Palavra do presidente

Uma das características mais relevantes do associativismo é aquela que define o seu próprio nome. Um grupo de pessoas, com interesses comuns, que trabalham juntas em favor de uma causa. Todos querem o mesmo, ainda que, para os fins objetivados, os diferentes pontos de vista sempre se façam presentes. A cada dois anos, um novo conselho de administração assume o comando da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), imprimindo, no curto período de um biênio, a sua própria marca. Ainda assim, desde a fundação da Abrapa, nos 11 mandatos que precederam o que hoje tenho a honra de presidir, o fio desta história vem sendo tecido, cada vez mais forte e resiliente, sem jamais ter se partido.

 

O objetivo que todos nós, que um dia temos a responsabilidade de assumir a gestão desta entidade, é o mesmo: levar mais longe o algodão brasileiro. Colocá-lo na liderança em cada um dos compromissos da Abrapa, a qualidade, a rastreabilidade, a sustentabilidade e a promoção. Estas quatro linhas-mestras são o alicerce da cotonicultura brasileira, e a interação entre elas é que tem permitido ao Brasil se distinguir na produção da fibra.

 

Assumo a presidência da Abrapa tendo a instituição já realizado um impressionante trabalho em qualidade de análise de fibra, com o programa SBRHVI, e dado um grande passo à frente, juntando a rastreabilidade e a sustentabilidade, com o SouABR. Em sustentabilidade, diga-se, somos o maior market share da Better Cotton Initiave (BCI). Detemos mais de 40% do montante licenciado pela ONG suíça que é referência em licenciamento de pluma sustentável. Em promoção, nossos programas voltados ao mercado interno, o movimento Sou de Algodão, e ao externo, o Cotton Brazil, demonstram o sucesso da estratégia para fazer o produto nacional conhecido, respeitado e desejável.

 

Isso tudo já tendo sido realizado, talvez fosse o caso de apenas mantermos a engrenagem em funcionamento. Nem de longe é o que acontece e menos ainda o que queremos. O crescimento na Abrapa é exponencial e os desafios desta gestão têm a exata magnitude do ritmo em que a instituição avança.

 

Queremos ser o maior exportador mundial da fibra? Sim, queremos e seremos em breve, mas isto não é tudo. Vamos colocar em operação, ainda nesta safra, o Programa de Autocontrole para a Certificação de Conformidade da Qualidade do Algodão Brasileiro, iniciativa chancelada pelo Ministério da Agricultura, que será como um “passe livre” para o nosso produto, em mercados como a China, inicialmente, e, depois, para todos os demais países compradores e para a indústria nacional.

 

Já ultrapassamos, em muito, as mil marcas parceiras do movimento Sou de Algodão, e estamos próximos de angariar o engajamento do varejo internacional. Completamos 10 anos de benchmarking com a BCI, com fôlego de principiantes e planos arrojados na promoção das melhores práticas na produção da pluma.

 

É impressionante como a combinação dos quatro compromissos nos permite evoluir de uma maneira absolutamente disruptiva. Aqui, volto ao início desta fala: o espírito do associativismo, a união, as diferentes perspectivas ao longo das gestões, almejando uma mesma meta, nos trouxeram até aqui. Formaram a nossa base, para que as ideias surgissem e virassem resultados. Pelas gestões que virão, isso é o que levará nosso algodão sempre mais longe.

 

Alexandre Pedro Schenkel,
Presidente da Abrapa, Biênio 2023/2024.

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