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Brasil vira líder em algodão e busca novas rotas para exportar

11 de Outubro de 2024

Com o Brasil na posição de maior exportador global de algodão, superando os EUA, comercializadores e transportadores vêm buscando rotas alternativas para driblar os gargalos na hora de escoar a produção, em busca de opções ao Porto de Santos, a principal porta de saída para o exterior.


Uma delas, proposta pela Brado, operadora logística do Grupo Cosan, passa pelo Rio, via Porto de Itaguaí. Outras alternativas são uma rota pelo Porto de Fortaleza, no Ceará, testada pela gigante americana Cargill, e o Porto Itapoá, terminal privado no litoral de Santa Catarina. Elas se somam a um terminal operado pela Wilson, Sons, no Porto de Salvador, na Bahia.


Uma particularidade do algodão torna ainda mais complexo buscar rotas alternativas a Santos. A pluma é transportada em contêineres, mais usados para bens industriais, diferentemente da soja e do milho, que vão em navios graneleiros. Como o transporte de contêineres é encadeado, os operadores embarcam as exportações que usam esses equipamentos nos mesmos portos por onde eles chegam. No Brasil, a chegada de contêineres é concentrada na importação de produtos industriais e no Sudeste, dada a proximidade dos parques fabris e dos mercados consumidores. Por isso, transportadores marítimos tendem a preferir Santos, em vez das saídas alternativas.


Atrasos geram multas


Mesmo assim, a diversificação é necessária porque a produção crescente está lotando a rota tradicional, dizem produtores, comercializadoras e operadores logísticos. Segundo a Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea), 90% das exportações chegam aos portos pelo transporte rodoviário, e o Porto de Santos embarca 95% da carga.


" Santos está praticamente com a capacidade tomada. É difícil chegar caminhão " diz Orcival Guimarães, vice-presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa).


Segundo Guimarães, sócio da Boa Esperança Agropecuária, que produz algodão em 33,8 mil hectares em seis cidades no entorno de Lucas do Rio Verde (MT), as alternativas evitam aumento de custo com a logística. Como as cotações de algodão, soja e milho " que também são plantados pelos coticultores " estão em queda, gastos a mais com o transporte reduzem as margens de lucro, diz o produtor:


" Já não temos margens, chegamos ao limite. Quando temos rotas alternativas, não pagamos multas por atraso de entrega. Não podemos perder a confiança que adquirimos no mercado externo, que confia no nosso algodão porque cumprimos os contratos.


A Brado Logística já usa ferrovias para escoar via Santos. Os fardos chegam de caminhão a seu terminal de Rondonópolis, sul de Mato Grosso, vindos de fazendas localizadas num raio de até 800 quilômetros. Lá, são embarcados nos contêineres. A carga segue em trilhos da Rumo (também do Grupo Cosan) até Santos, um trajeto de 1,6 mil quilômetros.


Na rota alternativa, testada em julho, os contêineres pegam, na reta final, outra ferrovia, da MRS Logística, até o Porto de Itaguaí, na Baía de Sepetiba. O trajeto fica em quase 2 mil quilômetros. Na operação de julho, a carga embarcou em navio da transportadora Maersk, para Bangladesh.


" No Porto de Santos, o trem de contêiner não acessa a área primária, acessa uma área secundária. A partir dela, fazemos a distribuição, de caminhão, para o terminal primário. O Porto de Sepetiba suporta o nosso trem dentro da área primária. Em termos de competitividade, é muito interessante " afirma Vinícius Cordeiro, gerente executivo comercial da Brado.


O plano é escoar, de forma regular a partir daí, mil toneladas de algodão por semana via Itaguaí. Isso equivale a 10% do algodão transportado anualmente pela operadora.


Segundo Cordeiro, a infraestrutura permitiria ampliar a movimentação em três vezes, mas isso dependerá da demanda dos exportadores e dos transportadores marítimos " já que, por causa da dinâmica da chegada dos contêineres, esses operadores tendem a preferir Santos.


 

Via até por Santa Catarina


Para a Cargill, dona da carga escoada em julho por Itaguaí, é positivo ter "alternativas de transporte multimodal, chegando a diferentes portos", diz, em nota, Paulo Sousa, presidente da companhia no Brasil.


A gigante americana do agronegócio já havia testado outra alternativa. No fim de junho, embarcou cem toneladas pelo Porto de Fortaleza, onde os fardos, vindos da região oeste da Bahia, chegaram de caminhão.


A Bahia é o segundo maior produtor do país " responde por quase 20% do total, ante os 70% de Mato Grosso. O oeste baiano está a 1,5 mil quilômetros de Fortaleza e a mil quilômetros do Tecon Salvador, operado pela Wilson, Sons, que já exporta algodão para Paquistão, Bangladesh, China, Indonésia, Vietnã e Turquia, os principais fabricantes da indústria têxtil global.


Ao sul de Santos, o Porto Itapoá, terminal privado no litoral de Santa Catarina, a 250 quilômetros de Florianópolis, surge como alternativa, fazendo embarques de algodão desde o fim do ano passado. Após obras para ampliar o armazém do terminal de contêineres, concluídas no início do ano, o porto separou uma área para o algodão. Apesar da distância das regiões produtoras, o terminal oferece custos menores.


" Nosso maior gargalo é a falta de logística " conclui o produtor Guimarães, da Ampa. " A produção aumentou não tanto pelo momento de área, mas a produtividade, através de tecnologia, estourou. Produzimos muito mais do que há dez ou 15 anos, e a logística andou muito pouco.


A produção brasileira de algodão dobrou na comparação com uma década atrás, resultado de anos de investimentos em tecnologia, seleção de sementes e certificação de qualidade, num modelo acoplado ao cultivo de grãos " o algodão é plantado em "segunda safra", após a colheita da soja.


 

Mais recordes à vista


Na safra 2023/2024, encerrada em agosto, a produção de algodão em pluma atingiu 3,654 milhões de toneladas, segundo a Conab, estatal do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), alta de 15% sobre a safra anterior, que já havia sido recorde.


Com isso, o Brasil se tornou o terceiro maior produtor global, atrás de China e Índia, conforme o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês, equivalente a ministério americano). Como esses países destinam sua produção para as indústrias têxteis locais, não são exportadores, como Brasil e EUA.


As vendas de algodão ocorrem nos 12 meses seguintes ao término da colheita, após o beneficiamento inicial " que separa o caroço, usado para fazer óleo de cozinha, da pluma. Por isso, os recordes de exportação costumam vir no ano seguinte aos de produção. Os embarques se concentram no segundo semestre.


Na safra 2023/2024, as vendas externas somaram 2,586 milhões de toneladas, salto de 85% ante a safra anterior, segundo a Anea. Na safra 2024/2025, a associação projeta exportações de 2,850 milhões de toneladas, novo recorde. A primeira estimativa da Conab para a produção de 2024/2025 aponta alta de 1%, sugerindo que as rotas de escoamento seguirão abarrotadas.

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Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa

ALGODÃO PELO MUNDO #38/2024 11/10/2024

11 de Outubro de 2024

Destaque da Semana - Relatório mensal de Oferta e Demanda do USDA será divulgado hoje (13h de Brasília) e pode trazer queda na produção e nas exportações dos EUA.

Algodão em NY - O contrato Dez/24 fechou nesta quinta 10/out cotado a 72,65 U$c/lp (-0,1% vs. 03/out). O contrato Dez/25 fechou em 73,51 U$c/lp (+0,2% vs. 03/out).

Basis Ásia - O Basis médio do algodão brasileiro no posto Leste da Ásia é de 850 pts para embarque Out/Nov-24 (Middling 1-1/8" (31-3-36), fonte Cotlook 10/out/24).

Altistas 1 - Os mercados de ações das duas maiores economias do mundo continuam em grande alta .

Altistas 2 - Piora nas lavouras americanas. Semana passada, 29% das lavouras nos EUA foram classificadas como “ boas a excelentes ” (-2 pp).

Altistas 3 - Amanhã (12) o Ministro das Finanças da China fará um aguardado pronunciamento sobre estímulos à economia Chinesa .

Baixistas 1 - O relatório semanal de vendas dos EUA mostrou queda de 7% em relação à semana anterior e 12% abaixo da média das últimas quatro semanas.

Baixistas 2 - Importações de algodão pela China em 2024/25 estão projetadas em 2 milhões tons , em comparação com 3,26 milhões tons em 2023/24 (fonte BCO).

Baixistas 3 - As cotações de algodão na bolsa de Zhengzhou (China) seguem pressionadas por grandes estoques, cotas de importação limitadas e grande safra doméstica , apesar das medidas de estímulo de Pequim.

China 1 - A consultoria BCO ampliou em 160 mil tons a previsão de safra chinesa em 2024/25, passando para 6,4 milhões tons . O número do USDA é de 6,05 milhões de tons.

China 2 - A colheita está começando em Xinjiang , onde 126 algodoeiras já estão em funcionamento.

EUA 1 - Enquanto os EUA ainda contabilizavam os estragos do furacão Helene, o furacão Milton atingiu o país esta semana, causando apreensão no sul, sem atingir regiões produtoras .

EUA 2 - A colheita de algodão começou a se expandir fora do Texas esta semana para 26% (+6pp), acima do ano passado e da média de 5 anos.

Austrália - Em ago/24, os australianos exportaram 190 mil tons de algodão - maior volume mensal desde set/22 . Os destinos foram: China 34%; Vietnã 26%; e Indonésia 9%.

Vietnã 1 - O país importou em setembro 119 mil tons de algodão (abaixo de agosto, mas acima do registrado em set/23). O Brasil foi o terceiro maior fornecedor, com 19 mil tons (16% do total) .

Vietnã 2 - Nos primeiros dois meses do ciclo 24/25, o Vietnã importou 251 mil tons , mais que no mesmo período de 23/24. Cerca de 35% tiveram a Austrália como origem.

Bangladesh 1 - Em agosto, Bangladesh importou 152 mil tons de algodão, +10% que em jul/24 +36% que em ago/23. O Brasil forneceu 15% desse total , enquanto a Africa 60%.

Bangladesh 2 - De janeiro a agosto, os bengaleses importaram pouco mais de 1,1 milhão tons . Origens: África 40%; Índia 21%; e Brasil 18% .

Paquistão - Fontes locais informam que a produção de algodão do país deve ficar abaixo de 1,10 milhão tons , inferior à estimativa de 1,24 milhão do USDA.

ICA Trade Event 1 - Já tradicional, o evento anual da ICA ocorre de 15 a 17 de outubro em Liverpool. O Brasil, via Cotton Brazil, preparou uma programação especial para o congresso.

ICA Trade Event 2 - Na terça (15), às 12h, ocorre o Cotton Brazil Luncheon, evento paralelo para empresários e investidores. Na quinta (17), é a vez do painel Cotton Connected: Brazil's role in helping secure global cotton's place in the future of textiles, das 13h30 às 14h30.

ICA Trade Event 3 - Já nos dias 16 e 17, a Abrapa realiza uma série de rodadas de negócios com tradings mundiais.

Exportações 1 - As exportações brasileiras de algodão somaram 169,5 mil tons em set/2024 - volume 9,1% menor que o recorde registrado em set/23.

Exportações 2 - No acumulado de ago/24 a set/24, as exportações nacionais foram de 281,3 mil tons (3,3% inferior ao mesmo período de 2023).

Exportações 3 - China (66,3 mil tons), Vietnã (54,6 mil tons) e Paquistão (40,2 mil tons) foram os três principais destinos da pluma brasileira de ago/24 a set/24. Juntos, esses países representam 57% do total embarcado.

Qualidade - Até 30/set, foram realizadas 9.593.400 análises de qualidade da safra brasileira de algodão 2023/24. Entre os resultados, melhoria na uniformidade, resistência, comprimento e índice de fibras curtas. Confira: https://bit.ly/4eEuO3k.

Beneficiamento 2023/24 - Até ontem (10/10), o status do beneficiamento no Brasil era este: BA 83%, GO 76,27%, MA 85%, MG 84%, MS 84%, MT 57%, PI 62%, PR 100% e SP 100%. Total Brasil: 63,67%.

Preços - Consulte tabela abaixo

Quadro de cotações para 10_10

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Sou de Algodão celebra as manualidades na moda brasileira na SPFW N58 

O movimento se une a estilistas parceiros  para a sua terceira participação na semana de moda paulistana

11 de Outubro de 2024

No dia 18 de outubro, às 19h30, o movimento Sou de Algodão marca presença na maior semana de moda da América Latina. O desfile, que acontece na edição N58 da São Paulo Fashion Week (SPFW) no Pavilhão das Culturas Brasileiras do Parque do Ibirapuera, tem o tema Manualidades e conta com 12 estilistas parceiros para entregar 36 looks feitos com as técnicas manuais mais conhecidas. A direção criativa é de Paulo Borges e o styling é assinado por Paulo Martinez.


Os looks que serão desfilados trazem técnicas como crochê, tricô, macramê e aplicações. Além disso, pelo menos 70% da matéria-prima usada é algodão. A paleta de cores traz tons terrosos, que vão do marrom até o cru, além de tonalidades naturais e mostarda. “A manualidade na moda brasileira nunca foi deixada de lado. Sempre foi protagonista, por mais sutil que ela seja usada em uma coleção, podendo ser dentro de um acabamento, um bordado ou estando mais a vista, como crochê, tricô ou macrame”, explica Martinez. Para ele, o hand made acrescenta muito para moda nacional, já que é uma coisa “nossa”.


Conheça os 12 estilistas que fazem parte do desfile. Dentro do tema, cada um se baseou no próprio DNA da marca para criar três looks exclusivos 


Adriana Meira


Com sangue baiano, a estilista é conhecida por relacionar sua moda com as religiões de matriz africana. A principal característica da produção para o desfile Sou de Algodão é a inspiração do celestial. “Eu quis que fosse algo mais etéreo e acho que a paleta dos marrons, amarelos e rosê me trouxe uma liberdade e uma oportunidade de fazer algo diferente do meu habitual. A sobreposição de tecidos é uma homenagem à minha avó, que fazia colchas de retalhos, e juntei com as flores imaginárias do sertão de onde eu venho para arrematar o desenho”.


Ateliê Mão de Mãe 


Dos criadores Vinicius Santana e Patrick Fortuna, o Ateliê Mão de Mãe celebra mais uma vez a sua parceria com o movimento, trazendo a sua técnica central na produção: a manualidade do crochê. Com dois looks femininos e um masculino, e muitos shapes, texturas e pontos, a força da mulher  é destacada na passarela. “Nós quisemos evidenciar de fato a nossa participação nesse desfile como uma grande celebração. Sou de Algodão é um grande parceiro nosso desde sempre, então fazer esse desfile e ter esse contato com o movimento faz todo o sentido para nós enquanto marca, e acredito que vão gostar bastante dos looks. Todas as peças são inéditas, os shapes estão incríveis, super bem acabados e vão causar um impacto visual muito bonito no desfile”, completa Patrick.


Catarina Mina


Com 18 anos de trabalho no cenário da moda manual, Catarina Mina traz a essência da mulher cearense e artesã para três looks femininos carregados de significado. A arte do bilro, que produz um tipo de renda originária do Brasil, é a técnica central dos três looks criados pela fundadora da marca, Celina Hissa. “Essa arte carrega séculos de tradição, transmitida de geração em geração, por artesãs que dedicam suas vidas a essa forma de expressão. É uma homenagem à arte tradicional que une história, cultura e moda de maneira singular. Com uma paleta de cores quentes, repleta de tons terrosos e mostardas, a coleção resgata a essência dessa técnica milenar, trazendo à tona a beleza e a delicadeza que o bilro representa”, afirma Celina.



David Lee


Trazendo o design autêntico e atemporal de sua alfaiataria utilitária, o estilista cearense David Lee inspira-se na representatividade da flor do algodão para produzir a tipologia do crochê. “Temos três looks feitos totalmente em crochê. Com uma jaqueta, um vestido e um blazer com calça, trouxemos unidade para todas as peças por meio da aplicação de flores e das amarrações”, diz.



Heloisa Faria 


Nascida e criada em São Paulo, Heloisa Faria cria uma moda feminina, feminista e consciente, além de ser defensora do upcycling. Para os três looks do desfile Sou de Algodão, a estilista se inspirou em manualidades, como o macramê, para trazer texturas. “Tecidos de jacquard com franjas entram em modelagens de alfaiataria, e o tear manual conta histórias de paisagens do interior do Brasil. O tear, feito com fios 100% de algodão, vem como escudo e lembranças de outros Brasis”.


Igor Dadona


Conhecido pela alfaiataria masculina sofisticada, o estilista paulista Igor Dadona traz o melhor de dois mundos ao juntar o quadriculado de sua marca com os bordados e florais do tema do desfile. “Serão três looks, dois masculinos e um feminino, bem ricos e com sincronia entre si, nas cores bege, vermelha e marrom. O quadriculado é todo feito a mão, e é a cara da minha marca, mas com a identidade do Sou de Algodão”.


João Pimenta 


Mineiro de nascença e paulista de criação, João Pimenta é um dos nomes mais conhecidos da alfaiataria masculina. Para o desfile Sou de Algodão na SPFW N58, o estilista criou seus looks pensando em uma forma de retribuir a parceria com o movimento. Por isso, as flores são as protagonistas. “Criamos três looks full florais. Serão apresentados um casaco, uma calça, saia e jaqueta e um vestido com calça. Além da estampa, terão um trabalho manual de volumetria e, para nós, eles representam o ato de enviar flores. Por isso, o nome da nossa produção para o Sou de Algodão é ‘Vejo flores em você’”, explica.


Martins


O criativo da marca, Tom Martins, natural da Zona Norte da capital paulista, celebra a brasilidade e os trabalhos manuais com o patchwork, técnica famosa no artesanato nacional, com três looks cheios de recortes e quadrados. “Seguimos a cartela de cores definida pelo movimento, com tons mais terrosos. Com os materiais, fizemos um jogo de tabuleiro de xadrez, com a cor branca de fundo. As peças também trazem muito o jeans e o conceito de oversized, com muita amplitude e bolsos, que é a cara da marca”, destaca.



Ronaldo Silvestre


Nascido em Minas Gerais e criador do Instituto ITI, organização sem fins lucrativos que promove a transformação social, o estilista traz um vestido longo de malha, com godês desconstruídos, e uma maxi jaqueta de tramas de viés de sarja resinada na cor terra. “A minha inspiração foi em tramas e afetos. Tecidos transformados em viés, viram fios para tramas artesanais para casaco, saia e vestido. Um outro olhar sobre o feito à mão”, explica.


Thear


A estilista goiana Theodora Theo, criadora e criativa da marca atemporal e autoral Thear, é conhecida por trazer as fibras naturais para as suas produções. Para o desfile Sou de Algodão, Theodora traz três looks inspirados no cerrado, com crochês não-contínuos trabalhados nos tons terrosos. “Criamos seres para dar vida às representações da natureza. Tem uma questão meio lúdica em cada look, com muita textura, design e perfis. Tem um experimento grande em cima de técnicas, de pontos e de texturas também. Os três looks são 100% crochê e algodão”, completa Theodora.


Walério Araújo


Com uma carreira de 33 anos e conhecido pela sua ousadia na moda, o pernambucano Walério Araújo traz o conceito da mulher sofisticada e do red carpet para as suas criações em algodão e com capim - que vai substituir as suas plumas de costume. “Vou costurar o capim no formato de franjas, intercalando com babados. Eu quero trazer essa minha moda, essa minha mulher associada ao glam e à noite, então, também aparecem os bordados e as contas de madeira”, explica.


Weider Silverio


O designer piauiense, que leva para a sua marca homônima peças de alfaiataria com detalhes geométricos, minimalistas e artesanais, apresenta looks 100% femininos e ancestrais. Dentro da paleta de cores definida, o estilista escolheu as que estão sempre presentes em seus trabalhos. “Desenvolvemos algo bem romântico, com elementos como ráfia, que é a fibra têxtil de palmeiras, e flores. Ao mesmo tempo em que possui uma pegada urbana, a coleção também pode ser tribal”, explica.


"Estar presente novamente na passarela do SPFW é uma honra para Sou de Algodão. O movimento, que nasceu no evento, em 2016, tem se fortalecido a cada ano e mostrado o quanto a fibra nacional deve e merece ser valorizada. Ao unir moda, arte, história e criatividade, conseguimos chamar atenção do público e do mercado, que estão mais abertos ao uso de peças conscientes e responsáveis", comenta Alexandre Pedro Schenkel, presidente da Abrapa.


Nesta edição, a SPFW tem como tema “As Joias da Rainha”, fazendo uma homenagem à jornalista, editora e diretora criativa Regina Guerreiro, destacando o valor da memória como instrumento de futuro para as novas gerações da moda brasileira.



Ficha Técnica do desfile Sou de Algodão no SPFWN58


Direção Criativa: Paulo Borges


Stylist: Paulo Martinez


Beauty: Vanessa Rozan


Estilistas: Adriana Meira, Ateliê Mão de Mãe, Catarina Mina, David Lee, Heloisa Faria, Igor Dadona, João Pimenta, Martins, Ronaldo Silvestre, Thear, Walério Araújo, Weider Silverio


Artesãos: Coração em Tramas


Fiações: Círculo e Têxtil Piratininga


Malharias: AN Têxtil, HJ Têxtil, Textilfio e Urbano Têxtil


Tecelagens: Canatiba, Cataguases, Cedro Têxtil, Innovativ, MN Tecidos, Tecidos Constâncio Vieira e Vicunha



Sobre Sou de Algodão


Movimento criado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em 2016, para despertar uma consciência coletiva em torno da moda e do consumo responsável. Para isso, a iniciativa une e valoriza os profissionais da cadeia produtiva e têxtil, dialogando com o consumidor final com ações, conteúdo e parcerias com marcas e empresas. Outro propósito é informar e democratizar o Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que segue rigorosos critérios ambientais, sociais e econômicos e certifica 82% de toda a produção nacional de algodão.

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Brasil realiza evento paralelo ao ICA Trade Event em Liverpool

11 de Outubro de 2024

O potencial de ampliação no fornecimento de algodão sustentável pelo Brasil é uma das mensagens centrais que serão levadas por produtores e exportadores brasileiros para o evento anual da International Cotton Association (ICA), que ocorre de 15 a 17 de outubro, em Liverpool (Inglaterra). O ICA Trade Event é realizado desde 2004 e, nesta edição, tem previsão de reunir mais de 500 participantes, entre comerciantes, produtores, fiações e indústrias têxteis.


Principal entidade internacional de comércio de algodão, a ICA apresenta em seu evento anual as principais tendências futuras do setor. “Nossa meta é fortalecer mundialmente a imagem do Brasil como produtor relevante, junto a públicos estratégicos”, antecipa Alexandre Schenkel, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa).


No ano comercial 2023/2024, que terminou em julho, o Brasil assumiu, pela primeira vez, o posto de maior exportador mundial de algodão. Na safra 2024/2025, a previsão é de 3,67 milhões de toneladas de pluma – volume 13% superior ao de 2023/2024. Para a exportação, a projeção é de 2,86 milhões de toneladas (6,7% a mais que o ciclo 2022/23), segundo dados da Abrapa. Esses e outros dados estarão em pauta durante o ICA Trade Event. No dia 15 de outubro, às 12h, a Abrapa realiza o Cotton Brazil Luncheon, evento paralelo direcionado a empresários e investidores do setor têxtil. Em pauta, números de safra e exportação e projeções para o ciclo 2024/2025. A programação será concluída com um debate sobre desafios e visão de futuro acerca do algodão brasileiro, com os presidentes da Abrapa, Alexandre Schenkel, e da Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea), Miguel Faus. A expectativa é reunir mais de 70 empresários e investidores internacionais.


Já no dia 17, o Brasil promove dentro da programação oficial do evento o painel “Cotton Connected: Brazil's role in helping secure global cotton's place in the future of textiles”, das 13h30 às 14h30. O tema é o papel do Brasil como importante ator mundial capaz de garantir ao algodão um papel relevante no futuro dos produtos têxteis. O painel será moderado pelo consultor George Candon e tem Bill Ballenden (LDC), Alexandre Schenkel (Abrapa), Fabiana Furlan (Scheffer) e Mirza Salman Ispahani (M. M. Ispahani Limited) como debatedores.


O foco principal é debater como será o papel do Brasil num cenário de aumento no consumo de fibras têxteis artificiais, já que é o principal fornecedor mundial de algodão sustentável atualmente. O ponto alto do debate é reunir diferentes visões diretamente envolvidas no tema: do cultivo e produção ao comércio, passando pelo marketing, fiações e varejo.


COTTON BRAZIL – Ao longo do ICA Trade Event, a delegação de produtores e exportadores brasileiros coordenada pela Abrapa promove uma série de rodadas de negócios com tradings mundiais. O primeiro ciclo ocorre no dia 16 (quarta), de forma paralela à programação do evento, com cinco salas de negócios das 14h às 16h. Na quinta (17), serão mais três reuniões, das 15h às 16h.


Essa estratégia de networking e fomento aos negócios durante o ICA Trade Event é realizada há pelo menos três anos pelo Cotton Brazil, programa de promoção comercial e abertura de mercados da Abrapa. Este é realizado pela Abrapa em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e tem apoio da Anea.


TEMAS – Na edição deste ano, o ICA Trade Event construiu uma programação diversificada, com vistas ao futuro próximo da indústria têxtil. Além das legislações ambientais a serem implementadas ou já em vigor em mercados consumidores, o evento abordará novidades quanto à arbitragem comercial – uma das atividades realizadas pela ICA. O uso da inteligência artificial nas operações têxteis, a queda na demanda por algodão e o aumento da procura por fibras de nova geração também estão em pauta.




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Abrapa apresenta case do algodão brasileiro no HUB CNA

10 de Outubro de 2024

O case de sucesso do algodão brasileiro, que consolidou o país como o maior exportador mundial da pluma no período 2023/2024, foi apresentado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) no dia 9 de outubro, durante um encontro virtual do HUB da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (HUB CNA). O evento, focado em inovação e tecnologia no agronegócio, destacou as estratégias que levaram o Brasil a essa posição de destaque. O HUB CNA, uma iniciativa do Sistema CNA/Senar/ICNA, apoia e representa mais de 5 milhões de produtores rurais brasileiros, promovendo avanços tecnológicos e soluções inovadoras para o setor.


De acordo com Marcio Portocarrero, diretor executivo da Abrapa, durante a reunião foram abordados diversos tópicos, como a cotonicultura brasileira e os principais pilares de ação estratégica da entidade: qualidade, rastreabilidade, promoção e sustentabilidade. "Também tivemos a oportunidade de ouvir duas startups inovadoras. A primeira está desenvolvendo uma solução para aplicação de biológicos com liberação programada de inimigos naturais utilizando drones de pequeno porte, proporcionando maior precisão e eficiência no manejo das lavouras. O foco dessa proposta é viabilizar a liberação da vespa Catolacus grandis, agente biológico predador do bicudo-do-algodoeiro. A segunda startup apresentou uma plataforma de integração de dados agrícolas, reunindo informações de clima, solo, plantas, maquinários e imagens das áreas cultivadas, possibilitando melhor gestão de dados das fazendas, facilitando a tomada de decisões e a otimização dos processos produtivos", afirmou.


O papel do Hub é identificar e disponibilizar soluções tecnológicas, de forma acessível e adaptada às diversas realidades brasileiras. É um ambiente ideal para conectar startups, empresas, investidores, institutos de tecnologia e universidades mundo afora.  Localizado em Brasília (DF), ele foi criado para identificar os principais desafios do setor, buscar as soluções tecnológicas já existentes, fomentar o desenvolvimento de novas ideias, validar as soluções diretamente com os produtores rurais e apoiar o lançamento das soluções no mercado.


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Relatório de Qualidade do Algodão Brasileiro | setembro 2024

09 de Outubro de 2024

Até o dia 30 de setembro, já tinham sido realizadas 9.593.400 análises de qualidade da safra brasileira de algodão 2023/2024. O trabalho segue firme nos 83 equipamentos de HVI, distribuídos nos 12 laboratórios de análise de fibra do país, que integram o programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), da Abrapa. Este ciclo traz boas notícias na melhoria das características analisadas, como uniformidade, resistência, comprimento e índice de fibras curtas. Este último, um constante ponto de atenção, para atender aos mercados mais exigentes.



Clique no link e confira o relatório completo:https://abrapa.com.br/wp-content/uploads/2024/10/Relatorio-de-Qualidade-do-Algodao-Brasileiro-%E2%80%93-safra-2023.24-setembro.pdf

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Dia Mundial do Algodão: a fibra de todas as gerações

A nova campanha do Sou de Algodão destaca a relevância do algodão para a economia e a moda responsável, celebrando sua trajetória e os impactos

07 de Outubro de 2024

Hoje, 7 de outubro, é comemorado o Dia Mundial do Algodão. Desde 2019, instituído durante um evento promovido pela Organização Mundial do Comércio (OMC), a data celebra a importância da fibra natural, que é um dos maiores motores do setor agrícola e um pilar fundamental da economia global. Por isso, o movimento Sou de Algodão, iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), lançou a campanha “a fibra de todas as gerações”.


“O algodão nos conecta do passado até o futuro, é só reparar: nossa história começa nas plantações, passa pela casa de todas as famílias brasileiras e vai criando memórias afetivas que duram para sempre. É assim, com os pés na terra e os olhos no amanhã, que construímos um legado tão resistente quanto a nossa matéria-prima. A fibra brasileira é a ligação atemporal entre quem valoriza o passado, vive o presente e acredita no poder do futuro”, diz o manifesto da campanha.


O ALGODÃO BRASILEIRO


O cultivo no país começou no período colonial, ganhando importância econômica a partir do século XVIII, com a exportação para a Europa. Durante o século XX, a produção se modernizou, principalmente no cerrado brasileiro, tornando-se um dos maiores produtores mundiais.


Neste cenário, a Abrapa foi criada. Há 25 anos, a instituição vem trabalhando para promover a qualidade, a sustentabilidade e a rastreabilidade da fibra. Esses são os três principais pilares do trabalho desenvolvido junto com suas nove entidades estaduais associadas que atuam em todo o território nacional. “O nosso propósito é garantir e incrementar a rentabilidade do setor por meio da organização dos seus agentes”, explica Alexandre Pedro Schenkel, presidente da  Abrapa.


Graças a esse trabalho, atualmente, o Brasil é o principal fornecedor de algodão responsável, o maior exportador e terceiro maior produtor. Além disso, 92% do cultivo é realizado em regime de sequeiro e 82% da produção tem certificação ABR (sigla para Algodão Brasileiro Responsável).


A RASTREABILIDADE


Assim como dito no manifesto da campanha, o algodão percorre um longo caminho, passando por diversos elos, até chegar ao consumidor final. Por esse motivo, a Abrapa investe boa parte do seu trabalho em rastreabilidade, para que todos possam saber os passos percorridos e as pessoas envolvidas em cada processo.


O primeiro passo nessa área foi a criação do SAI (Sistema Abrapa de Identificação), lançado em 2004. O sistema permite que cada fardo produzido no Brasil tenha uma etiqueta com um código de barras exclusivo, o que facilita a verificação da origem e do compromisso com a sustentabilidade.


E a mais recente novidade, criada em 2021, é o SouABR, lançado por meio do movimento Sou de Algodão. Esse é o primeiro programa de rastreabilidade de ponta a ponta da cadeia têxtil, entregando para o consumidor final o caminho percorrido da semente ao guarda-roupa, graças a um QR Code que fica na etiqueta da peça.


“A rastreabilidade nessa cadeia é fundamental para garantir transparência e responsabilidade em todas as etapas de produção. Ela permite que consumidores façam escolhas mais conscientes, sabendo a origem de suas peças e o impacto socioambiental envolvido. Além disso, é um diferencial competitivo para as marcas que buscam se destacar em um mercado cada vez mais exigente e alinhado com práticas sustentáveis”, explica Silmara Ferraresi, diretora de relações institucionais da Abrapa e gestora do movimento Sou de Algodão.


A FIBRA NA MODA NACIONAL


É por causa dessa moda exigente que a matéria-prima tem um papel fundamental no mercado nacional, já que é uma das mais utilizadas na indústria têxtil do país. Para que os elos da cadeia e os consumidores conheçam cada vez mais os benefícios do algodão, a Abrapa criou, em 2016, o movimento Sou de Algodão, que visa promover a moda responsável e o consumo consciente.


As principais características que encontramos sobre o algodão é o conforto, mas ele também se alinha com as demandas contemporâneas por uma moda mais transparente. Segundo dados do Instituto Locomotiva, de um estudo feito em 2021, cerca de 86% da população brasileira se interessa por sustentabilidade e 75% consideram que as empresas de vestuário deveriam se preocupar com esse tema e tê-lo como pauta permanente. Por isso, 15% das pessoas estão dispostas a pagar a mais por produtos de marca com posicionamento sustentável e 60% deixariam de consumir de empresas que apresentam problemas éticos.


“Nossa fibra entrega transparência, rastreabilidade, qualidade, versatilidade e responsabilidade, dentre outros atributos que justificam ser o principal fornecedor para a indústria têxtil brasileira e o sétimo maior do mundo. Ainda em escala mundial, nós representamos 22% de todas as fibras, mas, quando falamos em fibras naturais, o algodão corresponde a 79% do abastecimento”, explica Silmara.


O trabalho da Abrapa e do Sou de Algodão ajudam, cada vez mais, na conscientização dos consumidores, ressaltando a importância de escolher produtos que não só oferecem conforto e qualidade, mas também respeitam o meio ambiente e as condições de trabalho. “À medida que a indústria têxtil evolui, a valorização do algodão, como matéria-prima essencial, fortalece a economia nacional e promove uma moda mais responsável, alinhada às expectativas de um público cada vez mais exigente e consciente. É hora de abraçar essa mudança e vestir a responsabilidade com orgulho”, finaliza o presidente da Abrapa.

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Maior exportador de algodão do mundo, Brasil certifica do plantio ao consumo

Saiba porque o país se tornou uma referência global na produção e como toda a cadeia produtiva se conecta nessa missão de valorização da fibra

07 de Outubro de 2024

Talvez você tenha lido por aí que o Brasil se tornou o maior exportador mundial de algodão (considerando o período comercial de 2023/2024), ultrapassando os Estados Unidos e enviando 2,7 milhões de toneladas de fibra a diversos países mundo afora. É mais do que 10% da produção mundial. E esses números têm tudo a ver com dois pilares que sustentam nossa produção hoje: 1) investimento em tecnologia, gestão e inovação, o que nos possibilita produzir mais em menos hectares; 2) uma produção sustentável, que respeita o meio ambiente e as pessoas, e que começa a ser rastreada, em parte, com o uso da tecnologia blockchain.


Como hoje é o Dia Mundial do Algodão, data criada pela ONU em 2019 para reconhecer o papel dessa fibra que faz parte do cotidiano de todo mundo, é um bom momento para comemorar essa conquista.


Chegar a esse patamar tem a ver com um trabalho que vem sendo feito há décadas e que envolve pesquisa, inovação, tecnologia e profissionalização do setor como um todo. E, para levar essa inovação ao mundo, a promoção comercial desenvolvida em parceria com a Agência Brasileira de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) foi importante. A gente produz coisa boa, só precisava contar ao mundo.


Um dos fatores essenciais ligados à expansão internacional, é que hoje temos uma fibra rastreável: se você comprou uma peça de roupa de algodão e ela veio com um QR code SouABR, você pode descobrir ali o caminho que foi percorrido desde o plantio das sementes até a prateleira da loja.


É um projeto que começa a ganhar força e vai dar ao consumidor final a certeza que está investindo, e colocando para dentro do seu guarda-roupa, uma peça em cuja produção o cuidado com as pessoas e com a natureza estão presentes.


A garantia dada pelo selo SouABR começa nas fazendas produtoras com certificação ABR (Algodão Brasileiro Responsável), passa pela fiação, tecelagens e malharias, depois chega às confecções e lojas. Varejistas conhecidos como Reserva, C&A e Renner, são alguns dos que estão comprometidos com essa rastreabilidade. Um movimento que começou no campo, fruto de uma parceria da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) com o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA)


Para ganhar essa certificação, as fazendas envolvidas precisam garantir boas condições de trabalho aos profissionais e cuidado com o meio ambiente. E todas essas exigências se estendem do plantio até o varejo.


Nos últimos anos, nós, produtores de algodão – e todo o mercado -, fizemos mudanças para nos adequarmos ao que o mundo procura e precisa. Para se ter uma ideia, atualmente 92% do algodão brasileiro é produzido em regime de sequeiro, ou seja, utiliza apenas água da chuva.


Foi com essas mudanças também que o Brasil saiu de safras com produção de 500 mil toneladas de fibra e uma área menor que 1 milhão de hectares, na década de 90, para uma produção de quase 3 milhões de toneladas de fibra em cerca de 1,6 milhões de hectares. É um aproveitamento e uma produtividade muito maior por área de plantio.


Ligado a isso vem a preservação. Aqui no oeste baiano, a gente está indo um pouco além. A área destinada à vegetação nativa é de 50,1% dos imóveis rurais e de 38,7% de todo o oeste do estado. E, nos municípios produtores da nossa região, ligados à Associação Baiana de Produtores de Algodão (ABAPA), o IDH, índice que mede a qualidade de vida da população, é 17% superior à média do Brasil.


Tudo isso está recolocando o nosso algodão no mercado global, para o mundo vestir, e vem mostrando que investir em sustentabilidade e responsabilidade social tem retorno. Na hora de comprar sua calça jeans e sua camiseta, é tudo isso o que você está levando para casa.


*Alessandra Zanotto Costa é produtora rural, sócia-diretora no Grupo Zanotto e vice-presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), da qual será presidente em 2025. Ocupa o posto de primeira conselheira fiscal na Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e é uma das líderes do agronegócio que formam o grupo Forbes Mulher Agro.

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Dia Mundial do Algodão: tecnologias transformam pluma brasileira na maior do mundo

07 de Outubro de 2024

Neste 7 de outubro, em que celebramos o Dia Mundial do Algodão, temos muitos motivos para comemorar, principalmente, o cotonicultor, que trabalha diariamente para produzir a melhor pluma do mundo. Na safra 2023/24, o setor levou o Brasil ao posto de maior produtor com uma colheita de 3,7 milhões de toneladas, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em uma área plantada de 1,99 milhão de hectares, de acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa). Além disso, o país já é consolidado como o maior produtor e exportador global de algodão responsável, com 1,98 milhão de toneladas certificadas, também segundo o órgão.


Olhando pelo retrovisor, até os anos 1990, quando o cultivo era de pouca escala, baixa tecnologia e impactado seriamente pela principal praga, o bicudo, não poderíamos imaginar que em 30 anos haveria um salto gigante na cadeia da pluma. Hoje, temos um protagonismo mundial graças ao produtor de algodão, que apostou na cultura e nas ferramentas essenciais: de biotecnologia, passando pelo tratamento de sementes, até os defensivos químicos e biológicos que estão chegando. Tudo isso para produzir o melhor algodão do mundo com qualidade, sustentabilidade, produtividade e rentabilidade.


Sabemos que o cultivo do algodão não é fácil e que exige muita tecnologia, principalmente, no manejo das pragas e doenças, já que foram elas que devastaram as plantações do país em décadas passadas e nos tornaram até importadores da pluma durante um grande período. Mas hoje, podemos deixar os percalços na história e entender como está sendo a trajetória de crescimento e exemplo mundial. Tudo começa com pesquisa e desenvolvimento de inovações que vêm sendo as propulsoras da cultura.


Entre os exemplos, evoluções tecnológicas, podemos começar citando a biotecnologia que vai dentro da semente, o principal bem do produtor. Hoje, ela já oferece proteção às lagartas durante todo o ciclo da cultura. Outra ferramenta aliada é o tratamento da semente, que proporciona o controle dos nematoides na raiz da planta. Ainda há o pacote de herbicidas, inseticidas e fungicidas, que auxiliam no controle de plantas daninhas, insetos e fungos que impactam a lavoura.


Não é só porque atingimos grandes conquistas na cadeia mundial do algodão que a pesquisa e desenvolvimento das tecnologias param. Elas seguem e em ritmo intenso, pois hoje o foco é atender às necessidades que os produtores enfrentam no campo. Neste caminho, ainda temos os insumos biológicos, que devem seguir com o manejo equilibrado com os químicos, além do lançamento de mais soluções para seguir protegendo a pluma mais famosa do mundo: a brasileira.


A safra 2024/25 vem aí e o algodão deve seguir entre os destaques da nossa produção. Segundo a 12ª edição da “Perspectivas para a Agropecuária - Safra 2024/25”, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área da nova temporada deve ser de 2.007 mil hectares, alta de 3,2% em relação à safra 2023/24. Já a produção deve bater 3,68 milhões de toneladas, crescimento de 1,1% na comparação com o período anterior. No Dia Mundial do Algodão, não nos faltam motivos para celebrar. É evolução em produção, sustentabilidade, rastreabilidade e tecnologias, tudo para seguir maximizando a produtividade da cultura e o protagonismo do agronegócio brasileiro e de sua pluma, que já está presente em todo o mundo.

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Dia mundial do algodão: Brasil deve manter liderança das exportações

País deve ter aumento de área e produção na safra 2024/25, mas cenário de preços é um ponto de atenção aos produtores

07 de Outubro de 2024

Nesta segunda-feira (7/10), quando é comemorado o Dia Mundial de Algodão, o Brasil tem muitos motivos para comemorar. No ano passado, o país ultrapassou os EUA e se consolidou como o principal exportador global da pluma. Em 2024/25 esse cenário deve se repetir, com um aumento na produção, que não deve ser afetada pelo momento adverso dos preços.


Para este novo ciclo, a área plantada deve crescer 7,4% em relação à última safra, e abranger 2,14 milhões de hectares. Os dados são da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que também espera um aumento na produção de 8%, com colheita prevista em quase 4 milhões de toneladas.


Também há boa perspectiva para as exportações do algodão brasileiro. A entidade não divulgou números, mas espera que o Brasil se mantenha à frente dos EUA na liderança global do fornecimento do produto. Em 2023/24, o Brasil enviou ao exterior 2,6 milhões de toneladas, enquanto os EUA embarcaram 2,56 milhões.


“Será um grande marco confirmar a liderança do Brasil nas exportações de algodão, porque prova que não foi apenas uma casualidade da conjuntura, mas é uma tendência duradoura”, disse, em nota, Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa.


Desafio de mercado


Em meio a muitos prognósticos positivos para a próxima temporada, o grande desafio dos produtores de algodão provavelmente será lidar com a queda nas cotações do produto, principalmente na bolsa de Nova York.


Miguel Faus, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), lembra o momento fraco para os preços, que têm apresentado oscilações entre 68 e 72 centavos por libra-peso nos últimos meses, refletindo uma demanda fraca.


“A oferta global, marcada por grandes safras no Brasil, Estados Unidos e Austrália, contrasta com uma demanda moderada, especialmente pela redução das importações da China, o maior comprador mundial. A China, que no ciclo anterior representava 50% das exportações brasileiras, agora absorve apenas cerca de 20%, desafiando o setor a buscar novos mercados, como Índia e Egito”, pontuou Faus.


Diante desse quadro de depreciação da pluma, o cotonicultor deve aprimorar suas estratégias para não sofrer impactos nas margens.


“Para consolidar a previsão [de safra], vai depender muito da produtividade, que por sua vez está atrelada ao clima, sobre o qual não temos ingerência. Por isso, e considerando também o mercado, a nossa recomendação é que o produtor se preocupe muito em reduzir ou otimizar os custos, e fazer o melhor possível para aumentar a produtividade, para compensar os preços não tão atrativos no momento”, destacou Schenkel.

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