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Cotton Brazil tem avanços concretos com Missão Índia-Paquistão 

Governo paquistanês simplificará processos de importação, enquanto industriais indianos querem aprender a usar ainda melhor a fibra brasileira

07 de Março de 2025

Segundo e terceiro maiores consumidores de algodão, Índia e Paquistão foram os dois primeiros países a serem visitados pelo Cotton Brazil em 2025. Uma comitiva formada por oito representantes da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) esteve de 17 de fevereiro a 1º de março nas cidades de Coimbatore e Mumbai, na Índia, e Karachi, Lahore e Islamabad, no Paquistão.


O Cotton Brazil é o programa de promoção internacional do algodão brasileiro, realizado pela Abrapa em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). A Anea apoia a iniciativa.


O intercâmbio brasileiro gerou avanços concretos. “As indústrias têxteis indianas podem aumentar a eficiência utilizando o algodão brasileiro. Por isso, iniciamos uma aproximação entre especialistas têxteis da Índia e produtores brasileiros. Técnicos indianos visitarão, ainda neste ano, fazendas, laboratórios e algodoeiras brasileiras para aprenderem como aproveitar melhor a fibra nacional”, pontuou o vice-presidente da Abrapa, Celestino Zanella.


Além de segundo maior produtor e consumidor mundial de algodão, a Índia é detentora do segundo maior parque industrial têxtil do globo. No entanto, o Brasil – maior exportador no ciclo 2024/25 – responde por apenas 4% do mercado indiano. Não à toa, o país mais populoso do mundo é um dos que o programa Cotton Brazil passou a visitar pelo menos uma vez por ano, com missões já realizadas em 2024 e 2025.


A estratégia tem dado bons frutos. De agosto de 2024 a janeiro de 2025, a Índia importou praticamente 112.000 toneladas de algodão do Brasil, volume 14 vezes superior às 8.000 toneladas registradas na temporada 2024/25. “Nos últimos seis meses, embarcamos para Índia um volume superior à soma dos últimos dez anos”, pontuou o diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte Monteiro.


No Paquistão, o governo local comprometeu-se a suspender a exigência de fumigação do algodão brasileiro no desembarque nos portos locais. A fumigação é uma exigência feita por alguns países para evitar riscos sanitários e, atualmente, é realizada tanto na saída das cargas brasileiras quanto na chegada nos portos paquistaneses.


“Entregamos ao governo paquistanês um estudo técnico que fizemos em parceria com a All Pakistan Textile Mills Association (APTMA), mostrando que o procedimento não é necessário”, afirmou o diretor.


A dispensa da fumigação tende a facilitar ainda mais o comércio entre Brasil e Paquistão. Hoje, o algodão brasileiro responde por 24% das importações paquistanesas, com tendência de aumentar. Isso porque a produção própria no país está em queda. O Paquistão é o terceiro maior consumidor e o quarto maior importador de algodão no mundo.


No ano comercial 2023/24, o Brasil exportou 165 mil toneladas para o Paquistão. Nos seis primeiros meses do ciclo 2024/25, foram embarcadas 157,36 mil toneladas – sinal de que as vendas serão maiores.


Programação. A Missão Índia-Paquistão teve uma programação diversificada, com reuniões institucionais, visitas técnicas, participação em evento setorial e contatos comerciais. A Abrapa promoveu ainda quatro edições do seminário “Cotton Brazil Outlook” – em Coimbatore e Mumbai, na Índia, e em Karachi e Lahore, no Paquistão.


Os representantes da Abrapa e da Anea apresentaram dados atualizados sobre a safra brasileira de algodão e estatísticas de exportação. Além disso, os eventos incluíram espaço para perguntas e respostas.


Em Coimbatore, o presidente da Southern India Mills' Association (SIMA), Dr. S K Sundararaman, foi o convidado de honra do evento. Já em Mumbai, coube a Rakesh Mehra, presidente da Confederação da Indústria Têxtil Indiana (CITI), ser o “Guest of Honours” do evento brasileiro.


Em Karachi, o seminário contou com a presença do presidente da APTMA – Sul, Naveed Ahmed, e, em Lahore, Asad Shafi, presidente da APTMA – Norte representou a entidade no evento. A associação foi parceira da Abrapa na elaboração da programação da missão brasileira no Paquistão.

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Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa

ALGODÃO PELO MUNDO #09/2025 07/03/2025

07 de Março de 2025

Destaque da Semana 1 - A semana foi marcada por nova escalada na guerra comercial entre China e EUA. O conflito, iniciado em 2018, recrudesceu nos últimos anos, principalmente com a assinatura do acordo comercial da Fase 1 em jan/20.


Destaque da Semana 2 - As tensões aumentaram no mês passado, quando os EUA impuseram uma tarifa de 10% sobre produtos chineses, levando a retaliações da China, mas ainda sem envolver o agro.


Destaque da Semana 3 - Nesta semana, os EUA elevaram as tarifas para 20%. A China taxou em 15% produtos como frango, trigo, milho e algodão, e em 10% a soja, carne suína e bovina.


Destaque da Semana 4 - As medidas chinesas pressionaram as cotações de algodão na bolsa de NY e imprimiram certo pânico no mercado, que registrou o segundo maior volume de futuros da história. A queda não atingiu o limite de baixa no dia e as perdas foram parcialmente recuperadas nos dois pregões seguintes.


Algodão em NY - O contrato Jul/25 fechou nesta quinta 06/mar cotado a 66,33 U$c/lp (-2,0% vs. 27/fev). O contrato Dez/25 fechou em 68,09 U$c/lp (-0,8% vs. 27/fev).


Basis Ásia - Basis médio do algodão brasileiro posto Leste da Ásia: 933 pts para embarque Mar/Abr-25 (Middling 1-1/8" (31-3-36), fonte Cotlook 06/mar/25).


Baixistas 1 - Escalada na guerra comercial EUA-China, como relatado acima, foi o principal fator baixista da semana, levando a um desabamento nas cotações para os níveis mais baixos em mais de quatro anos.


Altistas 1 - Seca severa a extrema continua se expandindo no sul e centro do Texas, afetando o plantio de algodão nos EUA. No oeste do estado, maior produtor do país, a seca moderada a severa avança, mas o plantio ainda está distante.


Altistas 2 - Queda nos preços do algodão e clima seco bem no meio das decisões de plantio são sinais de que a área plantada pode ser reduzida.


Altistas 3 - O atual patamar de preço, descontados os custos logísticos, equivale ao preço mínimo do produtor norte-americano (Loan Rate). O baixo interesse deles em vender nesses níveis pode ajudar na recuperação das cotações.


Impactos da guerra comercial EUA-China para o setor do algodão do Brasil


Pontos Positivos para o algodão brasileiro
Melhoria do basis na Ásia (basis é o prêmio de venda no exterior, um valor acima da cotação da bolsa)
⁠Maior competitividade no principal mercado importador global, a China


Pontos Negativos para o algodão brasileiro
Queda nas cotações da Bolsa de NY. Na primeira fase da guerra comercial, o aumento no basis não compensou a queda na bolsa, levando a um preço final menor ao produtor
Maior concorrência em outros mercados do algodão do Brasil
Menor espaço para crescimento do Brasil na China, já que o país já quadruplicou sua presença no mercado chinês desde 2018.
Risco de redução na importação chinesa de algodão. O algodão importado pela China é insumo para a exportação de produtos acabados ou semi-acabados. Se a China exportar menos têxteis para os EUA, reduzirá a importação da pluma.


Conclusão
O algodão brasileiro soube aproveitar com sucesso as oportunidades geradas na primeira fase da guerra comercial (2018-2020) e, nesta nova escalada do conflito, deve colher alguns benefícios imediatos.


No entanto, em médio e longo prazos, a instabilidade causada pela disputa comercial entre as duas maiores potências globais gera enormes incertezas.


Essa instabilidade prejudica o comércio e a economia globais e impacta a demanda agregada por algodão, pressionando cotações e comprometendo o crescimento sustentável do setor, tanto no Brasil quanto no mundo.


Exportações - Os dados de exportação desta semana serão divulgados somente à tarde desta sexta-feira.


Beneficiamento 2023/24 - Até ontem (06/03), foi finalizado o processo de beneficiamento nos estados de GO, MA, MG, MS, PI, PR e SP, restando apenas os estados da BA (99%) e MT (99,8%). Total Brasil: 99,68%.


Plantio 2024/25 - Até ontem (06/03), foi finalizado o plantio nos estados da BA (100%), MA (100%), MS (100%), MT (100%), PR (100%) e SP (100%), restando apenas os estados de GO (96,88%), MG (99%) e PI (98,13%). Total Brasil: 99,9%.


Preços - Consulte tabela abaixo


Quadro de cotações para 06-03


Este boletim é produzido pelo Cotton Brazil - cottonbrazil@cottonbrazil.com


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Com tarifaço de Trump, Brasil pode ganhar com agro, calçados e roupas. Analistas explicam por quê

Mas risco de instabilidade na economia global, com inflação e menos crescimento, traz riscos para o país

06 de Março de 2025

Em meio ao tiroteio comercial entre EUA, Canadá, México e China, iniciado por Donald Trump, o Brasil pode sair ganhando em algumas frentes. É o caso das exportações do agronegócio, como carnes, soja e algodão, ou de alguns produtos industriais, como calçados e têxteis.


Por outro lado, efeitos colaterais de médio e longo prazos — mais inflação e menos crescimento na economia mundial ou a inundação de industrializados chineses no mercado brasileiro — poderão superar as oportunidades, dizem especialistas e representantes do setor produtivo.


Em resposta a Trump, o governo da China anunciou aumento de taxas sobre produtos agrícolas americanos. EUA e Brasil competem como maiores exportadores mundiais em diversas culturas, como soja, milho e algodão. Seria então uma oportunidade para os produtores brasileiros venderem mais para a China, maior importadora do mundo.


Segundo Ricardo Santin, presidente da ABPA, associação de produtores de carne de frango e porco, a principal oportunidade para os brasileiros pode vir com melhores retornos. Isso porque a elevação de tarifas da China sobre as vendas americanas de frango e suínos aumentará os preços no mercado chinês.


Os brasileiros poderão, então, redirecionar as vendas de outros mercados que pagam menos e mandar mais para a China.


— Temos um concorrente (os EUA) que acaba de ter tarifação de 15% no frango e 15% nos suínos (no mercado chinês). E temos os canais abertos para exportação para a China — disse Santin.


A Abrapa, associação que representa os produtores de algodão, citou o aumento de preços de venda como um efeito positivo no curto prazo, mas ponderou, em nota, que, no médio e longo prazos a instabilidade provocada pela disputa comercial vai gerar incertezas, o que pode “impactar a demanda agregada”.


Para os produtores de grãos também poderá haver oportunidades de ampliação das vendas para o mercado chinês, mas, por enquanto, o momento é de esperar, segundo Alexandre Baumgart, sócio e presidente das Fazendas Reunidas Baumgart, que produzem soja, milho e gado de corte em Rio Verde, sudoeste de Goiás:


— Estamos, no momento, em espera. Os custos de matérias-primas subiram e, em meio ao caos, nem valor da soja para fevereiro do ano que vem nós temos.


 

Negócios congelados


A comercialização antecipada das safras é algo corriqueiro, mas, por causa das incertezas no comércio global, está paralisada, explicou o produtor rural. Na mesma altura do ano em 2024, as Fazendas Reunidas Baumgart já tinham negociado 25% da safra 2024/2025 de soja, que está sendo colhida agora. Neste ano, nada foi negociado ainda.


A especialista em comércio exterior Lia Valls, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), também chama a atenção para os efeitos colaterais:


— A situação é tão conturbada que o resultado final poderá ser negativo. A taxa de câmbio sempre foi volátil mesmo, mas as tarifas eram vistas como um cenário de mais estabilidade. Agora, Trump tornou a tarifa algo instável.


A incerteza poderá provocar um desarranjo nas cadeias globais da indústria, levando a uma triangulação das empresas para produzir em países onde não houver cobrança, disse o professor de economia chinesa do Insper, Roberto Dumas:


— No médio prazo, essa guerra de tarifas aponta para uma desordem nas cadeias de suprimentos, mas não é fácil, por exemplo, para uma empresa deixar de produzir na China e ir para o Vietnã.


No caso da indústria de calçados, há riscos e oportunidades. No ano passado, o Brasil exportou 10,28 milhões de pares para o mercado americano, uma queda de 3,3% ante 2023, mas, com as tarifas impostas a México, Canadá e China, maior produtora de calçados do mundo, as vendas brasileiras para os EUA poderiam crescer.


— Se não houver nenhum tarifaço sobre os produtos brasileiros, vemos oportunidade de crescimento das exportações para os EUA, que já é o nosso principal destino. Ao mesmo tempo, há o risco do excedente da produção chinesa, que deixaria de ser exportado aos EUA, vir parar no Brasil — disse Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abicalçados, que representa a indústria nacional.


Risco semelhante existe na indústria têxtil, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel:


— Não temos muito a ganhar quando o mundo entra em conflagração, ainda que, no curto prazo, ganhemos um espaço de comércio aqui ou ali.


Luiz Ribas Jr, gestor de mercado internacional da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), diz que há boa chance de ampliar as vendas de insumos para o México.

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China X EUA: Agro vê tarifas com cautela, mas indica que Brasil tem oportunidades

05 de Março de 2025

O início das taxações americanas sobre produtos do México, Canadá e China nesta terça-feira, 4, causou uma escalada no conflito comercial entre as nações. Os chineses anunciaram retaliações sobre produtos agropecuários dos Estados Unidos, como soja, algodão, milho e carnes. Dependendo do produto, a tarifa adicional é de 10% ou 15%.


Esse movimento nas relações de venda e compra pode trazer benefícios para o Agro brasileiro. No entanto, a máxima da prudência tem sido observada pelos produtores e exportadores brasileiros de commodities agropecuárias. O Agro Estadão conversou com algumas das principais entidades representativas do setor para entender o clima e as possíveis oportunidades para o Brasil.


Frango e suínos


No caso das carnes de frango e suína, a taxa que Pequim definiu foi de 15% e 10%, respectivamente. O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, afirma que “ainda é cedo” para tirar conclusões sobre o impacto para as exportações brasileiras dessas carnes.


“Da outra vez, houve uma troca de tarifas, mas depois acabou resultando em um acordo. Naturalmente, estando como está, é possível que o Brasil seja mais procurado exatamente por ser uma alternativa que vai se tornar mais barata”.


No ano passado, o país asiático importou 562,2 mil toneladas de frango brasileiro e 241 mil toneladas de carne suína. Na comparação com 2023, os volumes foram 17,6% e 38% menores, respectivamente. No ranking dos principais países compradores desses produtos brasileiros, a China ficou em primeiro nos destinos de carne de frango e em segundo para a carne suína.


O presidente da ABPA explica que não necessariamente o volume geral de exportações brasileiras deva aumentar, mas pode acontecer de os preços serem reajustados e haver uma troca de destinos — outros mercados perderem volumes na hora das negociações. “Isso, talvez, possa fazer preço. Não significa que vamos vender muito mais volume [geral], mas você pode realocar volumes de outros mercados. Isso vai depender da dinâmica de mercado”.


No dia a dia das negociações, os exportadores brasileiros tendem a priorizar os clientes cativos. “Eles não vão mexer nesses aí”, pondera Santin. A parte flexível está nas vendas à vista, imediatas, que costumam ser mais elásticas nos preços e volumes. “Essa parte flutuante é que vai, talvez, ter uma migração [para a China]. Mas ainda não dá para determinar uma porcentagem”.


Outros pontos levantados na análise de Santin é a destinação da produção norte-americana e possíveis retaliações do México e Canadá. Os mexicanos, por exemplo, são grandes compradores de carne suína e de frango norte-americanos. Uma taxação mexicana nesses produtos pode causar outras dinâmicas no mercado internacional.


Quanto a um possível impacto no mercado interno, o presidente da ABPA diz que não deve ter efeitos práticos. As carnes estão na mira do Governo Federal para que os preços internos possam abaixar. Com mais exportações, o valor interno desses produtos poderia subir e pressionar a inflação dos alimentos. Santin aponta que o risco disso acontecer é inexistente.


“Nossa indústria deixou o aumento da disponibilidade estável para o mercado interno desde a pandemia. Esses movimentos que estão se acenando não influem no nosso mercado interno, que é o nosso maior cliente. O Brasil não vai tirar comida do mercado brasileiro para jogar numa venda à vista que amanhã pode parar. Você conquista uma cota de mercado com oferta e é difícil de conquistar. Esse risco não há”, garante.


Milho e sorgo


A China não figura entre os principais compradores do milho brasileiro, respondendo por apenas 6% das exportações do grão do no ano passado. No entanto, junto com a Argentina e os Estados Unidos, o Brasil faz parte da Aliança Internacional do Milho (Maizall), uma coalizão de associações de produtores de milho responsáveis por 50% da produção mundial do grão e cerca de 80% do comércio internacional.


Com o cenário atual, em que a Argentina enfrenta problemas climáticos na safra e os Estados Unidos estão envolvidos em uma disputa comercial com a China, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho), Paulo Antônio Bertolini, acredita que o Brasil tem potencial para se posicionar como uma alternativa viável e segura para atender à demanda chinesa. “O Brasil é o único país com condições de responder rapidamente à demanda. Temos área para expansão, tecnologia, qualidade de produto, sustentabilidade e produtores extremamente competentes”, afirma Bertolini.


Ao Agro Estadão, Bertolini lembra que a abertura do mercado chinês para o milho brasileiro ocorreu recentemente, no final de 2022. No ano seguinte, o país asiático se tornou o principal destino das exportações brasileiras do produto. Esse avanço ocorreu justamente no ano em que o Brasil teve uma produção recorde de mais de 130 milhões de toneladas de milho, o que fortaleceu a posição do país no mercado global.


No entanto, em 2023, a China também teve uma boa safra de milho — sendo o segundo maior produtor mundial, atrás apenas dos Estados Unidos —, o que resultou em uma redução significativa nas importações do Brasil. Cenário repetido em 2024, quando a China importou 13,64 milhões de toneladas do cereal — recuo de 49,7% na comparação com 2023.


Por isso, o setor enxerga com cautela o atual conflito comercial. “Não podemos esperar grandes mudanças na importação de milho pela China. Além do mais, a China começa com o plantio de sementes transgênicas este ano, o que deve gerar um incremento significativo na sua produtividade e produção do país”, ressalta o presidente da Abramilho.


Algodão


A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) avalia que as tarifas chinesas impostas sobre os Estados Unidos terão efeitos positivos e negativos para o setor.


Entre as vantagens apontadas por Gustavo Piccoli, presidente da Abrapa, estão a melhoria do prêmio de venda na Ásia e uma maior competitividade do algodão brasileiro na China, maior importador global. “Temos a possibilidade de aumentar as exportações no curto prazo”.


No ano passado, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e se consolidou como o maior exportador mundial de algodão, vendendo cerca de 2,8 milhões de toneladas do produto, de acordo com dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Os chineses responderam por cerca de 50% dessa fatia.


No entanto, como efeito negativo, a guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas globais pode estimular uma menor competitividade dos produtos têxteis da China (maior indústria têxtil do planeta) nos Estados Unidos, que é o principal importador do produto. “A demanda chinesa por algodão importado pode ser reduzida”, destaca Piccoli.


O presidente da Abrapa indica, ainda, como desvantagem, um aumento da concorrência em outros mercados, além da queda nas cotações da Bolsa de Nova York, que servem de base para os contratos no Brasil.

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Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa

ALGODÃO PELO MUNDO #08/2025 28/02/2025

28 de Fevereiro de 2025

Destaque da Semana - O USDA e a consultoria Cotlook divulgaram previsões divergentes sobre demanda em 25/26. Missão Cotton Brazil à Índia e Paquistão chega ao fim com ótimos resultados.


Algodão em NY - O contrato Jul/25 fechou nesta quinta 27/fev cotado a 67,68 U$c/lp (-1,2% vs. 20/fev). O contrato Dez/25 fechou em 68,67 U$c/lp (-0,7% vs. 20/fev).


Basis Ásia - Basis médio do algodão brasileiro posto Leste da Ásia: 738 pts para embarque Mar/Abr-25 (Middling 1-1/8" (31-3-36), fonte Cotlook 27/fev/25.


Baixistas 1 - Nesta semana, Donald Trump, presidente dos EUA, anunciou mais 10% de tarifa sobre produtos chineses, além dos 10% já em vigor desde o início do mês.


Baixistas 2 - Os preços do petróleo caíram esta semana devido a um aumento nos estoques dos EUA, sinalizando uma demanda fraca.


Baixistas 3 - Também contribuiu para o cenário baixista da semana a alta no índice do dólar americano.


Altistas 1 - As previsões para 2025/26 divulgadas no USDA Outlook Forum 2025 que ocorre em Washington estão entre neutras a otimistas.


Altistas 2 - O USDA confirmou a queda de área plantada nos EUA em 11%, divergindo levemente do National Cotton Council (NCC).


Altistas 3 - Enquanto o USDA previu 10 milhões de acres para 2025/25, o NCC projetou 9,6 milhões de acres.


Altistas 4 - Globalmente, o USDA previu consumo (25,9 milhões tons) maior que produção (25,4 milhões tons), resultando em redução dos estoques finais.


O&D mundial 1 – Por outro lado, a consultoria Cotlook estimou o consumo mundial em 2025/26 em 24,6 milhões tons (1,3 milhões tons a menos que o USDA).


O&D mundial 2 – A consultoria de Liverpool previu que a safra mundial em 2025/26 será de 25,3 milhões tons, em linha com os 24,4 milhões tons projetados pelo USDA.


Safra mundial 3 – A grande divergência entre os dois números de demanda vai dar o que falar ao longo dos próximos meses.


EUA - O período de plantio de algodão se aproxima nos EUA. Os produtores esperam por mais chuvas para começarem o trabalho.


China 1 - Pesquisa recente da China Cotton Association (CCA) indica que a área plantada com algodão em 2025 será de 2,9 milhões ha - 0,8% a mais frente 2024.


Paquistão 1 - O plantio precoce no Paquistão segue a passos lentos no país devido às baixas temperaturas.


Paquistão 2 - O algodão precoce (até 31/março) é o ideal em termos climáticos, e em média a produtividade é duas vezes maior que na safra normal.


Paquistão 3 - Durante a missão Cotton Brazil no país esta semana, o Ministério da Agricultura local garantiu a representantes da Abrapa e ANEA que irá suspender a fumigação de algodão brasileiro na chegada aos portos paquistaneses.


Paquistão 4 - O governo paquistanês também irá analisar a suspensão da fumigação obrigatória no embarque do algodão no Brasil, após conhecer estudo técnico conjunto da Abrapa e APTMA (associação da indústria têxtil local).


Austrália - A colheita de algodão toma ritmo em alguns estados da Austrália, embora deva se intensificar mesmo nos próximos meses.


Missão Índia-Paquistão 1 - Após mais de 5.000 km percorridos entre Índia e Paquistão, quatro eventos, várias reuniões e visitas a fiações, termina hoje a primeira missão Cotton Brazil de 2025.


Missão Índia-Paquistão 2 - No mercado indiano, principalmente no sul do país, o foco foi na abertura de mercado, uma vez que ainda há grande desconhecimento sobre o algodão do Brasil na região.


Missão Índia-Paquistão 3 - As indústrias indianas são um importante mercado para o algodão brasileiro. Somente nos últimos seis meses, a Índia importou mais algodão do Brasil do que nos últimos oito anos somados.


Missão Índia-Paquistão 4 - Por sua vez, o Paquistão, 3º maior consumidor de algodão do mundo, já é um grande mercado consolidado da fibra brasileira. Industriais de Karachi, Lahore e Islamabad receberam muito bem o grupo brasileiro.


Exportações - As exportações brasileiras de algodão somaram 225,4 mil tons até a terceira semana de fevereiro. A média diária de embarque é 10,6% superior que a registrada no mesmo mês de 2024.


Beneficiamento 2023/24 - Até ontem (27/02), foi finalizado o beneficiamento nos estados de GO, MA, MG, MS, PI, PR e SP, restando apenas os estados da BA (99%) e MT (99,6%). Total Brasil: 99,53%.


Plantio 2024/25 - Até ontem (27/02), foi finalizado o plantio nos estados da BA (100%), MA (100%), MS (100%), MT (100%), PR (100%) e SP (100%), restando GO (96,8%), MG (99%) e PI (96,61%). Total Brasil: 99,87%.


Preços - Consulte tabela abaixo ⬇


Este boletim é produzido pelo Cotton Brazil - cottonbrazil@cottonbrazil.com


Quadro de cotações para 27-02

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Capítulo de fibra

27 de Fevereiro de 2025

O algodão brasileiro é um caso de sucesso e agora está em destaque no novo livro da professora Marlene Marchiori, “Comunicação e Agronegócio: Propósito e Impactos – Volume 3”, lançado esta semana em e-book. Com abertura do ex-presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel, o artigo "Algodão Brasileiro – Uma Guinada Para Além da Lavoura", assinado pela jornalista Catarina Guedes e pela Diretora de Relações Institucionais da associação, Silmara Ferraresi, na página 149, explora a comunicação da cadeia produtiva no contexto atual, com uma retrospectiva sobre a história da fibra no Brasil – desde sua migração para o Cerrado, no final dos anos 1990, até a consolidação do país como um dos maiores e mais sustentáveis produtores de algodão do mundo. A publicação destaca a importância da estratégia de comunicação liderada pela Abrapa para reposicionar o algodão brasileiro no mercado global, fortalecendo sua imagem com base em rastreabilidade, qualidade e sustentabilidade. A versão e-book dos três volumes já está disponível para download no site oficial: www.marlenemarchiori.com.br/Livros. Boa leitura.

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Brasil consolida liderança global na produção de algodão.

Com rastreabilidade e sustentabilidade, país ultrapassa EUA em exportações e reforça protagonismo no mercado mundial

26 de Fevereiro de 2025

O algodão é uma das fibras mais antigas usadas pela humanidade, com registros que datam de mais de 4.000 anos a.C. Hoje, essa matéria-prima representa entre 21% e 23% de tudo o que é consumido pela indústria têxtil de todo o mundo. No Brasil, a utilização desse material é ainda maior, chegando a 40% — em 2024, 700 mil toneladas de algodão passaram pelos maquinários e se transformaram em fios e tecidos nas indústrias brasileiras.


Também no ano passado, o País consolidou seu protagonismo na produção de algodão e se tornou o maior exportador mundial, ultrapassando os Estados Unidos. Em 2024, foram vendidos cerca de 2,8 milhões de toneladas ao mercado externo, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).


Boas práticas


A maior parte da produção local (83%) é atestada com um certificado de boas práticas agrícolas, o Protocolo Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que é o padrão nacional de certificação socioambiental do algodão no País.


Muitos produtores têm buscado essa certificação, conseguida após uma auditoria externa coordenada pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), para demonstrar responsabilidade socioambiental aos investidores e consumidores. “Hoje existe um movimento das varejistas em relação a tecidos mais sustentáveis e a questões relacionadas ao ESG”, avalia Silmara Ferraresi, diretora de Relações Institucionais da Abrapa.


A rastreabilidade do algodão da lavoura até as araras das lojas não só atende às exigências de transparência do consumidor de hoje, como também fortalece a competitividade das marcas brasileiras no mercado global. Esse diferencial tem atraído grandes varejistas como Renner, C&A, Reserva, Dohler, Dudalina e Individual. Em fase-piloto, o Sou ABR (Sou de Algodão Brasileiro Responsável) é um programa criado para atender consumidores que valorizam a sustentabilidade e estão conscientes do impacto de suas decisões de compra — e já contabiliza mais de 194 mil peças de roupas e itens rastreáveis.


“Acreditamos que rastreabilidade e sustentabilidade devem ser acessíveis. Ao levar isso para o grande varejo, como Renner e C&A, conseguimos mostrar ao consumidor que essas práticas também estão ao alcance dele”, diz Silmara Ferraresi.


Esse compromisso com a sustentabilidade também impulsiona o movimento Sou de Algodão, promovido pela Abrapa para aproximar confecções, fiações, malharias e varejistas. Com 1.728 marcas parceiras, o movimento ganhou destaque na São Paulo Fashion Week em desfiles coletivos assinados por 12 estilistas. A próxima edição já está confirmada para outubro de 2025.


Novo recorde


A produção brasileira da fibra deve bater novo recorde na safra 24/25, com cerca de 3,761 milhões de toneladas. Caso as previsões se confirmem, o Brasil continuará liderando as exportações mundiais de algodão. As projeções são tratadas com cautela, pois a colheita se inicia em maio e, até lá, o clima pode influenciar na produtividade. “É cedo para afirmar com certeza. Houve um pequeno aumento na área plantada e, se o clima colaborar, a expectativa é de alcançar esses números ao final da safra”, diz o presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli.

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Brasil lidera exportação de algodão com produção sustentável e certificada

Com mais de 3 milhões de toneladas certificadas na safra 23/24, setor algodoeiro avança em sustentabilidade e amplia presença no mercado global.

25 de Fevereiro de 2025

A produção de algodão no Brasil é um exemplo de sustentabilidade e rastreabilidade no agronegócio. Na safra 2023/2024, mais de 3 milhões de toneladas foram certificadas pelo programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), abrangendo 450 propriedades e representando 84% da produção nacional. O crescimento de mais de 20% em relação ao ciclo anterior reforça o compromisso do setor com as boas práticas ambientais, sociais e econômicas.


Em entrevista ao Planeta Campo, Gustavo Piccoli, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), destacou a evolução da certificação e o impacto positivo dessa iniciativa para a consolidação do Brasil como líder mundial na exportação de algodão. “Esse número representa o compromisso do produtor e das associações estaduais em garantir que a produção seja cada vez mais responsável. O ABR já tem mais de 10 anos e caminha para certificarmos praticamente 100% das propriedades”, afirmou Piccoli.


Boas práticas dentro e fora da porteira


O programa ABR é fundamentado em três pilares: social, ambiental e econômico. Na esfera social, as fazendas certificadas garantem condições de trabalho seguras, respeitam as normas trabalhistas e promovem o bem-estar dos colaboradores. No aspecto ambiental, os produtores adotam técnicas sustentáveis, como o manejo integrado de pragas (MIP), uso de insumos biológicos, proteção de nascentes e redução do uso de defensivos químicos.


“O produtor de algodão tem usado cada vez mais tecnologia de ponta para mitigar impactos ambientais. O uso de bioinsumos e o MIP são estratégicos para manter a sanidade das lavouras com menos impacto”, ressaltou Piccoli.


A sustentabilidade do algodão brasileiro também se estende para além das fazendas. Iniciativas como o programa Sou de Algodão, o ABR Log e o ABR UBA garantem que toda a cadeia produtiva siga padrões de responsabilidade e rastreabilidade. “O Sou de Algodão certifica não só as lavouras, mas também confecções e marcas que utilizam nossa pluma. Já o ABR Log assegura uma logística eficiente e o ABR UBA monitora o beneficiamento do algodão”, explicou.


Desafios e o caminho para 100% da produção certificada


Apesar dos avanços, o setor algodoeiro ainda enfrenta desafios para universalizar a certificação. Segundo Piccoli, a qualidade da pluma e a ampliação dos mercados consumidores são prioridades. “Nosso foco é manter a qualidade e expandir as exportações. Trabalhamos em parceria com a Apex e o MAPA por meio do programa Cotton Brasil, levando nossa produção para o mundo”, disse.


Atualmente, o Brasil já é o maior exportador de algodão do mundo, posto alcançado desde 2023. O objetivo agora é consolidar essa liderança e fortalecer o consumo de algodão no mercado interno. “Precisamos conscientizar o consumidor sobre a importância do algodão natural em relação às fibras sintéticas, que têm maior impacto ambiental. A melhor escolha sempre será o algodão brasileiro certificado”, concluiu o presidente da Abrapa.

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Jeans rastreável: como esta estratégia impacta o meio ambiente e o consumidor?

A prática utilizada por marcas brasileiras segue os princípios ESG para promover transparência e sustentabilidade em toda a cadeia produtiva

25 de Fevereiro de 2025

Faça chuva ou faça sol, o jeans é uma das peças mais amadas e clássicas de qualquer guarda-roupa. E, nos últimos anos, a peça está passando por uma transformação silenciosa, mas poderosa: o jeans rastreável.


Com o apoio de tecnologias como o blockchain, se tornou possível acompanhar toda a jornada do jeans: do cultivo do algodão à prateleira da loja. Mais do que uma inovação tecnológica, essa prática se alinha aos princípios de ESG (sigla, em inglês, para ambiental, social e governança) e promove transparência, sustentabilidade e ética em todo o processo. Mas o que isso, realmente, significa para o consumidor e para o meio ambiente?


O que é e como funciona o jeans rastreável?


Na produção convencional de um jeans, em muitas empresas, há pouca transparência em relação à origem dos materiais e às práticas adotadas ao longo da cadeia produtiva. Essa tecnologia monitora detalhadamente todas as etapas, garantindo que tudo ocorra dentro dos critérios de ESG e apresentando dados como:




  • Origem do algodão utilizado

  • Processos industriais aplicados no jeans

  • Onde foi confeccionado

  • Como foi confeccionado


“Cada etapa da produção, desde a plantação do algodão até o produto final, é registrada em sistemas seguros como o blockchain, que garantem a transparência e a integridade dos dados”, explica Thiago Leão, Gerente de Merchandising da Levi Strauss & Co na América Latina.


blockchain, citado por Thiago Leão, não é a única forma de coletar os dados, mas é uma das principais ferramentas: “Ela funciona como um banco de dados descentralizado que registra todas as transações e etapas do processo de produção de forma segura e transparente”.


Silmara Ferraresi, diretora de relações institucionais da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), completa dizendo que 100% do algodão presente no produto tem certificação socioambiental pelo programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR).


“Na nossa plataforma, a coleta de dados ocorre ao longo de toda a cadeia têxtil: os códigos de barra dos fardos de algodão certificado usados pela fiação, os lotes de fios usados pela tecelagem ou malharia, os lotes de tecido ou malha utilizados pela confecção e, por fim, os lotes de produção das peças finais entregues ao varejo. Tudo isso é validado, a cada etapa, pelo sistema e, quando aprovados, são gravados em blockchain”.


Todas estas informações que compõem o trajeto do jeans ficam disponíveis ao consumidor final: as pessoas podem acessá-las através da leitura de QR codes presentes nas peças dos varejistas que integram o programa de rastreabilidade.


Pioneirismo brasileiro


É isso mesmo: trata-se de uma estratégia que nasceu da parceria entre a Abrapa e o movimento Sou de Algodão. Silmara conta que a iniciativa foi desenvolvida e concretizada de forma coletiva, com a participação de todos os atores envolvidos na cadeia de suprimentos: “Um trabalho de muitas mãos”.


Benefícios socioambientais


A rastreabilidade do jeans vai além da transparência, ela é uma ferramenta poderosa para práticas ESG. O controle rigoroso da cadeia produtiva garante condições de trabalho mais justas para todos o os envolvidos no processo, permite identificar e corrigir excessos no consumo de água, reduzindo o desperdício de materiais e o impacto ambiental.


Segundo um levantamento do Instituto Fashion Revolution, são necessários cerca de 7 mil litros de água para produzir um único par de calças jeans. Pensando nisso, a Levi’s adotou a tecnologia “Water<Less” (“Menos Água”, em inglês), que reduz significativamente o uso de água nos processos de acabamento da peça:


Ela reduz os ciclos de lavagem do jeans e prioriza o uso ozônio para clarear o tecido, evitando a necessidade de água e produtos químicos. Até 2019, economizamos mais de 172 milhões de litros de água”.


— Thiago Leão


Já a Vicunha Têxtil, empresa especializada na produção de denim, destina 100% de água de reuso para outra fábrica. Com esta estratégia, o esgoto doméstico urbano é purificado para uso industrial e reaproveitado, eliminando a necessidade de captação de água de mananciais: “O esgoto, que antes era descartado, agora é reutilizado pela nossa indústria!”


Apesar de a estratégia permitir melhores e mais conscientes escolhas para o consumidor, é preciso que a proposta seja abraçada por toda a indústria têxtil: o que é tendência hoje, pode se tornar uma exigência amanhã!


Silmara cita que um dos desafios dessa ampliação são os “investimentos em novas tecnologias, softwares, equipamentos e treinamento de pessoal”, o que pode encarecer no valor da peça final, caso as marcas não optem por absorver estes custos.


“A rastreabilidade na produção de jeans apresenta desafios técnicos e financeiros, mas também pode trazer benefícios para as marcas que buscam se diferenciar no mercado e atender às expectativas dos consumidores por produtos mais transparentes e sustentáveis”, conclui.


Combate ao greenwashing


Na teoria é tudo muito bonito, mas e na prática, como fica? O greenwashing ainda é uma prática bastante comum nas empresas para divulgar dados falsos sobre supostas propostas socioambientais. Ou seja, para parecerem mais ecológicas do que realmente são, elas divulgam campanhas enganosas e utilizam descrições vagas nos rótulos de seus produtos.


Para combater esta “maquiagem verde”, existem certificações e regulamentações que garantem a autenticidade dos dados coletados, como explica Luciano Grassi Tamiso, diretor de novos negócios da AgTrace, plataforma que faz o monitoramento


“Cada parceiro envia seus dados para o sistema, juntamente com as evidências e documentos comprobatórios, como notas fiscais e romaneios, por exemplo. Esses dados são automaticamente validados, conforme as regras predefinidas para o projeto, e são verificados com os demais elos da cadeia produtiva. Após a validação, as informações ficam registradas no blockchain e seus dados se tornam imutáveis”.


Vale lembrar que, além do jeans rastreável, há outras formas de consumir moda com consciência:




  • Busque informações sobre as marcas antes de adquirir os produtos

  • Descarte corretamente as roupas e outros materiais têxteis

  • Consuma de etiquetas que promovam práticas ambientais, como oferta de pontos de coleta de roupas

  • Procure marcas que utilizam técnicas como o upcycling, que transforma um material usado em um novo item

  • Compre peças de segunda mão em brechós

  • Invista em aluguel de roupas e acessórios

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Com produção recorde, Brasil se torna o maior exportador de algodão do mundo pela primeira vez

24 de Fevereiro de 2025

A edição de sábado (22) do Jornal Nacional, da Rede Globo, destacou o avanço do Brasil no mercado global de algodão. O país alcançou o posto de maior exportador mundial da fibra, superando os Estados Unidos, que lideravam o ranking há duas décadas. Esse marco é resultado de grandes investimentos em tecnologia no campo, que elevaram a qualidade do algodão brasileiro e despertaram o interesse da indústria têxtil em diversas partes do mundo. Confira aqui a reportagem completa.

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