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Estresses abióticos e os impactos na cultura do algodão

04 de Setembro de 2024

Um dos grandes desafios do cultivo do algodão na atualidade é lidar com os estresses abióticos que as plantas estão sujeitas, aqueles causados por componentes sem vida de um ecossistema, como a água, gases atmosféricos e radiação solar. Estratégias para solucionar o problema, como mudar a fisiologia da planta, foi um dos assuntos discutidos nesta quarta-feira (04) em um dos hubs do 14° Congresso Brasileiro do Algodão, evento promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que vai até o dia 5, em Fortaleza (CE).


Com coordenação do consultor técnico e especialista na cultura do algodoeiro, Ederaldo Chiavegato, o painel contou com a participação virtual da professora do departamento de Bioquímica e Centro de Inovação em Ciências Vegetais da Universidade de Nebraska (EUA), Katarzyna Glowacka. Ela atua na melhoria de culturas, como o milho e a soja, para que sejam resistentes a fatores de estresse, como a seca, excesso de frio, de luz solar ou baixos níveis de nitrogênio.


 “Fazemos mudanças moleculares nas plantas para ver como se traduzem com o objetivo de aumentar a tolerância a estresses abióticos. Um exemplo disso foi um método de fenotipagem que criamos, pela qual conseguimos ter uma planta que precisa de 11% menos de água, produzindo a mesma massa”, explica Katarzyna.


Na sequência, o pesquisador da Embrapa na Área de Ecofisiologia da Soja, José Salvador Simoneti Foloni, tratou sobre a tolerância das plantas a estresses abióticos, citando como exemplo as culturas da soja e do algodão no Cerrado. Ele destacou a grande perda de produtividade que o setor agrícola tem em função de estresses climáticos, como a seca, causada por uma combinação de déficit hídrico e altas temperaturas. Abordou ainda as respostas fisiológicas da planta, adaptação genética e os desafios da biotecnologia e melhoramentos genéticos.


“Nós precisamos aumentar o investimento para criação de ferramentas agronômicas que nos ajudem no enfrentamento do estresse abiótico causado pela seca. Isso tem impactado em perdas de produtividade para os agricultores brasileiros. Essas perdas são graves, os prejuízos são gigantescos e a tendência é piorar os problemas nas culturas anuais, como a do algodão”, afirma Foloni.

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A eleição americana e as reuniões do FED e do Banco Central dominaram o debate sobre perspectivas da macroeconomia no 14º CBA

04 de Setembro de 2024

A expectativa para as próximas reuniões do Federal Reserve (FED) e do Banco Central do Brasil, marcadas para o dia 18, e o desenrolar da eleição presidencial nos Estados Unidos foi o pano de fundo das discussões sobre os cenários macroeconômicos global e doméstico, na manhã desta quarta-feira (4), no 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14ºCBA), realizado em Fortaleza, no Ceará. A Plenária Master dedicada ao tema "Macroeconomia e Tendências do Mercado Financeiro para o Agronegócio", mediada pelo jornalista da CNN, Caio Junqueira, contou com a participação de representantes de importantes instituições financeiras, os economistas-chefes do Banco do Brasil, Marcelo Rebelo, do Rabobank, Maurício Une, e do Banco Cooperativo Sicredi, André Nunes, além do diretor de Agronegócio do Banco Itaú/Unibanco, Pedro Fernandes.


A grandes expectativas que afetam o agronegócio, como demandas de preço e questões internas e externas que têm impacto sobre o setor foram destacadas pelo o mediador, que provocou os convidados acerca das perspectivas para a chamada Super Quarta, nome que se dá quando o Banco Central e do FED divulgam suas das taxas de juros no mesmo dia. A estimativa – consenso entre os debatedores – é de que haja uma redução na taxa americana, devido à desaceleração da economia, enquanto, no Brasil, deve ocorrer uma alta, por conta da preocupação com o aumento do índice de inflação, refletindo os momentos distintos das economias dos dois países. A partir desses movimentos, os economistas analisaram os prováveis rumos da taxa de câmbio, que tem grande influência sobre o agronegócio do algodão brasileiro, já que o Brasil se tornou este ano o maior exportador mundial da commodity, com embarques estimados de de 2,8 milhões de toneladas de pluma, na safra 2023/2024.


André Nunes, do Sicredi, sinalizou que um Brasil, com economia estabilizada, inflação sob controle e PIB crescente, pode ser muito atrativo para investidores internacionais em busca de alternativas a mercados atualmente menos promissores. “Investidores que em outro momento poderiam procurar o Leste Europeu, diante do conflito na Ucrânia, podem se interessar pelo Brasil como opção natural”, afirmou.


Outro ponto destacado pelos economistas foram os possíveis cenários a partir do resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos, com o embate entre os partidos Republicano e Democrata. Segundo a avaliação dos especialistas, considerando uma vitória dos republicanos com Donald Trump, a tendência é de acirramento da guerra comercial com a China, o que poderia resultar em uma maior aproximação do Brasil com o país asiático. “Mas temos que pensar que uma guerra comercial muito acirrada pode ter outros desdobramentos e ser muito prejudicial para a economia global em geral”, enfatizou Marcelo Rebelo, do BB.


Os participantes da Plenária também abordaram a desaceleração do crescimento da economia chinesa, cujos índices nas duas últimas décadas tiveram enorme impacto nos mercados mundiais. “Em 2023, o crescimento do consumo das famílias chinesas foi de 10%. Este ano, deve ficar em 6,5% e a tendência para o próximo é alcançar os 5,5%”, colocou Maurício Une, do Rabobank, lembrando que outros fatores devem ser considerados no cenário macroeconômico, como a questão ambiental. “Não podemos esquecer o problema que a seca provocada pelo fenômeno El Niño causou no funcionamento do Canal do Panamá.”


Em relação aos combustíveis, outro ponto que tem influência direta sobre o mercado do agronegócio, o diretor do Itaú acredita que não devem ocorrer grandes flutuações. “Vemos hoje que, mesmo com os conflitos no Oriente Médio, o valor do barril do petróleo não tem variado muito e acredito que deve se manter dessa forma, já que existe um desaquecimento global da economia”, argumentou Pedro Fernandes.


Ao final, ao traçar suas perspectivas para o mercado do algodão brasileiro a curto e médio prazo, os representantes dos bancos apostam em um momento de investimentos cautelosos, com um cenário muito focado na gestão de riscos, para 2025. Estimam, no entanto, que, se mantido o ritmo atual da economia, haverá grande estímulo ao crescimento do agronegócio e de outros setores da economia.


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Painel apresenta ocorrência e manejo de nematoides no algodoeiro

03 de Setembro de 2024

Para uma cultura desenvolvida ao longo dos anos, com o uso intensivo de novas tecnologias, a presença de nematoides nas lavouras de algodão tem sido um desafio para os produtores brasileiros. Os altos investimentos em tecnificação contrastam com as perdas ocasionadas por esses parasitas extremamente temidos nas áreas de produção em todo o país.


O manejo desses organismos não é fácil, mas, para Rafael Galbieri, coordenador do Departamento de Fitopatologia/Nematologia do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMA), existem alternativas para diminuir a população de nematoides e minimizar os impactos negativos. Elas foram abordadas pelo pesquisador que trouxe os resultados de ensaios realizados para analisar o tema cientificamente. “O investimento em melhoramento genético para produção de cultivares resistentes é uma das saídas para o produtor, assim como o uso de nematicidas com dosagens adequadas”, destacou o coordenador do painel elencando algumas dificuldades no manejo como a alta persistência no solo, a distribuição da ocorrência, sem sintomas claros nas raízes e a sucessão soja/algodoeiro como obstáculos a serem superados.


A mesma posição foi defendida por Guilherme Asmus, Engenheiro Agrônomo e pesquisador em Nematologia da Embrapa Agropecuária Oeste, que apresentou dados de 2023 sobre os nematoides mais encontrados nas lavouras. Em primeiro lugar aparece a espécie Pratylenchus, seguida pelas espécies Rotylenchulus e Meloidogyne, nematoides patogênicos do algodoeiro. “Como existem diversas espécies e variedades, identificar a ocorrência de cada um deles ainda é um desafio. Ou seja, há subnotificação e isso é preocupante”, alertou o pesquisador. “Estamos vivendo um novo momento na nematologia por conta da alta capacidade de multiplicação, da agressividade e da ocorrência deles em diversas culturas”, disse Asmus, frisando algodão, soja, melão, abacaxi, feijão e maracujá entre as culturas mais afetadas.


Trabalhando há 22 anos com o tema, o Engenheiro Agrônomo e pesquisador da Embrapa Algodão, Nelson Suassuna, fez um histórico sobre as fontes de resistência e os esforços mundiais por melhoramento genético. Entre as ferramentas mais utilizadas para essa finalidade, a avaliação fenotípica, a avaliação em condições de campo e a seleção assistida por marcadores moleculares foram apontadas como as mais importantes pelo pesquisador. “Na melhor das hipóteses e, dando tudo certo, o tempo necessário para a obtenção de uma cultivar de qualidade é de, no mínio, seis anos”, informou Suassuna, enfatizando que, de todos os nematoides identificados nas pesquisas, o produtor deve estar atento à espécie Meloidogyne enterolobii.



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Debate aborda estratégicas para mitigação de fibras curtas e seu impacto na cadeia produtiva

03 de Setembro de 2024

Uma das principais demandas do mercado internacional para o algodão brasileiro é a melhoria no conteúdo de Fibras Curtas (SFC). Essas fibras, com comprimento inferior a meia polegada (12,7 mm), representam um desafio para as fiações, resultando em perda de matéria-prima e redução da produtividade no processo. Para abordar as percepções do mercado externo sobre o SFC, discutir estratégias de mitigação e analisar o impacto na indústria têxtil, o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA) promoveu um debate com a presença do pesquisador Jean Belot, do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt), e do diretor industrial da Textil União, Samuel Yanase. A discussão ocorreu nesta terça-feira (03) e foi mediada por Marcelo Duarte, diretor de relações internacionais da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), realizadora do evento.


“Um dos principais problemas de qualidade, atualmente, relatados por nossos clientes é a fibra curta. Embora tenhamos avançado consideravelmente em termos de micronaire, resistência e comprimento do algodão nos últimos anos, a questão de fibras curtas ainda apresenta desafios significativos”, afirma o diretor da Abrapa.


Duarte ressalta que a solução para o problema é complexa e envolve múltiplas frentes: “As demandas passam por genética, manejo e beneficiamento. Identificamos as áreas que precisam de atenção e, com essa compreensão, o setor está pronto para enfrentar o desafio. Nosso objetivo é avançar e abordar cada um desses aspectos para que possamos estabelecer o algodão brasileiro como uma referência, também, no que diz respeito à fibra curta, um dos últimos pontos que precisamos aprimorar para atingir o nível de excelência desejado no mercado internacional”, garante.


Para enriquecer a discussão, Yanase apresentou a perspectiva da indústria sobre o impacto da SFC. “Quanto menor o índice de fibras curtas, melhor é o resultado da qualidade da pluma. Quando o índice é alto, a fibra perde resistência, o que obriga a reduzir a velocidade das máquinas, resultando em uma queda significativa na produtividade.” Yanase também enfatizou que o alto índice de fibras curtas afeta o custo de produção, tornando o problema um desafio que impacta toda a cadeia produtiva.


Nos últimos anos, o Brasil tem intensificado os investimentos para identificar as principais origens desse problema. As causas podem ser multifacetadas, começando pela escolha inadequada da variedade de algodão, passando pelos tratos culturais e chegando ao manejo no beneficiamento.


Diante disso, o IMAmt e a Embrapa, com recursos do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e da Abrapa, desenvolveram um estudo, investigando as origens do problema e sugerindo mudanças e aprimoramentos, desde a escolha das variedades, até o manejo com a cultura na lavoura, na colheita e no beneficiamento. “É possível reduzir o SFC ainda no campo com um manejo adequado, realizado por mão-de-obra especializada. É importante destacar que a boa maturidade da fibra é um dos fatores fundamentais para evitar a fibra curta”, afirma Belot.


O pesquisador também ressaltou a importância de monitorar os processos de beneficiamento, ajustando-os à qualidade inicial do algodão em caroço processado, para minimizar a produção de fibras curtas. “Uma das chaves para o sucesso é garantir uma excelente integração entre o campo e a algodoeira”, conclui.

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 Aspectos físicos, químicos e biológicos do solo na “lupa” do 14º CBA

03 de Setembro de 2024

O hub “Perfil e fertilidade de solo como estratégia para minimizar consequências da variabilidade climática” abordou um dos eixos de discussão do 14° Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), a fisiologia do algodoeiro. Com coordenação de Fernando Lamas, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, o painel reuniu três especialistas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) para falar sobre a importância de entender o perfil do solo e como corrigi-lo, para que ele esteja apto a enfrentar as adversidades, como as variações climáticas, cada vez mais comuns nas lavouras de todo o mundo. “Qualquer fato que venha a interferir na atividade fisiológica do algodoeiro pode resultar em queda da produtividade ou impacto negativo na qualidade da fibra”, explica Lamas.


Para Álvaro Vilela Resende, da Embrapa Milho e Sorgo, o solo ideal é aquele que apresenta sinergia entre química, física e biologia, tendo a matéria orgânica como a “liga” dessa tríade.  “A gente está vivenciando um novo patamar de gerenciamento agrícola. No caso do manejo de solo, é preciso uma visão global de como integrar as características químicas, físicas e biológicas, através do manejo para utilizar o potencial produtivo de forma sustentável e com alta rentabilidade”, afirma o palestrante.


Na sequência, o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Júlio Cesar Salton, abordou a qualidade física do solo. Para ele, a capacidade do “sistema solo” de proporcionar condições para as plantas enfrentar as adversidades climáticas, como a ocorrência de veranicos, está na cobertura permanente da superfície, que terá uma boa estrutura, graças à maior taxa de infiltração da água, dentre outros fatores.


 “Essa qualidade física é resultado de um processo que não ocorre de um dia para outro. É uma construção ao longo do tempo. O elemento fundamental para que se verifique a qualidade física do solo é a entrada de carbono, através de plantas e raízes que vão levar matéria orgânica à terra. Isso vai proporcionar, ao longo do tempo, as condições desejadas”, explica Salton.


Ieda Mendes, da Rede Embrapa de Bioanálise de Solos (BioAS), finalizou o debate falando sobre a saúde do solo como ponto fundamental para a produtividade da lavoura. “Solos biologicamente ativos são mais produtivos e mais resilientes. Toleram melhor as mudanças climáticas. E para manter os solos biologicamente ativos e produtivos temos que adotar sistemas de manejo que estejam mais alinhados com a natureza”, conclui Mendes.

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O Futuro da Agricultura Irrigada no Cultivo do Algodão em foco no 14º Congresso Brasileiro do Algodão

03 de Setembro de 2024

Em um cenário de desequilíbrio climático global, a agricultura irrigada vem ganhando destaque como uma estratégia para o agronegócio brasileiro. O papel da agricultura irrigada no Brasil, especialmente no cultivo do algodão, foi debatido por especialistas renomados no 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), realizado em Fortaleza/CE, pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). O engenheiro agrícola Everardo Mantovani, o produtor Irrigante Celestino Zanela e o mestre em Irrigação, Igor Santos, compartilharam suas perspectivas baseadas em pesquisas, experiências e práticas de campo, destacando os aspectos econômicos, sociais e ambientais da irrigação como uma ferramenta para potencializar a produção agrícola no Brasil. Eles enfatizaram que a irrigação oferece maior segurança, eficiência tecnológica e resultados superiores, representando uma oportunidade no clima tropical brasileiro.


Everaldo Mantovani revelou que mais de 60% do algodão mundial é irrigado, mas, no Brasil, o percentual é de apenas 8,1%, sendo 2,6% no Mato Grosso, 24,2% na Bahia e 14,7% nos demais estados. Mantovani destacou que o sistema de irrigação não apenas melhora a estabilidade da produção, mas também contribui para a mitigação do efeito estufa, otimiza os recursos e fortalece a segurança alimentar tanto no Brasil, quanto globalmente.


Igor Santos, pesquisador e entusiasta do sistema, apresentou ferramentas tecnológicas para análise e monitoramento da umidade do solo, enfatizando a necessidade de profissionalizar a irrigação. Segundo ele, não adianta apenas irrigar, mas "irrigar bem" é fundamental, pois envolve um planejamento detalhado e execução precisa, adaptada às características específicas de cada área.


O coordenador da sala, Celestino Zanella, encerrou o debate destacando que a agricultura irrigada é o caminho para o desenvolvimento em diversas regiões do Brasil. “Em áreas com precipitação pluviométrica irregular, a irrigação permite manter padrões consistentes de produtividade ano após ano, além de viabilizar a rotação de culturas”, concluiu.

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Especialistas apresentam cases de sucesso de Controladoria e Gestão de Negócios no primeiro dia do 14º CBA

03 de Setembro de 2024

Controladoria e gestão para perpetuar os negócios e a importância disso para garantir a remuneração do produtor foi o centro das discussões no hub temático coordenado pelo administrador Arlindo Moura, presidente do Conselho de Administração da Santa Colomba Agropecuária e ex-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), durante a programação do primeiro dia do 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), que acontece de hoje (03) até quinta-feira (05), em Fortaleza/CE.  Também participaram do debate o agrônomo Rodrigo Rodrigues, diretor da Consultoria Falconi, e Ivo Brum, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da SLC Agrícola S.A.


"O combustível que perpetua o negócio é o lucro. Esse lucro é a diferença entre a receita e as despesas. Tendo boa gestão e controle, o produtor vai assegurar o lucro e alcançar o melhor desempenho de seu negócio ", destacou Arlindo Moura.


Durante o hub, foram apresentados dois cases de sucesso que ilustram como a gestão estratégica pode transformar negócios no setor agrícola. O agrônomo Rodrigo Rodrigues, a partir da experiência da Falconi, demonstrou como processos eficientes podem ajudar a mitigar riscos e aproveitar oportunidades. "A gestão é a capacidade de alcançar resultados e repeti-los. É ir elevando a barra e melhorando seu desempenho”, colocou Rodrigues. Ele destacou pontos que norteiam a atuação da Falconi, como governança estruturada, estratégia definida, diretrizes estabelecidas, estrutura e processos eficientes, dentre outros.


Em seguida, Ivo Brum compartilhou o modelo de gestão que tem permitido à SLC crescer e consolidar-se como uma das maiores do setor no mundo. Brum destacou as práticas de governança e a visão estratégica que sustentam o desenvolvimento da companhia. "O importante é entender que o crescimento de uma empresa é um processo evolutivo. A empresa vai acompanhando o que o mercado quer e vai se adaptando", ressaltou, enfatizando o planejamento e a gestão de riscos como fatores estratégicos para os bons resultados.


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Pesquisadores orientam sobre o manejo de pragas do sistema produtivo no 14º CBA

03 de Setembro de 2024

Ácaro, mosca-branca, tripes e a lagarta spodoptera frugiperda. Para além do bicudo, as pragas que mais ameaçam a produtividade das lavouras de algodão estiveram em pauta hoje na programação do 14o Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA).  No hub Manejo de pragas do sistema produtivo, pesquisadores em entomologia forneceram aos produtores do setor uma série de informações úteis para a proteção de suas safras a partir dos resultados de pesquisas atuais.


Com um trabalho focado no manejo de ácaros e da mosca-branca no cerrado, o biólogo e entomologista do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), Jacob Crosarial Netto, enfatizou o avanço destas pragas na lavoura, provocado, entre outras coisas, pelas mudanças nas condições climáticas. “Há dez anos, estas eram pragas de baixa relevância; hoje, apesar deste ácaro não gostar de umidade, temos visto alta população do inseto, mesmo em climas chuvosos”, relata o pesquisador, que é mestre e doutor em Agronomia – Entomologia Agrícola pela Universidade Estadual Paulista (FCAV/UNESP – Jaboticabal).


Na sequência, a pesquisadora na área de Entomologia da Fundação de Apoio a Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso – Fundação Mato Grosso, Lucia Vivian, abordou o manejo biotecnológico da lagarta spodoptera fugiverda nas culturas de soja, milho e algodão. “Esta praga tem uma plasticidade muito grande e que se adapta a diferentes condições ambientais e paisagens”, afirmou a pesquisadora, ao enfatizar uma série de cuidados que devem ser adotados no manejo. “Não é uma questão só de escolher o produto certo, mas ter cuidado com a tecnologia de aplicação, entre outras estratégias, para ter um controle mais efetivo da praga”, destacou.


Já o professor Marco Tamai, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), enfocou os problemas com os tripes nas lavouras baianas, enfatizando desde a fisiologia do inseto até orientações para a avaliação e monitoramento, adoção de cultivares e pulverização do algodão, entre outros fatores, também com ênfase em resultados de pesquisa e orientações para o manejo. “O treinamento das equipes responsáveis pelo monitoramento, por exemplo, é fundamental para obter informações de qualidade do campo”, sinalizou o pesquisador.

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Desafios climáticos inicia painéis de conteúdo técnico do 14º CBA desta terça-feira

03 de Setembro de 2024

Os desafios climáticos para a produção do algodão brasileiro: da fisiologia da planta à dinâmica das pragas foram amplamente discutidos durante palestra que abriu os conteúdos técnicos desta terça-feira (03), do 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA). Promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o encontro reuniu os pesquisadores Odair Fernandes, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (FCAV/Unesp), e Cornelio Zolin, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Agrossilvilpastoril, além do consultor Ederaldo Chiavegato para abordar como intempéries podem impactar a produtividade e a sustentabilidade da cultura da fibra no país.


Mediado pela pesquisadora da Embrapa, Ana Luiza Borin, o painel abordou a produção agrícola, o desenvolvimento do algodoeiro e a dinâmica das pragas, considerando os desafios climáticos. “A agricultura é uma grande indústria a céu aberto, e discutimos como monitoramos e buscamos minimizar os riscos e impactos das mudanças climáticas nas lavouras de algodão. Fizemos uma 'viagem no tempo', apresentando dados históricos, atuais e projeções futuras para enfrentar esses desafios. Também analisamos o comportamento da fibra de algodão frente às alterações de temperatura e à redução da precipitação. Além disso, exploramos as tecnologias disponíveis e como podemos utilizar essas soluções integradas para mitigar os impactos das mudanças climáticas”, explicou Borin.


Para Cornélio Zolin, a adaptabilidade é crucial para a atividade agrícola, e o uso de técnicas conservacionistas é fundamental para aumentar a resiliência das práticas rurais. "Adaptar nossa fazenda a situações que estão se tornando cada vez mais frequentes é essencial", destaca Zolin. Ele observa que, embora muitas variáveis no campo possam ser controladas, o clima não está entre elas. "É crucial ter clareza de que podemos controlar quase todos os fatores dentro da fazenda, exceto o clima. Se não podemos controlar esse fator, devemos adaptar nossas práticas para lidar com sua dinâmica e alcançar sucesso no sistema produtivo", explica. Ele apresentou um estudo sobre o aumento significativo da temperatura no Cerrado, principal bioma do algodão brasileiro.


Com o aumento das temperaturas, a fibra de algodão não atinge seu potencial produtivo ideal em condições de calor intenso. "A raiz torna-se um novo foco de investimento, uma vez que a fase de pré-florescimento é particularmente sensível ao estresse térmico", explica Chiavegato. De acordo com o estudo apresentado, para cada aumento de 1ºC na temperatura, há uma redução de 100 kg/ha na produção de algodão. Outro desafio destacado pelo consultor é o micronaire, um índice que mede a finura e a maturidade da pluma após o beneficiamento. É uma característica intrínseca do algodão que afeta diretamente a qualidade do produto e sua aceitação nos mercados mais exigentes do mundo.


Além de impactar o desenvolvimento do algodoeiro, as flutuações nas temperaturas e nos regimes de chuvas afetam diretamente o desenvolvimento de pragas e doenças. Segundo Fernandes, é essencial adotar um manejo integrado e eficiente para minimizar as perdas na produção. “O aumento da temperatura pode levar a um crescimento da população de pragas, mudanças em seu comportamento, surtos de vetores e maior sobrevivência durante o inverno. Por isso, é crucial monitorar de forma adequada, implementar sistemas inteligentes de monitoramento, utilizar modelos preditivos e aplicar biossumos”, conclui o pesquisador.

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Protagonistas da cotonicultura nacional debatem desafios, oportunidades e experiências no 14º CBA

03 de Setembro de 2024

Em pouco mais de duas décadas, o Brasil se consolidou como grande player no mercado mundial do algodão e, como resultado, hoje ocupa a liderança das exportações da fibra, na safra 2023/2024. Para entender o significado desse protagonismo, o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), juntou expoentes da cotonicultura brasileira, na manhã desta terça-feira (03). Os desafios e oportunidades da produção foram debatidos por representantes de importantes grupos agrícolas, como SLC, Amaggi, Scheffer, Horita e GMS, sob a mediação do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.


Investimentos em produtividade, rastreabilidade, qualidade e sustentabilidade foram apontados como os lastros do algodão brasileiro, cuja imagem também representa a credibilidade internacional alcançada pelos produtores. E o que fazer para manter esse protagonismo? Essa resposta foi dada pelo mediador da plenária, e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. “Ninguém faz nada sem gente e é fundamental olhar e ouvir esses heróis que fazem o algodão brasileiro. Além das quatro bases já citadas para a consolidação dessa rota de crescimento, eu acrescento a constância. Temos que marcar nossa presença no mercado, em volume, qualidade e quantidade. Para isso, reduzir custos, investir em ciência e tecnologia tornarão o algodão brasileiro imbatível”.


A similaridade das histórias de famílias humildes, superação de desafios e tomada de decisões inspirou o público. Para Blairo Maggi, do Grupo Amaggi, cuja família começou sua história com o algodão no Rio Grande do Sul, passando pelo Paraná até chegar ao Mato Grosso, a cotonicultura foi um sonho construído com obstinação. “A minha mãe, quando saiu de sua terra de origem, disse ao meu pai que jamais andaria para trás porque os sonhos estão sempre a nossa frente. Então, aprendi que devemos deixar nossa mente sonhar para fazer acontecer”. Com vasta experiência em acordos internacionais, o empresário, que também foi governador, senador e ministro, enfatizou que o grande desafio é conhecer o setor.


Filho de pequenos agricultores também do sul do país, Carlos Alberto Moresco, do Grupo GMS, iniciou sua produção com 12 hectares de terra e hoje, com sete mil hectares arrendados, e diz que as oportunidades estão surgindo. “Estou engajado no segmento e faço meu negócio progredir, unindo pesquisa, tecnologia e novos conhecimentos”. Bastante ligado ao associativismo, ele, que é presidente da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa) diz que é importante interagir com as instituições. “No futuro, nossa obrigação é melhorar, atuando em conformidade com as associações estaduais que valorizam o nosso trabalho, fortalecem a cadeia produtiva e também conhecem o segmento. Temos que ensinar para as próximas gerações que, juntos, podemos superar qualquer desafio”, pontuou Moresco.


Guilherme Scheffer, do Grupo Scheffer, faz parte da segunda geração de uma família gaúcha que se reergueu e se reinventou, enfrentando as dificuldades da produção de algodão em Sapezal, com 150 hectares. “Buscamos profissionalização, organização e, graças ao algodão, a gente cresceu. Devemos nossas vidas a essa cultura que não é para amadores”. Defensor da agricultura regenerativa, o empresário entende que o conceito ainda não foi muito bem captado pelo consumidor final, mas, os produtores devem investir. “Ter uma visão holística do negócio proporciona um pacote de melhorias, por isso, a agricultura regenerativa entrega muito mais. A prática nos ajuda a produzir mais com menos, regenerando e mantendo o sistema de produção. Então, é preciso conhecer sobre o tema e combater a desinformação”, avaliou Scheffer.


Segundo Aurélio Pavinato, da SLC Agrícola, a história pavimenta o futuro, por isso ele se orgulha de ter enfrentado os desafios impostos pela vida, como abdicar de algumas benesses para realizar o sonho do algodão. “Ter um sonho, estabelecer estratégias e se ver crescer faz diferença em muitas vidas”. Ele enxerga o algodão como um tema complexo, mas desafiador em função das questões ambientais. “As necessidades dos países e faixas econômicas da sociedade possuem interesses diferentes com relação aos sistemas produtivos. Precisamos de um sistema ambiental, econômico e social que seja sustentável, motivar a todos e ainda fazer nosso marketing para ser modelo de tudo isso. Não precisamos mais derrubar árvores para atender à demanda de alimentos ou de biocombustíveis”, disse.


Walter Horita, do Grupo Horita, plantou café, hortaliças e soja antes de incluir o algodão em sua matriz produtiva. “Temos uma eficiência financeira maior com o algodão, com um custo elevado e que requer uma estrutura de capital mais robusta”. Para ele, a qualificação da mão de obra rural tem acompanhado a evolução da agricultura e os jovens estão percebendo as oportunidades de trabalho no campo. Entre os principais desafios, Horita destacou as barreiras agrícolas impostas pelos países ricos. “Atacar nosso sistema de produção, criticando nosso algodão por questões socioambientais exige dos produtores um esforço extra. Ainda assim, seguiremos em frente”, finalizou Horita.


Outro ponto destacado por todos os painelistas foi o cuidado com a imagem do Brasil no mercado internacional.  “Nossa propaganda é nossa qualidade. A reputação que temos no mundo todo é reflexo de um intenso trabalho para alcançar um produto de valor, competitivo e sustentável. Trouxemos todos esses líderes aqui porque, em suas trajetórias, eles sonharam, decidiram, erraram, acertaram e venceram.

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