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Com tecnologia, informação e uma legislação específica, é possível a produção de microorganismos on farm

Assunto foi abordado em um dos workshops técnicos no Congresso do Algodão

18 de Agosto de 2022

A produção on farm, ou produção na fazenda de insumos biológicos foi tratada em workshop sobre o tema, que aconteceu na tarde desta quinta-feira (18), no último dia do Congresso Brasileiro do Algodão (CBA). Esse ano o encontro nacional chega a sua 13ª edição e tem Salvador com cidade escolhida para receber o evento nacional da cotonicultura. Com programação técnica, a mesa foi composta por representantes da esfera governamental, empresarial e de pesquisa para analisar o futuro da produção de microorganismos, ampliar o conhecimento sobre a legislação brasileira, compartilhar experiências e alertar os participantes sobre os cuidados com o controle de qualidade.


De acordo com a Embrapa, a demanda por insumos biológicos tem crescido no Brasil, seguindo uma tendência mundial e observa-se um interesse pela produção de insumos biológicos on farm, para uso próprio.


André Peralta, coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins, do Departamento de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), tratou sobre a legislação sobre a produção de microrganismos on farm. De acordo com Peralta, a legislação de fertilizante não permite produção para uso próprio. Apenas se for enquadrado como agrotóxico.


De acordo com a legislação vigente, produto fitossanitário pode ser produzido para uso próprio, na agricultura orgânica. Peralta mencionou projetos de lei que estão em discussão na Câmara (PL 658) e no Senado (3668/2021), que tratam a classificação, a produção, comercialização e destino de bioinsumos.


Trazendo a experiência da indústria na produção on farm de microorganismos, o coordenador de produção da SLC Agrícola, Doglas Broetto, abordou os avanços do uso de biológicos e os processos de produção on farm. “Os processos precisam ser analisados em todas as etapas. É preciso avaliar o meio de cultura, a fonte de contaminação, fazer o controle qualitativo e especialmente, ter pessoas capacitadas para monitorar, controlar e registrar os bioinsumos”.


A pesquisadora Rose Monnerat discorreu sobre os principais cuidados na produção e controle de qualidade dos microrganismos on farm. A especialista esclareceu que o processo pode ser realizado tomando os cuidados necessários. “É necessário ter uma estrutura física adequada, um responsável técnico, seguir as etapas de coleção de trabalho com microrganismos bem identificado, corpo técnico capacitado e respeitar a fisiologia do microorganismo”, pontua Monnerat.


“É preciso entender os riscos, os custos e a qualidade da produção on farm. Com o aumento da procura por bioinsumos, as indústrias vêm ofertando produtos seguros e de qualidade. Para o futuro é fundamental ter tecnologia e informação, além de uma legislação específica”, conclui Rose Monnerat.

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Pesquisadores e executivos debatem tendências para aprimorar a qualidade do algodão brasileiro

​Tema foi alvo de um dos workshops na programação do 13o Congresso Brasileiro de Algodão, encerrado hoje no Centro de Convenções de Salvador

18 de Agosto de 2022

Executivos e pesquisadores do Brasil e exterior estiveram reunidos na tarde desta quinta (18), para traçar um panorama das perspectivas para o aprimoramento da qualidade do algodão brasileiro dos pontos de vista das exigências dos mercados interno e externo, da evolução tecnológica da indústria têxtil e das boas práticas de governança, meio ambiente e sociedade (ESG). O workshop – coordenado por Sergio Dutra, do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt) - integrou a programação do último dia do 13o Congresso Brasileiro de Algodão, que reuniu os principais atores do segmento no Centro de Convenções de Salvador (BA).


"Nos próximos anos, eu acredito que o Brasil irá se tornar o maior exportador de algodão do mundo, mas precisamos também nos tornarmos os melhores", sentenciou Duarte, diretor de Relações Internacionais da Abrapa. Um dos plastrantes do primeiro bloco do workshop, voltado para a comercialização, ele mostrou à plateia os resultados de pesquisas que mostram a percepção dos compradores sobre o algodão brasileiro em relação a uma série de fatores relacionados à qualidade, como comprimento da fibra e resistência.


"Uma das vantagens para a comercialização do produto brasileiro é a análise HVI (High Volume Instrument)  e a rastreabilidade dos fardos, embora a confiabilidade dos dados ainda possa ser melhorada", complementou Thomas Reinhard, da empresa Paul Reinhard AG, na Suíça, que participou do workshop por meio de um vídeo enviado ao evento. Ainda no mesmo bloco, Daiane Cristina Flávio, da Bom Jesus Sementes, e Edmilson Santos, da SLC Agrícola, mostraram ao público as boas práticas que cada uma das suas empresas vem realizando para aprimorar a qualidade dos produtos.


No segundo bloco, o foco foi a indústria têxtil. O consultor de Tecnologia e Análise de Processos Harald Schwippl e Ronaldo Dantas, gerente de vendas regional da Rieter, uma fabricante de maquinário para a indústria de fiação, fizeram um resumo das diversas tecnologias de fiação existentes (anel convencional e compacto, a rotor e jato de ar), ressaltando as características desejadas das fibras para atender às exigências de cada uma delas. "No futuro, as tecnologias vão exigir cada vez mais fibras longas e uniformes, para garantir a qualidade do fio", ressaltou Ronaldo Dantas.


Ainda neste mesmo bloco, o workshop contou com a exibição de dois vídeos:  uma apresentação de Jordan Yung, da Universal Têxtil, sobre a experiência da empresa com a Vortex, uma tecnologia de fiação à base de ar comprimido, e uma palestra de Eric Hequet, da Texas Tech University,  um dos líderes dentro da área de pesquisa de qualidade da fibra do algodão nos Estados Unidos.


Por último, o workshop ainda promoveu um debate sobre ESG e cotonicultura com a participação do especialista em desenvolvimento de baixo carbono e gestão de paisagem Eder Zanneti e da diretora de ESG, Comunicação e Compliance do rupo Amaggi, Juliana Lopes.

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Custo de produção e competitividade do cultivo do algodoeiro são desafios para o produtor brasileiro

Cultura foi pressionada, principalmente, pelo preço dos fertilizantes

18 de Agosto de 2022

A importância das compras de insumos e a venda da produção, além das políticas públicas de longo prazo para investimentos e estratégias na obtenção de insumos agrícolas foram temas abordados nesse segundo dia do 13º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), que acontece até quinta-feira (19), no Centro de Convenções de Salvador. O evento, organizado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), reúne players do setor para tratar de temas desafiadores.


Jones Yassuda, da AgrAll Inputs, explica que os fatores que mais influenciam no custo de produção são os fatores climáticos, as tecnologias genéticas disponíveis tanto em variedades como eventos transgênicos, a rotação de cultura, a estratégia de controle de como se utilizam os insumos, o custo dos produtos utilizados e a forma de aquisição destes insumos. “O gerenciamento destes fatores propiciara a melhor relação custo e receita para o cotonicultor”, explica.


Sobre essa relação custo e receita, é consenso entre os especialistas que os custos de todos os produtos agropecuários estão em patamares superiores àqueles observados em períodos anteriores à pandemia por Coronavírus. “Além da crise sanitária e a consequente diminuição da atividade econômica mundial, a falta de matérias-primas, a elevação nos preços dos combustíveis, os problemas logísticos na China e as recentes tensões no leste europeu e Ásia explicam os aumentos nos custos de produção”, avalia Rodrigo Gomes de Souza, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).


Compartilha da mesma opinião, Lucílio Alves, professor da ESALQ/USP e pesquisador do Cepea. Segundo ele, os custos de produção do algodão apresentaram elevação até a safra 2014/2015, mantendo-se estável até a temporada 2018, a partir de quando houve a elevação dos custos, sustentados especialmente pelos maiores preços de fertilizantes. “Tomando como base os custos para a região oeste da Bahia, em média, 85,5% dos custos totais de produção são operacionais e 14,5% se referem aos custos de oportunidade e de capital”, diz.


Por outro lado, equilibra a balança entre produção e venda os preços recebidos que também acompanharam este movimento, resultando na manutenção de margens de comercialização positivas para o produtor, o que estimulou o aumento da área plantada com grãos no Brasil em 5,8% na safra 2021/22, segundo dados da Conab. “Apesar das altas de custos, pode-se dizer que a rentabilidade da cultura segue favorável ao produtor. Os ajustes em usos de tecnologias, em sistemas de cultivo (como a segunda safra), em processos de compras de insumos e de venda antecipada da produção, ajudaram o produtor a aumentar a área com a cultura ao longo do tempo, aproveitando uma demanda internacional favorável”, aponta Lucílio Alves.


Contudo, um dos grandes vilões ainda continua sendo o custo dos fertilizantes. Enquanto entre as temporadas 2016/17 e 2020/21, os fertilizantes representaram, em média, 15,5% dos custos operacionais, em 2022 sua representatividade superou os 33% do custo operacional. “É algo preocupante. Há expectativas de que os preços possam ceder, comparativamente ao observado em 2022, mas que ainda fique acima do registrado nos anos 2020 e 2021. Assim, o ritmo de alta pode perder força, mas não há sinais de que volte aos patamares registrados antes da pandemia”, acredita Alves.


Yassuda ressalta que o problema toma grande dimensão porque o Brasil é muito dependente dos fertilizantes produzidos lá fora. “O incentivo nos investimentos da exploração local e produção local no caso dos nitrogenados se faz urgente para equilibrar e reduzir a dependência que beira 85% de importação. O Plano Nacional de Fertilizantes é um início, porém, o governo deveria tomar a iniciativa de coordenar a implementação de um programa de exploração local e incrementar a relação comercial entre os países produtores”, finaliza.

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Nutrição e Adubação: Exigências e estratégias de manejo na produção do algodão

​O debate, no formato de talk-show, foi coordenado pela pesquisadora da Embrapa Algodão e membro do Comitê Científico do CBA, Ana Luíza Borin

18 de Agosto de 2022

Desmistificando a nutrição e a adubação do algodoeiro no sistema atual de produção: exigências e estratégias de manejo foi um dos assuntos abordados na sala temática desta quarta-feira (17), no 13º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA). Reunindo 2,5 mil inscritos, o evento acontece até quinta-feira (18), no Centro de Convenções de Salvador.


O debate, no formato de talk-show e coordenado pela pesquisadora da Embrapa Algodão e membro do Comitê Científico do CBA, Ana Luíza Borin, teve como demais participantes o pesquisador Evandro Binotto, do Centro Universitário de Pato de Minas, do engenheiro agrônomo e consultor Milton Ide e do gerente de Produção Sementes da empresa Amaggi, José João Gomes. Durante a conversa, cada especialista falou sobre suas experiências relativas aos resultados da nutrição e adubação das lavouras.


Milton Ide destacou os desafios nas lavouras de algodão do cerrado baiano. "Como todos sabem, é uma região onde o solo é muito pobre e exige um forte trabalho de química. São solos fracos e arenosos, que exigem correção para manter a base biológica", explicou. Ele também lembrou dos problemas causados pelas fortes chuvas que atingiram a Bahia no último verão. As lavouras ficaram encharcadas, o que gerou atraso no desenvolvimento das plantas, sendo mais um revés a ser superado.


Já José João Gomes relatou sua experiência no Mato Grosso. "Nosso grande desafio no uso do solo é conseguir aumentar a matéria orgânica. Hoje já conseguimos fazer um uso mais racional dos fertilizantes. Para isso, contamos com a parceria da Embrapa", disse Gomes. "Às vezes nossa produtividade não é muito grande, mas alcançamos boa rentabilidade".


Falando sobre a nutrição e seus efeitos nos estresses, o pesquisador Evandro Binotto comparou a folha à parte industrial das plantas. "Como uma indústria, ela consome parte do que produz. O resto ela exporta. O problema do algodoeiro é que ele precisa de muita luz, mas também sofre com o excesso de calor", apontando que a saída é buscar o equilíbrio para assegurar o melhor desempenho da cultura.

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Sensores e drones ajudam na identificação de pragas e doenças

Cotonicultores aderem à tecnologia no campo para reconhecer e tratar nematoides, plantas daninhas e doenças que comprometem a qualidade da produção

18 de Agosto de 2022

O último dia do 13º Congresso Brasileiro de Algodão (CBA), que está sendo realizado no Centro de Convenções de Salvador, contou com cinco workshops sobre diversos temas relacionados ao cultivo da pluma, entre eles, o que teve como tema "Sensores são eficientes para identificação de pragas, doenças, nematoides, plantas daninhas e estado nutricional". Coordenado por Lúcio de Castro Jorge, pesquisador da Embrapa Instrumentação, o workshop abordou as experiências de produtores e pesquisadores e o que está em desenvolvimento no setor para o combate de doenças, pragas e aplicações localizadas.


Segundo Lúcio Jorge, a tecnologia mais adotada nas propriedades são os sensores e os drones, mas outras tecnologias estão vindo para agregar, como big data, metaverso e inteligência artificial. "A agricultura está evoluindo bastante e tem toda uma mudança de paradigmas e de técnicas tradicionais que estão passando por adaptações", anuncia.


Julio Cezar Franchini dos Santos, da Embrapa Soja, destacou que estas ferramentas possibilitam ao produtor ter uma nova perspectiva de observação da propriedade. "Essas tecnologias possibilitam mostrar de cima coisas que você não estava vendo antes, como obtenção de índices vegetativos, espacialização dos níveis de estresse da cultura", revela ele, que acredita, que o segmento deve assumir estes desafios e investir em treinamento e capacitação de equipes.


Partilha da mesma opinião, o coordenador da sala, que vê na tecnologia um ótimo meio de fornecimento de dados, mas se não tiver o profissional que avalie toda informação recebida, de nada adianta ter a tecnologia. "O grande desafio está em como processar esses índices para tomar a decisão correta. É a parte mais importante do uso destas tecnologias", afirma Lúcio Jorge.


Murilo Maeda, da Texas A&M AgriLifeExtension, tratou da evolução do uso de sensores para pesquisa em algodão e enfatizou que os agrônomos precisam se adaptar as novas ideias e as novas tecnologias. "Não se sintam frustrados com o avanço da tecnologia. Abracem a oportunidade de utilizá-las, pois tem muita coisa para a gente descobrir e beneficiar a agricultura", afirmou.


Francelino Rodrigues, da Lincoln Agritech Ltd, abordou a aplicação de sensoriamento remoto para acessar sintomas de doenças nas plantas e como ele pode ser usado para gerar dados de estresse nas plantas. Fechando a programação da sala esteve o engenheiro aeroespacial Fábio Teixeira, da Hypercubes, que falou sobre o estado da arte dos novos nano satélites para o agronegócio, o projeto Hypercubes e suas aplicações no monitoramento agrícola através da espectroscopia que é o estudo da interação entre a luz e a matéria.

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Workshop debate manejo do solo para aumentar produtividade de grãos e fibras

​Rotação de culturas, plantio direto e uso das plantas de cobertura são algumas práticas indicadas pelos especialistas

18 de Agosto de 2022

Na busca por produzir mais e atender a demanda do consumo, produtores de todo o mundo têm utilizado as mais variadas ferramentas, exigindo alternativas integradas para o desenvolvimento sustentável e produtividade nas lavouras. Nesse sentido, o manejo adequado e racional do solo aliado à diversificação de culturas surge como alternativa de promoção da longevidade desse recurso e produtividade das lavouras. Por isso, o último dia do 13º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA) trouxe um workshop para debater a diversidade de culturas e o manejo de solo como estratégia para maximizar a produtividade de grãos e fibra.


Gerente Sênior de Parcerias e Programas Grandes Produtores da Better Cotton (BCI), Álvaro Moreira, foi o primeiro debatedor do workhop e falou sobre a saúde do solo. Ele defendeu que a cadeia produtiva do algodão precisa estar integrada não apenas quanto aos aspectos técnicos, mas também às tendências do consumo e das boas práticas de manejo. "Assim é possível aumentar o impacto positivo na vida do produtor e do meio ambiente. Isso porque o consumidor quer ver progresso, transformação e evolução naquele produto final". Para o especialista, a melhora da saúde do solo, alinhada com a questão climática, aumenta o negócio e amplia o lucro do produtor, refletindo ainda na sustentabilidade do sistema. Entre as práticas para a promoção dessas mudanças, estão a rotação de culturas, o plantio direto e uso das plantas de cobertura.


O pesquisador da Embrapa Alexandre Ferreira e o presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Luiz Carlos Bergamaschi, falaram sobre o uso de plantas de cobertura como estratégia para implantação e manejo em sistemas de cultivo solteiro e em consórcio. Ambos trouxeram a experiência dos sistemas de produção utilizados na Bahia. "Ao longo dos anos de pesquisa, observamos que uma mudança na condição climática nos fez perceber a necessidade de mudanças no manejo, em função do surgimento de pragas, problemas nas cultivares, entre outros aspectos", indicou Ferreira. Na Bahia, na década de 80, a produção de algodão era realizada de maneira convencional, mas, a distribuição de chuvas no Cerrado era ruim e afetava a produtividade. "Nessas condições, a partir 1993, o próprio sistema nos obrigou a mudar a forma de manejar, ou seja, a natureza mostrou o caminho da diversificação de cultivo, preparando o solo e desenvolvendo soja e milho", observou Bergamaschi, informando que em 2003 ele passou a usar o sistema de plantio direto, aprimorando o manejo da lavoura e entendendo que uma cultura, naturalmente, exige o desenvolvimento de outra.


"Manejar o solo por meio do sistema de plantio direto, quando adotado corretamente, é fundamental para mitigar o estresse biótico e abiótico", apontou o membro da Comissão Científica do 13º CBA, Táimon Semler. De acordo com o especialista, é necessário compreender os processos envolvidos nos sistemas de cultivo, observando características do solo, da propriedade e a maneira como elas determinam o rendimento das culturas. "Há que se fazer uma análise de forma integrada, principalmente, as variáveis ligadas à dinâmica da água, à compactação do solo e à diversificação das culturas". Compartilhando da mesma idéia, o pesquisador da Embrapa Soja, Henrique Debiasi, acrescentou que a diversificação de culturas traz melhor desempenho produtivo a médio e longo prazo. "E a partir do momento que o produtor observa que a qualidade do solo está caindo, ele pode rotacionar culturas, manejar melhor o solo e fazer uso de ferramentas como bioanálises", finalizou Debiasi, considerando que, no cenário atual, o algodão brasileiro é uma cultura jovem, competitiva e o produtor deve estar atendo às informações e aos detalhes.

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Painel apresenta novas ferramentas para o controle de pragas

​Prospecção de microrganismos, uso de feromônios e tecnologia RNAi estão entre as alternativas viáveis para os produtores

17 de Agosto de 2022

A evolução dos controles biológicos já é uma realidade nas lavouras. Por isso, o 13º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA) preparou um painel específico, voltado para o tema que desperta cada vez mais interesse do setor produtivo. Os congressistas conheceram os procedimentos para prospecção de microrganismos, o uso de feromônios e do silenciamento genético com a tecnologia RNA interferente (RNAi). Tudo isso sob a coordenação de Rafael Pitta, membro da Comissão Científica do CBA.


A programação foi iniciada com a pesquisadora do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), Jéssica Oliveira, que falou sobre o trabalho de prospecção de microrganismos que explora os agentes existentes dentro do próprio ambiente para atender às necessidades comerciais, tecnológicas e de pesquisa. Eles são encontrados no solo, em fontes de água, nas plantas e insetos por meio de coletas estratégicas, considerando a diversidade metabólica, redundância funcional e resiliência do ambiente prospectado. "Dessa forma temos uma abrangência de microrganismos com variabilidade genética. Mas a atividade não é tão simples. É preciso fazer a busca gênica, incluindo nichos específicos para alcançar um resultado mais eficaz", esclareceu Jéssica, ao apresentar todas as etapas para a realização de uma prospecção adequada de microrganismos e os bioensaios feitos no IMAmt, salientando que as ações são reguladas pela Lei de Acesso ao Patrimônio Genético.


Na produção em larga escala, o líder de Pesquisa & Desenvolvimento da Provivi do Brasil, Tederson Galvan, abordou os avanços no uso de feromônios para o manejo de pragas. "Os feromônios são moléculas químicas que atuam na comunicação entre seres vivos, sendo divididos em grupos por função. Na agricultura, são usados para monitoramento em armadilhas e controle de pragas, promovendo a mudança comportamental entre machos e fêmeas", explicou Galvan, detalhando que a ferramenta ocasiona uma confusão sexual, impedindo o acasalamento. "Isso já tem décadas de uso, principalmente, em culturas de alto valor agregado nos EUA, com redução significativa das pragas". Entre as vantagens da ferramenta, Galvan destacou a preservação da biodiversidade porque o feromônio não mata; a resistência por atuar em dois organismos diferentes; e a redução da poluição do meio ambiente já que é um produto natural.


Encerrando a temática, o pesquisador da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, trouxe informações sobre a descoberta científica do mecanismo RNA interferente (RNAi), considerada uma das mais importantes dos últimos 20 anos. "Em resumo é um desligamento de genes específicos. Mas é um mecanismo complexo e o destaque dessa opção é a versatilidade e eficiência com potencial de aplicação no manejo fitossanitário das lavouras e na supressão de genes envolvidos em mecanismos de resistência", detalhou Nepomuceno, explicando que existe uma grande corrida em todo o mundo para aprimorar a ferramenta e ampliar seu uso.

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Para especialistas reunidos no 13º Congresso Brasileiro do Algodão, adoção de práticas ESG está guiando os novos rumos dos mercados mundiais

17 de Agosto de 2022

Definida como um conjunto de boas práticas que vem sendo adotado pelas organizações para comprovar sua solidez e garantir um crescimento sustentável, a ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) foi o tema em destaque na segunda Plenária Master, desta quarta-feira (17), no 13º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), que se realiza no Centro de Convenções de Salvador. Participaram das discussões a head research ESG da XP, Marcella Ungaretti, o diretor executivo e gerente geral de Sustentabilidade do Instituto Lojas Renner, Eduardo Ferlauto, e o professor e o fundador da consultoria Ideia Sustentável, Ricardo Voltolini.


ESG é a sigla em inglês para os termos ambiental, social e governança e é utilizado para definir quanto uma empresa tenta minimizar seus impactos no meio ambiente e contribuir para a formação de uma sociedade mais justa e responsável. Ricardo Voltolini abriu a plenária falando sobre o crescimento da pressão da ESG sobre as empresas. Ele atribui essas mudanças a alguns fatores específicos como a ascensão dos “millennials”. “Essa turma já domina 27% dos negócios mundiais e já cresceu impactada pelas questões ambientais e a diversidade”, afirmou.


Outro fator destacado pelo consultor é o que ele chama de esgarçamento dos limites da temperatura mundial. “Empresas de todo mundo têm sofrido pressão para redução da emissão de carbono. O Brasil que hoje é o quarto emissor mundial de gás de efeito estufa é um dos países signatários do acordo da ONU para alcançar nas próximas décadas a meta de parar de emitir carbono”. Voltolini ressaltou que é uma tendência global entre os grandes investidores ampliar seus orçamentos destinados à ESG. Para ele, a sigla impulsiona um movimento diferente. “Hoje, negócios bons são éticos. Daqui para frente, os consumidores vão comprar de empresas que ajam como cidadãos éticos”, defende Voltolini.


Para Marcella Ungaretti, quando se fala em investimento, a integração ESG permite uma avaliação das empresas de forma holística, indo além das tradicionais métricas econômico-financeiras. “A adoção de princípios ESG na análise de empresas nos permite trazer para mesa de discussão questões que, além de serem fatores cruciais para o bem da sociedade, manutenção do planeta e construção de um mundo melhor, afetam diretamente os resultados das empresas. Na nossa visão, as empresas vencedoras serão aquelas cujo comportamento em relação às questões ambientais, sociais e de governança são colocadas em primeiro plano”, disse a representante da XP.


Ela também chamou a atenção para o crescimento da adoção das práticas relacionadas à ESG. “Embora as discussões acerca dos princípios ESG tenham ganhado notoriedade recentemente no Brasil, quando olhamos ao redor do mundo fica evidente que a consideração dos fatores ESG nos investimentos não vem de hoje e, mais importante do que isso, que não se trata de uma tendência, mas sim, de uma realidade. Globalmente, mais de US$ 35 trilhões em ativos sob gestão são gerenciados por fundos que definiram estratégias sustentáveis, o que já representa 35,9% do total de ativos geridos no mundo, dos quais mais de US$ 17 trilhões estão nos EUA, com o país representando 50% do total de investimentos sustentáveis no mundo”.


 Ao fazer sua apresentação na Plenária Master, o diretor do Instituto Lojas Renner deu destaque ao trabalho do grupo, que hoje conta com mais de 600 lojas, para desenvolver uma estratégia sustentável, com menor impacto no meio ambiente e maior responsabilidade social. No que definiu como estratégia de moda sustentável, Ferlauto ressaltou que as iniciativas, princípios e políticas comprometidas com o desenvolvimento sustentável compõem o alicerce do nosso trabalho”.  Explicou a ainda que a área de sustentabilidade do grupo é dividida em três pilares, incluindo o trabalho do Instituto Renner: economia circular e meio ambiente; governança e responsabilidade social e cadeia de valor responsável. “Hoje, 70% de nossa parte têxtil já adquirida exclusivamente no Brasil. Também já chegamos ao uso de quase 100% de algodão certificado”, afirmou Ferlauto.

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Plenária Master aborda futuro da cotonicultura brasileira

​Presidentes da Anea, Abit e Abrapa falaram sobre desafios e possibilidades para o algodão nacional alcançar o topo do ranking de exportação

17 de Agosto de 2022

Bastante concorrida e com o auditório lotado, a primeira Plenária Master do 13º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA) trouxe um panorama da cotonicultura brasileira com os presidentes da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Miguel Faus, da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel e da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Júlio Busato. Os três falaram sobre "Os desafios e as perspectivas do algodão brasileiro. A evolução do setor nas duas últimas décadas".


Para eles, a cotonicultura brasileira já produz com tecnologia, responsabilidade socioambiental e demais requisitos importantes para tornar o país um grande competidor no mercado internacional. "Continuamos a consolidar a pluma brasileira nos principais mercados consumidores por meio de um produto de qualidade, com nível de competitividade elevado, regularidade no fornecimento e preço favorável", destacou Faus. "Mas ainda há grande volatilidade no mercado do algodão e isso nos inquieta", ponderou o presidente da Anea, afirmando que, apesar dos problemas relacionados à logística e o enfrentamento da recessão econômica, é preciso recuperar o mercado perdido para as fibras sintéticas e alcançar a tão sonhada posição de liderança em exportação do algodão.


Nesse contexto, o 13º CBA é uma oportunidade de atualização, debates e avanços para o segmento. Na avaliação do presidente da Abit, Fernando Pimentel, é um momento importante de discussão dos temas relacionados não apenas à cotonicultura, mas também à rede de produção brasileira de têxteis e confeccionados. "O algodão é a principal matéria-prima transformada em território nacional pela indústria brasileira, mas, os desafios e as perspectivas econômicas nesse novo cenário mundial, impactado pela guerra e aumento no preço de insumo, podem afetar a rota de crescimento do setor", alertou. "Ainda assim, nossa expectativa é de que as curvas da indústria e do varejo melhorem e sejam mais favoráveis nesse segundo semestre de 2022". Segundo Pimentel, as perspectivas serão animadoras quando os acordos internacionais de comércio entrarem em efetiva operação e a reforma tributária realmente acontecer para reequilibrar o preço pago pela indústria paga.


Grande incentivador do setor produtivo, o presidente da Abrapa, Júlio Busato, lembrou que o mercado internacional foi surpreendido, nos últimos 20 anos, pela retomada da cotonicultura brasileira. "Temos um objetivo maior de tornar o Brasil o maior exportador e maior produtor mundial de algodão, mas ainda temos um enorme dever de casa com a logística", disse Busato, satisfeito com o trabalho de valorização do algodão feito em conjunto com todos os setores produtivos. "Nossa perspectiva futura é disputar o mercado com os EUA que são extremamente organizados".


Mediada pelo engenheiro agrônomo, professor e sócio-fundador da Markestrat Group, Marcos Fava, a Plenária Master deixou uma mensagem de otimismo e novas possibilidades para os congressistas participantes do 13º CBA. "A cadeia produtiva do algodão brasileiro tem conseguido se superar ao longo dos últimos 20 anos. Décadas de investimentos e aprendizados levaram o País a estar em posição de destaque mundialmente, obtendo um resultado de excelência desde a matéria-prima até a entrega do produto final ao consumidor" apontou Fava. "Agora, seguindo neste caminho, a cotonicultura se mantém integrada, as perspectivas de produção de toda a cadeia melhoram. Por isso, faço um convite aos produtores, de caminharmos juntos para sermos os melhores e maiores na produção e exportação de algodão".

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Os desafios e as perspectivas do algodão brasileiro no cenário mundial

17 de Agosto de 2022

Com o mesmo tema dessa 13ª edição do Congresso do Algodão Brasileiro (CBA) - "Algodão brasileiro – desafios e perspectivas no novo cenário mundial" - a segunda Plenária trouxe nesta terça, dia 16, o pesquisador e professor sênior de agronegócio global do Insper, Marcos Jank, para falar sobre o algodão brasileiro no mercado mundial.


Apesar de todas as turbulências e incertezas vividas no mercado internacional, as perspectivas são otimistas para o setor. O Brasil cresce quase 10% ao ano em produtividade e ocupa o segundo lugar no ranking mundial de exportações do algodão, com 72% da produção exportada para a Ásia.


O momento pós-pandemia pode ser de grandes oportunidades para o setor visto que o agronegócio explodiu em crescimento com preços atingindo o maior nível da história. Entre os fatores desse crescimento, estão os preços internacionais em alta, o aumento da demanda global, especialmente, na Ásia e na China, o impacto da peste suína, os estoques mundiais baixos e a desvalorização cambial.


Somado a isso, o professor acredita que o grande fenômeno dessa década será o avanço da agricultura na área de pastagem. O Brasil possui cerca de 160 milhões de hectares de pastagens que podem ser utilizadas. "Falo de um sistema integrado que nos permite fazer mais de uma safra agrícola. É a dádiva do trópico. Temos potencial de intensificar a pecuária e ampliar a segunda safra", acredita.


Contudo, o segmento deve estar atento aos fatores de risco, tais como inflação de alimentos no mundo e perda do poder aquisitivo pós-Covid, custos altos de insumos, mudanças climáticas, entre outros. Entre os grandes desafios do algodão brasileiro no mundo, o palestrante destacou a crescente competição com fibras artificiais, como o poliéster, além da necessidade de desenvolver e defender os mercados. "Não é só ser o maior, temos que ser o maior e o melhor", sinaliza ele, que acredita que a grande meta para 2030 é a consolidação do Brasil como o grande exportador mundial de algodão.


Para atingir essa meta será necessário manter o foco na Ásia que ainda é o destino de mais de 90% das exportações de algodão, investir no potencial de produtividade e da segunda safra, ampliar o market-share nos mercados-destino, focar em cada mercado relevante com estratégias individuais customizadas e estimular as parcerias e acordos comerciais entre os governos da China, Asean e Sul da Ásia.


Especialistas, produtores, pesquisadores e representantes de empresas brasileiras e internacionais estarão reunidos até o dia 18 de agosto no Centro de Convenções de Salvador para tratar de tendências, políticas para o setor, pesquisa, tecnologia, sustentabilidade e inovação no segmento do algodão. O CBA é organizado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e tem o apoio de várias instituições e empresas.

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