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Do campo a SPFW: como o algodão quer reconquistar espaço e impulsionar um setor de R$ 33 bilhões
23 de Junho de 2025O Brasil deve produzir 3,7 milhões de toneladas de algodão em 2025, segundo projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Com alta estimada de 1,6% nas exportações, o país deve embarcar cerca de 2,83 milhões de toneladas da fibra para o mercado internacional — mantendo-se entre os principais fornecedores globais do produto. Esse avanço embasa a nova fase da campanha "Brasiliadades", iniciativa do movimento Sou de Algodão, criada pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) para valorizar a cultura da fibra no Brasil — e no exterior.As exportações do algodão brasileiro vão para mais de 150 países, e os principais importadores são: China, Vietnã, Bangladesh, Turquia e Paquistão. Segundo Silmara Ferraresi, diretora de relações institucionais da Abrapa e gestora do movimento, a campanha busca resgatar a conexão entre o algodão, a economia e a identidade cultural brasileira. "O que consideramos extremamente relevante é recuperar essa noção de brasilidade ligada ao design e à moda nacional feita com algodão. Se olharmos para o uso de tecidos pela indústria, tanto no Brasil quanto no mundo, o algodão ainda é a fibra natural mais utilizada", afirma. Na safra 2023/24, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e assumiu a liderança nas exportações globais de algodão, com 2,6 milhões de toneladas embarcadas. Agora, na temporada , o país encara novos desafios, especialmente diante da concorrência das fibras sintéticas, que ganham espaço por fatores como preço e disponibilidade. O é a quarta maior cultura temporária do país, com valor de produção estimado em R$ 33 bilhões, mostram dados da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (SPA/Mapa). Segundo a Embrapa, desde o final da década de 1990 e início dos anos 2000, o cerrado brasileiro se consolidou como a principal região produtora da fibra. Por lá, as cultivares precoces têm ciclo de cerca de 150 dias, as de ciclo médio entre 160 e 180 dias, e as de ciclo longo, mais de 180 dias. Além disso, o ciclo do algodoeiro varia em função da cultivar e do ambiente. Quanto mais próximo à linha do Equador, mais curto é o ciclo. "Queremos educar o consumidor sobre o que ele veste, e reforçar que o algodão brasileiro representa emprego, tecnologia e responsabilidade ambiental", diz Ferraresi. Apesar do avanço no mercado externo, o consumo interno de algodão tem se mantido estável nos últimos cinco anos, oscilando entre 700 mil e 750 mil toneladas de pluma, segundo dados da Abrapa. No contexto nacional, a indústria têxtil continua sendo uma das mais relevantes da economia. O setor conta com 24,3 mil empresas em operação e emprega diretamente cerca de 1,33 milhão de pessoas, com uma massa salarial anual de R$ 25,2 bilhões. Considerando empregos indiretos, a cadeia têxtil movimenta aproximadamente 10 milhões de postos de trabalho — sendo a maior parte composta por mulheres. "Nosso setor não apenas gera empregos em larga escala, mas mantém a produção dentro do país, o que nos diferencia de mercados que migraram para a Ásia", ressalta Ferraresi. Os dados também apontam para uma cadeia robusta: R$ 193,2 bilhões em faturamento no segmento têxtil e R$ 389,9 bilhões em confecção, além de R$ 16,5 bilhões em impostos e taxas arrecadados, segundo o Ministério da Fazenda. No mercado interno, o . No entanto, no cenário global, a participação da fibra brasileira ainda varia entre 21% e 23%, sendo superada pelas fibras sintéticas. Por isso, a Abrapa aposta na diferenciação da fibra nacional para ampliar sua competitividade e fortalecer sua presença no mercado internacional. Segundo Ferraresi, "é preciso destacar a qualidade, o valor agregado e a sustentabilidade da fibra nacional". Nesse sentido, diz a executiva, o Brasil tem avançado como um dos maiores fornecedores de algodão responsável do mundo. Desde 2004, o país conta com um programa de rastreabilidade que garante a origem da produção. Em 2012, foi iniciada a certificação de fazendas, que hoje atesta práticas sustentáveis no campo. "Conseguimos garantir a origem do algodão e como ele é produzido, com respeito ao meio ambiente e às pessoas", diz a diretora. Algodão brasileiro Além do consumo, a campanha 'Brasilidades' mira mudar a percepção do consumidor. Em uma pesquisa qualitativa realizada pela Abrapa, uma das entrevistadas disse que não usaria um vestido de algodão em uma festa de gala porque "lembrava chita". O episódio, diz Ferraresi, ilustra o desafio de reposicionar a imagem do algodão no imaginário brasileiro. "Ainda precisamos trabalhar muito para mostrar o potencial e a sofisticação dessa fibra." A ligação com a moda é uma das frentes da campanha. Durante a última edição da São Paulo Fashion Week, em outubro de 2024, o movimento levou à passarela uma gama de designs nacionais para mostrar o 'luxo' da fibra brasileira. A ideia era mostrar que a fibra, além de tradicional, é versátil e pode compor peças sofisticadas. "Queremos mostrar que o algodão é uma fibra de alta moda, sem perder sua identidade e sua conexão com a cultura brasileira", afirma Ferraresi. As projeções do setor para 2025 são positivas. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) , e Ministério da Fazenda, a produção têxtil deve crescer 2,6% e a de vestuário, 1,3%. O varejo do setor também deve avançar 1,3%. Em termos de geração de empregos, a estimativa é de um saldo positivo de 8 mil postos na indústria têxtil e 10,5 mil na confecção apenas no primeiro trimestre do ano. "Não é só sobre aumentar o consumo, mas valorizar a fibra essencial para a nossa história, para a moda e para a indústria brasileira", diz a diretora.
Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa - 21/06/2025
23 de Junho de 2025Destaque da Semana - Semana marcada por importantes ações internacionais do setor do algodão Brasileiro no exterior, tanto na Coreia do Sul quanto no Congresso da Better Cotton na Turquia. Feriados no Brasil e EUA interromperam negócios ontem (qui, 19/6). Algodão em NY - O contrato Jul/25 fechou nesta quarta-feira, 18/jun, cotado a 64,84 U$c/lp (-0,5% vs. 12/jun). O contrato Dez/25 fechou em 66,67 U$c/lp (-1,2% vs. 12/jun). Basis Ásia - Basis médio do algodão brasileiro posto Leste da Ásia: 991 pts para embarque Jun/Jul-25 (Middling 1-1/8" (31-3-36), fonte Cotlook 18/jun/25). Baixistas 1 - O contrato Dez/25 atingiu o menor patamar desde abril, pressionado por oferta abundante e demanda fraca. Baixistas 2 - A produção no Brasil e Austrália permanece elevada. Na China, espera-se safra maior que 7 milhões de tons pelo segundo ano consecutivo. Baixistas 3 - O consumo segue incerto diante de altas taxas de juros, tensões geopolíticas, conflitos armados, incerteza sobre tarifas e demanda fraca por fios. Altistas 1 - Embora o USDA esteja projetando produção de 14 milhões de fardos este ano nos EUA, muitos analistas acreditam que essa previsão ainda está superestimada, especialmente diante das condições atuais de área e clima. Missão Ásia 1 - A Abrapa encerrou com sucesso a missão na Ásia. Na segunda (16), o seminário Cotton Brazil Outlook reuniu os principais industriais têxteis da Coreia do Sul em Seul. O evento foi realizado em parceria com a SWAK, principal entidade do setor têxtil Coreano. Missão Ásia 2 - O governador de MT, Mauro Mendes, prestigiou o evento com sua comitiva, assim como a embaixadora do Brasil na Coreia do Sul, Márcia Donner. Missão Ásia 3 - A missão faz parte do programa Cotton Brazil, realizado pela Abrapa em parceria com a ApexBrasil e apoio da Anea. Antes de Seul, a comitiva brasileira composta por produtores e traders Brasileiros esteve no Congresso Chinês de Algodão em Guangzhou (China), e em Taipei (Taiwan). Better Cotton Conference 1 - A Abrapa destacou durante a Better Cotton Conference a contribuição do cotonicultor brasileiro para o desenvolvimento sustentável do Brasil. Better Cotton Conference 2 - O tema foi abordado pelo diretor da Abrapa, Marcelo Duarte, durante sua palestra no evento, que ocorreu nesta semana em Izmir, Turquia. Better Cotton Conference 3 - O diretor da SLC Roberto Acauan participou de importante painel na plenária principal do evento. Roberto apresentou as ações do grupo para mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Better Cotton Conference 4 - A delegação brasileira que participou do evento, com representantes da Abrapa e da Anea, ainda realizou importantes reuniões para nosso setor durante o evento na Turquia. Better Cotton Conference 5 - A Better Cotton anunciou que se tornará um padrão regenerativo nos próximos 12 meses, atualizando seus Princípios e Critérios , implementando uma estrutura de relatórios baseada em resultados socioambientais. Better Cotton Conference 6 - Nick Weatherill foi apresentado como novo CEO da Better Cotton , substituindo Alan McClay após 10 anos. Ex-diretor executivo da International Cocoa Initiative, Weatherill traz ampla experiência em sustentabilidade. Better Cotton Conference 7 - O primeiro compromisso internacional de Nick como CEO será uma viagem ao Brasil em Julho , em parceria com Abrapa e Anea. EUA - O plantio nos EUA está chegando ao fim. O trabalho está quase concluído em seis dos 15 principais estados produtores e 85% da área estimada foi plantada até 15/jun (5 p.p. a menos que a média de cinco anos). China 1 - As importações de algodão pela China em maio somaram cerca de 40 mil tons. Desde Out/16 os números não eram menores que 50 mil tons. O volume acumulado em 2024/25 é de 1,05 milhão de tons (contra 2,9 milhões tons da temporada passada). China 2 - Importações de fios de algodão pela China atingiram 100 mil tons em maio (-7% X abr/25 e abaixo também de mai/2024). No acumulado da temporada, o total é de 1,06 milhão tons (contra 1,3 milhão em 2023/24). China 3 - Observadores locais continuam prevendo um aumento na produção chinesa de algodão este ano, mesmo com o clima mais quente em Xinjiang. Paquistão 1 - O plantio já foi concluído em muitos distritos paquistaneses. Paquistão 2 - Entra em vigor em 1º de julho o imposto de 18% sobre fios importados . Fiações paquistanesas já preveem aumento de preços no mercado interno. Exportações - As exportações brasileiras de algodão somaram 71,9 mil tons na primeira semana de maio. A média diária de embarque é 10,3% menor que no mesmo mês em 2024. Colheita 2024/25 - Até ontem (19/06), foram colhidos no estado da BA (6%), GO (30,55%), MG (25%), MS (2,25%), PI (9%), PR (75%) e SP (76,5%). Total Brasil: 2,42%. Este boletim é produzido pelo Cotton Brazil - cottonbrazil@cottonbrazil.com
Supply Chain 4.0: certificação do algodão brasileiro é destaque em seminário
23 de Junho de 2025Na última segunda-feira (16), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Universidade de São Paulo (USP) promoveram o seminário Supply Chain 4.0 - Rastreabilidade Digital na sede da CNI, em São Paulo. Com o objetivo de discutir estratégias para novas tecnologias e modelos, o evento reuniu lideranças do setor industrial, especialistas em logística, tecnologia, compliance e sustentabilidade, além de representantes do meio acadêmico e do setor público. Entre os destaques da programação, esteve a participação de Silmara Ferraresi, diretora de Relações Institucionais da Abrapa e gestora do movimento Sou de Algodão, no painel “Tecnologias digitais e seus impactos nas certificações”. Ao lado de Carina Pereira Lins, gerente de sustentabilidade da Associação Brasileira de Automação GS1 Brasil e Alexandre Harkaly, sócio diretor estratégico de integração da QIMA, com moderação de Marcos Heleno Guerson, superintendente do IPEM/SP, Silmara compartilhou a trajetória da rastreabilidade no setor algodoeiro nacional, com ênfase nas certificações socioambientais e no papel da tecnologia para garantir a transparência da cadeia. “Rastreabilidade é uma história de 20 anos no algodão brasileiro. A gente começou em 2004, com o Sistema Abrapa de Identificação (SAI), identificando apenas a unidade de beneficiamento, e hoje conseguimos monitorar da fazenda até o varejo”, explicou Silmara. Em 2012, veio a criação do ABR (Algodão Brasileiro Responsável), o programa de certificação socioambiental, que, posteriormente, em 2021, uniu-se ao SAI e aos demais elos da cadeia têxtil no Brasil. Dessa união surgiu o SouABR, que oferece transparência da origem da matéria-prima, comprovadamente certificada na peça de roupa. Segundo Silmara, a preocupação em assegurar toda a trajetória e a qualidade do algodão brasileiro para o mercado foi um dos principais motores de inovação da cadeia. “O nosso desafio sempre foi garantir que o algodão que chega lá fora realmente veio de uma fazenda certificada, com manejo ambientalmente correto”. Durante sua apresentação, Silmara também demonstrou como o Programa SouABR e suas etiquetas inteligentes oferecem uma rastreabilidade completa e acessível. “Hoje, o consumidor escaneia um QR Code e percorre toda a trajetória da peça: ele vê a fazenda, a fiação, a tecelagem e sabe que aquele algodão tem uma história, construída com responsabilidade”. Ela também destacou a complexidade dos primeiros projetos, e a importância da parceria com marcas como C&A, Renner, Reserva, Veste e Calvin Klein. “A primeira coleção com rastreabilidade do campo ao varejo levou quase 3 anos para sair do papel. Foi um exercício de confiança, maturidade e construção coletiva”. Além da Abrapa, o seminário contou com apresentações sobre desafios de compliance, transparência, novas tecnologias, cases internacionais e caminhos para o desenvolvimento de projetos de inovação, com foco na rastreabilidade digital. A programação foi voltada a gestores e líderes de agroindústrias, especialistas de logística e supply chain, pesquisadores, startups, consultorias e representantes de entidades governamentais. Abrace este movimento: Site: www.soudealgodao.com.br Facebook, Instagram, Youtube, LinkedIn e Pinterest: @soudealgodao TikTok: @soudealgodao_
Conflito entre Israel e Irã traz reflexos para cotonicultura brasileira
23 de Junho de 2025A dependência externa de fertilizantes não é novidade para o Brasil. O país importa cerca de 85% dos insumos que utiliza em suas lavouras, incluindo os macronutrientes essenciais: nitrogênio, fósforo e potássio (NPK). No caso dos nitrogenados, a situação é ainda mais delicada. Aproximadamente 17% da ureia consumida no Brasil vem do Irã, um dos países diretamente envolvidos no atual conflito. Mesmo que as unidades de produção de fertilizantes nos países envolvidos não tenham sido diretamente atingidas, o mercado global já sente os reflexos da tensão geopolítica. A produção de ureia no Irã, por exemplo, está temporariamente paralisada. Segundo dados da consultoria StoneX, o preço da ureia subiu cerca de 9% desde o início do ano, e há expectativa de novas altas se o cenário de instabilidade persistir. Relação entre a cotonicultura e os fertilizantes O algodão é uma cultura exigentes em termos nutricionais. Cultivado principalmente no Cerrado, em solos naturalmente pobres em nutrientes, depende de um manejo intensivo de adubação para garantir produtividade e qualidade da fibra. Além disso, seu ciclo mais longo — que pode variar de 140 a 180 dias — e o alto potencial produtivo fazem com que o consumo de fertilizantes por hectare seja superior ao de outras culturas. De acordo com Márcio Portocarrero, diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), mesmo com práticas como a rotação de culturas com soja e milho na entressafra, não há como alcançar os níveis atuais de produtividade no algodão sem o uso adequado de fertilizantes. “Uma possível crise global de produção de fertilizantes tem impactos expressivos para o setor. Os produtores precisarão avaliar com cuidado suas estratégias de manejo para mitigar perdas”, afirma. Cenário internacional além dos fertilizantes Além da questão dos insumos, o cenário internacional de comercialização também impõe desafios. A China é hoje o maior comprador de algodão brasileiro, respondendo por 49% das exportações na safra 2023/24. No entanto, o algodão importado pela China é, em grande parte, utilizado para a fabricação de produtos têxteis destinados à exportação, principalmente para os Estados Unidos. Com a continuidade das tensões comerciais entre China e EUA, incluindo a possibilidade de novas tarifas sobre produtos têxteis chineses, a demanda chinesa por algodão importado pode sofrer redução. A produção doméstica de algodão da China já é suficiente para abastecer o mercado interno, o que reforça a preocupação dos exportadores brasileiros. Reduzir a dependência da importação deve ser prioridade Portocarrero avalia que o Brasil deve tomar algumas providências para diminuir o impacto da dependência de fertilizantes, uma delas é reativar, concluir ou ampliar fábricas de fertilizantes estratégicas, sobretudo de nitrogenados e fosfatados. Nessa linha, a Petrobras, já anunciou a retomada das fábricas de nitrogenados de Araucária (PR) e Três Lagoas (MS), bem como a intenção de aumentar as encomendas para as unidades da Unigel de Sergipe e Bahia. No curto e médio prazo, as opções vão desde a diminuição das taxas de importação de fertilizantes à revisão das metas previstas no Plano Nacional de Fertilizantes para nutrientes orgânicos e organominerais. Além disso, investir no reaproveitamento de resíduos sólidos e dos chamados “remineralizadores”, que aumentam o efeito dos fertilizantes químicos nas lavouras.
Cursos sobre qualidade do algodão capacitaram mais de 200 profissionais em seis cidades mato-grossenses
17 de Junho de 2025Neste mês de junho, mais de 200 profissionais foram certificados para atuarem nas Unidades de Beneficiamento de Algodão (UBA) presentes no estado de Mato Grosso. A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e a Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) realizaram cursos de capacitação para inspetores de Unidades de Beneficiamento de Algodão (UBAs) nas cidades de Rondonópolis, Primavera do Leste, Sapezal, Campo Verde, Campo Novo do Parecis e Sorriso. O treinamento abordou as melhores práticas para a amostragem, identificação e embalagem do algodão, bem como os procedimentos para o envio das amostras para classificação e análise, tudo o que é necessário para garantir a rastreabilidade e o funcionamento do Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB). Foco nos requisitos técnicos e legais Voltado para profissionais com experiência em usinas de beneficiamento de algodão, o objetivo foi abordar os requisitos técnicos e legais para garantir o bom funcionamento das algodoeiras. Nesse sentido, o curso tratou da Instrução Normativa nº 24, de 14 de julho de 2016, do Mapa, que define o regulamento técnico do algodão em pluma, o padrão oficial de classificação, os requisitos de identidade e qualidade, a amostragem, o modo de apresentação e a marcação ou rotulagem, nos aspectos referentes à classificação do produto. De acordo com a diretora de Relações Institucionais da Abrapa, Silmara Ferraresi, o curso foi bastante abrangente e abordou desde o cuidado com o beneficiamento até o processo de rastreabilidade. Para ela, “o inspetor tem uma grande responsabilidade no processo que garante a rastreabilidade. Quando falamos sobre a Etiqueta SAI, por exemplo, estamos dividindo com ele o olhar do cliente, todas as suas expectativas e exigências em relação à qualidade do algodão brasileiro. Para quem trabalha nas unidades de beneficiamento, esse entendimento da relação entre os processos de qualidade e rastreabilidade é essencial. Por isso, é importante abordar temas relativos à etiqueta SAI, aos materiais utilizados, às dimensões dos fardos e à IN 24. Como o inspetor é quem responde pela veracidade do dado de origem, ele precisa aderir à cultura do processo, e é isso que nós transmitimos nos treinamentos.” Para Edson Mizoguchi, Gestor de Qualidade da Abrapa, o papel dos inspetores de UBA é essencial para garantir a confiabilidade das informações referentes às amostras e aos fardos no Sistema Abrapa de Identificação (SAI) e no Standard Brasil HVI (SBRHVI). “O curso habilitou inspetores que serão responsáveis pela garantia da amostragem e análise corretas dos fardos de algodão nas UBAs e nos laboratórios, aumentando a credibilidade e a confiabilidade das análises.” Beneficiamento do algodão em Mato Grosso Esta é a primeira vez que Mato Grosso recebeu uma rodada do curso em seis municípios. O estado, que atualmente é o maior produtor de algodão do país, conta com inúmeras unidades de beneficiamento espalhadas pelos municípios que mais produzem algodão. Segundo o presidente da Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Orcival Guimarães, a realização do treinamento de inspetores de UBA representa um passo importante para a credibilidade do mercado interno e internacional, na qualidade do algodão de Mato Grosso, atestada nos resultados das análises de HVI dos laboratórios mato-grossenses. “Para um estado que ocupa a liderança na produção nacional de algodão, investir em capacitação como essa é estratégico. Ao formar inspetores preparados, as unidades produtoras e de beneficiamento reforçam seu compromisso com a excelência, a rastreabilidade e a competitividade no mercado nacional e internacional”, afirmou Orcival. Certificação Ao final do treinamento, todos os inspetores inscritos foram submetidos a uma avaliação para garantir a assimilação do conteúdo e poderem receber o certificado de conclusão. O curso foi supervisionado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e realizado pela Abrapa e Ampa em parceira com o Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMA).
Abrapa reúne indústria têxtil sul-coreana em evento sobre o algodão brasileiro em Seul
17 de Junho de 2025Com saldo positivo, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) concluiu mais uma missão comercial na Ásia nesta segunda (16). Após uma semana de programação na China, a comitiva formada por produtores e exportadores brasileiros da Abrapa, da Associação Mato-Grossense de Produtores Algodão (Ampa) e da Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa), realizou em Seul, capital da Coreia do Sul, agendas de negócio e o seminário “Cotton Brazil Outlook”, voltado a promover o algodão brasileiro para as indústrias têxteis locais. O evento foi realizado em parceria com a Spinners & Weavers Association of Korea (SWAK) e reuniu 40 industriais, entre os mais relevantes da Coreia. A SWAK é a principal entidade da indústria têxtil sul-coreana, representando cerca de 84% do consumo total de algodão do país e 95% do algodão importado pelo país asiático. “O mercado coreano é bastante exigente e essa aproximação com os importadores é fundamental. Tanto que, nos dez meses do ano comercial 2024/25, já vendemos mais do que o volume registrado ao longo dos 12 meses de 2023/24”, ponderou o vice-presidente da Abrapa, Celestino Zanella. De agosto de 2024 a maio de 2025, o Brasil exportou 38,03 mil toneladas de algodão para o mercado sul-coreano – o que significa um aumento de 12,7% acima do realizado no ano comercial 2023/24 (33,73 mil toneladas). Além disso, de 2022/23 para 2023/24, houve um acréscimo de 18,4% nas vendas. Esse cenário foi um dos itens abordados pelo diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, durante o seminário. Em sua apresentação, ele mostrou o status da safra atual de algodão no Brasil e os principais diferenciais da cotonicultura brasileira. Já o presidente da Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea), Miguel Faus, falou sobre o cenário da exportação de pluma brasileira. O consultor especializado no mercado têxtil global, Varun Vaid, da Wazir Advisors, abordou o cenário de demanda por têxteis e o papel do algodão na composição da matriz mundial. Presença do Governo de Mato Grosso O governador do estado de Mato Grosso, Mauro Mendes, se uniu à Abrapa durante a Missão de promoção do algodão brasileiro, em Seul. O governador e sua comitiva oficial estiveram presentes no evento “Cotton Brazil Outlook”, e demonstrou satisfação com o trabalho que a Cotton Brazil está desenvolvendo no exterior. De acordo com o governador “o Cotton Brazil Outlook foi uma grande oportunidade para nós conectarmos a nossa capacidade produtiva do Brasil com o importante mercado asiático, e principalmente da Coréia do Sul. Este evento conseguiu unir os importantes players internacionais com os produtores brasileiros.” A presença de Mauro Mendes durante a Missão foi essencial para representar Mato Grosso, que é o estado brasileiro que mais produz algodão, sendo peça importante nas exportações brasileiras de pluma. No ano comercial 2023/24, o estado respondeu por 63,4% dos embarques nacionais (1,69 milhão de toneladas de um total de 2,68 milhões de toneladas). No ciclo atual (2024/25), que ainda tem um mês pela frente (julho), o percentual de participação de Mato Grosso aumentou para 63,6%. De acordo com dados de 10 de junho, 1,62 milhão de toneladas de algodão mato-grossense foram exportadas, num total nacional de 2,55 milhões de toneladas. Além do governador do estado, a embaixadora do Brasil na Coreia do Sul, Márcia Donner Abreu, participou do evento realizado pela Abrapa e SWAK. A Missão Ásia, que começou pela China e incluiu a cidade de Taipei (Taiwan) na agenda, é uma iniciativa do programa Cotton Brazil da Abrapa em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea). O objetivo é promover os potenciais do algodão brasileiro em escala internacional.