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Covid – 19 foi centro das discussões na reunião da Câmara Setorial do Algodão e Derivados

30 de Abril de 2020

Se as condições de clima se mantiverem favoráveis, o Brasil deve colher 2,86 milhões de toneladas de algodão (pluma) na safra 2019/2020, mantendo a expectativa dos produtores em janeiro. O total que segue para a indústria internacional deve ser de 1,95 milhões de toneladas até julho, uma redução em relação aos 2,05 milhões de toneladas previstos, mas, ainda assim, um recorde histórico. Neste período, a área plantada nos 10 estados produtores totalizou 1,6 milhões de hectares. Os números foram apresentados nesta quarta-feira (29/04), durante a 58ª Reunião da Câmara Setorial do Algodão e Derivados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a segunda do ano, realizada, pela primeira vez, via internet.



A Câmara reúne representantes dos diversos elos da cadeia produtiva da fibra e os debates hoje giraram em torno dos impactos da Covid-19 na produção, indústria, comércio e logística. "Temos à frente desafios do tamanho de uma safra de quase três milhões de toneladas, mas os maiores serão para a próxima. Não há ainda uma estimativa clara sobre retração de área, mas é certo que vai acontecer, com a perspectiva de redução mundial da demanda por algodão, os baixos preços do petróleo, que favorecem as fibras sintéticas, e o comércio no mercado interno, praticamente, parado nesses últimos meses", contextualiza Milton Garbugio, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e também da Câmara.



De acordo com Garbugio, a Abrapa está argumentando com o Governo Federal o aprimoramento de mecanismos para minimizar os impactos da pandemia na cadeia produtiva. Dentre eles, o reajuste do preço mínimo. A Associação defende um valor de R$ 91,97 pela arroba de algodão, contra os atuais R$ 72/arroba. O índice é a referência para os programas governamentais de crédito e de suporte à comercialização. Mesmo com o reajuste, o preço mínimo ainda estaria abaixo do valor de mercado. Além disso, o cálculo é feito com base em uma média nacional de custos, que o torna ainda mais distante da necessidade de estados onde é mais caro produzir algodão, como a Bahia.



Indústria



Se a produção nesta safra mantém os planos inalterados, a indústria têxtil e de confecção amarga prejuízos em cascata, e o setor também negocia medidas efetivas com o Governo Federal e de estados como São Paulo. Lockdowns, desemprego e incertezas derrubaram o consumo, e a retomada deve ser lenta. "As empresas não conseguem cumprir os compromissos, começando pelos varejistas, que tiveram suas lojas fechadas, passando para o confeccionista, chegando à indústria têxtil, e, em breve, aos fornecedores", explica o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), Fernando Pimentel. Segundo ele, sem capital de giro, esses elos não aguentam muito mais tempo.



A retomada, para a Abit, começará a partir de junho. "Se tudo der certo, vamos iniciar a operação de uma maneira 'mais arrumada', com 30% a 50% dos negócios, e, lentamente, evoluir até chegar a, no máximo, 75%, no final do ano", disse. Às vésperas do Dia das Mães, a segunda maior data do varejo, a Abit espera em torno de 30% a 40% de movimentação sobre a expectativa prévia. "Mesmo onde já há lojas abertas, como em Santa Catarina, ou para quem tem e-commerces mais bem desenvolvidos, o movimento ainda está menor que 50% do normal", revela.



Máscaras



A conversão de parte da produção de roupas para as máscaras de proteção social, majoritariamente, feitas de fibras naturais, segundo Pimentel, não consegue compensar as perdas nem impulsionar o consumo de algodão.  "Se cada brasileiro comprasse quatro máscaras, teríamos cerca de 1 bilhão de unidades, e uso de 60 a 70 milhões de metros de tecido. O setor, que fatura R$15 bilhões por mês, se vivesse de fazer máscara, faturaria de R$3 bilhões a R$ 4 bilhões por ano", compara.  "Estamos trabalhando por uma retomada de consumo organizada, protocolada e segura, para uma normalidade que ainda não sabemos qual será", diz Pimentel. Ele afirma que o câmbio ajuda a indústria nacional de vestuário, mas não descarta uma investida da China em produtos com preços muito abaixo dos nacionais no mercado.



Embarques



O presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Henrique Snitcovski, falou sobre a revisão na meta para 2020 e o alongamento dos embarques, que acarretará maior estoque de passagem em 2021. Os destinos principais do algodão brasileiro representam 80% das exportações. Eles são China (32%), Vietnam (15%), Bangladesh (12%), Paquistão (11%), Indonésia (10%) e Turquia (9%).  "O Brasil está crescendo em todos esses destinos. Para a China, o volume embarcado nessa safra vai ser recorde. Mas ainda temos espaço para crescer bastante dentro das importações desses países", disse.



A projeção da Anea para o segundo semestre de 2020, safra 2019/2020, é de exportar 1,05 milhões toneladas de algodão em pluma, pouco abaixo do segundo semestre do ano passado, que ficou em 1,08 milhões toneladas. "Já vimos que, com bom planejamento, conseguimos recordes como o de mais de 300 mil toneladas em um único mês. Isso dá credibilidade para o país. O Brasil está competitivo e esperamos que, à medida em que os problemas sejam contornados e as atividades voltem ao normal, possamos aumentar participação nos principais mercados consumidores", concluiu Snitcovski.



Insumos



O fornecimento de insumos, como defensivos químicos e fertilizantes, também estava representado na reunião. Para Marcio Trento, da CropLife Brasil, essa cadeia pode sofrer algumas restrições no suprimento, principalmente, na Índia, onde o lockdown é mais severo. Junto com a China, esses dois países são a origem da maior parte dos princípios ativos. "A indústria vem tentando minimizar qualquer tipo de impacto, antecipando algumas importações, para que tenhamos os nossos produtos disponíveis para garantir a produção nacional. Estamos recomendando o mesmo aos nossos clientes. A ideia é evitar possíveis gargalos", falou.



De acordo com o executivo da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda), considerando-se todo o fluxo logístico da cadeia de fertilizantes, até o momento, as operações estão normais, "embora com pequenas particularidades nas fábricas, como o novo padrão de distanciamento entre funcionários, por exemplo", afirmou.


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Cotonicultores debatem o mundo pós-covid e as perspectivas para o algodão

28 de Abril de 2020

Após o coronavírus, a disputa pelo mercado mundial ficará ainda mais acirrada para os produtores brasileiros de algodão, num cenário em que sobra oferta e faltam clientes. As perspectivas para o setor foram debatidas na noite de segunda-feira (27/04), em um webinar fechado para a cadeia produtiva da fibra, promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea).



O evento virtual foi o primeiro do Ciclo de debates: promoção e presença do algodão brasileiro no exterior, que integra o escopo do "Projeto Setorial de Promoção das Exportações do Algodão Brasileiro", estratégia de marketing para reforçar a participação da pluma nacional na Ásia, com foco em incremento de percepção e fortalecimento de imagem do produto. O convidado especial do evento foi o sócio-diretor da Agroconsult, Marcos Rubin. Também integraram as discussões, os presidentes da Abrapa, Milton Garbugio, e da Anea, Henrique Snitcovski, além do diretor de relações internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte. A mediação ficou a cargo do professor do Insper e consultor, Marcos Jank.



De acordo com Rubin, a recessão na economia global – decorrente das quarentenas, lockdowns e o consequente desemprego e queda na renda – vai afetar severamente o mercado de algodão. Prova disso é a demanda global, que estava em patamares de 26 milhões de toneladas no ano safra de 2018/2019, e deve cair para cerca 23,3 milhões de toneladas em 2019/20. "A diferença, cerca de quatro milhões de toneladas, equivale a quase uma safra americana". Um recuo, segundo Rubin, de 10 anos no tempo. "Do ponto de vista estrutural, a demanda foi da ordem de 22 milhões de toneladas, 17 anos atrás", comparou.



Antes da Covid-19, a perspectiva para as exportações globais era em torno de de 9,4 milhões de toneladas. Mas, até o final de julho, esse volume cair para, aproximadamente, 7,7 milhões de toneladas. "Quase não houve demanda de algodão nos meses de maio, junho e julho. Com os contratos que já foram estabelecidos, a procura por novos carregamentos será muito pequena. Do total estimado, 5,7 milhões de toneladas já foram embarcados", explica. Rubin prevê uma retomada suave da demanda para 2021.



Batalha pelo mercado



Na disputa com os Estados Unidos, o Brasil vinha levando vantagem em mercados como a China, por conta das guerras tarifárias. No momento, os americanos ainda estão sofrendo mais, pelo fato da pandemia golpeá-los em cheio, justamente, no período em que mais exportam algodão: entre abril e agosto de cada ano. O câmbio, para os brasileiros, também estava ajudando a compensar a queda nos preços da commodity, mas, segundo Rubin, mesmo essas vantagens podem se diluir em breve. "Após julho, os EUA devem voltar ao jogo em condições de igualdade com o Brasil, e disputaremos esse mercado a tapa", diz.



Para abrandar as previsões para 2021, o consultor torce por uma retomada da política de formação de estoques da China. O gigante asiático dá indícios de voltar a comprar algodão dos seus produtores, o que obriga a indústria chinesa a importar. "Não temos qualquer ingerência, mas isso pode fazer com que tenhamos um mercado maior do que se imagina hoje", conclui.



Projeto Ásia



No final de 2019, a Abrapa firmou um convênio com a Apex-Brasil para a criação do Projeto Setorial de Promoção das Exportações do Algodão Brasileiro, um plano que abarca a criação de uma marca própria, para diferenciar ainda mais a pluma nacional dentre as commodities do mercado, uma série de ações de comunicação, para estabelecer canais efetivos entre produtores e compradores, e inclui a abertura de um escritório de representação em Singapura. Além disso, a formação de uma rede de agentes em cinco países asiáticos. A meta é a liderança do ranking dos maiores exportadores em 2030.



De acordo com Marcos Jank, os números apresentados por Rubin dão a dimensão do que ele chama de desafios gigantescos do algodão brasileiro. "Mais que nunca, o plano que foi traçado antes da Covid, será estratégico. A Abrapa vai ser a primeira entidade brasileira com presença física, com nome e sobrenome na Ásia, atuando em pelo menos sete países, com uma estratégia de comunicação", disse.



Para Jank, o Brasil terá que seguir o exemplo de outros como Estados Unidos e Austrália, que investem há bastante tempo em promoção. "Temos diferenciais: a qualidade é extremamente elevada, mas a percepção não é ainda tão boa, porque nunca estivemos presentes", afirmou. Ele destacou escala de produção, padronização de produto, rastreabilidade total em nível de talhão, qualidade e sustentabilidade como atributos do algodão nacional. "Todas essas vantagens competitivas são fruto de um trabalho extraordinário que a Abrapa fez ao longo dos anos, mas faltava um esforço em comunicar", ponderou.


À frente dos recordes


No debate, o presidente da Anea, Henrique Snitcovski, enfatizou a participação de 20% do Brasil sobre o mercado global, mas disse que há ainda muito espaço para avançar, no total das importações pelos países. "Na China, onde o share do algodão brasileiro era em torno de 10%, passamos para mais de 30%. Em Bangladesh, temos crescido bastante, mas ainda somos a origem de apenas 10% do que o país importa. Temos condições de ir muito mais longe", afirmou.



Snitcovski destacou a organização do setor como essencial para que o Brasil pudesse se estruturar para escoar números recordes de pluma nos últimos anos.   Para esta safra, a Anea revisou os números previstos, de 2,05 milhões de toneladas, para 1,95 milhões de toneladas de algodão, no final do ciclo, em julho próximo. "Com esse total, estamos à frente de qualquer recorde histórico que já tivemos", comemorou.


Foco em geopolítica


Representando os produtores, Milton Garbugio manifestou sua preocupação com a possível retração de área. "Fizemos muitos investimentos nas fazendas. O algodão é a cultura de maior custo, dentre todas as que plantamos. Por isso, ociosidade é muito cara para a gente", lamentou. Porém, diante da crise, Garbugio vê oportunidades. "Acreditamos que haja muito boas perspectivas, mesmo nessa turbulência, e estamos trabalhando nelas. Somos obrigados, agora, a entender não apenas de produzir e vender a fibra. Temos de pensar em termos de geopolítica. Acreditamos nesse projeto; fomos audaciosos. Temos tudo para conquistar mais espaço e preferência, graças ao trabalho que já desenvolvemos, estruturando o setor e agregando valor à nossa fibra", concluiu Garbugio.

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Promoção do Algodão Brasileiro

24 de Abril de 2020

Encontrar meios de diferenciar o algodão brasileiro no mercado nacional e internacional foi um desafio para a Abrapa desde a sua fundação, há 20 anos. Com o passar do tempo, esse desafio virou um compromisso, um dos quatro que a entidade definiu como pilares: qualidade, sustentabilidade, rastreabilidade e promoção. Essa preocupação com promoção e marketing vem, em parte, da exigência, cada vez maior do consumidor, seja ele o cliente imediato, a indústria, ou a ponta final da cadeia. Mas sem os grandes diferenciais do algodão brasileiro – campeão em sustentabilidade, excelente em qualidade, com volume de escala e 100% rastreável – nem a melhor propaganda do mundo ia adiantar.



Nas últimas duas décadas, graças a massivos investimentos, dos produtores individualmente, ou através da Abrapa e afiliadas estaduais, a cotonicultura brasileira deu uma guinada em seu posicionamento de mercado. O país, que chegou a importar algodão no início da década de 1990, virou o segundo maior exportador global da pluma. Nosso algodão alcançou altos níveis de qualidade, com investimento em pesquisa e tecnologia de ponta e os processos usados em sua produção, vêm sendo aprimorados por programas como o Algodão Brasileiro Responsável (ABR). Na classificação da pluma, os avanços também foram grandes, e vêm crescendo ainda mais graças ao programa Standard Brasil HVI (SBRHVI). Já os produtores se tornaram reconhecidos como fornecedores criteriosos e confiáveis, que honram contratos, são organizados e unidos, sob as diretrizes de uma representação forte. Assim, mesmo sendo dez os estados produtores, o algodão brasileiro é um só. Com tantas coisas boas para mostrar, investir em comunicação estratégica foi um caminho natural.



Aos olhos do mundo



Nos últimos anos, a Abrapa tem encurtado as distâncias entre mercado global e o algodão brasileiro, investindo na comunicação corpo a corpo, e in loco. A cada ano, organiza visitas de industriais e outros players dos seus principais mercados – sobretudo, a Ásia – para conhecer o jeito brasileiro de produzir. A Missão Compradores tem encantado o público, proporcionando uma experiência única: imergir numa fazenda brasileira, visitar usinas de beneficiamento, laboratórios de classificação e ver como a diversificação de culturas e as boas práticas agrícolas estão ajudando a cotonicultura a crescer com qualidade e sustentabilidade, e como isso pode representar benefícios para o seu negócio.  A cada edição, novas indústrias são convidadas. A iniciativa conta com a colaboração de grandes tradings da fibra.



Outra ferramenta estratégica é a Missão Vendedores. Nela, são os produtores brasileiros que visitam os clientes, para conhecer seu modelo de negócio e as demandas. As duas ações permitem ajustar oferta e demanda, prospectar novos mercados e oportunidade e consolidar a presença onde já existe. Elas impulsionaram o trabalho que a Abrapa já faz desde a sua criação, de estar presente nos maiores eventos da cotonicultura internacional e nacional, e também nas mais importantes publicações do setor.



Made in Brazil



Para se ter uma ideia do quanto o continente asiático é crucial para o algodão, basta dizer que 98% das transações comerciais com a pluma estão concentradas lá, e 82% desse mercado, em apenas sete países: China, Bangladesh, Vietnã, Turquia, Paquistão, Indonésia e Índia. Com todos os avanços da cotonicultura nacional, e a conquista do segundo lugar no ranking dos maiores exportadores, intensificar a presença na Ásia se tornou mandatório para a Abrapa. Vender ou exportar a fibra deixou de ser suficiente para marcar presença. A dimensão alcançada como player nesse mercado exige presença institucional, cultural e diplomática: presença física.



No final de 2019, a Abrapa firmou um convênio com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para a criação do Projeto Setorial de Promoção das Exportações do Algodão Brasileiro, um plano que abarca desde a criação de uma marca própria para diferenciar ainda mais a pluma nacional dentre as commodities do mercado, uma série de ações de comunicação para estabelecer canais efetivos entre produtores e compradores, e inclui a abertura de um escritório em Singapura. E, para reforçar a presença, uma rede formada por agentes em cinco países asiáticos. A meta é audaciosa: a liderança do ranking dos maiores exportadores já em 2030.



Diversas iniciativas já estão em desenvolvimento, como a plataforma de business intelligence (BI), mas o grande desafio é criar uma marca para o algodão brasileiro, para transformar em valor tudo o que ele tem de melhor, fruto de muito esforço e investimento ao longo de vinte anos. Um trabalho robusto de branding está em curso. Transformar o algodão brasileiro em grife é garantir para o comprador que cada fardo de pluma com origem Brasil contém muito mais que algodão: tem qualidade, rastreabilidade, sustentabilidade, credibilidade, história, e todo o charme de ser brasileiro.



Moda com consciência


 


Conversar com o consumidor brasileiro, lá no ponto de venda, era um desejo antigo da Abrapa. Entre as duas pontas da cadeia, existia um silêncio histórico: um vácuo preenchido quase sempre com informações equivocadas e ruídos. Saber quem era esse cliente foi o primeiro desafio, e pesquisas sobre hábitos de consumo por matéria-prima eram raras ou inexistentes, até mesmo em segmentos como a indústria. Mas ninguém duvidava que o seu nível de exigência é grande e tem aumentado na velocidade da evolução da tecnologia e dos meios de comunicação.



Foi assim que nasceu, em 2016, o Sou de Algodão, um movimento único no Brasil, como iniciativa da Abrapa, suas 10 associadas e o IBA (Instituto Brasileiro de Algodão). Seu propósito é despertar uma consciência coletiva em torno da moda responsável e do consumo, através de plataformas digitais, ações pontuais e da união de todos os agentes da cadeia produtiva e da indústria têxtil: homens e mulheres do campo, tecelões, artesãos, fiadores, designers de moda, estilistas, varejistas e estudantes.


O movimento surgiu da consciência dos cotonicultores de que, para conquistar a preferência nos corações e mentes do consumidor final, é preciso mais que oferecer qualidade e preço. Se um trabalho tão importante já havia sido construído na base da cotonicultura, por que não incentivar as pessoas a enxergar esse valor ao escolher uma matéria prima que, por si só, já atende a tantos requisitos: natural, biodegradável, versátil, antialérgica e confortável?



Para transformar o algodão em um produto com alto valor agregado diante do mercado de moda do país, o Sou de Algodão valoriza e conscientiza profissionais da cadeia da fibra, dialoga com o público final com ações, conteúdo e faz parcerias com marcas e empresas do setor têxtil. O movimento tem ações estratégicas para cada um dos públicos, desde os que criam e lançam tendências, até os influenciadores, que as propagam, passando pela academia. Levar essas pessoas para conhecer de perto o processo produtivo também é parte das ações, através das cotton trips. Para a maioria desses profissionais, estar numa fazenda é uma experiência totalmente inusitada e disruptiva.


O Sou de Algodão levou a cidade para o campo e também colocou o campo na passarela, desfilando na 46ª edição da Case de Criadores. No lugar de modelos profissionais, pessoas ligadas à fibra, como produtores rurais e uma engenheira agrônoma. E é sobre essas histórias de verdade que fala o seu terceiro manifesto. (Veja aqui https://www.youtube.com/watch?v=8GIaan1_AZw )


A cadeia abraçou o movimento, que hoje conta com mais de 190 marcas parceiras, e entre as empresas que se juntaram ao Sou de Algodão, estão as apoiadoras: FMC Agrícola, Bayer, BASF, CCAB, Corteva, John Deere, Syngenta e Tama. Desde o lançamento, o Sou de Algodão já esteve presente ou realizou 15 desfiles na São Paulo Fashion Week e na Casa de Criadores, promoveu um concurso para estudantes, e soma mais de 100 mil seguidores em seus canais digitais.


Para saber mais sobre o movimento acesse: www.soudealgodao.com.br

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Rastreabilidade

23 de Abril de 2020

Cada fardo de algodão produzido no Brasil tem um "RG": a etiqueta do Sistema Abrapa de Identificação (SAI). Com ela, pode-se rastrear com exatidão desde a fazenda onde ele foi produzido, a usina na qual foi beneficiado, e ter acesso a uma série de informações, como classificação, com os índices de análise instrumental por High Volume Instrument (HVI). É possível até mesmo saber se a fibra foi certificada pelo programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e licenciada pela Better Cotton Initiative (BCI), que atestam a sustentabilidade da pluma.


O SAI faz parte da estratégia de rastreabilidade, uma das quatro linhas-mestras, ou compromissos, da Abrapa, que incluem qualidade, sustentabilidade e promoção. O sistema começou a ser elaborado em 2002 e foi lançado em 2004. Desde então, está em aprimoramento constante, à medida em que a tecnologia evolui e ele recebe novos inputs. Sua implementação representou um passo muito importante para a cotonicultura nacional, dando ao ambiente de negócios com o algodão brasileiro mais transparência e, consequentemente, credibilidade. Um reforço e tanto à imagem da fibra produzida no País.


As etiquetas SAI são codificadas por uma das mais antigas e renomadas empresas do ramo, a GS1 Brasil. A expedição das tags é rigorosamente controlada pela Abrapa e a impressão é executada por gráficas credenciadas pela entidade para imprimi-las.


A rastreabilidade permite traçar um mapa fiel da produção nacional de algodão, dá à Abrapa ferramentas para elaborar programas estratégicos para o desenvolvimento do setor, colocando o Brasil na vanguarda do mercado mundial e agrega confiança para quem vende e para quem compra o algodão brasileiro. Além disso, neste momento em que o consumo se torna, cada vez mais, demandante de padrões de qualidade e sustentabilidade, assegurar origem e processos é fundamental.

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Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa

23 de Abril de 2020

ALGODÃO PELO MUNDO


#15                   24/Abr/20


Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa com as principais notícias do mundo do algodão no seu WhatsApp



📉 Algodão em NY - Com rumores dos Chineses indo às compras e de frustações de colheita na Austrália, os contratos de algodão negociados na Bolsa de NY (ICE) tiveram uma semana de alta.  Além disso, na quinta-feira, o USDA divulgou dados positivos sobre vendas e exportações de algodão americano, o que também ajudou. Nas últimas duas semanas as vendas tinham sido negativas, e a expectativa do mercado era ruim para esta semana também.  Os preços da pluma subiram 7,7% esta semana.



🇧🇷 Webinar Abrapa - A Abrapa inicia na próxima semana o Ciclo de Debates: Promoção e Presença do Algodão Brasileiro no Exterior.  Com apoio da Apex Brasil e ANEA, o tópico do primeiro debate é: Reflexos do Covid-19 no Mercado Global de Algodão.  Participarão do webinar na segunda (27/4) às 18:00hs (Brasília): Marcos Rubin (Agroconsult), Marcos Jank (Insper), Milton Garbugio (Abrapa) e Henrique Snitcovski (ANEA).



🇨🇳 China - A agência de notícias Reuters informou esta semana que a China planeja comprar 10 milhões de toneladas de soja, 20 milhões de toneladas de milho e 1 milhão de toneladas de algodão para as reservas estatais, em parte para proteger contra interrupções no fornecimento (de alimentos), mas também para iniciar o cumprimento das suas obrigações comerciais da Fase 1 do Acordo Comercial com os EUA, assinado no início do ano.  Uma das fontes consultadas pela agência disse que não está claro quando as compras ocorrerão, mas o rumores já foram suficientes para animar o mercado esta semana.



😷 Coronavírus - As atividades comerciais nos EUA, Europa e Japão entraram em colapso este mês, quando os governos intensificaram as medidas contra a disseminação de COVID-19, segundo pesquisas com gerentes de compras divulgadas esta semana (chamadas PMIs).  Juntos, a Europa, os EUA e o Japão representam quase 50% do consumo global de vestuário.



😷 Coronavírus 2 - Alguns economistas acreditam que os resultados de Abril das pesquisas de atividade comercial (PMIs) são o "fundo do poço", porque alguns países - incluindo a Alemanha - e alguns estados dos EUA começaram a diminuir suas restrições e outros países e estados devem começar a reabrir a economia a partir de Maio. O ritmo da recuperação vai depender do sucesso na contenção do vírus, da rapidez com que as economias serão reabertas e do comportamento do consumidor pós reabertura econômica.



🇺🇸 Plantio - O USDA divulgou no dia 20/4 o relatório sobre o progresso do plantio para a safra 2020. O plantio ainda está no seu início.  Segundo o relatório, até 19/Abril, 11% da área americana de algodão já havia sido plantada.  Este avanço é ligeiramente superior à média de 9% dos últimos 5 anos para a mesma data.  Na última safra, os EUA produziram 4,3 milhões de toneladas de pluma.



💰 Subsídios - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um pacote de 19 bilhões de dólares para ajudar o setor agrícola a superar a recessão econômica causada pela pandemia de COVID-19.  16 bilhões serão destinados diretamente aos agricultores, e os 3 bilhões restantes serão usados para comprar alimentos para os mais necessitados.



🇦🇺 Austrália - Foi iniciada a colheita de uma das safras mais difíceis já registradas na histórica do tradicional produtor de algodão.  A área de algodão da Austrália em 2020 é a menor desde a década de 1980, com apenas 60.000 hectares, menos de 25% da área de 292.380 ha do ano passado, de acordo com as estimativas da Cotton Austrália.



🇨🇳 China 2 - O China Agricultural Outlook 2020-2029 foi divulgado no início desta semana por órgãos oficiais do país. Segundo o relatório, a área de algodão do país diminuirá de 3,33 milhões de hectares para 3,12 milhões em 2029. A produção ao longo deste período é mantida estável em torno de 5,8 milhões de toneladas, graças a ganhos de produtividade.  A área plantada na safra 20/21 deverá ser de 3,16 milhões de ha (-5% em relação à última safra).



🚢 🇧🇷 Exportações - O Brasil exportou 16 mil toneladas de algodão em pluma na terceira semana de Abril.  O total exportado nas 3 primeiras semanas de Abril foi de 48,3 mil tons.  Com estes números, o Brasil alcançou a marca histórica de 1,7 milhões de toneladas de algodão exportados de Ago/19 a Abril/20 (parcial).



📉📈 Preços - A tabela abaixo ⬇ mostra os últimos movimentos de


preços, índices e câmbio que impactam o mercado de algodão.


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Sustentabilidade: a base de uma cotonicultura feita para durar

20 de Abril de 2020

O Brasil se consagrou, nas últimas safras, como o maior fornecedor mundial de algodão sustentável. Esse posto é confirmado por uma entidade mundialmente conhecida, a ONG suíça Better Cotton Initiative (BCI). O país tem participado com uma média de 30% no montante da pluma licenciada BCI, o que equivale a quase um terço das negociações com a commodity no planeta. Mas se a BCI dá credibilidade e visibilidade internacional ao algodão brasileiro, é nas nossas lavouras que o conceito de sustentabilidade – ambiental, social e econômica – é adotado com ainda mais rigor. Isso porque o Brasil tem o seu próprio programa de certificação de boas práticas nas fazendas, o Algodão Brasileiro Responsável (ABR), e ele tem como arcabouço as legislações trabalhista e ambiental do país, consideradas das mais completas e exigentes do mundo.



Atualmente, cerca de 80% do algodão brasileiro é certificado pelos programas ABR/BCI. Essa união entre as iniciativas, no país, teve início em 2013, com uma operação referenciada (benchmark) unificando seus protocolos. Desde então, o produtor que adere ao ABR pode, automaticamente, optar por ser, também, licenciado pela BCI. A adesão aos programas é voluntária, e, ao fazê-la, o cotonicultor se compromete a cumprir um rígido protocolo.



São 224 itens a serem atendidos, só na fase de verificação para diagnóstico que antecede a certificação. Depois, outros 178 para a finalização do processo, que culmina com a expedição do certificado e a consequente emissão dos selos. Esse último número corresponde à soma dos indicadores de sustentabilidade do programa ABR, que são 153, com as 25 exigências da BCI.



São oito os critérios observados:





  1. Contrato de trabalho.

  2. Proibição do trabalho infantil

  3. Proibição de trabalho análogo a escravo ou em condições degradantes ou indignas.

  4. Liberdade de associação sindical

  5. Proibição de discriminação de pessoas

  6. Segurança, saúde ocupacional, e meio ambiente do trabalho.

  7. Desempenho ambiental

  8. Boas práticas agrícolas



O ABR, assim como a BCI, tem como fundamento o incremento progressivo das boas práticas sociais, ambientais e econômicas nas unidades produtivas de algodão. Elas se lastreiam nos três pilares da sustentabilidade:


 


Pilar Social


Centrado na saúde, segurança e bem-estar do trabalhador.


Pilar Ambiental


Alicerçado no desempenho ambiental e nas boas práticas agrícolas, promove a relação saudável entre o homem e a natureza, com foco na exploração correta dos recursos naturais.


Pilar Econômico


O algodão sustentável, sob o prisma do pilar econômico, é aquele que remunera o cotonicultor, motivando-o a continuar na atividade. A esperada consolidação e a prosperidade do negócio colaboram para a geração de riquezas e desenvolvimento social no local onde o empreendimento está estabelecido e também nos âmbitos estadual e nacional.


 


Etapas para participação e certificação.


A certificação é o resultado de três etapas principais, sendo a primeira um diagnóstico da unidade produtiva, seguido por uma correção de possíveis não conformidades. Por último, vem a auditoria, propriamente dita. Todas estas etapas são amparadas por normas de conduta imersas nos oito critérios.


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Estaduais em campo


 A operacionalização do ABR/BCI se dá no âmbito das associações estaduais de produtores de algodão filiadas à Abrapa. São elas que cuidam, na prática, da implementação dos programas, indo a campo para orientar as fazendas que aderem à iniciativa e vistoriando o cumprimento de todos os critérios. Para isso, contam com equipes multidisciplinares, que incluem engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas e de segurança do trabalho.



Auditorias


 Para garantir isenção no processo de certificação/licenciamento, as fazendas são auditadas por empresas de terceira parte, de idoneidade reconhecida internacionalmente. Atualmente (safra 2019/2020), elas são a ABNT, o Gênesis Group e a Bureau Veritas.


Sustentabilidade como propósito


Sustentabilidade – para ser comprovada e reconhecida pelo mercado, dentro e fora do país – requer trabalho e investimento para cumprir protocolos. É preciso adequar estruturas e processos e, na maioria das vezes, mudar culturas empresariais.


A decisão de aderir aos programas, portanto, não se restringe aos produtores, donos dos empreendimentos agrícolas. Ela alcança todas as pessoas envolvidas na produção nas fazendas. Mas quando esse pacto com a sustentabilidade acontece, os benefícios se estendem para muitas pessoas, e para além do algodão.


A cotonicultura, da forma como é empreendida no Brasil nos últimos 20 anos, faz parte de uma matriz produtiva variada. Não existe monocultura: quem planta algodão no Centro Oeste do Brasil também produz soja, e, muito provavelmente, milho, milheto, sorgo e outros, em sistema de rotação. As boas práticas agrícolas, gerenciais, sociais e ambientais repercutem, portanto, em todo o negócio da fazenda.


Tamanho desafio não poderia ser baseado em modismos ou tendências, e, sim, na consciência de que somente o pensar e agir sustentáveis podem garantir uma cotonicultura próspera. E que os recursos para a empreender estarão também disponíveis para as gerações de hoje e de amanhã.

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Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa

17 de Abril de 2020











​ALGODÃO PELO MUNDO #14


17/Abr/20



Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa com as principais notícias do mundo do algodão no seu WhatsApp



📉 Algodão em NY - Os contratos de algodão negociados na Bolsa de NY (ICE) tiveram uma semana de pequena variação.  Os preços da pluma caíram 2,9% esta semana.  O contrato Dez/2020, referência para a safra nacional 19/20 fechou a semana com pequena queda de 1,8%, a 54,96 c/lp.  O mercado segue pautado pela maior recessão global desde a grande depressão da década de 1930 (segundo o FMI) porém com mudança gradual de foco: aos poucos, temas como o número de casos e mortes pela Covid-19 começam a dar espaço a especulações sobre o início da reabertura das principais economias do ocidente.



🇺🇸 Plantio - Na próxima segunda-feira (20), o USDA divulgará relatório sobre o progresso do plantio para a safra 2020. Recentemente, registros de importantes chuvas no Sudeste americano melhoraram as condições de plantio.  Entretanto, os produtores já perceberam a mensagem do mercado por menos área plantada.   Apesar do USDA ter divulgado recentemente uma pesquisa mostrando que a área plantada de algodão no país será praticamente a mesma do ano passado, é quase um consenso que a área deve se reduzir esta safra.



🇺🇸 Subsídios - Considerando a grave crise enfrentada pelo setor têxtil global devido à Covid-19, o USDA deve anunciar uma ajuda adicional para o setor do algodão americano em um pacote agrícola que deve ser lançado em breve. O USDA irá anunciar a alocação dos US$ 6 bilhões restantes em sua conta da Commodity Credit Corp.(CCC), mais os US$ 9,5 bilhões que o Congresso incluiu no recente pacote para compensar os efeitos econômicos da Covid-19 (total de US$ 2 trilhões) conhecido como Lei CARES. O projeto de lei ainda disponibilizou US$ 14 bilhões adicionais para a conta do CCC, que estarão disponíveis a partir de julho.



🇮🇳 India - Esta semana o governo da Índia, maior produtor e segundo maior consumidor de algodão do mundo, estendeu seu bloqueio nacional (shutdown) por conta da Covid-19 até 3 de maio.  O plantio de algodão na Índia começa com o início das chuvas das monções em junho, mas nas lavouras irrigadas o plantio começa no início de maio.  As medidas de contenção do Covid-19 podem reduzir a produção nacional este ano.



🇨🇳 China - A China reportou uma queda sem precedentes de 6,8% no Produto Interno Bruto do primeiro trimestre de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019.  No setor têxtil, algumas fiações e confecções que fecharam entre janeiro e meados de março estão voltando a funcionar mas ainda em ritmo menor que no mesmo período em anos anteriores principalmente devido à reduzida demanda.



👕 Setor Têxtil - Pesquisa da OIT (Organização Internacional do Trabalho) com diversas indústrias têxteis mundiais destaca que 54% das fábricas pesquisadas esperam uma redução de suas receitas em 20% em 2020 e 58% dos fabricantes estão dispostos a redirecionar a produção para produtos de combate à Covid-19 (máscaras faciais, toalhas, roupas de cama e aventais para pacientes).



🇧🇩 Bangladesh - Indústrias têxteis de Bangladesh afirmaram que os varejistas de moda (empresas importadoras européias e americanas principalmente) cancelaram ou suspenderam mais de US$ 3 bilhões em pedidos devido ao surto de Covid-19, embora algumas tenham renegociado.  Os dados são da Associação de Fabricantes e Exportadores de Roupas de Bangladesh, segundo maior importador de algodão do mundo.



🇧🇷 Comercialização - O Imea divulgou na segunda-feira (13/04) os dados de comercialização da pluma de algodão em Mato Grosso, referentes ao mês de março. Segundo os dados, a safra 19/20 atingiu 76,64% da produção vendida, +0,95 p.p., ante o que foi visto em fevereiro. Já para a safra 20/21, as vendas avançaram 2,21 p.p., alcançando 29,77% da produção total.



🚢 🇺🇸 Exportações – As vendas de algodão 19/20 da semana foram fortemente negativas semana passada, desta vez em 41,6 mil toneladas, devido a cancelamentos motivados pela crise de Covid-19.  Os maiores cancelamentos foram principalmente de Vietnã, China e Paquistão.  As exportações da semana, por outro lado foram significativas: 70,7 mil toneladas.



🚢 🇧🇷 Exportações - O Brasil exportou 20,5 mil toneladas na segunda semana de Abril.  O total exportado nos primeiros 7 dias úteis de abril/20 foi de 32,2 mil tons.  Se for mantida esta média, o volume exportado em abril deverá ultrapassar 90 mil toneladas.



📉📈 Preços - A tabela abaixo ⬇ mostra os últimos movimentos de


preços, índices e câmbio que impactam o mercado de algodão.




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SBRHVI: qualidade, transparência e credibilidade.

15 de Abril de 2020

Se negociações comerciais sempre podem gerar discordâncias, imagine um produto que tem preço regulado em bolsa, pouca margem para negociação, e que parte da sua qualidade nem pode ser percebida sem ajuda de instrumentos especiais. Assim é o algodão. A pluma que a gente vê é muito mais que brancura e maciez. Ela, por exemplo, tem um gradiente de tons de brancos e de amarelos, espessuras e tamanhos distintos de fibra, características diversas de resistência e resiliência que ajudam ou atrapalham na hora de transformar a matéria-prima em fios e tecidos. E, por conta de tudo isso, aplicabilidades e preços diferentes para cada tipo do produto. No final das contas, quem compra e quem vende quer pagar ou receber o justo pela mercadoria.



Para criar um ambiente mais harmônico, dirimindo o desencontro entre expectativa e realidade, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) elegeu a qualidade nos resultados de classificação instrumental de fibra como uma prioridade. Esse tipo de análise hoje é recorrente em todo o mundo e usa, majoritariamente, uma tecnologia chamada High Volume Instrument (HVI). Ela é capaz de chegar mais longe que o olho humano na classificação de algodão, mesmo sem susbstituí-lo totalmente, porque analisa também as chamadas características intrínsecas da fibra, atribuindo a elas um índice.



O HVI, portanto, é um instrumento de precisão, com índices numéricos, o que, sendo uma linguagem universal, já deveria por fim a boa parte dos impasses sobre classificação nas transações. Mas, para que isso possa acontecer, é preciso ter certeza de que as máquinas são fiéis à realidade e confiáveis nos resultados que entregam.



Em 2016, a Abrapa criou o programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), lançado para o mundo em Liverpool, como um compromisso da associação com a transparência e a credibilidade nos resultados de todas as análises realizadas no Brasil, feitas pelos laboratórios que atendem aos cotonicultores nacionais.



O SBRHVI HVI baseia-se em três pilares integrados, não apenas entre si, como também com outros programas e sistemas da Abrapa. Isto os torna ainda mais eficazes e "inteligentes".



Esses pilares são:



1º Pilar - Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA).



Trata-se de um moderno e bem equipado laboratório central que parametrizou a classificação no Brasil e está padronizando, checando e rechecando os resultados das análises e, ano a ano, dá o direcionamento a todos os demais, para que trabalhem em sintonia na aferição de resultados.



O CBRA está situado em Brasília, no mesmo prédio da Abrapa e do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA). Em 2018, após cumprir um longo passo a passo, entre entrou para o seleto rol dos laboratórios certificados internacionalmente pelo ICA Bremen.



O centro analisa 0,5% de todas as amostras testadas nos laboratórios participantes (atualmente, em 2020, ele são 11), garantindo a padronização dos processos de classificação.



Esta estrutura desenvolve quatro programas:





  • Programa Algodão CBRA de Checagem

  • Programa Algodão de Reteste.

  • Programa Algodão Brasileiro de Verificação Interna

  • Programa Interlaboratorial Brasileiro



2º Pilar - Banco de Dados da Qualidade do Algodão Brasileiro.



É o centro de inteligência do SBRHVI. Ele armazena os dados de análise e classificação do algodão produzido no país e é integrado ao Sistema Nacional de Dados do Algodão (Sinda), ao Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e ao Sistema Abrapa de Identificação (SAI). Com isso, as informações nas etiquetas com código de barras de rastreamento dos fardos, que fazem parte do SAI, agora, contém também os dados de análise da fibra.



3º Pilar - Orientação aos laboratórios participantes.



O conceito do SBRHVI passa pela parametrização e a padronização dos processos, estruturas e equipamentos para garantir confiabilidade de resultados. Por isso, difundir informação, gerar conhecimento, dar suporte, treinar os profissionais que trabalham nos laboratórios que atendem aos cotonicultores brasileiros, assim como realizar visitas técnicas a estes, colabora para que todos trabalhem no mesmo padrão de qualidade, em sintonia com o CBRA.



O SBRHVI é mais uma prova de que o pensamento estratégico e a busca constante da Abrapa por qualidade e credibilidade têm sido a chave para levar o algodão brasileiro ainda mais longe.


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Cotonicultores versus Coronavírus

13 de Abril de 2020

Enquanto se esforçam para garantir abastecimento, cotonicultores brasileiros dão as mãos na prevenção e combate à Covid 19 em suas regiões.



Um dos grandes medos dos brasileiros, principalmente, nos primeiros dias de quarentena, era o desabastecimento nos supermercados. O temor não se concretizou. Nos campos, produtores e trabalhadores rurais estão se esforçando ao máximo para encontrar meios para continuar uma tarefa que não pode ser interrompida e, ao mesmo tempo, diminuir riscos de contágio, na lavoura e no escritório: home office, para quem pode trabalhar à distância, e rodízio nas tarefas de campo foram algumas das soluções implementadas.



O impacto de uma situação jamais vista está atingindo de forma diferente os dez estados cotonicultores, porque, num país continental como o Brasil, ainda que a produção da fibra esteja concentrada na região Centro Oeste, cada local tem seu próprio ritmo e calendário. Mato Grosso, por exemplo, acaba de plantar a segunda safra (2020); São Paulo já começou a colher o algodão da safra 2019/2020, e a Bahia já se prepara para a colheita. Enquanto isso, os mesmos produtores rurais e profissionais que cuidam do cultivo da pluma, atuam também nas outras culturas, como a soja e o milho. No Brasil, fazendas de algodão, necessariamente, produzem alimentos para pessoas, e insumos para a nutrição animal. Essa diversidade na produção é a base do modelo brasileiro de cotonicultura sustentável.



Solidariedade que vai além



Entendendo que o momento é de emergência e que evitar um colapso no sistema de saúde é uma necessidade, os cotonicultores não apenas estão tentando se adaptar, como vão além, dando sua contribuição para combater a covid-19. Eles também estão ajudando a preparar hospitais nas comunidades em que atuam, com a doação de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e de aparelhos utilizados nos centros de terapia intensiva.


Mato Grosso


Um esforço coletivo está sendo feito pela Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), e diversos associados, para prevenção e controle do novo coronavírus, em Mato Grosso. Dentre outras ações, a Ampa está importando, diretamente da China, 920 mil máscaras de proteção e outros materiais utilizados pelos profissionais de saúde. Foram adquiridos dois mil escudos faciais, quatro mil roupas protetivas e cinco mil óculos de segurança. Parte dessas aquisições já estão a caminho do Brasil, em diversos lotes. A associação recolheu todas as máscaras que havia nas algodoeiras e as doou para os hospitais. Entre as várias empresas do agro que estão fazendo a sua parte no estado, a Scheffer doou 34 respiradores hospitalares para auxiliar prefeituras municipais no atendimento aos casos de coronavírus; o Grupo Amaggi anunciou a doação de 50 mil cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade social, e o grupo O Telhar, também instalado em Mato Grosso, doou 500 máscaras para a secretaria municipal de saúde de Santo Antônio do Leste.


Bahia


Os produtores rurais baianos, por meio da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), vêm empreendendo uma série de ações para prevenir e combater a doença. A entidade destinou R$ 500 mil para a compra de insumos e EPIs, doados às secretarias de saúde dos municípios ligados à atividade agrícola na região, como Baianópolis, Barreiras, Correntina, Cocos, Jaborandi, Formosa do Rio Preto, Luís Eduardo Magalhães, Riachão das Neves, São Desidério e Wanderley. Além dos EPIs, a associação entregou álcool gel, toalhas e lençóis descartáveis, e também vai destinar em torno de R$ 100 mil para aquisição de toalhas 100% algodão, que serão entregues ao Governo do Estado, para os hospitais e unidades hospitalares em toda a Bahia. A Abapa também vai investir cerca de R$ 370 mil na aquisição de equipamentos e insumos para a instalação de um laboratório de testagem para Covid-19 pela Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). O laboratório, depois de passada a fase da pandemia, será utilizado pela UFOB para a identificação e testes de outras doenças e patologias, como dengue, chicungunya e zika.



Goiás



Em Goiás, a Associação Goiana de Produtores de Algodão (Agopa), o Instituto Goiano de Agricultura (IGA) e o Fundo de Incentivo à Cultura do Algodão em Goiás (Fialgo) fizeram repasse de recursos ao Governo do Estado para combate ao coronavírus. Através da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), eles doaram R$ 100 mil para a compra e importação de equipamentos e insumos para o combate à pandemia. Diversos produtores rurais goianos também têm se mobilizado para ajudar por conta própria, com recursos que estão sendo destinados a prefeituras, creches e outras instituições que necessitam de apoio, em suas regiões de atuação.



Mato Grosso do Sul


A Associação Sul-Matogrossense dos Produtores de Algodão (Ampasul) mobilizou seus associados e doou dez respiradores para hospitais do estado. Sete desses equipamentos foram doações diretas por cotonicultores. Para viabilizar a doação dos aparelhos, a Ampasul se uniu ao projeto Mãos Solidárias. A entidade cedeu, diretamente aos hospitais de Chapadão do Sul e Costa Rica, 60 macacões de isolamento e duas mil luvas de procedimentos, para minimizar os efeitos da Covid-19.

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10 de Abril de 2020












⬆️ Algodão em NY - Os contratos de algodão negociados na Bolsa de NY (ICE) tiveram uma semana de ganhos.  Os preços da pluma subiram 8,8% esta semana graças a uma visão mais otimista do mercado com relação à crise do Covid-19, acordo entre Rússia e Arábia Saudita e também pelo anúncio que o Federal Reserve injetará mais US$ 2,3 trilhões no pacote de estímulo para a economia americana.  O contrato Dez/2020, referência para a safra nacional 19/20 fechou a última semana com alta de 9,5%, a 55,96 c/lp.


📊 Oferta e Demanda 1 - O relatório de estimativas de oferta e demanda mundial de abril de 2020 (WASDE) foi divulgado esta semana pelo USDA.   Conforme esperado, as previsões de oferta e demanda de algodão para o ano comercial 2019/20 foram ajustadas para refletir os efeitos econômicos globais da pandemia de Covid-19.  Os números projetam menor consumo e exportações e estoques finais mais altos.


📊Oferta e Demanda 2 - Em termos de consumo global, o USDA projeta uma queda de 8% em relação ao ano anterior (de 26,2 para 24,1 milhões de toneladas), com grandes reduções em todos os grandes consumidores mundiais. Estoques globais deverão ser maiores ao final deste ano comercial: relação estoque/uso global irá de 67% (18/19) para 82% (19/20).  Detalhes dos dados divulgados pelo USDA, em português e em toneladas, encontram-se no relatório em anexo.


📊 Oferta e Demanda 3 - O International Cotton Advisory Committee (ICAC) divulgou sua projeção para o consumo global de algodão em 19/20 um pouco acima do que prevê o USDA: 24,6 milhões de toneladas.


⛽ Petróleo – Arábia Saudita e Rússia anunciaram esta semana que encerraram a guerra de preços do petróleo, concordando em reduzir a produção junto com outros membros da aliança Opep+, em um esforço para poupar o mercado de um colapso causado pela pandemia de Covid-19.


🚜 Produção 20/21 - Segundo o ICAC, embora os impactos do Covid-19 sejam maiores no consumo de algodão do que na produção, é provável que as intenções de plantio nos países do hemisfério norte (que estão iniciando plantio em breve) permaneçam pressionadas pela queda dos preços e pela possível concorrência por culturas alimentares em um cenário de crise. Além disso medidas de lockdown para retardar a disseminação do Covid-19 podem afetar as cadeias de suprimentos de sementes e insumos para a temporada 2020/21.


🚢 🇺🇸 Exportações – As vendas de algodão 19/20 da semana foram negativas na semana passada em 1.180 toneladas, devido a cancelamentos principalmente da China, mas também da Indonésia, Paquistão e Coréia do Sul, entre outros.  As exportações da semana, por outro lado foram recordes para o ano comercial: 110 mil toneladas.


🚢 🇧🇷 Exportações 1 - No mês de março, o Vietnã foi o maior destino das exportações do Brasil, desbancando a China pelo segundo mês consecutivo.  Em seguida vieram Indonésia, Turquia e Bangladesh. Na primeira semana de Abril o Brasil exportou 11.700 toneladas de pluma.  Este número representa o resultado de apenas três dias úteis.


🚢 🇧🇷 Exportações 2 - O ranking dos 10 maiores destinos do algodão brasileiro entre agosto de 2019 e março de 2020 traz a China em primeiro lugar (32% do total), seguida do Vietnã (15%), Bangladesh (12%), Paquistão (11%) e Indonésia (10%).


📉📈 Preços - A tabela abaixo ⬇ mostra os últimos movimentos de

preços, índices e câmbio que impactam o mercado de algodão.




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