Voltar

Guerra comercial EUA-China gera incerteza no comércio internacional

Apetite chinês por algodão apresentou recuo de 58% no primeiro bimestre de 2025 em relação ao ano anterior

26 de Março de 2025

A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China tem gerado incerteza no comércio internacional. Para se ter uma ideia, as exportações semanais de algodão do país norte-americano somaram 101.058 fardos, o menor volume semanal desde outubro.


As informações constam no Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa desta sexta-feira (21).


Confira os destaques trazidos pelo Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa:


Algodão em NY – O contrato Jul/25 fechou nesta quinta 20/mar cotado a 67,57 U$c/lp (-0,2% vs. 13/mar). O contrato Dez/25 fechou em 69,36 U$c/lp (+0,2% vs. 13/mar).


Basis Ásia – Basis médio do algodão brasileiro posto Leste da Ásia: 841 pts para embarque Mar/Abr-25 (Middling 1-1/8″ (31-3-36), fonte Cotlook 20/mar/25).


Baixistas 1 – As exportações semanais de algodão dos EUA somaram 101.058 fardos, o menor volume semanal desde outubro. A China cancelou 49.300 fardos.


Baixistas 2 – O Federal Reserve dos EUA manteve as taxas de juros inalteradas, mas aumentou a previsão de inflação para 2025 para 2,7% (antes era 2,5%).


Altistas 1 – O plantio de algodão nos EUA já começou no Sul do Texas, mas sob condições de seca severa.


Altistas 2 – O Monitor de Seca dos EUA indicou que as regiões High Plains e Rolling Plains estão em condições de seca moderada a anormal.


Plantio 1 – A disponibilidade de água também causa apreensão no Paquistão, onde o plantio acelerou nesta semana.


Plantio 2 – Já na China, a expectativa é de que a semeadura avance na próxima semana a partir do sul de Xinjiang, rumo às áreas do norte.


Fiações 1 – Na Índia, as fiações operam quase que na capacidade total, apesar da limitação na oferta. Em Bangladesh, a produção está reduzida.

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

Anpii Bio reúne líderes para impulsionar bioinsumos no Brasil

Durante o encontro, o presidente da entidade reforçou a necessidade de políticas públicas e incentivos para o setor

26 de Março de 2025

A Anpii Bio promoveu recentemente um jantar em Brasília (DF) para celebrar os avanços do setor de bioinsumos e discutir os próximos passos para a plena regulamentação da Lei dos Bioinsumos. O evento reuniu mais de 100 participantes, incluindo representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Anvisa, CNA, Aprosoja, Abrapa, além de parlamentares e lideranças do setor produtivo.


O Brasil é o maior mercado mundial de bioinsumos, com uma indústria que movimentou R$ 5,7 bilhões na última safra e previsão de crescimento de 60% até 2030. Segundo a Dunham Trimmer LLC, o país já representa 11,3% do consumo global, podendo atingir 16,4% até o final da década.


Para Júlia Emanuela de Souza, diretora de Relações Institucionais da Anpii Bio, a regulamentação é essencial para fortalecer o setor. “Trabalhamos para criar um ambiente favorável à inovação e garantir que os bioinsumos tenham um papel cada vez mais estratégico na produção agrícola”, afirmou.


A Lei dos Bioinsumos, sancionada no final de 2024, foi um marco para o setor, mas regulamentações complementares ainda são necessárias. Durante o jantar, Guilherme de Figueiredo, presidente da Anpii Bio, reforçou a necessidade de políticas públicas e incentivos para manter o Brasil na liderança global do segmento.


A Anpii Bio seguirá atuando para reduzir burocracias, facilitar o registro de bioinsumos multifuncionais e estimular a pesquisa científica, promovendo o crescimento sustentável da Nova Revolução Verde.

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

Como guerra tarifária pode mudar o consumo mundial de algodão

Brasil pode tirar vantagem desse cenário, com aumento das exportações; mas há desafios

24 de Março de 2025

Uma nova versão da guerra tarifária promovida pelos EUA contra alguns de seus parceiros comerciais terá impactos consideráveis para alguns setores do agronegócios, e a cadeia do algodão não está imune a esses efeitos. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o tema tem sido o foco das atenções de produtores, exportadores e indústria.


Durante a reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, do Ministério da Agricultura, realizada em Brasília, o diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, destacou os efeitos positivos e negativos com as tensões comerciais envolvendo as principais economias do mundo.


Para ele, de bom para o Brasil, a guerra comercial pode promover a melhoria dos prêmios do algodão na Ásia, uma maior competitividade no mercado chinês e a possibilidade de aumento das exportações no curto prazo.


“No entanto, há desafios, como a queda nas cotações da Bolsa de Nova York, maior concorrência em outros mercados e o fato de que o Brasil já ampliou significativamente sua participação na China, reduzindo o espaço para novos ganhos expressivos. Além disso, como o algodão importado pela China é majoritariamente usado para exportação de produtos têxteis, a taxação sobre esses bens pode limitar a demanda”, explicou, em nota.


Segundo o diretor, com as novas tarifas anunciadas para 2025, os EUA podem perder ainda mais participação na China, consolidando o Brasil como principal fornecedor, mas sem a mesma intensidade da primeira fase da guerra comercial, num primeiro momento.


Ainda de acordo com Marcelo Duarte, o fim da isenção fiscal "De Minimis" – que permitia importações de até US$ 800 sem tributação, nos EUA – também pode afetar o consumo global, reduzindo a competitividade dos produtos têxteis chineses à base de poliéster e contribuindo para o aumento da demanda por produtos de maior qualidade, feitos de algodão.


“Isso pode significar menor demanda por produtos sintéticos de baixa qualidade via correios e maior importação de produtos de algodão via os canais convencionais de importação”, detalhou.


Exportações


De acordo com os números apresentados pela Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) na reunião, de julho de 2024 até março de 2025, o Brasil já embarcou 2,2 milhões de toneladas de pluma, enquanto no último ano comercial (jul2024/jun2025), o volume exportado foi de 2,5 milhões de toneladas. O presidente da Anea, Miguel Faus, afirma que o cenário global é de preços reprimidos, devido a uma demanda internacional enfraquecida, influenciada por fatores como inflação e baixas taxas de juros.


“A China segue sendo um destino importante para o algodão brasileiro, mas a concorrência dos Estados Unidos deve se intensificar em mercados onde o Brasil tem se consolidado nos últimos anos, como Índia, Egito, Paquistão, Bangladesh, Vietnã e Turquia”, destacou.


“Os Estados Unidos, por sua vez, estão negociando um acordo de livre comércio com a Índia para isentar 60 mil toneladas de algodão da tarifa de importação, o que pode impactar a participação brasileira nesse mercado”, acrescentou Faus.


Segundo o presidente da Anea, a logística de exportação tem se destacado, permitindo que o Brasil bata recordes no escoamento do algodão. “A logística não deve ser um grande problema, desde que haja disponibilidade de navios, contêineres e rotas de transporte - atualmente, cerca de 50% da safra já foi vendida”.


Preços


Na avaliação do presidente da Anea, não haverá grandes mudanças para os preços da pluma nos próximos meses, já que a oferta mundial ainda é maior que o consumo. “A demanda também está abaixo do esperado, o que impede uma valorização expressiva do produto. No entanto, o mercado tem mostrado uma autorregulação: quando os preços caem muito, a demanda tende a crescer, o que ajuda a equilibrar as cotações”.


Projeção de safra


Ainda na reunião da Câmara Setorial, a Abrapa informou que a estimativa da área de lavouras ocupadas com a cultura em 2024/25 é um pouco superior ao projetado pela Conab na safra passada, que foi de 3,70 milhões de toneladas.


A entidade reforça que a confirmação de área vai depender do desempenho da produtividade esperada pelos cotonicultores, em 1842 quilos por hectare, o que já representa 3,2% a menos do que a registrada no ciclo anterior. No momento, ocorrências de veranicos têm alertado produtores em algumas regiões de Estados como Bahia e Goiás.


De acordo com o presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli, os números ainda são preliminares, já que a safra em Mato Grosso, maior produtor do país, está no início.


“Podemos dizer que tudo está ocorrendo dentro da normalidade até aqui, mas existem preocupações com relação ao clima, e alguns Estados já sentem os efeitos da estiagem. Mas tivemos notícias de que já choveu na Bahia, por exemplo. De todo modo, ainda é cedo para fechar as previsões. Preferimos sempre ser conservadores em nossas projeções”, afirmou Picolli.

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

Brazilian Cotton School encerra primeira semana com foco em qualidade, sustentabilidade e mercado global

21 de Março de 2025

Depois de uma semana cheia de conteúdos sobre os muitos aspectos que envolvem o algodão e de uma visita a uma fazenda produtora da fibra, os alunos da segunda edição da Brazilian Cotton School já se preparam para uma nova etapa da imersão, a partir de segunda-feira (24), em São Paulo, onde estão previstas visitas técnicas a indústrias têxteis, laboratórios e ao Porto de Santos.


 A Brazilian Cotton School é uma iniciativa conjunta entre a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) e Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM). A jornada de conhecimento permite ao participante uma visão 360º do setor, desde as operações de produção, transformação, comercialização, regulação e promoção da matéria-prima. “Para a Abrapa, foi uma semana extremamente produtiva em Brasília e uma grande satisfação receber os participantes, proporcionando uma troca de experiências para todos os envolvidos”, afirmou Gustavo Piccoli, presidente da entidade.


A qualidade da análise de algodão foi um dos temas abordados na primeira semana da capacitação, e teve como facilitadores Edson Mizoguchi, gestor do Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI) da Abrapa, e Rhudson Assolari, gerente do Laboratório de Análises de Fibra da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), que apresentaram os programas Standard Brasil HVI (SBRHVI) e o Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB). Já a rastreabilidade e a promoção no mercado interno ficaram a cargo de Silmara Ferraresi, diretora de Relações Institucionais da Abrapa, que apresentou o Sistema Abrapa de Identificação (SAI) e o programa Sou Algodão Brasileiro Responsável (SouABR), responsável por contar a história de uma peça de algodão, desde a semente até o guarda-roupa. Fábio Carneiro, gestor de Sustentabilidade da Abrapa, detalhou os protocolos de certificação ABR, ABR-UBA e ABR-LOG, que asseguram boas práticas na produção, beneficiamento e logística da matéria-prima.


Na quinta-feira (20), os alunos deixaram a sala de aula para uma visita à Fazenda Pamplona, no município de Cristalina, que é considerada modelo de produção da fibra no Brasil. Na sexta (21), foi a vez de falar de mercado externo. Marcelo Duarte, diretor de Relações Internacionais da Abrapa, abordou a conjuntura da commodity e a promoção do algodão brasileiro promovida pelo programa Cotton Brazil, parceria entre Abrapa, ApexBrasil e Anea.


“A primeira semana do curso foi intensa e de muita troca de conhecimento sobre produção agrícola, dentro e fora da classe. O primeiro módulo do curso foi coroado com uma visita à Fazenda Pamplona. Agora, seguimos para a próxima etapa em São Paulo com muita energia”, afirmou Marcelo Escorel, diretor da Brazilian Cotton School.


Para Mayron Toshio Kaneko da Silva, operador portuário na Wilson Sons / Tecon, em Salvador, um dos alunos do curso, a experiência está sendo surpreendente. “Desde o primeiro dia, imergimos em um ambiente dinâmico, com professores que apresentaram aulas interativas, combinando teoria e prática, proporcionando um entendimento sobre cada etapa da produção. A visita técnica e os estudos de caso reais, tornaram o aprendizado estimulante. Como operador portuário, sendo a parte final da cadeia logística, confesso que estou impressionado pois não tinha noção de todos os desafios enfrentados. Estou animado para o que vem por aí, nas próximas duas semanas".


 

Foto: SLC Agrícola

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

Sou de Algodão promove encontros em universidades parceiras de Goiás e São Paulo

Iniciativa da Abrapa realizou palestras para mais de 160 estudantes e docentes, destacando a importância da criatividade, transparência e responsabilidade na moda

21 de Março de 2025

Seguindo a agenda de compromissos com as universidades parceiras, entre os dias 19 e 20 de março, o Sou de Algodão, iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), promoveu três apresentações, sendo na Universo, em Goiânia, na Universidade Estadual do Goiás (UEG), e na Anhembi Morumbi, em São Paulo. Ao todo, mais de 160 estudantes e docentes dos cursos de Moda destas instituições foram impactados pelas conversas conduzidas por Manami Kawaguchi, gestora de relações institucionais do movimento, e seus convidados. Ela foi a responsável por mostrar as possibilidades criativas usando o algodão, além de compartilhar os pilares de trabalho do movimento e da Associação, alinhados à sustentabilidade e à valorização da fibra nacional.

O primeiro encontro aconteceu na Universidade Salgado de Oliveira (Universo), e contou com a presença de Lucas Caslú, vencedor do 3º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores. Em forma de bate-papo, o estudante do último ano do curso de Design de Moda da instituição, falou sobre suas estratégias e a importância do trabalho coletivo. "Compartilhei um pouco sobre o meu processo criativo, além de falar sobre minha trajetória, o que faço atualmente e os detalhes da próxima coleção. Também dividi alguns dos meus planos para o futuro”, explica Lucas.

“A palestra foi um verdadeiro sucesso! A participação do Lucas foi incrível, compartilhando sua experiência como vencedor do 3º Desafio e destacando a importância da criatividade e persistência. A interação com os alunos foi maravilhosa, tornando essa uma experiência enriquecedora para todos”, comenta Suely Calafiori, Coordenadora do curso de Design de Moda da Universo.

Na parte da noite, Manami conduziu uma palestra na UEG destacando o trabalho da Abrapa, seus pilares estruturais e projetos, como os programas de sustentabilidade, rastreabilidade, qualidade e promoção. Entre os principais pontos mencionados, a gestora ressaltou a liderança do Brasil na produção de algodão responsável e a capacidade de atender integralmente a demanda interna. Também destacou que os setores têxtil e de confecção são o segundo maior gerador de empregos no Brasil.

Além de compreenderem a importância da transparência e da sustentabilidade, os estudantes puderam conhecer de perto as diversas possibilidades de se trabalhar com o algodão, uma fibra natural, versátil e amplamente disponível no Brasil. “O algodão brasileiro oferece inúmeras oportunidades criativas para os futuros profissionais da moda, desde o design até a confecção, e contribui para o desenvolvimento de uma indústria mais responsável e conectada com as demandas do consumidor”, reforça Manami.

"É sempre um prazer receber o movimento em nosso curso, e a palestra ministrada pela Manami foi mais uma experiência enriquecedora para nossos alunos. O auditório da UEG Laranjeiras/Goiânia estava lotado, e os 40 estudantes do primeiro período tiveram a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre o algodão e suas inúmeras possibilidades criativas. Nossa parceria com o Sou de Algodão, que já nos proporcionou talks, palestras e visitas técnicas inspiradoras, segue fortalecida, contribuindo para a formação de designers mais conscientes e preparados para o mercado”, comemora a Profa. Ma. Carla Barros Nascimento, da UEG.



Já no dia seguinte, em São Paulo, foi a vez dos alunos da Anhembi Morumbi conhecerem mais sobre o Sou de Algodão. Junto com a estilista parceira Heloisa Strobel, responsável pela marca Reptilia, a aula magna destacou o trabalho da profissional no mercado da moda, que desfila sua nova coleção na edição N59 da São Paulo Fashion Week, em abril.


“Estamos cada vez mais entusiasmados com essa parceria, que nos permite proporcionar aos jovens estudantes oportunidades concretas de transformar seus sonhos profissionais em realidade, sempre com foco na sustentabilidade e no uso consciente dos recursos na Moda. Nosso agradecimento especial à Heloisa Strobel, que compartilhou sua trajetória e inspirou os futuros profissionais do universo fashion”, comenta Déborah Serretiello, Coordenadora dos cursos de Moda da Anhembi Morumbi.


Outro destaque da palestra foi a discussão sobre a visão do consumidor que está cada vez mais preocupado com a sustentabilidade e a busca por transparência das empresas. Segundo Manami, o Brasil tem a vantagem de conseguir produzir uma moda 100% nacional. “É preciso conscientizar os futuros profissionais sobre a importância de toda a cadeia e a valorização da indústria nacional. A moda brasileira tem grande vantagem: criadores talentosos, uma indústria diversificada e uma cadeia produtiva responsável. Podemos mostrar por quantas mãos aquela peça passa até chegar a quem compra, já que temos uma cadeia têxtil completa e verticalizada, desde a produção da matéria prima, que é produzida com responsabilidade socioambiental e certificada”, conclui.


Sobre Sou de Algodão


Movimento criado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em 2016, para despertar uma consciência coletiva em torno da moda e do consumo responsável. Para isso, a iniciativa une e valoriza os profissionais da cadeia produtiva e têxtil, dialogando com o consumidor final com ações, conteúdo e parcerias com marcas e empresas. Outro propósito é informar e democratizar o Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que segue rigorosos critérios ambientais, sociais e econômicos e certifica 82% de toda a produção nacional de algodão.

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

Cadeia produtiva do algodão avalia perspectivas da safra 24/25

Setor discute cenário global, guerra comercial e impactos no consumo, além das projeções de produção e exportação da fibra

21 de Março de 2025

Com expectativa de crescimento de área plantada estimada em 10,3% em 2024/2025, a safra brasileira de algodão deve chegar a 3,95 milhões de toneladas do produto beneficiado (pluma), de acordo com os números apresentados pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), na reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), realizada em Brasília. Guerra comercial, cenário econômico global, preços e pontos de atenção em relação do clima deram o tom da reunião de número 78ª da câmara, a primeira de quatro anuais.


 Além de incremento de área e produção e exportações, o setor pode ter um aumento de até 20 mil toneladas no consumo da indústria nacional, que no ano passado fechou em 750 mil toneladas e o Brasil tem ampliado mercado para além da China, em países como Egito, Paquistão e Índia. A próxima reunião da Câmara está prevista para 30 de junho.


Normalidade


A estimativa da área de lavouras ocupadas com a cultura é um pouco superior ao projetado pela Conab na safra passada, que foi de 3,70 milhões de toneladas. A confirmação vai depender do desempenho da produtividade esperada pelos cotonicultores, em 1842 quilos por hectare, o que já representa 3,2% a menos do que a registrada no ciclo anterior. No momento, ocorrências de veranicos têm alertado produtores em algumas regiões de estados como Bahia e Goiás.


De acordo com o presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli, que conduziu a reunião pela primeira vez, sucedendo o ex-presidente da associação e da Câmara, Alexandre Schenkel, os números ainda são preliminares, já que a safra em Mato Grosso, maior produtor do país, está no início.


“Podemos dizer que tudo está ocorrendo dentro da normalidade até aqui, mas existem preocupações com relação ao clima, e alguns estados já sentem os efeitos da estiagem. Mas tivemos notícias de que hoje (19), já choveu na Bahia, por exemplo. De todo modo, ainda é cedo para fechar as previsões. Preferimos sempre ser conservadores em nossas projeções”, afirmou Picolli.


Guerra Comercial


O tema do clima perdeu protagonismo na reunião para a pauta que tem sido o foco das atenções de produtores, exportadores e indústria, a guerra tarifária entre Estados Unidos e China, e as repercussões sobre o consumo da fibra. De acordo do diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, a nova fase da guerra comercial – a primeira foi em julho de 2018 – traz impactos diretos para o algodão brasileiro. Dentre os positivos, Duarte destacou a melhoria do basis na Ásia, uma maior competitividade no mercado chinês e a possibilidade de aumento das exportações no curto prazo.


“No entanto, há desafios, como a queda nas cotações da Bolsa de Nova York, maior concorrência em outros mercados e o fato de que o Brasil já ampliou significativamente sua participação na China, reduzindo o espaço para novos ganhos expressivos. Além disso, como o algodão importado pela China é majoritariamente usado para exportação de produtos têxteis, a taxação sobre esses bens pode limitar a demanda”, explicou. Segundo o diretor, com as novas tarifas anunciadas para 2025, os EUA podem perder ainda mais participação na China, consolidando o Brasil como principal fornecedor, mas sem a mesma intensidade da primeira fase da guerra comercial, num primeiro momento.


De Minimis


Ainda de acordo com Marcelo Duarte, o fim da isenção fiscal "De Minimis" – que permitia importações de até US$ 800 sem tributação, nos EUA – também pode afetar o consumo global, reduzindo a competitividade dos produtos têxteis chineses à base de poliéster e contribuindo para o aumento da demanda por produtos de maior qualidade, feitos de algodão.  “Isso pode significar menor demanda por produtos sintéticos de baixa qualidade via correios e maior importação de produtos de algodão via os canais convencionais de importação”, explicou.


Exportações


De acordo com os números apresentados pela Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) na reunião, de julho de 2024 até março de 2025, o Brasil já embarcou 2,2 milhões de toneladas de pluma, enquanto no último ano comercial (jul2024/jun2025), o volume de algodão exportado foi de 2.58 milhões de toneladas. O presidente da Anea, Miguel Faus, afirma que o cenário global é de preços reprimidos, devido a uma demanda internacional enfraquecida, influenciada por fatores como inflação e baixas taxas de juros. “A China segue sendo um destino importante para o algodão brasileiro, mas a concorrência dos Estados Unidos deve se intensificar em mercados onde o Brasil tem se consolidado nos últimos anos, como Índia, Egito, Paquistão, Bangladesh, Vietnã e Turquia”, destacou.


“Os Estados Unidos, por sua vez, estão negociando um acordo de livre comércio com a Índia para isentar 60 mil toneladas de algodão da tarifa de importação, o que pode impactar a participação brasileira nesse mercado”, disse Faus.


Metade já vendida


Segundo o presidente da Anea, a logística de exportação tem se destacado, permitindo que o Brasil bata recordes no escoamento do algodão. “A logística não deve ser um grande problema, desde que haja disponibilidade de navios, contêineres e rotas de transporte - atualmente, cerca de 50% da safra já foi vendida”, disse. Os números divulgados pelo USDA confirmam o maior exportador mundial de algodão também nesta safra.


“Quanto aos preços, a tendência é de estabilidade, uma vez que a produção global ainda supera o consumo, limitando aumentos significativos nos valores. A demanda também está abaixo do esperado, o que impede uma valorização expressiva do produto. No entanto, o mercado tem mostrado uma autorregulação: quando os preços caem muito, a demanda tende a crescer, o que ajuda a equilibrar as cotações.

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

Primeira reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados avalia perspectivas para a safra 2024/2025

Setor discute cenário global, guerra comercial e impactos no consumo, além das projeções de produção e exportação da fibra.

21 de Março de 2025

Com expectativa de crescimento de área plantada estimada em 10,3% – 2.145,5 milhões de hectares – em 2024/2025, a safra brasileira de algodão deve chegar a 3,95 milhões de toneladas do produto beneficiado (pluma), de acordo com os números apresentados pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), na quarta-feira (19), na reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), realizada em Brasília. Guerra comercial, cenário econômico global, preços e pontos de atenção em relação do clima deram o tom da reunião de número 78ª da câmara, a primeira de quatro anuais.


 Além de incremento de área e produção e exportações, o setor pode ter um aumento de até 20 mil toneladas no consumo da indústria nacional, que no ano passado fechou em 750 mil toneladas e o Brasil tem ampliado mercado para além da China, em países como Egito, Paquistão e Índia. A próxima reunião da Câmara está prevista para 30 de junho.


Normalidade


A estimativa da área de lavouras ocupadas com a cultura é um pouco superior ao projetado pela Conab na safra passada, que foi de 3,70 milhões de toneladas. A confirmação vai depender do desempenho da produtividade esperada pelos cotonicultores, em 1842 quilos por hectare, o que já representa 3,2% a menos do que a registrada no ciclo anterior. No momento, ocorrências de veranicos têm alertado produtores em algumas regiões de estados como Bahia e Goiás.


De acordo com o presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli, que conduziu a reunião pela primeira vez, sucedendo o ex-presidente da associação e da Câmara, Alexandre Schenkel, os números ainda são preliminares, já que a safra em Mato Grosso, maior produtor do país, está no início.


“Podemos dizer que tudo está ocorrendo dentro da normalidade até aqui, mas existem preocupações com relação ao clima, e alguns estados já sentem os efeitos da estiagem. Mas tivemos notícias de que hoje (19), já choveu na Bahia, por exemplo. De todo modo, ainda é cedo para fechar as previsões. Preferimos sempre ser conservadores em nossas projeções”, afirmou Picolli.


Guerra Comercial


O tema do clima perdeu protagonismo na reunião para a pauta que tem sido o foco das atenções de produtores, exportadores e indústria, a guerra tarifária entre Estados Unidos e China, e as repercussões sobre o consumo da fibra. De acordo do diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, a nova fase da guerra comercial – a primeira foi em julho de 2018 – traz impactos diretos para o algodão brasileiro. Dentre os positivos, Duarte destacou a melhoria do basis na Ásia, uma maior competitividade no mercado chinês e a possibilidade de aumento das exportações no curto prazo.


“No entanto, há desafios, como a queda nas cotações da Bolsa de Nova York, maior concorrência em outros mercados e o fato de que o Brasil já ampliou significativamente sua participação na China, reduzindo o espaço para novos ganhos expressivos. Além disso, como o algodão importado pela China é majoritariamente usado para exportação de produtos têxteis, a taxação sobre esses bens pode limitar a demanda”, explicou. Segundo o diretor, com as novas tarifas anunciadas para 2025, os EUA podem perder ainda mais participação na China, consolidando o Brasil como principal fornecedor, mas sem a mesma intensidade da primeira fase da guerra comercial, num primeiro momento.


De Minimis


Ainda de acordo com Marcelo Duarte, o fim da isenção fiscal "De Minimis" – que permitia importações de até US$ 800 sem tributação, nos EUA – também pode afetar o consumo global, reduzindo a competitividade dos produtos têxteis chineses à base de poliéster e contribuindo para o aumento da demanda por produtos de maior qualidade, feitos de algodão.  “Isso pode significar menor demanda por produtos sintéticos de baixa qualidade via correios e maior importação de produtos de algodão via os canais convencionais de importação”, explicou.


Exportações


De acordo com os números apresentados pela Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) na reunião, de julho de 2024 até março de 2025, o Brasil já embarcou 2,2 milhões de toneladas de pluma, enquanto no último ano comercial (jul2024/jun2025), o volume de algodão exportado foi de 2.58 milhões de toneladas. O presidente da Anea, Miguel Faus, afirma que o cenário global é de preços reprimidos, devido a uma demanda internacional enfraquecida, influenciada por fatores como inflação e baixas taxas de juros. “A China segue sendo um destino importante para o algodão brasileiro, mas a concorrência dos Estados Unidos deve se intensificar em mercados onde o Brasil tem se consolidado nos últimos anos, como Índia, Egito, Paquistão, Bangladesh, Vietnã e Turquia”, destacou.


“Os Estados Unidos, por sua vez, estão negociando um acordo de livre comércio com a Índia para isentar 60 mil toneladas de algodão da tarifa de importação, o que pode impactar a participação brasileira nesse mercado”, disse Faus.


Metade já vendida


Segundo o presidente da Anea, a logística de exportação tem se destacado, permitindo que o Brasil bata recordes no escoamento do algodão. “A logística não deve ser um grande problema, desde que haja disponibilidade de navios, contêineres e rotas de transporte - atualmente, cerca de 50% da safra já foi vendida”, disse. Os números divulgados pelo USDA confirmam o maior exportador mundial de algodão também nesta safra.


“Quanto aos preços, a tendência é de estabilidade, uma vez que a produção global ainda supera o consumo, limitando aumentos significativos nos valores. A demanda também está abaixo do esperado, o que impede uma valorização expressiva do produto. No entanto, o mercado tem mostrado uma autorregulação: quando os preços caem muito, a demanda tende a crescer, o que ajuda a equilibrar as cotações.


Indústria


O setor têxtil brasileiro fechou 2024 com crescimento de 4,8%, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), presente à reunião. A confecção avançou quase 4% e o varejo, cerca de 3%. No entanto, as importações cresceram cerca de 20%, o que preocupa a indústria.


“Quando as importações crescem em um ritmo bem superior ao do mercado, perdemos espaço”, alerta Fernando Pimentel, presidente da Abit, destacando que 23% a 25% do vestuário vendido no Brasil já vem do exterior. Para 2025, segundo a entidade, o cenário é de insegurança, com juros elevados e pressão sobre o consumo. A expectativa de crescimento caiu para 2% no setor têxtil e até 1% na confecção, bem abaixo dos números de 2024. “O consumidor está espremido pelos preços dos alimentos, energia e outros itens essenciais, o que reduz sua capacidade de compra”, aponta Pimentel.


A boa notícia da indústria para os produtores é que o consumo de algodão no mercado interno pode crescer até 20 mil toneladas. Mas depende do cenário econômico. “Se não houver mudança forte nos preços relativos favorecendo os sintéticos, dá para imaginar um leve avanço”. Ele reforça que a competição global segue desigual: “Não temos oposição ao comércio internacional, mas sim a um comércio desequilibrado e desleal”, concluiu.

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

Relatório de safra - março de 2025

21 de Março de 2025

Com o plantio praticamente encerrado, a safra 2024/2025 avança com boas perspectivas. A Abrapa projeta 2,14 milhões de hectares plantados e 3,95 milhões de toneladas produzidas, um crescimento de 6,8% em relação ao ciclo anterior. No campo, as lavouras mais avançadas já começam a formar as maçãs. Enquanto isso, no mercado externo, fevereiro foi um mês histórico, com 274,6 mil toneladas exportadas e receita de US$ 462,2 milhões. Quer saber mais detalhes? Clique aqui e confira o relatório completo da safra de março.


 

 

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

Primeira reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados avalia perspectivas para a safra 2024/2025

Setor discute cenário global, guerra comercial e impactos no consumo, além das projeções de produção e exportação da fibra.

20 de Março de 2025

Com expectativa de crescimento de área plantada estimada em 10,3% – 2.145,5 milhões de hectares – em 2024/2025, a safra brasileira de algodão deve chegar a 3,95 milhões de toneladas do produto beneficiado (pluma), de acordo com os números apresentados pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), na quarta-feira (19), na reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), realizada em Brasília. Guerra comercial, cenário econômico global, preços e pontos de atenção em relação ao clima deram o tom da reunião de número 78 da câmara, a primeira de quatro anuais.


Além de incremento de área e produção e exportações, o setor pode ter um aumento de até 20 mil toneladas no consumo da indústria nacional, que no ano passado fechou em 750 mil toneladas e o Brasil tem ampliado mercado para além da China, em países como Egito, Paquistão e Índia. A próxima reunião da Câmara está prevista para 30 de junho.


Normalidade


A estimativa da área de lavouras ocupadas com a cultura é um pouco superior ao projetado pela Conab na safra passada, que foi de 3,70 milhões de toneladas. A confirmação vai depender do desempenho da produtividade esperada pelos cotonicultores, em 1842 quilos por hectare, o que já representa 3,2% a menos do que a registrada no ciclo anterior. No momento, ocorrências de veranicos têm alertado produtores em algumas regiões de estados como Bahia e Goiás.


De acordo com o presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli, que conduziu a reunião pela primeira vez, sucedendo o ex-presidente da associação e da Câmara, Alexandre Schenkel, os números ainda são preliminares, já que a safra em Mato Grosso, maior produtor do país, está no início. “Podemos dizer que tudo está ocorrendo dentro da normalidade até aqui, mas existem preocupações com relação ao clima, e alguns estados já sentem os efeitos da estiagem. Mas tivemos notícias de que hoje (19), já choveu na Bahia, por exemplo. De todo modo, ainda é cedo para fechar as previsões. Preferimos sempre ser conservadores em nossas projeções”, afirmou Picolli.


Guerra Comercial


O tema do clima perdeu protagonismo na reunião para a pauta que tem sido o foco das atenções de produtores, exportadores e indústria, a guerra tarifária entre Estados Unidos e China, e as repercussões sobre o consumo da fibra. De acordo do diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, a nova fase da guerra comercial – a primeira foi em julho de 2018 – traz impactos diretos para o algodão brasileiro. Dentre os positivos, Duarte destacou a melhoria do basis na Ásia, uma maior competitividade no mercado chinês e a possibilidade de aumento das exportações no curto prazo. “No entanto, há desafios, como a queda nas cotações da Bolsa de Nova York, maior concorrência em outros mercados e o fato de que o Brasil já ampliou significativamente sua participação na China, reduzindo o espaço para novos ganhos expressivos. Além disso, como o algodão importado pela China é majoritariamente usado para exportação de produtos têxteis, a taxação sobre esses bens pode limitar a demanda”, explicou. Segundo o diretor, com as novas tarifas anunciadas para 2025, os EUA podem perder ainda mais participação na China, consolidando o Brasil como principal fornecedor, mas sem a mesma intensidade da primeira fase da guerra comercial, num primeiro momento.


De Minimis


Ainda de acordo com Marcelo Duarte, o fim da isenção fiscal "De Minimis" – que permitia importações de até US$ 800 sem tributação, nos EUA – também pode afetar o consumo global, reduzindo a competitividade dos produtos têxteis chineses à base de poliéster e contribuindo para o aumento da demanda por produtos de maior qualidade, feitos de algodão. “Isso pode significar menor demanda por produtos sintéticos de baixa qualidade via correios e maior importação de produtos de algodão via os canais convencionais de importação”, explicou.


Exportações


De acordo com os números apresentados pela Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) na reunião, de julho de 2024 até março de 2025, o Brasil já embarcou 2,2 milhões de toneladas de pluma, enquanto no último ano comercial (jul2024/jun2025), o volume de algodão exportado foi de 2.58 milhões de toneladas. O presidente da Anea, Miguel Faus, afirma que o cenário global é de preços reprimidos, devido a uma demanda internacional enfraquecida, influenciada por fatores como inflação e baixas taxas de juros. “A China segue sendo um destino importante para o algodão brasileiro, mas a concorrência dos Estados Unidos deve se intensificar em mercados onde o Brasil tem se consolidado nos últimos anos, como Índia, Egito, Paquistão, Bangladesh, Vietnã e Turquia”, destacou.  “Os Estados Unidos, por sua vez, estão negociando um acordo de livre comércio com a Índia para isentar 60 mil toneladas de algodão da tarifa de importação, o que pode impactar a participação brasileira nesse mercado”, disse Faus.


Metade já vendida


Segundo o presidente da Anea, a logística de exportação tem se destacado, permitindo que o Brasil bata recordes no escoamento do algodão. “A logística não deve ser um grande problema, desde que haja disponibilidade de navios, contêineres e rotas de transporte - atualmente, cerca de 50% da safra já foi vendida”, disse. Os números divulgados pelo USDA confirmam o maior exportador mundial de algodão também nesta safra.  “Quanto aos preços, a tendência é de estabilidade, uma vez que a produção global ainda supera o consumo, limitando aumentos significativos nos valores. A demanda também está abaixo do esperado, o que impede uma valorização expressiva do produto. No entanto, o mercado tem mostrado uma autorregulação: quando os preços caem muito, a demanda tende a crescer, o que ajuda a equilibrar as cotações.”


Indústria


O setor têxtil brasileiro fechou 2024 com crescimento de 4,8%, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), presente à reunião. A confecção avançou quase 4% e o varejo, cerca de 3%. No entanto, as importações cresceram cerca de 20%, o que preocupa a indústria. “Quando as importações crescem em um ritmo bem superior ao do mercado, perdemos espaço”, alerta Fernando Pimentel, presidente da Abit, destacando que 23% a 25% do vestuário vendido no Brasil já vem do exterior. Para 2025, segundo a entidade, o cenário é de insegurança, com juros elevados e pressão sobre o consumo. A expectativa de crescimento caiu para 2% no setor têxtil e até 1% na confecção, bem abaixo dos números de 2024. “O consumidor está espremido pelos preços dos alimentos, energia e outros itens essenciais, o que reduz sua capacidade de compra”, aponta Pimentel. A boa notícia da indústria para os produtores é que o consumo de algodão no mercado interno pode crescer até 20 mil toneladas. Mas depende do cenário econômico. “Se não houver mudança forte nos preços relativos favorecendo os sintéticos, dá para imaginar um leve avanço”. Ele reforça que a competição global segue desigual: “Não temos oposição ao comércio internacional, mas sim a um comércio desequilibrado e desleal”, concluiu.

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

Grupo de trabalho alinha preparativos para a safra 2024/2025 nos laboratórios SBRHVI

20 de Março de 2025

Em 19 de março, o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA), vinculado à Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), realizou uma reunião com o Grupo de Trabalho de Laboratórios (GTL) para alinhar as ações antes do início da operação da safra 2024/2025. O encontro, que contou com a participação dos integrantes do Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), teve como objetivo discutir e coordenar as atividades dos laboratórios que atuam na classificação e na qualidade do algodão brasileiro.


“Essa reunião foi um passo importante para o planejamento e alinhamento das ações para a safra 2024/2025, com foco em manter os altos padrões de qualidade do algodão brasileiro, fundamental para a competitividade no mercado global”, afirma Deninson Lima, especialista em análise de pluma do CBRA.


Durante o encontro, foram abordados temas como o Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB), que visa garantir a excelência dos resultados de qualidade da pluma, conforme padrões internacionais trazendo maior credibilidade no mercado nacional e internacional. Também foram discutidas as visitas técnicas realizadas ao longo do ano, bem como os treinamentos destinados aos profissionais envolvidos na classificação do algodão.


Além disso, os participantes trataram das notificações feitas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), durante a fiscalização da safra 2023/2024, pontuando as questões observadas e as correções necessárias. Outro tópico importante foi a revisão do VDCL (Valor de Classificação de Lote) e o regulamento do Programa SBRHVI, com a atualização das normas para garantir maior eficiência na operação dos laboratórios.

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter