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Apaece ingressa na ABRAPA para fortalecer a nova era do algodão cearense
04 de Julho de 2025A Associação dos Produtores de Algodão do Estado do Ceará (Apaece) acaba de se tornar a mais nova integrante da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). A entrada marca um passo decisivo na consolidação do algodão cearense como uma força emergente no cenário nacional, após décadas de retração dessa cultura no estado que já foi o terceiro maior produtor do país. Fundada em 2020 e com sede em Quixeramobim, no sertão central cearense, a Apaece nasceu com a clara missão de recuperar a cotonicultura no estado de forma estruturada, inclusiva e sustentável. Hoje, já colhe os primeiros frutos de um trabalho técnico e coletivo que une pequenos, médios e grandes produtores, universidades, governos e entidades do setor produtivo. Segundo a direção da entidade, o ingresso na Abrapa é um marco estratégico. “Precisávamos de um padrinho forte, com experiência, respaldo institucional e voz ativa no setor. Ninguém melhor que a Abrapa para nos oferecer esse guarda-chuva qualificado e nos ajudar a encurtar caminhos”, afirmou o Presidente da Apaece, Marcos Montenegro. “Fomos analisados, testados e, agora, acolhidos. Honraremos essa confiança com trabalho e resultados”. Um trabalho coletivo que se fortalece A Apaece é uma associação mista, com a participação de produtores, pessoas físicas e também entidades jurídicas, como associações regionais localizadas nas regiões do Cariri e de Tauá. Ao todo, a organização atua em sete regiões do estado, com um sistema descentralizado de gestão, produção e comercialização. Desde o início, a produção foi pensada de forma estratégica. A primeira safra, em 2020, teve caráter experimental, focada na agricultura familiar e com forte apoio técnico. Hoje, o Ceará já conta com entre 2 mil e 2,5 mil hectares cultivados, divididos entre produtores convencionais, agroecológicos e orgânicos. Três pilares que sustentam o futuro A atuação da Apaece se estrutura sobre três pilares: sustentabilidade, tecnologia e qualidade. Os três caminham juntos e com igual importância. Dentro deles, estão iniciativas ligadas a boas práticas agrícolas, uso racional de recursos, integração de novas tecnologias adaptadas ao semiárido e compromisso com a rastreabilidade e a excelência da fibra. O algodão agroecológico e orgânico produzido por agricultores familiares já começou a romper fronteiras, e hoje, parte dessa produção é exportada para a França, em um nicho de mercado que valoriza a origem sustentável e o impacto social da produção. Com a Abrapa, de olho no mundo Ao ingressar na Abrapa, a Apaece pretende acelerar sua curva de desenvolvimento. A associação vê na troca de conhecimento, na inserção em programas nacionais e no acesso a padrões técnicos mais avançados uma ponte para elevar o patamar do algodão cearense. A filiação também fortalece o discurso institucional da entidade junto a órgãos públicos, investidores e organismos internacionais. “A Abrapa é referência mundial. Estar ao lado dela nos ajuda a planejar melhor, evitar erros já cometidos em outros estados e a levar nosso algodão para onde ele merece: o mundo”, diz o presidente da Apaece. Entre os próximos passos da entidade está a construção de um centro de referência do algodão, e um laboratório de análise de fibras com tecnologia HVI, padrão internacional para medição da qualidade da pluma Além disso, a Apaece quer expandir os programas de capacitação técnica, ampliar o acesso a insumos, consolidar o Fundo de Apoio à Cotonicultura e, sobretudo, reocupar o lugar histórico que o algodão cearense já teve na economia nacional. O ouro branco do século XXI A vocação histórica do Ceará para o algodão está sendo resgatada com estratégia, ciência e visão de futuro. “Nossa visão futura é criar uma cadeia do algodão estruturada, atendendo o nosso mercado local, gerando emprego, gerando renda, fazer do algodão o nosso ouro branco novamente, sendo mais uma opção de receita para o nosso estado, para que ele volte a protagonizar esse espaço que sempre foi dele.”, afirmou o vice-presidente da Apaece, Airton Carneiro. Montenegro ressaltou que Ceará tem aptidão para a cultura do algodão e que é parte da missão da Apaece fazer a cotonicultura voltar a prosperar no estado, “Devido a pujança que o algodão já propiciou no passado, o terceiro estado de maior produção no Brasil, essa cultura faz parte de nossa história. Estamos no rumo certo e preparados para tal missão.” Com o apoio da Abrapa, a Apaece se une as outras 10 associações de produtores, que juntas representam 99% de todo algodão produzido no Brasil.
Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa 04/07/2025
04 de Julho de 2025Destaque da Semana 1 - As cotações de algodão para Dez/25 caíram após o relatório de área plantada nos EUA na segunda-feira. No meio da semana, o mercado se recuperou com a notícia de um acordo comercial com o Vietnã e boas notícias econômicas vindas dos EUA. Hoje é feriado de independência por lá. Destaque da Semana 2 - Nesta semana, foi realizado o jantar anual da ANEA , que também celebrou os 25 anos de fundação da entidade. Durante o evento, ocorreu a transição de diretoria : Miguel Faus deixou o cargo de presidente, passando oficialmente a função para Dawid Wajs . Um ponto de destaque do evento foi a palestra de Joe Nicosia, que trouxe reflexões importantes e será resumida abaixo. Algodão em NY - O contrato Dez/25 fechou nesta quinta 03/jul cotado a 68,46 U$c/lp (-0,5% vs. 26/jun). O contrato Jul/26 fechou em 71,59 U$c/lp (-0,5% vs. 26/jun). Basis Ásia - Basis médio do algodão brasileiro posto Leste da Ásia: 833 pts para embarque Jul/Ago-25 (Middling 1-1/8" (31-3-36), fonte Cotlook 03/jul/25). Baixistas 1 - O relatório de Área Plantada do USDA para a safra 2025/26 indicou 10,12 milhões de acres (4,1 milhões de hectares), uma queda de 9,5% ou -1,06 milhão de acres em relação à safra anterior, porém um aumento de 2,6% em relação às intenções de plantio de março. Baixistas 2 - Chuvas favoráveis nas High Plains do oeste do Texas (Llano Estacado) elevaram as expectativas de melhora nas condições das lavouras, aumentando a pressão sobre os preços . Baixistas 3 - A condição da safra dos EUA melhorou , com a classificação de “boa a excelente” subindo para 51% (+4%), acima da última safra (50%). No Texas, essa classificação subiu para 40%, um aumento de 5% na semana. Altistas 1 - Cotações de algodão na bolsa ZCE da China estão em trajetória de alta , com ganho de aproximadamente 8% desde o início de abril. Isso ampliou a diferença entre os preços do algodão local e do importado, tornando a importação de algodão mais atrativa. Altistas 2 - Modesta redução nos estoques de algodão na zona franca de Qingdao (principal porto de importação de algodão da China). No final de Junho, o volume em estoque fechou em 336 mil tons, dos quais 150 mil do Brasil (final de Maio o estoque estava em 375 mil toneladas total, sendo 175 mil Brasil). Altistas 3 - O anúncio de um acordo comercial com o Vietnã, apesar de já esperado, trouxe otimismo de que mais acordos sejam anunciados em breve. Canal do Cotton Brazil - Receba informações exclusivas sobre o mercado de algodão clicando aqui https://bit.ly/Canal-CottonBrazil. XXII ANEA Cotton Dinner 1 - Durante o evento anual da Anea nesta semana em São Paulo (SP), Joe Nicosia, VP da Louis Dreyfus , defendeu que o Brasil e EUA se unam na promoção global do algodão como fibra sustentável. XXII ANEA Cotton Dinner 2 - Nicosia alertou que além de promoção, é fundamental que cada país tenha políticas públicas de fomento ao uso de fibras naturais e combate à poluição de microplásticos . XXII ANEA Cotton Dinner 3 - Como exemplo de política pública, ele citou a proposta de lei dos EUA de 2025 (“Buying American Cotton Act”), que destina créditos fiscais transferíveis para incentivar o uso de algodão americano em produtos importados pelo país. XXII ANEA Cotton Dinner 4 - Para obter o crédito tributário previsto na lei americana, será necessário comprovar a origem do algodão por meio de um sistema confiável de rastreabilidade, e o valor do crédito dependerá também de onde o produto foi processado, com maior incentivo para importação de países com acordo comercial com os EUA. XXII ANEA Cotton Dinner 5 - Nicosia alertou que o consumo global de algodão precisa crescer, ou parte da produção mundial terá que ser cortada. Para ele, a chave está em melhorar qualidade, logística e defesa do setor, com foco em comunicação, dados científicos e legislações para apoiar o uso da fibra natural. Tarifas 1 - Em 02/jul, os EUA anunciaram um novo acordo de tarifas de 20% sobre importações vietnamitas. Os detalhes ainda serão divulgados. Tarifas 2 - O governo Chinês criticou a parte do acordo com o Vietnã que prevê tarifa de 40% sobre produtos exportados pelo Vietnã, mas originários da China, alertando que acordos como esse podem romper a atual trégua EUA-China. EUA - Para a semana encerrada em 29/jun, o relatório de progresso da safra do USDA mostrou que 95% do algodão estava plantado nos EUA, 40% estava em fase de quadratura e 9% em fase de formação de cápsulas. China 1 - A China Cotton Association reduziu as estimativas de importações de algodão pela China para 24/25 em 100 mil tons, para 1,2 milhão tons. China 2 - Um levantamento do Cncotton.com estimou a área plantada com algodão na China em 2025 em 3,05 milhões ha, um aumento de 180 mil hectares (+6,3%) em relação a 2024. De acordo com o Cncotton.com, a importação em 2025/26 será de 1,35 milhão tons. Índia - Até 27/jun, a área plantada de algodão na Índia atingiu 5,46 milhões ha, ficando 531 mil ha (9%) abaixo do registrado no mesmo período de 2024, segundo o Ministério da Agricultura local. A área total prevista pelo USDA é de 11,4 milhões ha. Turquia 1 - Em maio, as importações de algodão pela Turquia atingiram 142.836 tons, maior volume em meses, sendo os EUA o principal fornecedor (64.532 tons), seguido por Brasil (46.218 tons) e países da antiga União Soviética (17.381 tons). Turquia 2 - O volume de importações turcas de ago/24 a mai/25 totalizou 759,8 mil tons, superando as 593,5 mil tons do mesmo período em 2023/24. O Brasil respondeu por 34% do total, seguido por EUA (29%) e países da CEI (15%). Egito - A área plantada no Egito atingiu 78,6 mil ha, correspondendo a 68% da intenção inicial. O número final da safra atual deve ser divulgado em breve, com a conclusão do plantio. Exportações - O fechamento das exportações de jun/25 será divulgado hoje à tarde (15h). Colheita 2024/25 - Até ontem (03/07), foram colhidos no estado da BA (24%), GO (17,30%), MA (8%), MG (32%), MS (3,6%), MT (0,2%), PI (21%), PR (95%) e SP (82,27%). Total Brasil: 6,54%. Beneficiamento 2024/25 - Até ontem (03/07), foram beneficiados nos estados de MG (7%), PI (9,5%), PR (75%) e SP (60%). Total Brasil: 0,78%. Este boletim é produzido pelo Cotton Brazil - cottonbrazil@cottonbrazil.com
Abrapa realiza reunião para avançar com Projeto de Classificação e Mitigação de Contaminantes no algodão
04 de Julho de 2025Foi realizada na última quarta-feira, 02/07, uma reunião para acompanhar o progresso do Projeto de Classificação e Mitigação de Contaminantes em laboratórios de análise do algodão brasileiro. O encontro contou com a presença dos integrantes do Grupo Técnico de Laboratórios (GTL), representantes dos 12 laboratórios participantes do programa SBHVI. A iniciativa do projeto teve origem em uma demanda do Cotton Brasil, programa da Abrapa, que promove a fibra nacional no mercado exterior. Um dos objetivos do encontro foi fazer o balanço e o acompanhamento de todo trabalho que está sendo desenvolvido pelo projeto junto aos laboratórios SBHVI, para mitigar as contaminações e melhorar a padronização, visando melhorar a qualidade e a credibilidade no algodão brasileiro. O Analista de Controle de Qualidade da Abrapa, Deninson Lima, apresentou as principais etapas do projeto, que inclui a elaboração de uma tabela de aceitação de contaminantes e a realização de treinamentos para habilitar classificadores, buscando estabelecer um padrão nacional alinhado às referências internacionais, especialmente ao modelo utilizado pelos Estados Unidos. “A padronização da classificação de contaminantes é essencial para que possamos quantificar e mitigar os materiais estranhos no algodão brasileiro, assegurando a qualidade do produto e fortalecendo sua competitividade no mercado global”, destacou Deninson. Outro ponto discutido foi a construção de um espaço dedicado ao armazenamento das amostras, garantindo a conservação adequada e a possibilidade de contraprovas em casos de divergências. Com metas previstas até 2030, o projeto representa um avanço importante para o setor algodoeiro brasileiro, alinhando-o a padrões globais e fortalecendo sua competitividade no mercado mundial.
“Brasil deve liderar a defesa do algodão frente às fibras sintéticas”
02 de Julho de 2025Mais do que disputar a liderança nas exportações de pluma, caberá ao Brasil liderar a defesa do algodão como a fibra preferencial no mercado têxtil mundial. A missão foi proposta pelo vice-presidente da Louis Dreyfus Company (LDC), Joe Nicosia, hoje (01) durante o simpósio “The Cotton Market Outlook”, realizado durante o XXII ANEA Cotton Dinner, em São Paulo (SP). Falando a produtores, exportadores, industriais, pesquisadores e empresários do setor têxtil brasileiro e mundial, Nicosia mostrou dados, estatísticas e projeções para argumentar que o “jogo mudou”. “Ao invés de brigarmos entre nós, países, pela participação de mercado, devemos aumentar o bolo geral, pois assim todos crescem”, sugeriu. Importante voz do setor nos Estados Unidos, Nicosia enfatizou que a redução da participação do algodão na matriz têxtil mundial preocupa muito mais os cotonicultores norte-americanos que a disputa pela liderança nas exportações. “O Brasil é o líder hoje e continuará sendo nos próximos anos, pois a produção está crescendo enquanto mais ninguém evolui. A nossa chamada aqui é ‘se você não pode derrotá-lo, junte-se a ele’, pois o desafio é outro”, afirmou o executivo. Com a oferta de pluma garantida pelo Brasil e pela Austrália, a escassez de fornecimento do hemisfério Norte deixou de ser um problema. Porém, há pelo menos duas décadas o consumo de algodão não cresce, embora o mercado têxtil e de moda, sim. “O Brasil age como uma âncora, tirando a ansiedade do mercado. O problema disso é que a demanda por algodão não aumenta”, analisou Joe Nicosia. A conjuntura econômica mundial não contribui para uma mudança de cenário. A previsão de boas safras domésticas indica que a China importará menos algodão. A inflação começa a perder força, mas ainda pesa no bolso do consumidor final. Os conflitos armados continuam escalando e a recente guerra de tarifas dos Estados Unidos gera instabilidade ainda maior à economia. “Acompanhar o dólar e a política tarifária é fundamental, mas existe algo ainda mais importante: a concorrência com as fibras sintéticas. Esse é o verdadeiro desafio”, enfatizou o vice-presidente da LDC. “Precisamos de um trabalho de defesa do algodão diante do avanço dos microplásticos, e vejo o Brasil com o grande papel de líder de mercado e marqueteiro mundial, advogando o algodão como a melhor escolha”, pontuou Nicosia. De acordo com ele, o trabalho envolve ações legislativas e regulatórias. “A presença de microplásticos no nosso organismo é uma questão de saúde pública, e faz sentido que haja incentivo fiscal dos governos para estimular o consumo de fibras naturais”, defendeu o norte-americano. As ideias de Nicosia foram bem recebidas pelo presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Gustavo Piccoli. “É uma questão racional: ninguém quer se vestir com produtos fósseis. Além de mais sustentável, o algodão gera bem-estar social e distribui riqueza”, observou. Piccoli explicou que o Brasil tem como continuar ofertando algodão para abastecer o mundo, mas precisa unir ainda mais a cadeia produtiva têxtil nacional e internacional para o próximo passo: “buscar políticas públicas que incentivam o uso da fibra natural”. Diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte contextualizou o papel do algodão nos esforços mundiais de descarbonização da economia e de uma produção agropecuária mais sustentável. “Melhoramos a qualidade e a quantidade das safras e, de 2019 para cá, entramos na primeira divisão do mercado mundial de algodão. Mas o jogo mudou. O adversário, agora, é a fibra de origem fóssil. Precisamos fortalecer o uso do algodão como fibra natural e mais sustentável, de forma prioritária, assim como ocorreu com o etanol, por exemplo, na matriz de combustíveis”. Cotton Brazil – A palestra de Joe Nicosia ocorreu durante a programação técnica do XXII ANEA Cotton Dinner, realizado em São Paulo (SP) pela Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea). Este é o quarto ano consecutivo em que o simpósio sobre mercado internacional é promovido pelo Cotton Brazil, iniciativa da Abrapa para representar em escala global a cadeia produtiva do algodão brasileiro. A Anea é uma das parceiras da iniciativa, além da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
Com previsão de aumento no volume produzido, colheita da nova safra de algodão começou no Brasil
01 de Julho de 2025Abrapa divulgou na tarde desta segunda-feira, 30/06, o Relatório de Safra de junho de 2025com atualização das previsões e dados sobre início da colheita em todo Brasil. Volume colhido aumenta enquanto a produtividade por hectare cai O relatório apresentado demonstrou que aumento previsto da área plantada se dá pela expansão de 10,2% em relação ao ciclo 2023/2024, chegando a 2,143 milhões de hectares. A estimativa da Abrapa é um pouco mais otimista que a divulgada pela Conab em junho/25, que indicou um aumento de área de 7,1%. Até 26 de junho de 2025, 3,7% da área plantada no país já havia sido colhida. Em decorrência de desafios climáticos específicos de cada região, as lavouras consolidaram uma produtividade inferior ao registrado em 2024, com média de campo estimada em 299,4 arroba de algodão em caroço, queda de 2,0% em relação a 2024, que teve 305,6 toneladas produzidas por hectare. Em Mato Grosso, responsável por 70% da produção nacional da pluma, 80% das lavouras estão em processo de maturação. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) projeta produtividade média de 297 arrobas por hectare de algodão em capulho. A Bahia, segundo maior produtor do país, e o Goiás, registraram aproximadamente 10% da safra colhida. Paraná e São Paulo são os estados que mais avançaram com a colheita, apresentando respectivamente, 90% e 76,5% de áreas colhidas. Para acessar o relatório completo acesse: link
Com o início da colheita no Brasil, Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados realiza segunda reunião de 2025
30 de Junho de 2025Na tarde desta segunda-feira, 30 de junho, a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados se reuniu em São Paulo para avaliar os resultados do setor cotonicultor e planejar os próximos passos. Na ocasião, a Abrapa apresentou o Relatório de Safra do segundo semestre, com a atualização das previsões e dados sobre o início da colheita em todo o Brasil. Além da apresentação da Abrapa, o evento contou com exposições voltadas à produção interna, às exportações e ao consumo de algodão no Brasil e no mundo. Para o Presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli, “a Câmara Setorial do Algodão é um instrumento muito importante para que o setor algodoeiro possa se unir e propor ao governo federal soluções de mercado justas e viáveis, que garantam o crescimento da cotonicultura no país”. A reunião faz parte da programação do XXII ANEA Cotton Dinner Golf & Tournament, tradicional evento anual que agrega os principais representantes do mercado de algodão brasileiro. Volume colhido aumenta, enquanto produtividade por hectare recua Gustavo Piccoli apresentou o relatório que confirma o crescimento anual da produção, impulsionado pela expansão de 10,2% na área plantada em relação ao ciclo 2023/24, alcançando 2,143 milhões de hectares. Até 26 de junho de 2025, 3,7% da área cultivada no país já havia sido colhida. As lavouras apresentam produtividade inferior à registrada em 2024, com média estimada de 299,4 arrobas de algodão em caroço por hectare — uma queda de 2,0% em relação ao ano anterior, cuja produtividade foi de 305,6 arrobas por hectare. Em Mato Grosso, responsável por 70% da produção nacional de pluma, 80% das lavouras encontram-se em fase de maturação. O presidente da Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (AMPA), Orcival Guimarães, relatou que, num primeiro momento, o clima favoreceu a produção no estado. Porém, afirmou que ainda é cedo para avaliar os impactos da chuva da última semana sobre a qualidade da produção e eventuais atrasos na colheita. Na Bahia, segundo maior estado produtor do país, cerca de 10% da safra já foi colhida. No entanto, a presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Alessandra Zanotto, afirmou que a seca prolongada impactou negativamente o volume produzido no estado. Cenário internacional e o algodão brasileiro Durante o evento, o CEO da ECOM Trading, Antônio Esteve, foi convidado para fazer um panorama sobre a sustentabilidade econômica do algodão, destacando que a maior preocupação dos cotonicultores em todo o mundo é a perda de espaço da pluma para o poliéster e outras fibras sintéticas. “Houve uma queda de aproximadamente 6% no consumo per capita de algodão entre 2001 e 2024, o que representa uma perda crescente de mercado para a fibra descontínua de poliéster, conhecida como PSF”, comentou. Para ele, o Brasil, como líder em exportações e grande produtor da fibra natural, deve assumir o protagonismo no combate ao uso de fibras sintéticas. Outro ponto levantado por Esteve foi a qualidade do algodão nacional, principalmente no que tange o problema relacionado aos contaminantes. De acordo com o Diretor Executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, “A questão levantada por Esteve é válida e a resposta que a Abrapa está dando é a realização de workshops e cursos para junto ao produtor, podermos melhorar a qualidade da fibra brasileira”. O presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Miguel Faus, apresentou as perspectivas do algodão brasileiro no comércio internacional. Segundo ele, em 2024, a China comprou uma quantidade considerável de algodão com o intuito de reforçar seus estoques, mas essa tendência não deve se repetir em 2025. Apesar da China continuar sendo o maior comprador da pluma brasileira, o volume importado passou de 1,2 milhões de toneladas nos 11 primeiros meses da safra 2023/24 para 484 mil toneladas no mesmo período de 2024/25. Para Faus, o trabalho realizado pelo programa Cotton Brazil na diversificação do mercado internacional é essencial para que o Brasil se mantenha como o maior exportador mundial. Faus também comentou os dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). De acordo com o órgão, o Brasil continuará liderando as exportações globais de algodão no atual ano comercial, mantendo-se como o terceiro maior produtor mundial, atrás apenas da China e da Índia. O diretor executivo do International Cotton Advisory Committee (ICAC), Eric Trachtenberg, também participou do evento e anunciou que, em 2026, o ICAC realizará a Cúpula Global de Têxteis, com o objetivo de atrair investimentos para os países membros. Segundo ele, “o trabalho conjunto dos produtores de fibra natural tem sido notado pela indústria e pelos legisladores. Mas podemos fazer ainda mais, lembrando ao consumidor que o algodão é um bem público”. Mercado doméstico A indústria têxtil brasileira segue avançando em ritmo lento, com previsão de expansão da produção de apenas 2,6% em 2025. De acordo com o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, a competitividade com a indústria internacional tem dificultado o crescimento do setor no Brasil. Mesmo com o aumento na produção nacional de algodão, o consumo interno ainda não demonstra força suficiente para alavancar a indústria. Pimentel também relembrou a meta compartilhada pela Abit e o setor cotonicultor de aumentar o consumo da fibra pela indústria brasileira em 1 milhão de toneladas por ano. Para isso, ressaltou a necessidade de expandir a indústria nacional,garantir o crescimento econômico de cerca de 3% ao ano, recuperar a participação no mercado interno, ter a preferência do consumidor por algodão nacional e ampliar as exportações de produtos têxteis manufaturados. Homenagem Na ocasião, o presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli, prestou homenagem a Alexandre Schenkel, presidente do Instituto Brasileiro do Algodão, pelo trabalho realizado durante sua gestão à frente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados no biênio 2023/2024. “Essa é uma homenagem de todos os produtores brasileiros pelo trabalho que você desenvolveu à frente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão. É admirável o seu empenho em prol do setor algodoeiro do Brasil, especialmente no que diz respeito às ações governamentais e às políticas públicas voltadas ao algodão.”