experiência e novas oportunidades de carreira; e o mercado, já que a indústria têxtil passa a valorizar ainda mais a fibra brasileira”, explica Edmilson Santos, consultor na área de qualidade, processo e beneficiamento do algodão. Para o diretor executivo da Abapa, Gustavo Prado, a capacitação dos inspetores de UBA é essencial para transformar o trabalho realizado no campo em qualidade reconhecida no mercado. “Ao dominar os critérios técnicos e operacionais exigidos pelo PQAB e pela IN24, esses profissionais fortalecem não apenas os processos dentro das unidades de beneficiamento, mas também a reputação do algodão brasileiro no mercado global. A Abapa segue comprometida com o desenvolvimento contínuo da cotonicultura brasileira”, pontuou. Passo a passo A programação também contou com a participação de Silmara Ferraresi, diretora de Relações Institucionais da Abrapa, que apresentou os detalhes do Sistema Abrapa de Identificação (SAI) e os mecanismos de rastreabilidade utilizados na cadeia do algodão. “Durante o treinamento, mostro passo a passo como operamos dentro do sistema, seja pelo computador ou pelo aplicativo do inspetor — já que ele pode utilizar as duas ferramentas”, explicou. Silmara detalhou que, após o treinamento e a certificação, o inspetor precisa estar vinculado a uma Unidade de Beneficiamento de Algodão (UBA) para atuar dentro do Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB). O primeiro passo é comprovar as medidas das facas das prensas. Em seguida, deve-se vincular as fazendas e os produtores cujos fardos serão beneficiados pela unidade. “Chamamos isso de ‘fazer vínculos’. O inspetor acessa o SAI, seleciona as unidades produtivas e já visualiza quem é o produtor responsável”, esclareceu. Depois dessa etapa, é hora de submeter as malas. Para isso, o inspetor deve informar o lacre, a tara do papel, o peso da mala e, se quiser, pode também declarar a variedade do algodão. Essas informações são fundamentais para que o sistema calcule o peso médio das amostras, em função do número de amostras por mala. Na sequência, o inspetor precisa responder a um checklist com perguntas, que confirmam a conformidade da mala com os requisitos do programa de qualidade. Entre elas: existe rastreabilidade entre a amostra e o fardo? A etiqueta da amostra corresponde à do fardo? O peso médio das amostras é igual ou superior a 150 gramas? O inspetor utilizou duas subamostras para compor a amostra principal? A mala está devidamente lacrada e em condições de ser submetida? “Se todas as respostas forem ‘sim’, essa mala está habilitada para seguir no PQAB dentro do laboratório de HVI, que também executará checagens”, finalizou Silmara. Teoria e prática Para os participantes, a formação trouxe ganhos práticos. Erick Sousa Santos, coordenador da UBA São Francisco, destacou a relevância do treinamento para a segurança e eficiência das operações. “O treinamento abordou temas importantes, como a identificação de riscos, análise de dados e tomada de decisões. A troca de experiências com outros profissionais foi enriquecedora e permitiu que eu compartilhasse conhecimentos e aprendesse com os demais. Acredito que essa capacitação vai ajudar a realizar meu trabalho de forma mais eficaz e segura”, avaliou. O treinamento realizado na Abapa faz parte de uma série de ações promovidas pela Abrapa com foco no pilar de qualidade. A próxima formação de inspetores de UBA está marcada para o dia 29 deste mês, no laboratório da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa).
Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa - 18/04/25
18 de Abril de 2025Destaque da Semana - Os EUA continuam esperando a China entrar em contato para negociar, enquanto Pequim quer que os EUA mostrem respeito para, quem sabe, começar um diálogo. Algodão em NY - O contrato Jul/25 fechou nesta quinta 17/abr cotado a 66,30 U$c/lp (-1,0% vs. 10/abr). O contrato Dez/25 fechou em 67,86 U$c/lp (-0,6% vs. 10/abr). Basis Ásia - Basis médio do algodão brasileiro posto Leste da Ásia: 913 pts para embarque Abr/Mai-25 (Middling 1-1/8" (31-3-36), fonte Cotlook 17/abr/25). Altistas 1 - Após semanas de forte reação a notícias caóticas sobre o tarifaço e tensões geopolíticas, o mercado de algodão parece ter retomado o foco nos fundamentos. Altistas 2 - O bom volume de vendas para exportação desta semana e as previsões de clima seco em regiões-chave dos EUA deram suporte ao mercado. Baixistas 1 - Os mercados de ações recuaram após o presidente do Federal Reserve dos EUA afirmar que as tarifas foram maiores do que o esperado, o que pode resultar em mais inflação, aumento do desemprego e crescimento mais lento. Baixistas 2 - A demanda global por algodão segue abaixo do esperado, mesmo com preços mais baixos. EUA - Segundo o USDA, 5% da área já foi plantada nos EUA, abaixo dos 8% da média de 5 anos. Chuvas no Delta e Sudeste atrasam plantio. China 1 - O plantio de algodão em Xinjiang alcançou mais de 62% da área plantada prevista na semana passada, informou a Beijing Cotton Outlook (BCO). É um aumento de 48 pontos percentuais em relação à semana anterior. China 2 - O governo chinês reduziu em 200 mil tons as estimativas tanto para importação quanto para consumo de algodão no ano 2024/25, ficando em 1,5 milhão tons e 7,6 milhões tons respectivamente. China 3 - A Associação de Algodão da China prevê área plantada de 2,95 milhões de hectares para 2025/26, sendo 92% em Xinjiang. Tarifaço - Alguns países taxados pelos EUA cogitam ampliar a compra de pluma norte-americana para melhorar relações com a Casa Branca. É o caso da Indonésia e do Paquistão. A Indonésia tem nos EUA o cliente de 40% de sua exportação de têxteis e roupas. Agenda - Mercado fechado hoje devido ao feriado da Sexta-feira Santa. Exportações - As exportações brasileiras de algodão somaram 103,9 mil tons nas duas primeiras semanas de abril. A média diária de embarque é 5,2% superior que a registrada no mesmo mês de 2024. Este boletim é produzido pelo Cotton Brazil - cottonbrazil@cottonbrazil.com
Cerrado Summit discute soluções regenerativas para a COP 30
17 de Abril de 2025A cidade de Luís Eduardo Magalhães, no Oeste da Bahia, foi palco do AARL Cerrado Summit, único evento preparatório para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) realizado fora de uma capital brasileira, nos dias 15 e 16 de abril. À frente da iniciativa, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) — associada da Abrapa — foi uma das principais apoiadoras do encontro, que reuniu cerca de 120 participantes, entre presenciais e online, incluindo representantes do governo, setor produtivo, instituições financeiras e sociedade civil. O objetivo foi construir soluções para escalar paisagens regenerativas no Brasil, especialmente no cerrado. “Foi impressionante ver tantos setores pensando juntos em soluções factíveis, e o quando nós agricultores, e, em especial os produtores de algodão do Brasil, podemos ser parte da solução para as definições que vão impactar no futuro do planeta”, destacou a presidente da Abapa, Alessandra Zanotto Costa, que ressaltou também a escolha de Luís Eduardo Magalhães como sede da conferência “pré-COP”. O Cerrado Summit foi estruturado em três eixos principais: políticas públicas, instrumentos de financiamento e métricas para mensuração de resultados no campo. Além dos painéis temáticos, os participantes desenvolveram propostas práticas em grupos de trabalho. As soluções discutidas serão sistematizadas e levadas à COP 30 como contribuições para a agenda climática global. O evento foi promovido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em parceria com o Boston Consulting Group (BCG), o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), além de ter apoio da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba).
Defesa global do algodão marca evento do ICAC
17 de Abril de 2025O fortalecimento do algodão na matriz têxtil foi a tônica central da edição de 2025 do Research Associates Program (RAP), evento promovido pelo Comitê Consultivo Internacional do Algodão (ICAC). Direcionado a pesquisadores e especialistas em cotonicultura e sustentabilidade de todo o mundo, o evento teve a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) representando o Brasil. Gerente de Sustentabilidade da entidade, Fabio Carneiro participou do congresso, realizado de 7 a 11 de abril no Tennessee (EUA). Ele explica que, além da diversidade de nações produtoras presentes, o evento se destacou pelo alinhamento estratégico do ICAC, uma das organizações mais representativas da cotonicultura mundial. “Hoje, a indústria têxtil global é dominada por fibras sintéticas, de origem fóssil. Isso impacta diretamente a demanda em todo o mundo. Por isso, é fundamental nos unirmos na defesa do algodão como uma opção viável e mais sustentável frente aos desafios ambientais e econômicos do setor”, destacou Carneiro. Nesta 25a edição, o gestor da Abrapa apresentou no evento um panorama sobre os avanços da cotonicultura brasileira, boas práticas agrícolas adotadas e iniciativas de rastreabilidade e sustentabilidade. “Foi um importante intercâmbio, porque a partir da fala de cada um dos nove países participantes, construímos um cenário global e uma rede de diálogo ativo entre profissionais de todo o mundo”, comentou o gestor. Além de reuniões e palestras, o evento incluiu visitas ao Conselho Nacional do Algodão (NCC), às unidades de beneficiamento de Longtown, às Fazendas Walker, ao Museu do Algodão, às instalações de classificação de qualidade do USDA e à Mallory Alexander Logistics (cortesia de um convite da American Cotton Shippers Association - ACSA). Realizado pelo ICAC, o Research Associates Program recebeu apoio institucional da Cotton Incorporated e ACSA. Além do Brasil e dos EUA, marcaram presença representantes da África do Sul, Argentina, Coreia do Sul, Costa do Marfim, Tanzânia, Taiwan e Turquia.
Abrapa comemora 50 anos da Embrapa Algodão
16 de Abril de 2025A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) celebra, nesta quarta-feira (16), os 50 anos da Embrapa Algodão, um marco que representa as conquistas e os avanços da cotonicultura brasileira. Ao longo dessas cinco décadas, a instituição tem sido uma parceira essencial no desenvolvimento de pesquisas, no aprimoramento dos sistemas de produção e na criação de soluções para o controle de pragas e doenças, o que permitiu ao Brasil alcançar uma das maiores produtividades de pluma por hectare do mundo. Com sede em Campina Grande, na Paraíba, a Embrapa Algodão é referência nacional no setor. “O agro brasileiro tem muito a comemorar. Não teríamos avançado tanto na cotonicultura sem o apoio constante da ciência”, afirmou Marcio Portocarrero, diretor executivo da Abrapa. O Brasil se tornou líder global na produção de algodão, com variedades mais resistentes e adaptadas às diferentes condições climáticas e de solo. A Embrapa Algodão desempenhou um papel fundamental nesse processo, no desenvolvimento de novas cultivares e na adaptação dos sistemas de produção ao Cerrado, bioma que consolidou a cotonicultura brasileira, especialmente após o declínio da produção no Nordeste devido à infestação do bicudo do algodoeiro a partir de 1985. “Devemos muito à adaptação de materiais, ao desenvolvimento de tecnologias, ao controle integrado de pragas e doenças, à melhoria da fertilidade e ao trabalho contínuo da Embrapa, que nos orientou desde o início, definindo procedimentos e promovendo encontros entre os produtores”, explicou Portocarrero. Criada em 1975 com a missão de coordenar, planejar e executar pesquisas sobre o algodão no Brasil, a Embrapa Algodão expandiu seu portfólio de estudos para incluir outras culturas, como amendoim, gergelim, mamona e sisal. Seu foco continua sendo o melhoramento genético, o controle biológico, a biotecnologia, a mecanização agrícola e a qualidade das fibras. A unidade tem se destacado também no desenvolvimento de sistemas de produção integrados e na transferência de tecnologias para produtores de diferentes regiões do país. A atuação da Embrapa Algodão é de abrangência nacional, com forte presença no Semiárido, Cerrado e região Sudeste, além de parcerias com outras unidades da Embrapa e com instituições do setor. A equipe da unidade opera em 11 estados brasileiros, incluindo Paraíba, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Maranhão, Tocantins, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo.
Abrapa realiza capacitação de inspetores de UBA em Chapadão do Sul
16 de Abril de 2025A maratona de treinamentos do Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB) chegou, mais uma vez, ao Mato Grosso do Sul. No dia 15 de abril, dez profissionais participaram da terceira capacitação para inspetores de Unidades de Beneficiamento de Algodão (UBA), promovida pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), com supervisão do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e apoio da Associação Sul-Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (Ampasul). Realizado em Chapadão do Sul (MS), o treinamento teve como objetivo qualificar os participantes para atuação no PQAB, certificação oficial do governo federal que atesta a qualidade da pluma nacional. “Foram abordados os principais desafios da safra atual, como a pegajosidade, a presença de seed coat, a contaminação por plástico e o índice de fibras curtas”, destacou Edson Mizoguchi, gestor do Programa de Qualidade da Abrapa. O curso também destacou aspectos técnicos para preparar os inspetores quanto ao autocontrole nos pontos críticos do processo, desde a retirada das amostras até a análise do algodão. O inspetor de UBA, assim como o de algodão em pluma, é o profissional responsável por alimentar as informações no Sistema Abrapa de Identificação (SAI) e no Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), seguindo os procedimentos e padrões internacionais de análise. Esses dados servem de base para a certificação oficial emitida pelo Mapa. Para Adão Hoffmann, diretor executivo da Ampasul, a iniciativa contribui para a formação de um grupo qualificado de profissionais nas algodoeiras de Mato Grosso do Sul, assegurando a integridade das informações e a qualidade das amostras que chegam até o cliente final. “Isso fortalece a confiança na precisão dos resultados de qualidade obtidos em laboratório”, afirmou. Renato Marinho de Souza, gerente do laboratório da associação, reforçou que todas as algodoeiras do estado contam com inspetores habilitados para operar dentro dos parâmetros exigidos pelo PQAB. “Essa qualificação é essencial para assegurar o cumprimento da norma IN24 na amostragem dos fardos, cujos resultados serão submetidos ao programa”, explicou. Para Edmilson Santos, consultor na área de qualidade, processo e beneficiamento do algodão, o fato de o Brasil ter se tornado o maior exportador mundial da pluma trouxe consigo um novo nível de responsabilidade. “Esse título elevou nossa exigência em termos de controle de qualidade. Para mantê-lo, é essencial intensificar o rigor em todas as etapas do processo produtivo. O PQAB qualifica colaboradores das unidades de beneficiamento para atuarem como inspetores de qualidade, profissionais com uma visão holística de todo o processo produtivo do algodão. Com isso, todos se beneficiam: o produtor, que passa a contar com processos mais bem definidos; o colaborador, que adquire conhecimento e novas oportunidades de carreira; e o mercado, com a indústria têxtil cada vez mais interessada na fibra brasileira”, destacou. Silmara Ferraresi, diretora de relações institucionais da Abrapa, apresentou os detalhes do Sistema de Autocontrole (SAI) e os mecanismos de rastreabilidade utilizados no setor. “Explicamos o funcionamento da etiqueta SAI e o significado de cada dígito. Essa etiqueta é a síntese do programa de rastreabilidade da Abrapa e funciona como um ‘CPF’ para cada fardo de algodão produzido no Brasil. Entre as informações disponibilizadas estão o local de produção, a unidade de beneficiamento e até mesmo a prensa utilizada na compactação. O código também indica se o algodão possui certificação do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e/ou licença da Better Cotton (BC), ambos voltados à sustentabilidade da fibra”, explicou. Além da apresentação teórica, os participantes realizaram uma navegação assistida pelo sistema para visualização dos processos relacionados ao autocontrole, tanto na versão web quanto no aplicativo. “A credibilidade do algodão brasileiro está diretamente ligada à precisão em cada etapa do processo”, destacou Silmara. Ao final da capacitação, todos os participantes passaram por uma avaliação, sendo exigida nota mínima de seis pontos para aprovação. Maratona O treinamento realizado na Ampasul faz parte de uma série de ações promovidas pela Abrapa com foco na preparação dos laboratórios para a safra 2024/2025. No dia 22, a capacitação de inspetores de UBA será realizada no Centro de Análise de Fibras da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), na Bahia. Já no dia 29, a formação chega à Minas Cotton, laboratório da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa).