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Abrapa e ABIT assinam compromisso para alavancar consumo interno de algodão

Anúncio foi feito durante plenária sobre perspectivas para o mercado têxtil com empresários do Brasil e especialistas internacionais

05 de Setembro de 2024

Como criar sinergia entre cotonicultores, indústria, varejo e cliente final para alavancar o consumo da fibra de algodão? A resposta a esta pergunta ganhou destaque no último dia do 14o Congresso Brasileiro de Algodão. A plenária “Estratégias globais do mercado têxtil: conectando com o consumidor final” mobilizou o debate sobre o tema entre especialistas internacionais e empresários brasileiros, além de ter trazido uma novidade de peso: o anúncio de um compromisso assinado entre as associações brasileiras de Produtores de Algodão (Abrapa) e da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) de elevar o consumo interno de algodão para um milhão de toneladas anuais.


Líder de um grupo de empresas de consultoria internacional que tem entre os seus clientes marcas como Hugo Boss e Versace, Giuseppe Gherzi fez um panorama sobre tendências de ponta do mercado têxtil e de fibras a nível internacional, ressaltando o grande potencial do Brasil.


 “Há 25 anos, um amigo me disse que o Brasil se tornaria o número 1, porque o povo brasileiro é resiliente e inovador e está se desenvolvendo rapidamente. Hoje, o país é líder em exportação de algodão, e, como estratégia de curto prazo, para vocês, é ataque total: aproveitar o cenário internacional para abrir espaço no mercado; já na estratégia de longo prazo, é preciso visar a inovação, com manutenção de qualidade e preços constantes”, vaticinou Gherzi.


Após a apresentação do consultor, foi promovido um debate mediado pela jornalista Maria Prata, com a participação do próprio Gherzi, da consultora italiana Marzia Lanfranchi, do presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, do diretor-presidente das Lojas Renner S.A, Fábio Adegas, e do presidente da Vicunha Têxtil, Marcos De Marchi.


Co-fundadora da plataforma “Cotton Diaries”, Marzia Lanfranchi ressaltou a importância do diálogo com as marcas e a exploração do diferencial oferecido pela cadeia produtiva do algodão. “A conexão humana do algodão é incrível, e a oportunidade que nós temos aqui é de estabelecer um canal com as marcas em torno do potencial que essa narrativa oferece, uma história de sustentabilidade, conectada com ciência e dados reais”, ressaltou Marzia.


“O algodão brasileiro é um orgulho, temos um produto de ouro nas mãos, realmente sustentável: é isso que o consumidor quer e que o planeta precisa”, referendou Fábio Adegas, da Renner.


O presidente da Vicunha Têxtil, Marcos De Marchi, por sua vez, ressaltou as propriedades únicas do algodão, em termos de toque e conforto, e as largas oportunidades que existem para o algodão brasileiro, a despeito do domínio das fibras sintéticas. “O que nós temos que mostrar ao mundo é que o nosso algodão é sustentável, que a nossa produção não ocupa áreas de comida e também buscar acordos internacionais para tornar o produto têxtil mais competitivo”, resumiu De Marchi.


Anúncio – Após a plenária, o presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), Fernando Pimentel, e o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Alexandre Schenkel, assinaram um documento, anunciando o compromisso conjunto de elevar o consumo interno de algodão para um milhão de toneladas anuais.


Considerada um marco histórico para a cadeia produtiva do algodão brasileira, a meta representa um avanço significativo em relação às atuais 700 mil toneladas, demonstrando a confiança das duas entidades no potencial de crescimento e desenvolvimento do setor.


Para Pimentel, a iniciativa demonstra o fortalecimento de uma visão sistêmica da cadeia produtiva. “A própria iniciativa desse congresso mostra essa capacidade de conexão, de coesão. Vamos coordenar esforços e acelerar a execução dos nossos planos: temos um país muito competitivo na área agrícola e tem que transportar essa competitividade para a indústria”.


Já o presidente da Abrapa finalizou a plenária com uma perspectiva otimista.  “Nos anos 1970, quando Pelé venceu a Copa do Mundo usando camisa de algodão, o Brasil disputava a terceira divisão do mercado, como importador de algodão. Nos anos seguintes, construímos uma nova era do algodão brasileiro, chegando à segunda divisão. Agora nós queremos ser cada vez mais protagonistas. Em 2030, vamos ser não só os maiores como os melhores fornecedores de algodão do mundo, com sustentabilidade e responsabilidade”, afirmou Schenkel.

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O solo como aliado na sustentabilidade: impactos e práticas para um algodão de Baixo Carbono

04 de Setembro de 2024

O solo, elemento vital para a agricultura e o clima, se destaca como o maior reservatório de carbono do sistema terrestre. Esse foi o ponto de partida da fala do pesquisador da Embrapa, Alexandre Ferreira, ao abrir o painel "Modelos de Sistema de Produção para Algodoeiro: Impactos no Perfil e Estoque de Carbono no Solo", durante o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), que acontece na capital cearense até essa quinta-feira (05/09). O debate trouxe a importância de um manejo do solo que não só sustente a agricultura, mas que também mitigue os efeitos das mudanças climáticas


Em sua apresentação, Ferreira destacou um desafio global crescente: a cada 13 anos, haverá um bilhão de novas pessoas a mais no mundo, aumentando a demanda por alimentos e consequentemente, as emissões de gases de efeito estufa.


Já o coordenador de pesquisa da SLC Agrícola, Fábio Ono, apresentou exemplos práticos de talhões comerciais acompanhados pela SLC em mais de 20 fazendas pelo Brasil, demonstrando como a gestão eficiente do solo pode resultar em ganhos de produtividade e sustentabilidade.


Por sua vez, o   pesquisador Junior Cesar Avanzi trouxe à tona a importância de analisar o perfil do solo em profundidade e ressaltou que a avaliação das camadas abaixo de 20 centímetros é crucial. “É preciso entender a disponibilidade de água, a distribuição de partículas por tamanho e, principalmente, o acúmulo de carbono. O manejo em profundidade é essencial para alcançarmos produtividades mais elevadas", enfatizou.


Em sua apresentação, Alexandre Cunha, também da Embrapa, mostrou estudos de longa duração que apontam como os sistemas de produção podem contribuir para uma agricultura de baixo carbono, integrando práticas modernas e sustentáveis. “A melhoria da qualidade do solo é atribuída ao seu manejo mais conservacionista, a exemplo do sistema de plantio direto”, refletiu Cunha nas considerações finais do debate.

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14º CBA - Melhoramento genético do algodoeiro garante qualidade e produtividade

04 de Setembro de 2024

O melhoramento genético do algodoeiro é um processo que busca incrementar a produtividade, a qualidade da fibra e a resistência da planta a doenças e pragas. Pode ser feito de forma natural, via cruzamento, ou por manipulação genética. As técnicas disponíveis no mercado e suas aplicações na lavoura foram o foco do debate desta quarta (04) no hub “Os desafios e as novas ferramentas para melhorar as cultivares de algodão”, que integra o 14° Congresso Brasileiro do Algodão, promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que acontece até esta quinta (05), em Fortaleza (CE).


O coordenador do encontro foi o gerente de tecnologia para os programas de melhoramento da BASF na América Latina, Murilo Maeda. Ele falou sobre a evolução das ferramentas de fenotipagem por sensores. Segundo Maeda, a fenotipagem - processo de observar e quantificar as características físicas e bioquímicas das plantas – é essencial para o entendimento da sua performance, bem como para a seleção por características de interesse. “A fenotipagem veio para ajudar a gente a fazer a seleção de materiais com base nas características de interesse demandadas pelo mercado”, diz Maeda.


 Já o pesquisador e coordenador do Programa de Melhoramento Genético do Algodoeiro da Embrapa, Camilo de Lelis Morello, falou sobre a solução dos desafios por meio do melhoramento genético clássico do algodoeiro. O palestrante destacou a importância da amostragem correta, da fidelidade dos dados; sobre os adventos das ferramentas moleculares, a fenotipagem e a importância dos equipamentos que são usados na experimentação no plantio e na colheita. “Nós precisamos de todos estes dados para tomadas de decisão no processo de melhoramento”, explica Morello.


Por fim, o melhorista em genética molecular em algodão na Tropical Melhoramento & Genética (TMG), Pedro Henrique Araujo Diniz, falou sobre a seleção genômica para o melhoramento do algodoeiro. Essa seleção é uma ferramenta que permite identificar os indivíduos superiores com base nas suas características genéticas. “Isolamos o fator genético de indivíduos através de marcadores moleculares para identificar aqueles com melhor mérito genético com o objetivo de desenvolver espécies resistentes a doenças, com qualidade da fibra superior e altos níveis de produtividade”, afirma Diniz.

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14º CBA debate a evolução da colheita e do beneficiamento e seu impacto na comercialização da fibra

04 de Setembro de 2024

Na tarde desta quarta-feira (4), o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA) promoveu um debate sobre a evolução da colheita e do beneficiamento e seu impacto na qualidade da fibra. Sob a coordenação do sócio-diretor da Cotimes do Brasil, Jean-Luc D. Chanselme, o hub temático contou com a participação do engenheiro agrícola Paulo Otávio, que discutiu as características das fibras de importância comercial e os potenciais impactos dos processos de colheita e beneficiamento, e do engenheiro mecânico Jonas Nobre, que abordou a evolução das práticas de colheita mecânica.

Paulo Otávio ressaltou o impacto do clima na colheita do algodão. "Há uma perda de cor e brilho após uma sequência de chuvas. Por isso, é importante proteger o produto. Existem estratégias como o uso de lonas e a colocação da colheita em lugares mais altos para proteger da água", explicou.

Chanselme destacou em sua apresentação uma tendência observada no país de colheitas mais úmidas, por serem realizadas fora do horário recomendado, e a necessidade de lidar com essa questão. "A secagem e a pré-limpeza têm efeitos mútuos cumulativos. São etapas fundamentais para a produtividade e a qualidade do algodão", enfatizou.

Especialista em comercialização de algodão, Jonas Nobre abordou temas como produção e consumo, critérios de classificação, ágios e deságios, e impacto econômico. Ele chamou a atenção para o fato de que as regras para venda nos mercados internacionais estão cada vez mais rígidas. “A tendência é que a análise visual da fibra seja substituída por máquinas calibradas com base no algodão americano. Isso pode representar perdas para os produtores brasileiros. Precisamos estar atentos a isso e investir na qualidade do nosso produto”.

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Desafios e soluções para a qualidade da fibra em foco da mesa temática no 14º CBA

04 de Setembro de 2024

A busca por melhorias em qualidade foi foco de mesa temática desta quarta-feira (04/09), durante o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA). O evento, organizado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), está acontecendo até 05 de setembro no Centro de Eventos de Fortaleza (CE).


Coordenada pelo especialista em têxteis, Edmilson Santos, a discussão contou com as contribuições do agrônomo Fabio Echer e do especialista Jean Belot. O tema principal girou em torno das soluções para melhorar a qualidade da fibra do algodão brasileiro, com ênfase nas práticas de beneficiamento capazes de mitigar problemas relacionados à qualidade final.


Com mais de 25 anos de experiência no setor, Edmilson Santos destacou que a presença de fibras curtas acarreta um impacto significativo no custo de produção da indústria têxtil, além de afetar a eficiência operacional. "Essas fibras resultam em um tecido mais áspero, propenso à formação de ‘bolinhas´ durante o processo de lavagem, o que compromete a qualidade do produto", explicou.


O engenheiro agrônomo, Jean Belot apresentou resultados de ensaios e pesquisas. Ele ressaltou a importância de maximizar o potencial da planta antes da colheita, destacando que 38,6% dos fardos analisados estão abaixo do parâmetro desejado. "Queremos um material com o mínimo de deságio possível", afirmou Belot.


O pesquisador chamou a atenção para os cuidados na interpretação dos dados das salas de classificação. "Não adianta produzir uma fibra de qualidade se não tomarmos medidas para evitar a contaminação", enfatizou.


O agrônomo Fabio Echer trouxe ao CBA um paralelo entre produtividade e qualidade, discutindo a fisiologia da formação da fibra, o impacto dos estresses nas características da fibra e as práticas de manejo necessárias para otimizar o desempenho da planta.

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Cases de sucesso e projetos na área de sustentabilidade ganham espaço no 14º CBA

04 de Setembro de 2024

Em tempos de mudanças climáticas, o tema da sustentabilidade nunca foi tão essencial para o cotonicultor. Na agenda desta terça (04) do 14o Congresso Brasileiro de Algodão, o público pôde aprender com as histórias de sucesso de profissionais que investem no equilíbrio entre produtividade e preservação, além de conhecer projetos e pesquisas que vêm auxiliando a impulsionar este tipo de produção no país.


Na primeira parte do debate – coordenada pelo engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Fernando Lamas -, produtores e especialistas de diversas regiões do país demostraram um consenso sobre a viabilidade de apostar na diversificação de culturas – com inclusão de plantas de cobertura e a rotação de culturas em sistema de plantio direto.


Para o engenheiro agrônomo Evaldo Takisawa, pioneiro na consultoria agrícola para o algodoeiro em Mato Grosso, o primeiro passo é refletir sobre o conceito de sustentabilidade. “Ser sustentável é mandatório hoje, é pensar no nosso legado para o futuro, no uso eficiente que fazemos do solo e da água e também em equidade, nas condições oferecidas aos trabalhadores”, ressaltou o especialista, ao defender um conceito amplo para a rotação de culturas. “É preciso sair da zona do conforto e abraçar a complexidade, para não fatigarmos o sistema e deixarmos um legado negativo para as próximas gerações”, alertou.


Um exemplo prático dessa aposta foi trazido pelo produtor rural do Distrito Federal Willian Matté, sócio proprietário do Grupo MeC.  “Nós pensamos a atividade agrícola de uma forma cíclica, integrada e sistêmica, porque sem diversidade produtiva o sistema entra em exaustão e surgem os problemas com doenças e pressão alta das pragas”, opinou o produtor, ao mostrar os resultados obtidos pela sua empresa com um modelo que inclui não só uma grande variedade de culturas como uma integração entre agricultura e pecuária.


Uma perspectiva semelhante foi defendida pelo consultor técnico Ricardo Atarassi, que atua na Fazenda Sete Povos, no Oeste da Bahia. Atarasse falou sobre as vantagens da inserção do algodoeiro no sistema de produção, nos pontos de vista agronômico,  econômico e social.  “Uma cultura a mais faz a cultura mais eficiente. Na nossa região, há produtores que trabalham praticamente com monocultura e nós vemos que em algum momento isso acarreta um problema crônico para a produção”, reforça.


Já na segunda parte do debate, ganharam espaço resultados de estudos e iniciativas para a promoção do algodão sustentável no Brasil.  Membro do comitê da Embrapa para gestão do portfólio de Projetos em Mudança Climática e pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa do Arroz e Feijão da Embrapa na área de Sistemas de Produção Sustentáveis, Beata Madari fez uma análise sobre estimativas de emissão de gases de efeito estufa e balanço de carbono. “Um solo mais saudável e um sistema mais eficiente resultam em mitigação das emissões de gases de efeito estufa, o que é bom também para a rentabilidade”, ressaltou Beata.


A diretora de ESG, Comunicação e Compliance da Amaggi, Juliana Lopes, apresentou um panorama sobre as estratégias de sustentabilidade adotadas pela empresa. “Nosso compromisso é com uma agricultura de baixo carbono, voltada para a biodiversidade e redução de impactos climáticos, com base numa agricultura regenerativa, mas essa proposta precisa ecoar no dia-a-dia dos produtores: é preciso uma mudança de cultura de pensamento”, afirmou Juliana.


Já o coordenador da mesa, o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Marcio Portocarrero, falou sobre estratégias como a certificação ABR – Algodão Brasileiro Responsável, da Abrapa, e o licenciamento BC (Better Cotton), uma certificação internacional adotada por grandes marcas globais.


“As cadeias de valor têm dado um recado muito sério para o setor produtivo em relação à preocupação com sustentabilidade, e nós estamos mostrando que estamos preparados para isso: somos líderes mundiais em produção de algodão certificado, queremos avançar ainda mais e temos 82% dos nossos produtores dispostos a aceitar o desafio”, concluiu Portocarrero.

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Avanços no controle de ramulária, mancha-alvo e nematoides no algodoeiro no 14º CBA

04 de Setembro de 2024

Os resultados mais recentes acerca do controle biológico e químico da ramulária, mancha-alvo e de nematoides em algodoeiro foram mostrados nesta quarta-feira (04), durante a sala temática coordenada pelo fitopatologista da Embrapa Algodão, Fabiano Perina, no 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), promovido pela Associação Brasileira dos Produtores do Algodão (Abrapa). O encontro desta quarta-feira (04) contou com a participação da nematologista do Instituto Goiano de Agricultura (IGA), Laís Fontana, e do consultor da Ceres Consultoria Agronômica, pesquisador Guilherme Ohl.


“Esses são principais problemas de doenças que a cultura do algodoeiro enfrenta atualmente no Brasil”, afirma Perina. Para o especialista, esse desafio, especialmente no caso da mancha-alvo,  chamou a atenção de todos os produtores de algodão nas últimas safras e exige uma atuação também na parte inferior da planta. “A arquitetura da planta é crucial, assim como a escolha dos talhões e a tecnologia de aplicação. Esses aspectos podem ser fundamentais para enfrentar o problema de maneira mais eficaz”, explica.


Com o aumento do cultivo de algodão em regiões mais quentes, há uma expectativa de crescimento na incidência de nematoides e doenças de solo. Isso também aumenta a necessidade de variedades tolerantes ou resistentes a essas condições adversas. Ohl destaca que a resposta rápida é crucial para combater as pragas: “Entre identificar o problema e executar as operações necessárias, o tempo de resposta faz toda a diferença. A fazenda que demora para tomar decisões perde produtividade. Agir o mais rápido possível é fundamental e pode fazer uma grande diferença na lavoura.”


Além disso, diversos fatores devem ser considerados na tomada de decisão, incluindo a época de semeadura, o vazio sanitário, a resistência genética, a tolerância das plantas, a rotação de culturas, a fertilidade equilibrada, e os controles biológico e químico. “Esses aspectos são essenciais para desenvolver uma estratégia eficaz de manejo e garantir o cultivo de algodão”, diz.


Nematoides


Na ocasião, a pesquisadora Laís Fontana apresentou o trabalho desenvolvido pelo IGA a respeito de nematoides. “Os primeiros trabalhos desenvolvidos estão focados no alinhamento de uma metodologia clara e eficaz. Estamos avaliando quais produtos funcionam melhor para fornecer uma resposta mais robusta aos produtores”, informa. No que diz respeito à ramulária e à mancha-alvo, ela explicou que a eficiência dos tratamentos foi reduzida, em grande parte devido às condições climáticas. “Vamos aguardar o próximo ano para avaliar os avanços e a eficácia das estratégias adotadas.”

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14° CBA - Pesquisadores falam sobre os desafios no controle da ramulária e mancha-alvo no algodoeiro

04 de Setembro de 2024

A ramulária e a mancha-alvo são, atualmente, as principais doenças que afetam o algodoeiro, comprometendo significativamente a produção e a qualidade da fibra. Para discutir a ocorrência e o manejo dessas doenças, o engenheiro agrônomo Rafael Galbieri, pesquisador e coordenador do Departamento de Fitopatologia/Nematologia do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMA), coordenou uma das salas temáticas do 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA) nesta quarta-feira, 4 de setembro. O debate contou com a participação dos professores Sergio H. Brommonschenkel, da Universidade Federal de Viçosa, e Danilo Pinho, da Universidade de Brasília.


Eles apresentaram os avanços recentes na compreensão e controle dessas doenças, abordando novas práticas e estratégias para minimizar seus impactos na produção de algodão. “Discutimos as manchas na cultura do algodoeiro, que foram um grande problema na safra atual. Apresentamos detalhadamente questões como diagnóstico, sintomatologia e resposta dos cultivares a essas doenças. Examinamos como as doenças se manifestaram intensamente e apresentamos preparativos e estratégias para reduzir esses problemas na próxima safra. O evento foi muito produtivo, focando em como enfrentar esses desafios”, explica Galbieri.


A ramulária, geralmente, aparece nas folhas mais velhas após a emissão das primeiras maçãs. No Brasil, os primeiros sintomas são notados entre o surgimento do primeiro botão floral e o início do florescimento. Em situações de alta severidade, a doença pode levar à desfolha parcial ou total das plantas. Quando a perda de folhas ocorre durante a fase de formação das maçãs, compromete a produção na parte superior da planta, reduzindo a produtividade e provocando a abertura precoce dos capulhos, o que resulta em perda de qualidade da fibra.


“O fungo apresenta uma alta variabilidade genética, o que resulta em grande sensibilidade a fungicidas e a presença de materiais resistentes à doença. Discutimos o manejo mais eficaz para controlar esse problema”, explica Pinho. Como a maioria das cultivares em uso não possui resistência completa à ramulária, o manejo adequado se torna uma das principais estratégias para combater o patógeno.



Mancha-alvo


Caracterizada por lesões nas folhas da planta, com círculos concêntricos de tecido necrosado que lembram um alvo, a mancha-algo ataca diversas plantas, como a soja, que frequentemente é incluída no sistema de rotação de culturas com o algodão, que servem como hospedeiras do fungo. Para Brommonschenkel, o manejo de doenças em sistemas de produção intensiva em ambientes tropicais, como no caso dessas duas culturas, é complexo. “É necessário o monitoramento constante da lavoura. Empregar todas as práticas disponíveis no manejo integrado para controlar o problema, pois a erradicação é extremamente difícil. O uso de plantas de cobertura, produtos químicos e biológicos, aliado às condições climáticas, deve fazer parte de uma estratégia eficiente”, conclui.

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14ª CBA debate importância de associar uso de defensivos com controle biológico de pragas

04 de Setembro de 2024

 Como parte da programação do 14º Congresso Brasileiro do Algodão, especialistas discutiram, na tarde desta quarta-feira (dia 4), o tema Evolução da Endomofauna no Sistema. O hub temático foi coordenado pelo agrônomo e professor da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Geraldo Papa. Também participaram da atividade os professores Jorge Braz Torres, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), e José Bruno Malaquias, da Universidade Federal da Paraíba - Campus de Areia.


Entomofauna é o termo utilizado para se referir ao conjunto de espécies de insetos de uma determinada região. O professor Geraldo Papa fez abertura do hub, traçando um histórico do desenvolvimento da cotonicultura no Brasil, a partir da década de 1980, quando a cultura se concentrava ainda nas regiões de São Paulo e Paraná, com menos escala e baixo uso de tecnologia. Desde então, a atividade cresceu, assim como as pragas e doenças que causam prejuízos e perdas, a exemplo do pulgão e, principalmente do bicudo. “Estamos aqui mostrando a evolução tecnológica por qual passa todo o setor produtivo, incluindo a indústria de defensivos que vive um período de grande modernização de seus produtos, introduzindo no mercado inseticidas e acaricidas menos tóxicos”, explica Geraldo Papa.


Durante sua palestra Jorge Braz Torres abordou o tema Inimigos naturais no sistema de produção do algodoeiro. “Temos a possibilidade de termos esses animais trabalhando gratuitamente a nosso favor e acabando com pragas que causam doenças ou destroem as plantações", explicou, enfatizando que, por isso, é importante pensar no uso de defensivos que possam conservar a presença desses inimigos naturais.


Já José Bruno Malaquias falou sobre Biotecnologias para algodoeiro – evolução e gestão da resistência. Segundo ele, que participa de grupos internacionais de estudos, o Brasil causa grande preocupação no mundo pela resistência, cada vez maior, das pragas a toxinas e plantas geneticamente modificadas (Bt). “Nosso trabalho envolve o uso de modelos computacionais que possam ajudar a criar sistemas que facilitem o combate a pragas e doenças, associando o uso de defensivos ao controle biológico”, disse o professor, destacando que esse equilíbrio é fundamental.

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14º debate Inteligência Artificial na produção de algodão

04 de Setembro de 2024

Há muito tempo, a Inteligência Artificial (IA) não é novidade no campo, e, menos ainda, na produção de algodão, onde automação e agricultura de precisão são cada dia ferramentas mais frequentes, mas, no segundo dia do Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), o maior evento da cotonicultura do país, que reúne em Fortaleza, até esta quinta-feira (05), mais de 3,5 mil participantes, uma pergunta ecoou na plenária: a IA vai produzir algodão? Para falar sobre o tema, o CBA juntou a futurista pelo Institut For The Future (IFTF), consultora e autora de vários “best sellers” sobre o assunto, Martha Gabriel, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, cuja formação inclui o título de doutora em Computação Aplicada pelo Instituto de Pesquisas Espaciais, e o CEO da StartSe Agro e cofundador da Solubio, uma das gigantes biotechs, do agro brasileiro, Mauricio Schneider. A plenária foi mediada pela jornalista Patrícia Travassos.


Em sua palestra, Martha Gabriel destacou a importância de “entender a IA para compreender o mundo”. Segundo ela, as ferramentas tecnológicas têm o poder de ampliar o nível intelectual humano, revelando padrões e insights antes inimagináveis. "Uma pessoa mediana, empoderada por tecnologia, torna-se melhor do que o maior expert humano trabalhando sem tecnologia", afirmou. Para ela, novas métricas e instrumentos serão necessários para medir e navegar neste novo mundo extraordinário.


Já Silvia Massruhá defendeu a criação de novos modelos de capacitação técnica e a integração dos setores para manter o Brasil no protagonismo global. Ela ressaltou que a tecnologia não só pode reduzir riscos, mas também atrair a nova geração para o campo, contribuindo para a sucessão rural. "Precisamos de indicadores, métricas e dados assegurados pela pesquisa para melhorar a narrativa da agricultura brasileira", destacou.


Maurício Schneider acrescentou que, embora o algodão cultivado em laboratório já exista, é essencial considerar todas as camadas de produção, escala e distribuição. Ele ponderou que as ferramentas tecnológicas, muitas vezes vistas como inacessíveis, são na verdade aliadas poderosas na gestão de riscos, redução de erros e custos. "Não adianta criar um produto em laboratório se não conseguimos escalar, distribuir e desenvolver de forma viável", concluiu. Tanto Martha Gabriel quanto os debatedores reforçaram a importância de “conhecer o problema e fazer a pergunta certa” à Inteligência para obter resultados corretos.


Na abertura das discussões a jornalista Patrícia Travassos apresentou a primeira toalha rastreável do mundo, resultado da parceria da marca Döhler com a iniciativa SouABR, da Abrapa. Graças a um QR Code e à tecnologia blockchain, o consumidor pode acompanhar todo o processo de produção, desde a semente até o guarda-roupa.

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