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Primeira reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados avalia perspectivas para a safra 2024/2025

Setor discute cenário global, guerra comercial e impactos no consumo, além das projeções de produção e exportação da fibra.

20 de Março de 2025

Com expectativa de crescimento de área plantada estimada em 10,3% – 2.145,5 milhões de hectares – em 2024/2025, a safra brasileira de algodão deve chegar a 3,95 milhões de toneladas do produto beneficiado (pluma), de acordo com os números apresentados pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), na quarta-feira (19), na reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), realizada em Brasília. Guerra comercial, cenário econômico global, preços e pontos de atenção em relação ao clima deram o tom da reunião de número 78 da câmara, a primeira de quatro anuais.


Além de incremento de área e produção e exportações, o setor pode ter um aumento de até 20 mil toneladas no consumo da indústria nacional, que no ano passado fechou em 750 mil toneladas e o Brasil tem ampliado mercado para além da China, em países como Egito, Paquistão e Índia. A próxima reunião da Câmara está prevista para 30 de junho.


Normalidade


A estimativa da área de lavouras ocupadas com a cultura é um pouco superior ao projetado pela Conab na safra passada, que foi de 3,70 milhões de toneladas. A confirmação vai depender do desempenho da produtividade esperada pelos cotonicultores, em 1842 quilos por hectare, o que já representa 3,2% a menos do que a registrada no ciclo anterior. No momento, ocorrências de veranicos têm alertado produtores em algumas regiões de estados como Bahia e Goiás.


De acordo com o presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli, que conduziu a reunião pela primeira vez, sucedendo o ex-presidente da associação e da Câmara, Alexandre Schenkel, os números ainda são preliminares, já que a safra em Mato Grosso, maior produtor do país, está no início. “Podemos dizer que tudo está ocorrendo dentro da normalidade até aqui, mas existem preocupações com relação ao clima, e alguns estados já sentem os efeitos da estiagem. Mas tivemos notícias de que hoje (19), já choveu na Bahia, por exemplo. De todo modo, ainda é cedo para fechar as previsões. Preferimos sempre ser conservadores em nossas projeções”, afirmou Picolli.


Guerra Comercial


O tema do clima perdeu protagonismo na reunião para a pauta que tem sido o foco das atenções de produtores, exportadores e indústria, a guerra tarifária entre Estados Unidos e China, e as repercussões sobre o consumo da fibra. De acordo do diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, a nova fase da guerra comercial – a primeira foi em julho de 2018 – traz impactos diretos para o algodão brasileiro. Dentre os positivos, Duarte destacou a melhoria do basis na Ásia, uma maior competitividade no mercado chinês e a possibilidade de aumento das exportações no curto prazo. “No entanto, há desafios, como a queda nas cotações da Bolsa de Nova York, maior concorrência em outros mercados e o fato de que o Brasil já ampliou significativamente sua participação na China, reduzindo o espaço para novos ganhos expressivos. Além disso, como o algodão importado pela China é majoritariamente usado para exportação de produtos têxteis, a taxação sobre esses bens pode limitar a demanda”, explicou. Segundo o diretor, com as novas tarifas anunciadas para 2025, os EUA podem perder ainda mais participação na China, consolidando o Brasil como principal fornecedor, mas sem a mesma intensidade da primeira fase da guerra comercial, num primeiro momento.


De Minimis


Ainda de acordo com Marcelo Duarte, o fim da isenção fiscal "De Minimis" – que permitia importações de até US$ 800 sem tributação, nos EUA – também pode afetar o consumo global, reduzindo a competitividade dos produtos têxteis chineses à base de poliéster e contribuindo para o aumento da demanda por produtos de maior qualidade, feitos de algodão. “Isso pode significar menor demanda por produtos sintéticos de baixa qualidade via correios e maior importação de produtos de algodão via os canais convencionais de importação”, explicou.


Exportações


De acordo com os números apresentados pela Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) na reunião, de julho de 2024 até março de 2025, o Brasil já embarcou 2,2 milhões de toneladas de pluma, enquanto no último ano comercial (jul2024/jun2025), o volume de algodão exportado foi de 2.58 milhões de toneladas. O presidente da Anea, Miguel Faus, afirma que o cenário global é de preços reprimidos, devido a uma demanda internacional enfraquecida, influenciada por fatores como inflação e baixas taxas de juros. “A China segue sendo um destino importante para o algodão brasileiro, mas a concorrência dos Estados Unidos deve se intensificar em mercados onde o Brasil tem se consolidado nos últimos anos, como Índia, Egito, Paquistão, Bangladesh, Vietnã e Turquia”, destacou.  “Os Estados Unidos, por sua vez, estão negociando um acordo de livre comércio com a Índia para isentar 60 mil toneladas de algodão da tarifa de importação, o que pode impactar a participação brasileira nesse mercado”, disse Faus.


Metade já vendida


Segundo o presidente da Anea, a logística de exportação tem se destacado, permitindo que o Brasil bata recordes no escoamento do algodão. “A logística não deve ser um grande problema, desde que haja disponibilidade de navios, contêineres e rotas de transporte - atualmente, cerca de 50% da safra já foi vendida”, disse. Os números divulgados pelo USDA confirmam o maior exportador mundial de algodão também nesta safra.  “Quanto aos preços, a tendência é de estabilidade, uma vez que a produção global ainda supera o consumo, limitando aumentos significativos nos valores. A demanda também está abaixo do esperado, o que impede uma valorização expressiva do produto. No entanto, o mercado tem mostrado uma autorregulação: quando os preços caem muito, a demanda tende a crescer, o que ajuda a equilibrar as cotações.”


Indústria


O setor têxtil brasileiro fechou 2024 com crescimento de 4,8%, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), presente à reunião. A confecção avançou quase 4% e o varejo, cerca de 3%. No entanto, as importações cresceram cerca de 20%, o que preocupa a indústria. “Quando as importações crescem em um ritmo bem superior ao do mercado, perdemos espaço”, alerta Fernando Pimentel, presidente da Abit, destacando que 23% a 25% do vestuário vendido no Brasil já vem do exterior. Para 2025, segundo a entidade, o cenário é de insegurança, com juros elevados e pressão sobre o consumo. A expectativa de crescimento caiu para 2% no setor têxtil e até 1% na confecção, bem abaixo dos números de 2024. “O consumidor está espremido pelos preços dos alimentos, energia e outros itens essenciais, o que reduz sua capacidade de compra”, aponta Pimentel. A boa notícia da indústria para os produtores é que o consumo de algodão no mercado interno pode crescer até 20 mil toneladas. Mas depende do cenário econômico. “Se não houver mudança forte nos preços relativos favorecendo os sintéticos, dá para imaginar um leve avanço”. Ele reforça que a competição global segue desigual: “Não temos oposição ao comércio internacional, mas sim a um comércio desequilibrado e desleal”, concluiu.

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Grupo de trabalho alinha preparativos para a safra 2024/2025 nos laboratórios SBRHVI

20 de Março de 2025

Em 19 de março, o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA), vinculado à Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), realizou uma reunião com o Grupo de Trabalho de Laboratórios (GTL) para alinhar as ações antes do início da operação da safra 2024/2025. O encontro, que contou com a participação dos integrantes do Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), teve como objetivo discutir e coordenar as atividades dos laboratórios que atuam na classificação e na qualidade do algodão brasileiro.


“Essa reunião foi um passo importante para o planejamento e alinhamento das ações para a safra 2024/2025, com foco em manter os altos padrões de qualidade do algodão brasileiro, fundamental para a competitividade no mercado global”, afirma Deninson Lima, especialista em análise de pluma do CBRA.


Durante o encontro, foram abordados temas como o Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB), que visa garantir a excelência dos resultados de qualidade da pluma, conforme padrões internacionais trazendo maior credibilidade no mercado nacional e internacional. Também foram discutidas as visitas técnicas realizadas ao longo do ano, bem como os treinamentos destinados aos profissionais envolvidos na classificação do algodão.


Além disso, os participantes trataram das notificações feitas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), durante a fiscalização da safra 2023/2024, pontuando as questões observadas e as correções necessárias. Outro tópico importante foi a revisão do VDCL (Valor de Classificação de Lote) e o regulamento do Programa SBRHVI, com a atualização das normas para garantir maior eficiência na operação dos laboratórios.

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Denim brasileiro: Inovação e sustentabilidade em 2025

19 de Março de 2025

Com a crescente demanda por produtos sustentáveis, a indústria têxtil brasileira está investindo fortemente em inovações que reduzem impactos ambientais. O Brasil, um dos cinco maiores produtores e consumidores globais de denim, tem se destacado pela qualidade e compromisso com processos produtivos mais responsáveis.

“Denim é um dos tecidos mais consumidos no mundo, e o Brasil, com sua produção de algodão de alta qualidade, desempenha um papel crucial na sustentabilidade dessa cadeia produtiva. A relação entre algodão e denim é fundamental para garantir um futuro mais responsável e circular para a indústria”, afirma Gustavo Piccoli, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).


A sustentabilidade deixou de ser um diferencial e se tornou uma exigência no setor. Para 2025, as principais tecelagens brasileiras estão implementando novas tecnologias e processos que visam reduzir o consumo de recursos naturais e garantir maior transparência, com foco na circularidade e na rastreabilidade da cadeia produtiva.


O movimento Sou de Algodão, iniciativa da Abrapa, conversou com algumas das principais tecelagens parceiras, que compartilham o mesmo propósito de promover a moda responsável e o consumo consciente, para conhecer as tendências e novidades sustentáveis que chegarão ao mercado em 2025. Confira abaixo!


Canatiba Textil: inovações com algodão reciclado e menos impacto ambiental A empresa está ampliando seus esforços em sustentabilidade para 2025, com o uso de algodão recuperado e desfibrado, por exemplo. “Teremos investimentos em diversas áreas, desde a modernização da fiação para aumentar a produtividade e reduzir desperdícios, até melhorias no acabamento, com equipamentos de última geração que diminuem o consumo de água, energia e emissão de CO₂”, afirma Veruska Scarlazzari, Coordenadora de Sustentabilidade da Canatiba.


A Canatiba também investe em tecnologias para reduzir o consumo de água e energia, como automação e otimização dos processos produtivos. Com certificações como OEKO-TEX Standard 100 e Better Cotton, colabora com estilistas e marcas para levar a sustentabilidade ao mercado, com soluções inovadoras como o Denim No Laundry, que elimina a necessidade de lavanderia.


Capricórnio Têxtil: redução de emissões e foco em economia circular A Capricórnio está implementando soluções inovadoras para reduzir o consumo de água e energia, com metas para 2030, incluindo a utilização de uma caldeira de biomassa e a transformação de resíduos em compostos para agricultura. “Nossa meta é reduzir em 20% a nossa captação de água até 2030”, afirma Gabryella Cerri Mendonça, Coordenadora de Sustentabilidade da Capricórnio Têxtil.


A empresa utiliza 100% de energia limpa e reduziu em 23,5% seu consumo de água em 2024. Com a certificação de Energia Renovável e participação em movimentos como o Pacto Global da ONU, a Capricórnio aposta em matérias-primas sustentáveis e na rastreabilidade total da cadeia de suprimentos para 2025.


Cedro Têxtil: eficiência hídrica e tecnologias sustentáveis Aqui, o foco é investir em tecnologias como o uso de ultrassom nos processos de lavagem, reduzindo significativamente o consumo de água. “Sempre investimos principalmente em equipamentos que requerem menor consumo de água”, afirma Edson de Paulo Gonçalves, Gerente de Desenvolvimento e Inovação da Cedro.


A empresa também adota um sistema de rastreabilidade inovador, utilizando luz ultravioleta para identificar os produtos. Com foco na sustentabilidade, a Cedro busca conciliar inovação e redução de custos, sem elevar o preço dos tecidos para os varejistas. A empresa possui certificações como a ISO 14001 e participa de iniciativas como o C2C, sempre visando melhorar a eficiência energética e hídrica.


Covolan Têxtil: inovação em processos mais sustentáveis A Covolan está focada na implementação de inovações sustentáveis que otimizam os processos produtivos, garantindo maior eficiência e menor impacto ambiental. Entre os diversos processos, sua tecnologia de tingimento é três vezes mais eficiente e duas vezes mais limpa que as convencionais. Além disso, a empresa utiliza o Indigo Zero Anilina, corante não tóxico que reduz em 50% o uso de hidróxido de sódio, 60% de hidrossulfito de sódio e 10% de índigo blue, garantindo um tingimento seguro para o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores.


A empresa também investe em eficiência hídrica e energética, com uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), com a mais moderna tecnologia de processamento, a MBR – Membrane Bio Reactor, um processo feito por micro-organismos que degradam a matéria orgânica e inorgânica (efluente que sai da fábrica) e enviam para as membranas de ultrafiltração, devolvendo para a natureza águas cristalinas e livres de quaisquer substâncias tóxicas ao meio ambiente e ao ser humano. Utiliza, ainda, biomassa como fonte de energia renovável, que utiliza matérias orgânicas como resíduos de madeiras, podas de árvores, bagaço de cana-de-açúcar, e outros resíduos que seriam descartados e poluíram a natureza.


Possui em seu Sistema de Gestão Integrado (SGI) as certificações ISO 9001, ISO 14001, ISO 45001, associadas a OEKO-TEX Standard 100 e ao Better Cotton, garantindo o fornecimento de produtos acabados com altos níveis de qualidade, isentos de substâncias químicas nocivas, atendendo às necessidades e satisfação de seus clientes, priorizando a saúde, segurança e a responsabilidade social. Prova disso é que foi a primeira do segmento do denim a conquistar a certificação ABNT-2030:2022, práticas recomendadas para o atendimento ao ESG.


“A sustentabilidade está no centro da nossa estratégia e continuaremos a buscar soluções inovadoras que equilibrem qualidade e responsabilidade ambiental”, destaca James P. Nadin, Consultor responsável pelo Sistema de Gestão Integrado da Covolan.


Vicunha Têxtil: rumo a zero água de manancial até 2030 A Vicunha tem investido em tecnologias sustentáveis, como a inauguração de sua estação de tratamento de água em Pacajus (CE), que permite o uso de 100% de água de reúso no processo produtivo. “O esgoto que antes era descartado agora é reutilizado pela nossa indústria, permitindo que a água da natureza seja destinada a finalidades vitais para o ser humano e o meio ambiente”, afirma Renata Guarniero, gerente de Marketing da Vicunha.


A empresa capta 120 milhões de litros de água da chuva por ano e utiliza 9 milhões de toneladas de algodão reciclado nas operações. Com 11 certificações ambientais, incluindo ISO 14001 e Oeko-Tex, a Vicunha aposta em inovação para reduzir o consumo de água, usar fibras recicladas e adotar energia limpa, com foco na logística reversa.

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Abrapa inicia maratona de reuniões estatutárias de 2025

19 de Março de 2025

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) deu início, nesta terça-feira (18), à maratona de reuniões estatutárias de 2025. O primeiro encontro foi do Conselho Fiscal, realizado de forma on-line, para revisar as demonstrações financeiras e as avaliações da empresa auditora independente Ernst & Young. As conclusões referentes ao ano de 2024 serão submetidas à aprovação do Conselho.

O próximo encontro será com o Conselho de Administração, dando sequência à agenda de reuniões que culminará, no dia 01 de abril, com a 1ª Assembleia Geral Extraordinária do Conselho de Representantes da Abrapa. Na ocasião, serão apresentados e aprovados os resultados dos programas estratégicos da entidade, permitindo um planejamento preciso para as ações futuras e garantindo transparência na comunicação com as associadas.

Essa também foi a primeira reunião do Conselho Fiscal do biênio 2025/2026, que conta com a seguinte composição: Walter Yukio Horita (1º Conselheiro), Thomas Derks (2º Conselheiro) e Guilherme Scheffer (3º Conselheiro).  Segundo Francisco Alves e Lima Júnior, gerente financeiro da Abrapa, a reunião acontece a cada seis meses e nela são apresentadas as demonstrações financeiras e a auditoria externa, que realiza a revisão dos números da entidade. “A Ernst & Young, como empresa auditora de terceira parte, submete suas conclusões para a aprovação do Conselho. É uma abordagem essencial para a associação”, explica.

A pauta do encontro incluiu a prestação de contas do exercício de 2024 e a emissão do parecer que será apresentado à Assembleia Geral Ordinária de Representantes da Abrapa. Entre os itens analisados estavam a aprovação das contas do período, a comparação entre valores orçados e realizados, os saldos bancários ao final de dezembro de 2024 e o relatório da auditoria externa.

Com essa série de reuniões, a Abrapa reforça seu compromisso com a governança e a transparência, estruturando suas ações para um novo ciclo de gestão eficiente no setor do algodão.

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Iniciam aulas da segunda turma da Brazilian Cotton School

Encontros desta semana acontecem em Brasília

18 de Março de 2025

Iniciaram nesta segunda-feira (17), na capital federal, as aulas da segunda turma da Brazilian Cotton School. A escola é uma iniciativa das principais entidades ligadas ao mercado do algodão no país, como Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), e Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM). “Serão três semanas de muito aprendizado e convívio com alunos que têm o potencial de conduzir a cadeia de algodão do Brasil pelos níveis de liderança que temos hoje”, declarou Marcelo Escorel, diretor da escola.


A aula inaugural abordou a história do algodão no Brasil e no mundo e foi ministrada pela jornalista e autora do livro “Algodão, o fio da história no Brasil”, para a Abrapa, Catarina Guedes, e por Jonas Nobre, sócio da Corretora Laferlins e representante da BBM na Câmara Setorial do Algodão do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), com atuação de 35 anos na cotonicultura. Na parte da tarde, os alunos se aprofundaram no plantio, desenvolvimento e colheita da pluma, além de custos de produção, ciclo reprodutivo, questões climáticas e insumos.


Os próximos encontros irão receber especialistas em rastreabilidade, sustentabilidade, ESG – sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança -, legislação, descarbonização agrícola, plantio regenerativo, classificação, destinos do algodão brasileiro, entre outros. O presidente emérito da Abit, Fernando Pimentel, esteve presente na abertura oficial da segunda turma da Brazilian Cotton School e falou sobre a meta do Brasil de virar um exportador de manufatura de algodão atingindo posições relevantes como já ocorre na exportação da matéria bruta e sobre a missão de cada um dos alunos da escola para tornar esse objetivo em uma realidade.


Os trinta e seis alunos da turma deste ano representam os mais variados setores da cotonicultura, como produção agrícola, beneficiamento, indústria, comércio e consultoria de mercado. “Minha expectativa ao participar do Cotton School é aprimorar meus conhecimentos e obter uma visão completa sobre todos os elos da cadeia do algodão. Isso, junto à oportunidade de networking com especialistas e outros profissionais, será fundamental para fortalecer parcerias estratégicas e impulsionar minha atuação na exportação, promovendo o algodão brasileiro para o mundo com ainda mais propriedade”, explanou Camila Liberato, aluna da segunda turma, do departamento Comercial da A1 Comexport.


O curso terá no total três semanas de aula, sendo uma em Brasília (DF) e, as outras duas, em São Paulo (SP), incluindo ainda visitas técnicas que contemplam fazenda de algodão, indústria têxtil, laboratório e Porto de Santos. O conteúdo didático da Cotton School aborda todas as etapas envolvidas na cadeia da fibra natural, desde a produção até as operações em mercado futuro, passando ainda pela industrialização, legislação e arbitragem, dividido em uma carga de 120 horas/aula.

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Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa

ALGODÃO PELO MUNDO #10/2025 14/03/2025

14 de Março de 2025

Destaque da Semana - O relatório WASDE do USDA de Março, ainda focado em 24/25, divulgado nesta semana, manteve inalteradas as projeções para os EUA , com leve aumento na produção e no consumo global.


Algodão em NY - O contrato Jul/25 fechou nesta quinta 13/mar cotado a 67,70 U$c/lp (+2,1% vs. 06/mar). O contrato Dez/25 fechou em 69,20 U$c/lp (+1,6% vs. 06/mar).


Basis Ásia - Basis médio do algodão brasileiro posto Leste da Ásia: 952 pts para embarque Mar/Abr-25 (Middling 1-1/8" (31-3-36), fonte Cotlook 13/mar/25).


Altistas 1 - Os produtores estão finalizando suas decisões de plantio nos EUA, em um momento em que a relação de preços entre algodão e milho ainda favorece o milho .


Altistas 2 - As condições climáticas no Sul e no Oeste do Texas permanecem secas , o que pode também impactar as decisões de plantio.


Baixistas 1 - As tensões geopolíticas e as novas tarifas anunciadas por EUA e China continuam dando um tom mais pessimista no mercado.


Baixistas 2 - O índice Dow Jones da bolsa de Nova York caiu 3,6% desde 7 de março, refletindo preocupações com o conflito comercial entre os EUA e a China.


Safra mundial 1 - Poucas mudanças nos números do USDA para a safra mundial de 2024/25.


Safra mundial 2 - A produção mundial ( 26,34 milhões tons ) aumentou 0,41% em relação a fevereiro, enquanto o consumo aumentou 0,5%, para 25,37 milhões tons .


Plantio 1 - O plantio de algodão começou oficialmente esta semana nos EUA . No final do mês, o USDA divulgará seus números de projeção de acres plantados.


Plantio 2 - Na China, a região de Xinjiang iniciou o plantio , com expectativa de uma área plantada ligeiramente maior que no ano anterior (2,95 x 2,93 milhões de hectares ).


China 1 - A Cottonchina estimou a produção total de algodão da China em 2024 em 6,85 milhões tons , com aumento em Xinjiang (6,58 milhões tons) e queda fora de XJ (0,28 milhão tons).


China 2 - A consultoria chinesa BCO considera ainda que a exportação de produtos têxteis chineses para os EUA seguirá em queda em 2025, num sinal de que o foco de Pequim será mesmo o fomento ao consumo interno.


China 3 - Com isso, a BCO segue com a estimativa de um consumo de 8,1 milhões tons , resultando em estoques finais de 7,44 milhões tons de algodão.


Austrália - Na Austrália, o ex-ciclone tropical Alfred levou chuvas generalizadas para regiões produtoras de algodão, mas as condições quentes devem permitir rapidamente a retomada da colheita do algodão.


Safra 2024/25 - De acordo com a Conab, o Brasil terá uma área plantada de algodão de 2,04 milhões de hectares (+5,1% maior que em 2023/24) e uma produção de 3,82 milhões tons (+3,3% a mais que no ciclo anterior).


Exportações - As exportações brasileiras de algodão somaram 78,5 mil tons na primeira semana de março. A média diária de embarque é 107% superior que a registrada no mesmo mês de 2024.


Beneficiamento 2023/24 - Até ontem (13/03), foi finalizado o processo de beneficiamento nos estados de GO, MA, MG, MS, PI, PR e SP, restando apenas os estados da BA (99%) e MT (99,84%). Total Brasil: 99,71%.


Plantio 2024/25 - Até ontem (13/03) foi finalizado o plantio nos estados da BA, MA, MG, MS, MT, PR e SP, restando apenas os estados de GO (96,88%) e PI (98,13%). Total Brasil: 99,97%.


Preços - Consulte tabela abaixo ⬇


Quadro de cotações para 13-03


Este boletim é produzido pelo Cotton Brazil - cottonbrazil@cottonbrazil.com

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CBRA reafirma excelência técnica com manutenção de acreditação de norma

13 de Março de 2025

Após três dias de avaliação, o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA), da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), concluiu com êxito o processo de reavaliação de manutenção para mais uma acreditação. A análise, realizada entre os dias 10 e 12 de fevereiro por dois avaliadores, confirmou a solidez do Sistema de Gestão de Qualidade (SGQ) e a competência técnica do CBRA na execução de ensaios e na produção de material de referência para o Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI) e o Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB).


O escopo da acreditação incluiu a análise de algodão quanto às características de micronaire, comprimento UHML, índice de uniformidade, resistência, grau de reflexão e grau de amarelo. A acreditação obtida, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão – ABRAPA / Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão acreditado pela Coordenação-Geral de Acreditação do Inmetro para  ABNT NBR ISO/IEC 17025 - ENSAIO, http://www.inmetro.gov.br/laboratorios/rble/detalhe_laboratorio.asp?nom_apelido=ABRAPA#, sob o número CRL 1495, estabelece requisitos internacionais que garantem a precisão, validade e confiabilidade dos resultados de laboratórios de ensaio e calibração.


“O HVI é o balizador das transações comerciais com o algodão, e uma análise fidedigna garante o ambiente harmônico nas negociações e evita impasses e arbitragens”, disse Gustavo Piccoli, presidente da Abrapa. Já Marcio Portocarrero, diretor executivo da entidade, destacou que as avaliações são  importantes para garantir que o sistema fique cada vez melhor. “Afinal, somos um laboratório de referência. As não conformidades são oportunidades valiosas para aprimorarmos nosso sistema”, afirmou.


De acordo com Deninson Lima, especialista em análise de pluma do CBRA, foram identificadas algumas não conformidades, mas se trataram apenas de observações pontuais. “A avaliação foi concluída com sucesso, os avaliadores recomendaram a manutenção da acreditação e essa verificação confirma, mais uma vez, a competência técnica do CBRA”, informou.


A manutenção dessa acreditação reafirma o compromisso do CBRA com a excelência, contribuindo para a qualidade e competitividade do algodão brasileiro.

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Sou de Algodão promove palestra na FAAL 

A conversa aconteceu para inaugurar a parceria entre movimento e a universidade; os alunos puderam conhecer mais sobre o algodão e as possibilidades de se trabalhar com a fibra 

12 de Março de 2025

No dia 11 de março, terça-feira, o Sou de Algodão, iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), promoveu uma apresentação para inaugurar a parceria com a Faculdade de Administração e Artes de Limeira (FAAL), no interior de São Paulo. Para cerca de 30 estudantes e docentes do curso de Design de Moda, Manami Kawaguchi, gestora de relações institucionais do movimento, foi a responsável por conduzir a conversa que teve o objetivo de inspirar e mostrar aos estudantes as possibilidades criativas, usando algodão, além de compartilhar um planejamento de ações futuras.


Manami começou destacando o trabalho da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), seus pilares estruturais e projetos, como os programas de sustentabilidade, rastreabilidade, qualidade e promoção. Entre os principais pontos mencionados, a gestora ressaltou a liderança do Brasil na produção de algodão responsável e a capacidade de atender integralmente a demanda interna. Também destacou que os setores têxtil e de confecção são o segundo maior gerador de empregos no Brasil.


Outro destaque da palestra foi a discussão sobre a visão do consumidor que está cada vez mais preocupado com a sustentabilidade e a busca por transparência das empresas. Segundo Manami, o Brasil tem a vantagem de conseguir produzir uma moda 100% nacional. “Podemos mostrar por quantas mãos aquela peça passa até chegar a quem compra, já que temos uma cadeia têxtil completa e verticalizada, desde a produção da matéria prima, que é produzida com responsabilidade socioambiental e certificada”, explica.


 Para Cristiane Nabarretti, Coordenadora de Artes e Design da FAAL, a sustentabilidade na moda tem se tornado uma pauta cada vez mais relevante, e discutir alternativas responsáveis é fundamental para a formação de profissionais conscientes e alinhados às demandas do setor. “Receber um evento como este reforça o compromisso da instituição em incentivar o diálogo sobre práticas mais sustentáveis na indústria têxtil, aproximando estudantes e profissionais de iniciativas que impulsionam uma moda mais ética e ambientalmente responsável”, explica.

Além de compreenderem a importância da transparência e da sustentabilidade, os estudantes puderam conhecer de perto as diversas possibilidades de se trabalhar com o algodão, uma fibra natural, versátil e amplamente disponível no Brasil. “O algodão brasileiro oferece inúmeras oportunidades criativas para os futuros profissionais da moda, desde o design até a confecção, e contribui para o desenvolvimento de uma indústria mais responsável e conectada com as demandas do consumidor”, conclui Manami.


Sobre Sou de Algodão
Movimento criado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em 2016, para despertar uma consciência coletiva em torno da moda e do consumo responsável. Para isso, a iniciativa une e valoriza os profissionais da cadeia produtiva e têxtil, dialogando com o consumidor final com ações, conteúdo e parcerias com marcas e empresas. Outro propósito é informar e democratizar o Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que segue rigorosos critérios ambientais, sociais e econômicos e certifica 82% de toda a produção nacional de algodão.

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Relatório de Qualidade do Algodão Brasileiro - safra 2023/2024 (Fevereiro de 2025)

07 de Março de 2025

A análise por HVI do algodão brasileiro da safra 2023/2024, conduzida pelos 12 laboratórios que integram o Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), está na reta final, com conclusão prevista para 31 de março. O relatório de fevereiro confirma a estabilidade da qualidade em relação ao ciclo anterior, com avanços importantes, especialmente na redução do índice de fibras curtas (SFI) – um dos principais requisitos da indústria têxtil global. Com 83 equipamentos HVI em operação, os testes garantem a transparência e precisão na avaliação de indicadores essenciais, como micronaire, resistência, comprimento e uniformidade da fibra. Confira todos os detalhes no Relatório de Qualidade da Abrapa de fevereiro através do link:


https://abrapa.com.br/wp-content/uploads/2025/03/Relatorio_de_Qualidade_do_Algodao_Brasileiro_safra_2023_2024.Fevereiro.pdf

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Tecendo histórias de sustentabilidade: o protagonismo feminino no algodão brasileiro

07 de Março de 2025

No vasto cenário do agronegócio brasileiro, são muitas as Yannas, Luanas, Roselaines, Carols e Jennifers que se destacam por suas trajetórias de luta, coragem, inovação e sustentabilidade, ajudando a dar novos contornos à arte de produzir o algodão, fibra tão intimamente ligada ao feminino. Cada uma, com sua história, contribui para a transformação do setor, imprimindo nele seus talentos, que enriquecem e diversificam as práticas agrícolas no país.


O algodão brasileiro tem evoluído em tecnologia e na forma como valoriza quem faz parte dessa cadeia, sobretudo, as mulheres. Só entre as fazendas certificadas pelo programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), são mais de 4.891 vagas diretamente ocupadas por elas, na safra 2023/2024, e isso faz parte do compromisso da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, Abrapa, com o aumento da presença feminina na produção em todos os níveis do setor, principalmente, na tomada de decisões. O ABR, ao certificar boas práticas ambientais, sociais e econômicas, fortalece as garantias de respeito às pessoas que fazem o algodão chegar ao mundo com qualidade e responsabilidade. Em seu dia a dia, as mulheres do algodão percebem os avanços proporcionados por esse compromisso. Nas fazendas, com melhores condições de trabalho, segurança, treinamentos e um reconhecimento em progressão.


“É um caminho a seguir, e está longe de ser fácil, mas é muito bom constatar que as mulheres estão dia a dia aumentando a participação no setor, seja na produção, pesquisa, transformação, logística, comercialização e tantas outras áreas. Grande parte delas, na liderança e decisão”, comemora o presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli. Para a Abrapa, o algodão não é apenas uma fibra têxtil, mas o fio que conduz e entrelaça histórias, e incorpora, nesse tecido, dedicação e compromisso com um futuro melhor.


Yanna Costa: o retorno às raízes com um olhar sustentável


No universo do algodão brasileiro, a presença feminina tem crescido e se consolidado, trazendo novas perspectivas para o setor. Yanna Costa, coordenadora do ABR-Sustentabilidade da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), é um exemplo desse movimento. Sua trajetória acadêmica e profissional reflete a dedicação ao agro e à responsabilidade ambiental. “Meus pais saíram do campo e eu voltei.”


Natural do Pará, Yanna iniciou sua formação em Agronomia na Universidade Federal Rural da Amazônia (PA) e seguiu para o mestrado na Universidade Federal de Viçosa, além de um doutorado na Unesp de Jaboticabal (SP). Sua carreira sempre esteve ligada à pesquisa e à sustentabilidade, e foi nessa jornada que encontrou seu caminho até o algodão.


Antes de assumir seu papel na Abapa, trabalhou na fiscalização agropecuária do Pará e na docência universitária, sempre com um olhar voltado para a conscientização ambiental e as boas práticas no campo. Ao ingressar no Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), passou a atuar diretamente com as fazendas certificadas, reforçando o compromisso do setor com a sustentabilidade.


Yanna destaca que a presença feminina no agro tem avançado, mas ainda há desafios. "A gente tem um olhar mais criterioso e detalhista, é algo natural. Mas as barreiras culturais ainda existem, especialmente em relação à voz e ao espaço que ocupamos", comenta. Apesar disso, ela vê mudanças concretas acontecendo, como a presença crescente de mulheres na operação de máquinas agrícolas e em funções de liderança.


Para o futuro, Yanna acredita que o caminho é continuar incentivando a participação feminina no setor. "Todas nós somos capazes de fazer tudo o que quisermos. O importante é não ter medo", finaliza.


Luana Boff: tradição familiar e inovação no campo


Desde pequena, Luana Boff carrega no coração a essência do campo. Filha de agricultores, cresceu entre as lavouras e os ensinamentos do pai, que sempre lhe mostrou o valor da terra e do trabalho no agro. Hoje, ao lado da irmã Marina e da família, Luana gerencia o setor administrativo do negócio da família, as Fazendas Indaiá. A unidade produtora de pluma está localizada em Chapadão do Sul (MS). E o algodão, que há 25 anos entrou para a história da propriedade, tornou-se não apenas um dos pilares da produção, mas uma paixão pessoal.


"O algodão trouxe uma revolução para nós. Ele nos desafia constantemente a evoluir, a buscar mais conhecimento e a adotar práticas sustentáveis", conta Luana, que também é vice-presidente da Associação Sul-Mato-Grossense do Produtores de Algodão (Ampasul).


A cultura, exigente e cheia de desafios, trouxe à fazenda avanços técnicos e maior responsabilidade ambiental. E foi nessa jornada que a certificação do Algodão Brasileiro Responsável (ABR) passou a ter um papel fundamental.


Certificada há oito anos, a Fazenda Indaiá se tornou um exemplo de produção responsável no país. "A certificação nos ensina a sermos melhores a cada dia. Ela nos faz olhar com mais atenção para o que podemos aprimorar, garantindo que nossa produção respeite as pessoas e o meio ambiente", explica Luana. Para ela, as mulheres têm um papel fundamental nesse processo. Seja no campo, na gestão ou na fiscalização das boas práticas, a presença feminina na fazenda se destaca. "As mulheres têm um olhar cuidadoso, detalhista. E isso faz toda a diferença quando falamos de certificação, sustentabilidade e responsabilidade social", ressalta. Atualmente, cerca de 20% da equipe da fazenda é composta por mulheres, ocupando funções essenciais.


Embora tenha se formado em Direito, Luana nunca exerceu a profissão. Seu verdadeiro chamado sempre esteve na gestão agrícola, onde encontrou formas de aplicar seu conhecimento. Com especialização em gestão administrativa e financeira, assumiu a missão de garantir a evolução contínua da propriedade.


Mãe de duas meninas, ela vê na nova geração um reflexo do amor que sempre sentiu pelo agro. "Minhas filhas já demonstram interesse pelo que fazemos. Acho maravilhoso ver esse ciclo se renovando. O futuro do agro passa pelas próximas gerações, e espero que elas encontrem um setor cada vez mais justo e equilibrado para todos", reflete.


No Dia Internacional da Mulher, Luana celebra a trajetória feminina no agronegócio. "As mulheres sempre estiveram presentes no agro, mas agora estamos ganhando mais espaço e reconhecimento. Nosso trabalho é essencial para o futuro do setor, e cada passo que damos torna o caminho mais acessível para as próximas gerações", conclui.


Roselaine Lins: uma jornada de coragem e transformação
No coração do Brasil, em Querência, no estado de Mato Grosso, a história de Roselaine Aparecida Silva Lins emerge como um testemunho de coragem, determinação e transformação no agronegócio. Aos 29 anos, Roselaine trilhou um caminho que inspira, desafiando paradigmas.


Formada em Engenharia de Produção Agroindustrial pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Roselaine sempre sentiu uma conexão profunda com a terra e suas potencialidades. Em dezembro do mesmo em que se formou, 2019, ingressou no processo seletivo para trainee na Fazenda Tanguro, localizada em Querência, uma das unidades da Amaggi Agro. Foi ali que, em 2020, teve seu primeiro contato com a cultura do algodão, participando ativamente da implantação da algodoeira da fazenda.


 Após um ano no programa de desenvolvimento como trainee, assumiu a posição de líder de apoio à produção, onde acompanhou de perto a armazenagem e expedição da pluma de algodão. Posteriormente, tornou-se coordenadora da algodoeira, estando diretamente envolvida no processo produtivo. Atualmente, como supervisora da algodoeira, lidera uma equipe que, nos períodos de pico, conta com 110 colaboradores, dos quais 99% são homens.


No início, Roselaine enfrentou certa resistência por parte da equipe masculina. No entanto, sua paixão pelo trabalho e o acolhimento recebido foram fundamentais para superar essas barreiras. "Acredito que o que me fez apaixonar pela cotonicultura foi o acolhimento que eu tive por ser uma mulher nesse ambiente agro, por parte da empresa, e pela minha equipe de colaboradores da Fazenda Tanguro", diz.


Desde o início das operações de beneficiamento, a unidade aderiu ao Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), refletindo seu compromisso com práticas sustentáveis e socialmente responsáveis. Roselaine participou ativamente desse processo de certificação, evidenciando a importância da sustentabilidade desde a produção agrícola.


Ela observa que o agro está se abrindo cada vez mais à participação feminina, especialmente em cargos de liderança. "Hoje, podemos observar muitas mulheres à frente de equipes, e vemos que o ambiente está realmente se abrindo", destaca. "Se você tem vontade e acredita que tem as qualificações necessárias e quer estar no agro, não desista e não deixe que outras pessoas te desencorajem, independentemente de qualquer coisa, a liderança se faz pelo exemplo", aconselha.


Jennifer Onetta: determinação e excelência na operação do algodão
Engenheira Agrícola e Ambiental formada pela Universidade Federal de Mato Grosso (MT), Jennifer iniciou sua jornada no algodão em 2019, diretamente na operação de beneficiamento da fibra. Ela é gerente de Operações na Elisa Agro Sustentável, localizada em Britânia (GO). Desde então, tem se destacado em um ambiente ainda predominantemente masculino, liderando equipes e implementando melhorias que elevaram a eficiência e a qualidade dos processos na algodoeira em que atua.


"Sempre busquei a competência e mostrar que sou capaz, assim como qualquer outro profissional. No fim, estamos todos trabalhando pelo mesmo objetivo", afirma Jennifer. Seu comprometimento se traduz em resultados concretos. Sob sua gestão, a unidade otimizou a produção e conquistou a certificação ABR, garantindo que a fazenda opera dentro dos padrões de sustentabilidade e segurança.


Atualmente, Jennifer é a única mulher na operação da algodoeira, liderando uma equipe que, na safra, pode chegar a 50 trabalhadores. "No início, tive que me posicionar, demonstrar conhecimento e segurança. Mas, hoje vejo que esse espaço está cada vez mais sendo ocupado por mulheres, e isso é um grande avanço", comemora. "Nosso foco é manter o padrão de qualidade e garantir que a certificação seja mantida”, reforça.


Quando questionada sobre o que diria a outras mulheres que desejam entrar no setor, Jennifer é enfática: "Nós, mulheres, somos capazes de conquistar tudo o que quisermos. Basta ter coragem e força de vontade. Nada é impossível!"


Carol Martignago: a força feminina que inspira e transforma o algodão brasileiro
Desde pequena, Carol Martignago já respirava o algodão. Cresceu acompanhando a família no campo, em meio às plantações que, há mais de 20 anos, fazem parte da história do Grupo Três Estrelas, em Primavera do Leste (MT).  Mas foi na faculdade de Agronomia que veio a paixão definitiva pela cultura. Durante um estágio na fazenda, percebeu que o algodão exigia dedicação, conhecimento e, acima de tudo, um olhar atento aos detalhes – características que ela incorporou naturalmente à sua trajetória.


O caminho, no entanto, não foi simples. Carol enfrentou desafios, olhares duvidosos e algumas barreiras invisíveis. Mas provou que competência não tem gênero. Hoje, como diretora do Grupo Três Estrelas, ela lidera uma equipe de aproximadamente 600 colaboradores, sendo 30% mulheres.


"Desde o início, percebi que, mais do que provar meu valor, eu precisava conquistar a confiança da equipe. Nunca enxerguei preconceito direto, mas sabia que era um ambiente diferente para mim. O que fez a diferença foi a forma como os funcionários me acolheram e me ensinaram. Eles entenderam que eu estava ali para somar e crescer junto com eles", conta Carol.


Além da gestão do grupo, Carol se dedica à manutenção da certificação do algodão brasileiro, sendo responsável pelos selos ABR e BC (Better Cotton), na empresa.


Com visão estratégica, ela provou que a certificação era uma necessidade para a competitividade e sustentabilidade do algodão brasileiro. "Hoje, é impossível comercializar o algodão sem a certificação. Ela garante que nosso produto respeita normas ambientais, sociais e trabalhistas, trazendo confiabilidade para o mercado", explica.


Para Carol, o futuro do agro passa, inevitavelmente, pela força feminina. "Cada mulher precisa reconhecer seu valor e impacto na sociedade. Nossa presença no agronegócio transforma, inova e inspira. O mundo precisa de cada uma de nós", finaliza.

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