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Sou de Algodão encerra a Cotton Trip 2024

A maior edição até agora reuniu cerca de 200 pessoas em seis dias de evento

21 de Agosto de 2024

O Sou de Algodão, iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), finalizou a 4ª edição da Cotton Trip, no dia 16 de agosto, sexta-feira. Foram seis dias de experiência, sendo a maior edição até agora, em locais como as fazendas  Pamplona e Samambaia, ambas em Cristalina/GO, suas respectivas UBAs, o escritório da Abrapa e o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA). Foram grupos que, juntos, somaram cerca de 200 pessoas, incluindo desde estilistas e imprensa nacional, até fiações, malharias, tecelagens, confecções, apoiadores do movimento, embaixadas e representantes do Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC).


“A 4ª Cotton Trip foi uma edição muito importante para nós, porque conseguimos reunir representantes de toda a cadeia do algodão em uma experiência transformadora. O engajamento e a troca de conhecimentos que presenciamos aqui demonstram o compromisso e a força do setor em avançar com inovação e responsabilidade. Estamos muito satisfeitos com os resultados e animados para ver os frutos desse encontro”, comemora Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa.


O roteiro do evento começou com a visita à fazenda, onde os participantes puderam conhecer o processo de colheita e as melhores práticas de produção. Em seguida, na usina de beneficiamento, conheceram a primeira etapa de industrialização, onde a pluma se transforma em fardos identificados e se tornam rastreáveis pelo Sistema Abrapa de Identificação (SAI) e inicia-se o processo de análise de qualidade. No período da tarde, para encerrar o ciclo, todos voltaram a Brasília, na sede da Abrapa, para conhecer o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA) e saber mais sobre todos os programas de sustentabilidade, rastreabilidade, qualidade e promoção da fibra.


A agenda da Cotton Trip foi estruturada para atender os públicos segmentados a cada dia: empresas associadas ao Santa Catarina Moda e Cultura (06); estilistas parceiros do movimento Sou de Algodão, stylists e produtores de moda (07); marcas parceiras dos segmentos de confecção e malharia (08); fiações e tecelagens (09); imprensa de moda, agro, sustentabilidade e negócios (15); e entidades governamentais (16).


Confira alguns depoimentos de quem marcou presença na Cotton Trip


Marco Aurélio Braga - Head de Comunicação e Marketing da Döhler, marca parceira de Sou de Algodão


A marca parceira esteve presente no dia 15, junto com a imprensa, para divulgar o lançamento da primeira toalha rastreável do Brasil, por meio do Programa SouABR. Em alguns momentos da viagem, o representante conversou com alguns jornalistas e mostrou a peça junto com o QR Code. Os convidados ganharam uma toalha em um kit especial.


"Uma experiência incrível, um momento de conhecer a cadeia produtiva do algodão e todo o seu potencial para o mercado têxtil brasileiro. Uma imersão para aprender tudo sobre a produção, tecnologias inovadoras e os projetos sustentáveis”, comenta Marco Aurélio.


Yakini Rodrigues - stylist, figurinista e curadora de projetos especiais 


“Estar imersa em um dia intenso, repleto de aprendizado, rodeada de pessoas que também buscam devolver o melhor para as próximas gerações, reforça que vale a pena, mesmo diante de imprevistos. O processo de ponta a ponta, da produção ao consumidor final, também me faz ter certeza que toda a cadeia deve ser respeitada e celebrada, são muitas pessoas no processo para fazer acontecer. O coletivo sempre será a melhor opção”.


Caroline Menis, jornalista do FashionCast


“Quando pensamos em moda sustentável e nacional, nem imaginamos o quão minucioso é o trabalho por trás de cada desenvolvimento para chegar no produto final, em nós, consumidores. Muito feliz em poder ter feito parte disso e aprendido ainda mais sobre essa cadeia incrível de sustentabilidade e transparência, me deixa orgulhosa como brasileira e como jornalista de moda. Esse é o futuro da moda”.


Fabiana Arrabal - Head of Buying da Aramis, marca parceira de Sou de Algodão 


“Sempre ouvi falar que a Cotton Trip era especial, um divisor de águas. Mas até esse ano, nunca tinha tido oportunidade de participar da viagem. Todas as minhas expectativas foram superadas! É um dia que vai ficar pra sempre na minha memória! Ambiente acolhedor, equipe preparada, fazenda linda, tudo organizado. Só tenho elogios! Estar cada vez mais próxima da cadeia do algodão desde o dia 1 traz muita responsabilidade e embasamento para tomarmos decisões melhores! Amei a experiência!”.


Fernanda Rickmann, gestora de projetos do Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC), apoio institucional do Sou de Algodão 


“Mais uma viagem do SCMC ao Cerrado, desta vez em Goiás a convite da Sou de Algodão, e ter a oportunidade de realizar a nossa 4ª missão na temporada da colheita dentro da programação da Sou de Algodão foi fantástico, levando a experiência a outro patamar. É sempre valioso conhecer o campo, os processos e iniciativas do algodão responsável, e ter acesso aos protagonistas que fazem acontecer nos enche de orgulho”.


Carlos Goulart, secretário de Defesa Agropecuária no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)


“Em um dia de campo promovido pela Abrapa, nos foi mostrado todo o esforço exercido na produção responsável de algodão. É uma extraordinária oportunidade para vermos todo o trabalho, qualificação de produção e investimento de produtores brasileiros na produção de algodão, do plantio à colheita. É um ano excepcional, um ano em que nós comemoramos a maior produção de algodão e a maior exportação mundial; nós passamos os Estados Unidos nesta safra. É um motivo de orgulho. Então, parabéns Abrapa, parabéns aos produtores de algodão, contem com o apoio do Ministério da Agricultura”.

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Como o algodão brasileiro tem tomado conta da moda mundial

No ano em que se tornou a maior exportadora da matéria-prima no mundo, a indústria nacional se prova essencial globalmente

21 de Agosto de 2024

Não é segredo que a moda nacional tem o algodão como um dos principais insumos, graças à abundância, qualidade e programas que incentivam o uso. No cenário mundial, não é diferente, e o algodão brasileiro emerge como uma matéria-prima cada vez mais desejada e consumida pela indústria internacional.


Algodão brasileiro no mundo


Dados revelam que, neste ano, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos na produção de algodão, ocupando a terceira posição mundial, atrás apenas da China e da Índia. Quando se fala da exportação, contudo, a indústria nacional já ocupa a primeira posição no cenário global, após um crescimento de 1,45 para 2,70 milhões de toneladas, entre 2023 e 2024.


Em números gerais, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), de todo o algodão exportado mundialmente, 44% vem do Brasil. A estimativa indica a dominância da matéria-prima brasileira na moda mundial, principal setor para o qual o material é destinado.


Alexandre Pedro Schenkel, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), compartilha com a coluna a importância de um trabalho cuidadoso e bem-feito, devido à grandeza que o mercado brasileiro alcançou.


“O algodão é um produto que demora o ano inteiro para ser produzido. Até a entrega ao consumidor final, temos uma grande responsabilidade. É uma cadeia completa na qual trabalhamos”, afirma Schenkel.


Da praga ao topo


Até o início dos anos 1990, a cultura do algodão já ocupava uma enorme porção do território brasileiro, mas a quantidade de produção, de fato, não traduzia essa imensidão. Isso se devia ao fato de que o trabalho era majoritariamente manual, sem uso significativo de máquinas.


Foi em 1996, contudo, que tudo mudou após a chegada de uma parasita que infestou as plantações. O bicudo-do-algodoeiro destruiu safras e poderia significar o fim da produção no Brasil. A reviravolta se deu em como os profissionais encararam a situação:


“Foi um cenário ruim na época, mas obrigou os produtores a buscarem a tecnologia. Saíram pelo mundo para ver o que os norte-americanos, os australianos estavam fazendo, e, assim, superamos eles”, conta Marcio Portocarrero, diretor executivo da Abrapa.


Desde a crise, a produção nacional vive números que se superam a cada ano, por meio do uso de áreas consideravelmente menores do que nas décadas anteriores, graças à tecnologia. Em 1980, o algodão era cultivado em mais de 4 mil hectares no Brasil. A pluma confeccionada, no entanto, não ia muito além das 500 toneladas anuais. Em 2024, são menos de 2 mil hectares, com uma concepção que deve passar de 3.500 toneladas, de acordo com projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).


Qualidade e rastreabilidade


O Brasil é, atualmente, o maior fornecedor de algodão responsável do mundo, de acordo com o Textile Exchange 2023. As associações nacionais tomam um cuidado especial com a responsabilidade de produção, segundo Silmara Ferraresi, diretora de relações institucionais da Abrapa e gestora do movimento Sou de Algodão. “Não importa seu lugar na cadeia produtiva, você sempre será também o consumidor final”, garante a executiva.


A longa cadeia de produção de algodão é a segunda que mais gera empregos no Brasil. Ela é composta por uma série de profissionais, que vão desde os fornecedores de insumos e produtores de algodão até a área de fiação, estamparia, malharia, confecção, comércio e consumidor final, entre outros.


Para fiscalizar as etapas de produção, a Abrapa criou a certificação Algodão Brasileiro Responsável (ABR), na qual os pilares ambiental, social e econômico são essenciais para a garantia do selo. Na safra 2022/23, o ABR representou 82% de toda a produção brasileira, um crescimento de 28% em relação ao ciclo anterior. Outro destaque é que 92% foi cultivada em regime de sequeiro, apenas com água de chuva.


Em 2004, a Abrapa implementou um sistema próprio de identificação que permite o rastreamento do algodão, desde o campo até o produto final. Nas etiquetas das roupas e produtos feitos com o material, são disponibilizados QR Codes, para que, rapidamente, o consumidor consiga ver as certificações e os detalhes de produção.


A medida é importante para a sustentabilidade, ao evitar que a produção contribua em grande escala para a degradação dos biomas brasileiros.


De acordo com uma investigação da ONG Earthsight, publicada neste ano, grandes marcas, como a espanhola Zara e a sueca H&M, estão envolvidas no desmatamento e em diferentes tipos de violação na Amazônia e no Cerrado, por meio do algodão obtido no país.


A história do algodão brasileiro transformou o país da segunda colocação para a de maior exportador mundial. É uma cadeia essencial para a economia e para a indústria da moda, em que o consumidor final tem acesso a certificações e rastreabilidade.

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Algodão e agricultura regenerativa: fazenda adota medidas que aumentam a produtividade

Fazenda Pamplona deve ter produtividade recorde de algodão neste ano, após contar com clima favorável e práticas de agricultura regenerativa

21 de Agosto de 2024

Com mais de 25 mil hectares de área plantada entre primeira e segunda safras, a Fazenda Pamplona, na zona rural de Cristalina (GO), a aproximadamente 70 quilômetros de Brasília (DF), viu sua produtividade aumentar de forma constante nos últimos anos. Pamplona é uma das 22 fazendas da SLC Agrícola e tem como principais culturas o algodão e a soja.


Somente o algodão representou 40% dos R$ 7,23 bilhões de receita da empresa em 2023. Dos mais de 650 mil hectares de área plantada, 29% são destinados à pluma. Em termos de produtividade, a empresa prevê um salto de 1.489 quilos por hectare na safra 2021/2022 para 1.977 quilos por hectares projetados para a safra 2023/2024 (+32,7%).


Uma das respostas para esse ganho de produtividade ao longo do tempo é a adoção de práticas relacionadas à agricultura regenerativa. De acordo com Beatriz Ramos, coordenadora de Produção da Fazenda Pamplona, fatores como o clima também influenciam diretamente no aumento da produtividade.


“Há cinco anos, a gente não trabalhava tão intensamente com todos esses pilares [da agricultura regenerativa], e hoje a gente vê um avanço linear. Mas tem uma dependência de como vai o clima”, conta Ramos. Em termos de comparação, a média histórica de produtividade da Pamplona é de 128 a 130 arrobas de algodão por hectare e a projeção é que neste ano a propriedade alcance 170 arrobas.


A coordenadora da fazenda explica que são diversos os pontos que embasam a prática regenerativa. Porém, ela destaca os quatro principais.


Conservação do solo


“Pensamos nele como o principal ponto que a gente precisa regenerar, que a gente precisa dar vida”, afirma Ramos. Entre as práticas adotadas está a rotação de culturas. Uma área que recebeu algodão em um ano, no outro terá soja e assim sucessivamente, além de outras culturas no meio dessas safras. Essa segunda safra pode ser uma cultura como milho, por exemplo, ou uma cultura de cobertura (veja abaixo). Outra prática é o não revolvimento do solo.


Uso de biológicos


Em todo o conglomerado, o uso de defensivos biológicos vem crescendo. Na safra 2020/2021, 11,4% das aplicações feitas nas áreas plantadas da SLC eram de produtos naturais, já na safra 2023/2024, o número foi de 15,5%. Somente na Fazenda Pamplona, o uso chega a 20% e a propriedade foi a primeira da empresa a ter uma biofábrica para produção de fungos e bactérias com esse objetivo.


Aplicação seletiva


“Ajuda muito nessa prática [da agricultura regenerativa], porque ao invés de eu fazer uma aplicação em uma área total para controlar uma coisinha que está só aqui ou ali, uma planta daninha, por exemplo, eu vou diretamente no problema aplicando o produto somente onde realmente precisa aplicar através de uma inteligência de uma máquina”, explica Ramos.


Uso racional da água


Apesar do algodão plantado na Pamplona não ser irrigado, o monitoramento constante da quantidade de água usada também é apontado como um dos pilares da agricultura regenerativa da empresa. “Irrigar só quando precisa irrigar e não ter desperdício”, pontua a coordenadora.


Quais as vantagens das culturas de cobertura de solo para o algodão?


Antes de elencar os benefícios dessa prática, Ramos esclarece que o solo recebe uma espécie de tratamento vip dentro da preparação e do planejamento da safra. Uma análise das necessidades de cada parte da propriedade é feita e a partir disso são escolhidas as melhores formas de agir.


Basicamente, o manejo atual utiliza quatro tipos de culturas que podem ser plantadas em mix também: trigo mourisco, nabo, milheto e braquiária. Segundo a coordenadora, “dependendo do que se tem na área, a opção é por uma outra cultura. Por exemplo, o milheto cicla bastante potássio”.


Na visão dela, algumas das vantagens para o algodão são:


Evitar perda de microrganismos por aquecimento – a palhada que é feita posteriormente diminui o efeito da radiação solar direta no solo, o que conserva mais os microrganismos do local;


Retorno de nutrientes perdidos – algumas dessas culturas funcionam como cicladoras de nutrientes, ou seja, devido às raízes profundas, elas captam nutrientes das camadas mais inferiores do solo e trazem de volta à superfície. Depois que essa cobertura é cortada e decomposta, os nutrientes voltam a ficar disponíveis nas camadas superiores do solo;


Interação com microrganismos – existem nematóides e fungos que se beneficiam em detrimento do algodão ou da soja, por isso, um revezamento entre culturas distintas ajuda a mitigar a proliferação desses microrganismos.


Criação de poros no solo – de forma geral, essas plantas possuem um alto nível de raízes, auxiliando no processo de escarificação do solo. Na prática, depois que a parte aérea da planta é cortada, as raízes são decompostas, porém os espaços criados por elas permanecem e dão lugar a poros no solo. Isso ajuda na infiltração de água e na aeração do terreno.


Ainda segundo Ramos, esse ciclo de inclusão dessas culturas dentro de um sistema de rotação acontece após o plantio da soja. “Planta soja em outubro, colhe em fevereiro, planta cobertura em março ou abril e depois planta algodão em novembro”, explica.


*Jornalista viajou a convite da Abrapa


Fonte: https://agro.estadao.com.br/sustentabilidade/algodao-e-agricultura-regenerativa-fazenda-adota-medidas-que-aumentam-a-produtividade

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Brasil avança rumo ao "bi" no mercado mundial do algodão (e de olho nos preços)

Com produção recorde na safra que está terminando e chance de mais uma vez aumentar a área plantada em 2024/2025, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) já admite que a liderança nas exportações mundiais da pluma pode ser repetida no próximo ano

21 de Agosto de 2024

A organização, planejamento e foco dos produtores brasileiros de algodão podem ser considerados um case de sucesso para o agro nacional. E na safra 2023/2024, que está terminando de ser colhida, o cenário não foi diferente.


No início da década de 1980 o Brasil plantava mais de 4 milhões de hectares de algodão para produzir cerca de 600 mil toneladas. Por isso, era grande importador da pluma. Na safra 2023/2024 plantou menos de 2 milhões de hectares e deve totalizar uma produção de 3,7 milhões de toneladas.


Foi tudo na base das melhores práticas e alta tecnologia para ganhar produtividade. Hoje o índice é o mais alto do planeta quando se considera o algodão de sequeiro, que não usa irrigação: foram colhidos em média no País 1.841 kg de pluma por hectare na safra 2023/2024.


Este ano o setor alcançou mais um feito importante, conquistando o primeiro lugar no ranking dos maiores exportadores de algodão do mundo. Pela primeira vez, ultrapassou os Estados Unidos. No período entre julho de 2023 e junho de 2024, pelos dados do USDA, Departamento de Agricultura dos EUA, o Brasil exportou 2,7 milhões de toneladas e os americanos 2,57 milhões de toneladas.


O AgFeed participou esta semana, a convite da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) de uma espécie de imersão no universo da cultura que começou com uma visita à Fazenda Pamplona, onde está a área de pesquisa mais antiga da SLC Agrícola .


Na propriedade, 90% da safra de algodão já foi colhida e as equipes se preparam para o início do plantio da próxima, em novembro. Em todo o Brasil a estimativa é de que 50% já tenham sido colhidos.


Em entrevista exclusiva ao AgFeed , durante a visita, o presidente da AbrapaAlexandre Schenkel, disse que a marca de 3,7 milhões de toneladas na safra que está sendo colhida ainda pode ser ultrapassada.


"Se houver alguma redução nos Estados Unidos, já que ele eles têm um período um pouquinho maior ainda para a colheita do algodão deles, pode ser que a gente mantenha a posição do primeiro lugar como o maior exportador de algodão do mundo", afirmou.


Em relatório divulgado no mesmo dia pela entidade, o trecho final destaca que "para a nova safra, as projeções indicam que o Brasil se manterá como primeiro lugar no ranking".


O documento mostra dados do USDA de agosto, em que o Brasil tem projeção de exportar 2,722 milhões de toneladas de algodão em 2024/2025 e o EUA ficariam com 2,613 milhões de toneladas no período.


Na avaliação de Schenkel, o cenário vai depender também da eficiência dos traders e do sistema logístico no Brasil para colocar mais algodão brasileiro lá fora.


Entre os diferenciais do Brasil está a alta competitividade do produto e também o fato de acessar diferentes mercados.


"O Brasil tem essa vantagem, nós somos um país amigo de todos, então nós atendemos um mercado bastante abrangente. Temos que saber aproveitar isso, manter esse foto na questão governamental, para que não tenhamos restrição geopolítica", destacou Schenkel.


Outras iniciativas da Abrapa também têm ajudado no crescimento expressivo das exportações de algodão do Brasil. A entidade mantém, por exemplo, um escritório na Ásia, continente onde estão 10 dos principais compradores do produto brasileiro. Na China, 23% do algodão consumido lá, é adquirido do Brasil.


Há duas décadas o setor enfrentou desafios comerciais, que acabou superando com êxito. O Brasil ganhou uma disputa com os Estados Unidos na OMC (Organização Mundial do Comércio) e acabou recebendo US$ 300 milhões para investir no setor, valor pago pelos americanos ao final do processo e que ajudou e muito na construção das estratégias de crescimento por aqui.


Ultimamente, porém, os maiores desafios são as exigências ESG, com alguns mercados cada vez mais observando critérios sociais e ambientais na cadeia. A lição de casa também vem sendo feita, neste aspecto.


Segundo a Abrapa, hoje 82% da produção já tem pelo menos duas certificações ligadas à sustentabilidade, uma nacional, a ABR e outra internacional, a Better Cotton. Por isso, a Abrapa costuma ressaltar que o Brasil é "o maior exportador de algodão responsável" do mundo.


Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa Aumento de área X preços internacionais


A queda nos preços de soja e milho na safra 2023/2024 e alguns desafios climáticos, especialmente em Mato Grosso, colaboraram para elevar a área plantada com algodão no período.


Segundo a Abrapa, a área plantada cresceu 19,5%, atingindo 1,99 milhões de hectares, o que está ajudando o Brasil a aumentar a produção e a exportação.


A grande dúvida, porém, é se o algodão poderá repetir esse aumento de área de cultivo na próxima safra.


"Vai depender do mercado. Se tiver um aumento e o preço voltar a ficar próximo dos 80 cents, é muito possível que a gente aumente (a área) e chegue nesses números", afirmou o presidente da Abrapa.


O dirigente menciona essa condição porque, atualmente, o mercado não está tão favorável ao algodão, embora ainda garanta rentabilidades bem mais altas se comparadas ao milho e à soja.


Nesta sexta-feira, 16 de agosto, o algodão fechou cotado em Nova York a 67 centavos de dólar por libra-peso. No mesmo período do ano passado estava em cerca de 85 centavos.


Caso os preços fiquem abaixo de 70 cents, Schenkel acredita que o plantio no plantio do algodão "o risco é muito maior de ter problemas com a questão de resultado financeiro", já que o custo de produção do algodão e o investimento necessário são bem mais elevados. Isso poderia levar a uma manutenção de área cultivada no algodão, sem acréscimo na próxima safra.


A maior parte do algodão cultivado no Brasil atualmente é "segunda safra", ou seja, plantado após a colheita da soja. Isso ocorre especialmente no Mato Grosso, estado que lidera a produção nacional.


Neste cenário, é comum que a decisão sobre ampliar a área de algodão seja um reflexo de um menor entusiasmo com o milho, por exemplo.


Schenkel lembrou que, ao contrário da soja, está havendo leve recuperação nos preços do milho.


"No último mês, o milho se manteve na questão do preço em dólar, isso fez com que ele se mantivesse pelo menos em torno de uns 10% a mais do que estava ocorrendo, comparado com início da safra está até 20% mais caro hoje. Então o milho se torna também uma atração, para estados que são produtores de algodão e que não plantam uma safra só, talvez o milho também se torne interessante", avaliou.


É comum no País que grandes produtores de algodão sejam também grandes produtores de soja, cultura que segue sendo o carro-chefe na geração de riquezas e na balança comercial. Por isso, Schenkel pontua que o "desânimo do produtor com soja" também pode impactar nas decisões de investir mais nas demais culturas.


"A soja, infelizmente, está muito ruim e o produtor vai ter que fazer as suas contas", reforçou. Caso o clima ajude e haja uma boa janela de plantio para a soja este pode ser um fator positivo par ao algodão, ele acredita.


Um dos termômetros da safra também é o ritmo de comercialização antecipada e de venda de insumos para lavoura. Neste quesito, segundo Schenkel, "o algodão está dentro da média histórica". É um cenário bem diferente do milho que, até pouco tempo, tinha o menor ritmo já visto de venda de fertilizantes, por exemplo, para 2024/2025.


Segundo o presidente da Abrapa, 70% da safra que está terminando de ser colhida já foi comercializada. Quanto ao que será produzido em 24/25, o ritmo de vendas e, consequentemente, de aquisições de insumos, estaria em pelo menos 35%.


"O período em que se costuma acelerar é quando já se começa a ter a previsão de colheita da soja. Então ali de novembro a janeiro é um período importante", explicou.

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Algodão: das lavouras à Fashion Week

Brazilian Cotton School abre inscrições para curso sobre as etapas de produção da fibra, desde a aquisição de insumos até as operações em mercado futuro e industrialização

21 de Agosto de 2024

Um dos principais setores da economia brasileira, o agronegócio é composto por cadeias produtivas diversas e, por vezes, complexas. Compreender o processo de produção, desde a obtenção das matérias-primas até a entrega do produto final demanda muita dedicação, além da vivência.


Basicamente, você até pode resumir o processo produtivo no setor em cinco etapas: insumos, produção, processamento, distribuição e consumidor final. No entanto, há diversas subetapas relevantes, direta ou indiretamente interligadas.


No caso do algodão, por exemplo, a cultura exige atendimento de segmentos que vão desde fornecedores de sementes e fertilizantes até a indústria da moda. Em 2023 o Sou de Algodão – um movimento brasileiro que que tem como objetivo despertar a responsabilidade coletiva em torno da moda brasileira e do consumo consciente – marcou presença, pelo segundo ano consecutivo, nas passarelas do São Paulo Fashion Week, maior semana de moda da América Latina.


Saber compreender cada etapa da cadeia produtiva é uma ferramenta extremamente importante para sucesso nos negócios, seja para o agente do mercado financeiro, para o produtor, ou para o comprador. Informação é vantagem!


Algodão: o conhecimento da cadeia produtiva que transforma


E de olho nessa demanda setorial, a Brazilian Cotton School, instituição de ensino fundada por um grupo de líderes e instituições representativas do setor, já abriu as inscrições para a segunda edição do curso sobre a cadeia produtiva do algodão, a ser realizado em 2025.


Durante as aulas, que ocorrerão entre os dias 17 de março a 4 de abril do ano que vem, os alunos terão acesso a conteúdos sobre planejamento agrícola e financeiro da produção; plantio e cuidados na lavoura, incluindo sementes, fertilizantes, crop protection, além de noções sobre colheita e benefício. A turma também contará com acesso a aspectos financeiros, jurídicos e fiscais do setor e conhecimento sobre tradings e inovação.


Conforme divulgação da escola especializada, o cronograma de ensino ainda contempla pautas como qualidade da fibra e suas aplicações; logística, armazenamento e controle; mercado futuro e opções; arbitragem local e mundial e a história do algodão.


O curso será dividido em duas etapas regionais: na primeira semana, as aulas ocorrerão em Brasília (DF) e, nas duas semanas seguintes, em São Paulo (SP). Serão 120 horas de aulas presenciais que incluem visitas a fazendas produtoras, ao Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA) e ao Porto de Santos (SP), grandes oportunidades para que os alunos possam conhecer de perto diferentes elos da cadeia do algodão brasileiro.


Para a edição deste ano, que ocorreu entre os dias 4 e 22 de março, o curso recebeu mais de 300 interessados e 35 vagas foram preenchidas. “O primeiro curso da Brazilian Cotton School foi incrível e tivemos uma turma excelente. Esperamos que a segunda edição seja ainda melhor e forme novos embaixadores do algodão brasileiro”, declarou em nota Marcelo Escorel Filho, diretor da Brazilian Cotton School.


O público-alvo da escola é formado por representantes da produção agrícola, beneficiamento, indústria, comércio, consultorias de mercado e do governo federal.


Para o gerente de suprimentos e logística da TBM Têxtil, Leandro Lemos, ter participado da primeira edição foi uma grande oportunidade de aprender mais sobre a cultura do algodão e como funciona o mercado. “O algodão é a mais importante matéria prima da nossa indústria, e mais conhecimento do seu mundo vai poder me ajudar a tomar decisões mais assertivas que afetem positivamente nosso negócio”, comenta Lemos.


Sustentabilidade foi um dos destaques para Thiago Trintinalio, trader na Cooperativa Holambra Agroindustrial: “Pude aprofundar meus conhecimentos em áreas como sustentabilidade e ESG e conhecer o que as empresas envolvidas neste curso – Abrapa, Anea, Abit e BBM – fazem pelo algodão brasileiro, divulgando nossa fibra dentro e fora do Brasil”, destaca.


A gerente comercial do Grupo Itaquerê, de Primavera do Leste (MT), Mari Amaral de Pieri, destacou as possibilidades ofertadas pelo curso e a relevância para o cenário nacional: “pudemos até acompanhar a colheita numa fazenda, e eu imagino o quanto isso é valioso para as pessoas que não trabalham nessa área. Eu sempre quis fazer a Cotton School em Memphis, nos Estados Unidos, mas era complicado. Com a versão brasileira, pude concretizar este desejo”.


A Brazilian Cotton School nasceu a partir de uma demanda dos produtores, traders, indústria e corretores e segue modelos internacionais. Na capital federal, a base da escola são as instalações da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Já em São Paulo, as aulas acontecem na sede da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).


Além de Abrapa e Abit, também compõem a iniciativa a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) e a Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM). As inscrições já começaram e podem ser realizadas até o dia 30 de setembro no site: www.braziliancottonschool.com.br.

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Presidente da Abrapa enfatiza eficiência e sustentabilidade como chaves para o sucesso do algodão brasileiro – Cotton Trip

21 de Agosto de 2024

Porto Alegre, 16 de agosto de 2024 – O presidente da  Associação Brasileira dos Produtores de Algodão ( Abrapa), Alexandre Schenkel, destacou durante a Cotton Trip 2024, em Cristalina (GO), em entrevista exclusiva à Safras News, as estratégias que o Brasil deve adotar para continuar competitivo no mercado global de algodão. Schenkel abordou a situação atual do mercado e as ações necessárias para fortalecer a posição do país no setor.


Com a queda nos preços do algodão norte-americano e a crescente necessidade do Brasil de exportar sua produção, Schenkel enfatizou a importância de se manter eficiente e produtivo. “Em anos de preços baixos, é crucial que sejamos eficientes na produção com custos menores. Devemos estar atentos aos detalhes que melhoram nossa produtividade e garantir que o custo de produção seja o mais baixo possível”, afirmou o presidente da Abrapa.


A estratégia para a próxima safra inclui a continuidade da venda e a aquisição de insumos com o objetivo de garantir uma produção eficiente. Schenkel ressaltou que, além de manter a produtividade alta, o Brasil precisa investir em inovação para ampliar o consumo interno.


“Nossa meta é aumentar a capacidade da indústria nacional para que possamos consumir mais da nossa produção interna e também expandir a venda de produtos têxteis brasileiros, tanto no mercado interno quanto externo”, afirmou.


Além das estratégias de produção e comercialização, Schenkel falou sobre os desafios e vantagens do Brasil na disputa global com os Estados Unidos. “O Brasil tem uma grande vantagem com sua alta produtividade e sustentabilidade. Produzimos o dobro da produtividade em comparação com o algodão americano. Além disso, conseguimos cultivar tanto alimentos quanto fibras na mesma área durante o ano, o que nos torna mais sustentáveis. Respeitamos rigorosamente o Código Florestal e praticamos o plantio direto para proteger o solo e as águas”, explicou.


O presidente da Abrapa também mencionou que o país precisa continuar investindo em eficiência para manter sua posição de destaque. “O Brasil é um dos maiores exportadores de algodão do mundo, e precisamos continuar trabalhando para manter essa posição, focando em redução de custos e eficiência”, concluiu.

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Presidente da Abrapa enfatiza eficiência e sustentabilidade como chaves para o sucesso do algodão brasileiro – Cotton Trip – MAIS SOJA

21 de Agosto de 2024

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Alexandre Schenkel, destacou durante a Cotton Trip 2024, em Cristalina (GO), em entrevista exclusiva à Safras News, as estratégias que o Brasil deve adotar para continuar competitivo no mercado global de algodão. Schenkel abordou a situação atual do mercado e as ações necessárias para fortalecer a posição do país no setor.


Com a queda nos preços do algodão norte-americano e a crescente necessidade do Brasil de exportar sua produção, Schenkel enfatizou a importância de se manter eficiente e produtivo. “Em anos de preços baixos, é crucial que sejamos eficientes na produção com custos menores. Devemos estar atentos aos detalhes que melhoram nossa produtividade e garantir que o custo de produção seja o mais baixo possível”, afirmou o presidente da Abrapa.


A estratégia para a próxima safra inclui a continuidade da venda e a aquisição de insumos com o objetivo de garantir uma produção eficiente. Schenkel ressaltou que, além de manter a produtividade alta, o Brasil precisa investir em inovação para ampliar o consumo interno.


“Nossa meta é aumentar a capacidade da indústria nacional para que possamos consumir mais da nossa produção interna e também expandir a venda de produtos têxteis brasileiros, tanto no mercado interno quanto externo”, afirmou.


Além das estratégias de produção e comercialização, Schenkel falou sobre os desafios e vantagens do Brasil na disputa global com os Estados Unidos. “O Brasil tem uma grande vantagem com sua alta produtividade e sustentabilidade. Produzimos o dobro da produtividade em comparação com o algodão americano. Além disso, conseguimos cultivar tanto alimentos quanto fibras na mesma área durante o ano, o que nos torna mais sustentáveis. Respeitamos rigorosamente o Código Florestal e praticamos o plantio direto para proteger o solo e as águas”, explicou.


O presidente da Abrapa também mencionou que o país precisa continuar investindo em eficiência para manter sua posição de destaque. “O Brasil é um dos maiores exportadores de algodão do mundo, e precisamos continuar trabalhando para manter essa posição, focando em redução de custos e eficiência”, concluiu.

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Safra atual de algodão já está comercializada em 70% e desafio agora é avançar vendas do próximo plantio com preços até 15% mais baixos

21 de Agosto de 2024

Abrapa defende alinhamento dos custos e atenção para não gerar oferta maior que a demanda. Assista a entrevista https://www.youtube.com/watch?v=FvJqRfYAXS4&t=6s

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14º CBA - Imagem forte e foco no consumidor

Um time de peso, do Brasil e do exterior, vai discutir as estratégias para a construção de uma “marca” sólida para o algodão brasileiro

20 de Agosto de 2024

Fomentar o consumo de algodão no Brasil e no mundo requer investimento na percepção do produto no mercado e no fortalecimento de uma “marca” alinhada com as agendas da atualidade. Estes temas estarão em debate no14° Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), que ocorrerá de 03 a 05 de setembro, em Fortaleza (CE). O evento, promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), convidou especialistas nacionais e internacionais para fechar a programação das plenárias, no último dia da programação, quinta-feira, 05, com os painéis “Estratégias globais no mercado têxtil: conectando com o consumidor final” e “Branding e algodão brasileiro: como fortalecer a marca no mercado”.


Maior exportador e o terceiro maior produtor da fibra no mundo, com previsão de colher 3,67 milhões de toneladas de pluma na safra 2023/2024, a tarefa para produtores e indústria começa dentro de casa, já que, do montante colhido e beneficiado, somente cerca de 720 mil toneladas irão abastecer pela indústria nacional. O país produz cinco vezes mais do que consome, e o excedente tem que cruzar as fronteiras e encontrar seu comprador, que, majoritariamente, está na Ásia. Para isso, é preciso estratégia. E o papel da indústria neste desafio, será abordado no primeiro painel, cuja mediação ficará a cargo da famosa jornalista Maria Prata, ela mesma uma “grife”, quando se pensa em conteúdos, sobretudo de moda.


Representando a indústria nacional, estarão o diretor superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, e o presidente da Vicunha Têxtil, Marcos De Marchi. Já os consultores Giuseppe Gherzi e Marzia Lanfranchi, trarão os pontos de vista internacionais à discussão. O nome Gherzi é uma referência mundial. A empresa suíça foi a primeira consultoria no globo, em 1929, a focar a indústria têxtl internacional. Em seu portfólio de clientes estão marcas como Fila, Hugo Boss, Versace, Ermenegildo Zegna, dentre outros. Já a italiana Marzia Lanfranchi é conhecida por seu trabalho na moda e é cofundadora da plataforma "Cotton Diaries", que visa contar histórias sobre a cadeia de fornecimento de algodão sustentável.



Estratégia integrada


Para Fernando Pimentel, a pergunta que se coloca é: como a indústria têxtil pode aumentar a demanda interna pelo algodão, em um mercado competitivo, com um consumidor final cada vez mais exigente? O presidente da Abit ressalta a importância de uma estratégia integrada, que leve em consideração o elo na última ponta da cadeia.  “A indústria precisa se conectar ao consumidor, mostrando que produz de forma responsável em termos sociais, ambientais e de governança. Isso se dá através da realização de eventos, informações claras e a promoção de um ecossistema que funcione de maneira coordenada e integrada, com objetivos claros de atender ao consumidor sem sacrificar o meio ambiente, empregando de forma digna e correta, mantendo uma governança clara com compliance adequado, e utilizando energia limpa em uma economia de baixo carbono”, afirma. Ele destaca, ainda, a necessidade de um entendimento profundo das mudanças no consumo de fibras.  “Internamente, ainda enfrentamos grandes desafios, como a concorrência desequilibrada com países asiáticos e a mudança nas preferências do consumidor, que tem optado cada vez mais por fibras sintéticas em detrimento do algodão”, diz o executivo, enfatizando a importância da conexão entre os elos da cadeia produtiva, da lavoura ao varejo.



Marca forte


Para fisgar o coração e a mente do consumidor, é preciso fazer do algodão mais do que uma commodity, uma “marca”, que traga embarcados propósitos, valores, anseios e os atributos necessários para ganhar a preferência do público no ponto de venda. Tudo isso está condensado no termo branding, palavra que junto com “reputação”, estará no centro do segundo painel, que terá como mediadora a diretora de Relações Institucionais da Abrapa, Silmara Ferraresi.


Debatendo, estarão alguns dos mais expressivos nomes em suas áreas, dentro e fora do Brasil, como é o caso de João Branco, reputado pela revista Forbes como um dos 10 melhores profissionais de marketing do país, e a digital gravada na audaciosa estratégia do abrasileiramento da marca do McDonald’s (Méqui). Além de Branco, integrará o painel o especialista sênior em política internacional e comunicações de reputação, baseado em Bruxelas, na Bélgica, George Candon, e Luis Fernando Samper, da 4.0 Brands, na Colômbia. A consultoria de Samper implementa estratégias coletivas de diferenciação, como Indicações Geogáficas (IGs), em diversos produtos agrícolas, como o apreciado café colombiano. É da empresa a estratégia por trás da famosa marca dos cafeicultores daquele país, Juan Valdez.  Para a Silmara Ferraresi, este painel será um grand finale de uma edição muito especial do 14º CBA.


“Estamos num ano de expressivas conquistas, inclusive no mercado internacional. A Abrapa completa 25 anos, e um longo trabalho foi desenvolvido até aqui, na consolidação de um produto de qualidade, sustentável e rastreável e cada vez mais respeitado”, diz. Segundo Ferraresi, o próprio congresso é a prova disso.


“O CBA é, originalmente, um evento técnico-científico que foi essencial para a alavancagem da cotonicultura brasileira. Hoje, ele ampliou o leque de abordagens, a ponto de podermos dizer que, uma vez já fizemos o básico, agora vamos mais longe, vamos vender nossa imagem, nos tornar ainda mais desejáveis no mercado”, afirma. Silmara conclui dizendo que ter tantos profissionais de peso a um só tempo em um mesmo lugar, no Brasil, pensando a cotonicultura é “uma oportunidade rara e imperdível”.

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Presidente da Abrapa enfatiza eficiência e sustentabilidade como chaves para o sucesso do algodão brasileiro – Cotton Trip

19 de Agosto de 2024

Porto Alegre, 16 de agosto de 2024 – O presidente da  Associação Brasileira dos Produtores de Algodão ( Abrapa), Alexandre Schenkel, destacou durante a Cotton Trip 2024, em Cristalina (GO), em entrevista exclusiva à Safras News, as estratégias que o Brasil deve adotar para continuar competitivo no mercado global de algodão. Schenkel abordou a situação atual do mercado e as ações necessárias para fortalecer a posição do país no setor.


Com a queda nos preços do algodão norte-americano e a crescente necessidade do Brasil de exportar sua produção, Schenkel enfatizou a importância de se manter eficiente e produtivo. “Em anos de preços baixos, é crucial que sejamos eficientes na produção com custos menores. Devemos estar atentos aos detalhes que melhoram nossa produtividade e garantir que o custo de produção seja o mais baixo possível”, afirmou o presidente da Abrapa.


A estratégia para a próxima safra inclui a continuidade da venda e a aquisição de insumos com o objetivo de garantir uma produção eficiente. Schenkel ressaltou que, além de manter a produtividade alta, o Brasil precisa investir em inovação para ampliar o consumo interno.


“Nossa meta é aumentar a capacidade da indústria nacional para que possamos consumir mais da nossa produção interna e também expandir a venda de produtos têxteis brasileiros, tanto no mercado interno quanto externo”, afirmou.


Além das estratégias de produção e comercialização, Schenkel falou sobre os desafios e vantagens do Brasil na disputa global com os Estados Unidos. “O Brasil tem uma grande vantagem com sua alta produtividade e sustentabilidade. Produzimos o dobro da produtividade em comparação com o algodão americano. Além disso, conseguimos cultivar tanto alimentos quanto fibras na mesma área durante o ano, o que nos torna mais sustentáveis. Respeitamos rigorosamente o Código Florestal e praticamos o plantio direto para proteger o solo e as águas”, explicou.


O presidente da Abrapa também mencionou que o país precisa continuar investindo em eficiência para manter sua posição de destaque. “O Brasil é um dos maiores exportadores de algodão do mundo, e precisamos continuar trabalhando para manter essa posição, focando em redução de custos e eficiência”, concluiu.

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