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14º CBA - Avanços e desafios na utilização de ferramentas biológicas na agricultura

05 de Setembro de 2024

O uso de ferramentas biológicas na agricultura foi o foco do Workshop 5, realizado na tarde desta quinta-feira (05), durante o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA). Sob a coordenação do professor Thiago Gilio, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), o encontro reuniu quatro especialistas que discutiram os desafios e oportunidades associados à adoção de insumos biológicos. O debate destacou a importância crescente dessas tecnologias no setor agrícola, revelando tanto as barreiras a serem superadas quanto o potencial promissor para a inovação no cultivo agrícola.


“Preparamos o encontro para ser o mais provocativo possível, apresentando uma visão geral sobre o uso de biológicos e bioinsumos e atualizações técnicas e oportunidades que abrangem desde a prospecção, produção, aplicação e interações até formas de avaliar seus efeitos em diferentes sistemas produtivos ao longo do tempo,” explica Thiago Gilio.


Entre os principais desafios apresentados estão a identificação de microrganismos eficazes, a produção em larga escala mantendo a qualidade, o transporte, o desenvolvimento de métodos eficientes de aplicação no campo, a adaptação a diferentes condições climáticas, o domínio de conhecimento de regulamentações complexas e o entendimento da interação desses microrganismos. “Apesar dos obstáculos, também existem oportunidades promissoras no avanço desses estudos”, garante Gilio.


Fabiano Perina, pesquisador da Embrapa Algodão, abriu a programação, com o tema “Biológicos no controle de doenças e nematóides em algodoeiro”. Atualmente, faz pesquisas sobre o manejo e diagnóstico de doenças e nematóides e sistemas de produção de algodão. “O Brasil se destaca como o maior produtor e consumidor mundial de insumos biológicos, uma posição reforçada pelo vasto tamanho de suas áreas cultivadas, a capacidade de realizar até três safras em algumas culturas e o ambiente tropical favorável. Atualmente, 34% das áreas cultivadas no Brasil são tratadas com produtos biológicos. Na safra de 2023, o uso desses insumos cresceu mais de 35%.”, apontou o pesquisador.


No cultivo do algodão, por exemplo, 64% da área total foi protegida com produtos biológicos em 2022. No Oeste da Bahia, 70% das fazendas utilizam biológicos, um dado fornecido voluntariamente, que reflete a adesão dos produtores aos bioinsumos.


O professor associado da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Galdino Andrade Filho, apresentou os compostos secundários de microrganismos, interações e potenciais usos na agricultura. “Mostramos a avaliação do potencial de colonização de microrriza em casa de vegetação”, diz. Ela é um tipo de associação simbiótica não patogênica entre fungos, benéficos e específicos do solo, e raízes de plantas superiores.


Na sequência, a líder do grupo de pesquisa em Biodiversidade e Biotecnologia Agrícola, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Martha Viviana Celly Torres traçou um panorama do uso de bioinsumos de base microbiana no norte de Mato Grosso. “


As ferramentas biológicas podem melhorar a saúde do solo, aumentando a biodiversidade microbiana, mas precisamos entender seu contexto e fazer o monitoramento a cada safra em diferentes sistemas produtivos” ressalta.


Para encerrar a programação, a sócia fundadora da GoGenetic e CEO da Start-up GoSolos, Vânia Pankievicz, abordou a metagenômica como ferramenta para a utilização e aplicação de bioinsumos. Tais insumos são fundamentais para o processo de desenvolvimento das plantas, sendo benéficos para evitar pragas e estimular seu crescimento. Por isso, a seleção de quais substâncias serão usadas deve ser feita de forma minuciosa. “É muito importante termos certeza de que aquela bactéria, aquele fungo que está sendo aplicado na lavoura, é realmente a espécie esperada e possui as características que deve ter”, conclui.

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Workshop explora novidades em tecnologia no campo para o manejo do algodão

Atividade focada no uso de drones, sensores, robôs e satélites integrou programação do último dia do 14º Congresso Brasileiro de Algodão

05 de Setembro de 2024

Drones, aeronaves, nano satélites e robôs fazem cada vez mais parte da rotina do produtor rural. No último dia do 14º Congresso Brasileiro de Algodão, a plateia do evento pôde aprender mais sobre os desafios e oportunidades que as tecnologias emergentes estão trazendo para o campo em um workshop conduzido como um bate-papo descontraído e interativo com especialistas do Brasil e exterior.


Coordenador do workshop, o pesquisador da Embrapa Instrumentação, Lúcio André de Castro Jorge, forneceu uma visão geral de facilidades oferecidas pelas ferramentas para captura de dados no campo – e dos cuidados que os cotonicultores devem ter para utilizá-las. “O produtor tem na palma da mão hoje uma grande quantidade de dados, mas para que estes dados possam ajudar a gente a tomar decisão, é preciso pensar no tratamento e escolher adequadamente os sensores”, alertou.


Na sequência, o engenheiro agrônomo Eugênio Schroder, da Rededrones, formada por empresas de prestação de serviço na área, focou em dicas práticas para o uso dos drones em atividades agrícolas. “Nos últimos anos, os drones evoluíram demais e os motivos para utilizá-los são vários: são equipamentos mais democráticos e ecléticos, muito precisos e que permitem dispensar a necessidade do trabalhador dentro do talhão tratado”, argumentou.


Já Bruno Pavão, chefe de operações robóticas da Solinftec, traçou um panorama do desenvolvimento robótico voltado para o manejo do algodão. ”A plataforma robótica é só um instrumento de navegação e o principal objetivo de utilizá-la com Inteligência Artificial deve ser criar estratégia de manejo. O uso precisa ser operacionalmente viável, ter qualidade de resultados e análise de multicamadas, porque o bem mais valioso da tecnologia é a tomada de decisão”, defendeu.



Ao final, o diretor do Texas A&M AgriLife Research and Extension Center’s Weslaco and Corpus Christi, nos Estados Unidos, professor Juan Landivar falou sobre agricultura digital para gestão de culturas e previsões de produtividade. “Temos excelentes oportunidades, mas os desafios são grandes: a crescente disponibilidade de dados representa uma oportunidade enorme para aumentar a resiliência e a eficiência da produção agrícola numa escala inimaginável, mas o grande desafio é pensar criticamente esses dados e utilizá-los para fazer escolhas com sabedoria”, ressaltou o professor.

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14º CBA - Novas tecnologias e monitoramento auxiliam o controle de ervas daninhas

05 de Setembro de 2024

Um dos grandes desafios enfrentados pelos cotonicultores é o manejo de plantas daninhas no sistema de produção. Por isso, Workshop 1, da 14ª edição do Congresso Brasileiro do Algodão (CBA) abordou este tema com a participação de uma equipe de especialistas: Anderson Cavenaghi, mestre e doutor em proteção de plantas pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu-SP, e Fernando Adegas, pesquisador da Embrapa Soja, sob a coordenação de Edson Andrade, pesquisador do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt).


Os palestrantes apresentaram cenários e estimularam debates sobre as plantas daninhas, que podem causar perdas de até 90% na produtividade e outros impactos negativos na qualidade do algodão. Durante o workshop, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer as tecnologias mais recentes e as técnicas mais atuais para otimizar o controle dessas plantas daninhas, que complicam as práticas de manejo, servem como hospedeiras para outras pragas e, em se tratando do algodão, afetam diretamente a qualidade do produto.


Anderson Cavenaghi abriu o encontro com a palestra “Plantas Daninhas Resistentes a Herbicidas no Cerrado”, abordando os principais desafios enfrentados pelos produtores de algodão no manejo de plantas resistentes a herbicidas, como o Capim-Pé-de-Galinha e o Caruru, além de plantas de difícil controle, como a Vassourinha de Botão, dentre outras. “Para todas as dificuldades encontradas com as ervas daninhas, a principal ação é o monitoramento das lavouras e pensar em mais alternativas de manejo do sistema”.


Em seguida, Fernando Adegas abordou o tema “Importância do Uso de Pré-emergentes no Sistema Soja/Algodão” para potencializar a eficiência de controle no campo. “O uso de herbicidas pré-emergentes tem se tornado cada vez mais essencial. Eles não apenas permitem o início da lavoura sem a competição de plantas daninhas, mas também servem como uma estratégia eficaz para diversificar os mecanismos de ação dos herbicidas. Essa abordagem contribui para retardar o desenvolvimento de resistência em plantas daninhas e aprimora a eficácia geral do manejo ao longo do ciclo da lavoura”, explicou.


Ministrada pelo coordenador da sala, Edson Andrade, a palestra “Novas tecnologias transgênicas na cultura do algodão” encerrou o encontro, respondendo aos participantes o que esperar dessas ferramentas tecnológicas na cultura do algodão. Andrade tratou não apenas dos lançamentos da safra, mas principalmente, abordou as tecnologias transgênicas Seletio TwinLink Plus (STP) e Bollgard 3XTendFlex (B3XF). “Essas tecnologias, cada uma com suas particularidades, serão ferramentas importantes e, junto com o monitoramento, são o futuro para auxiliar no manejo de plantas daninhas”, finalizou o especialista.

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Workshop promovido pelo 14º CBA apresentou inovações tecnológicas para agricultura familiar do algodão

05 de Setembro de 2024

Entre as atividades que movimentaram o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), nesta quinta-feira (5), em Fortaleza, se destacou o workshop "A Produção da de Algodão na Agricultura Familiar". O objetivo foi oferecer informações sobre inovações tecnológicas, sociais e metodológicas implementadas por diferentes instituições que atuam em todos os elos da cadeia do algodão, com um recorte para a produção orgânica em pequenas áreas de agricultura familiar.


O workshop também levou informações sobre a cooperação internacional oferecida pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), em associação com organismos internacionais. A atividade foi coordenadora de Cooperação Sul-Sul Trilateral com Organismos Internacionais da ABC, Cecília Malagutti, e teve a participação da chefe da Embrapa Algodão, Nair Helena Arriel; do presidente da Associação dos Produtores do Estado do Ceará - território Cariri (Apace), Francisco Juscelino Sampaio, e do presidente da Associação de Produtores de Algodão (Apaece) e Sindicato do Óleo do Estado do Ceará, Airton Carneiro.


Também participaram do workshop a assistente executiva no Fundo das nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) para o Projeto +Algodão, desenvolvido com o governo brasileiro, Ingrid Zabaleta, e a representante da Comissão Técnica da Rede Borborema de Agroecologia, Maria Amália Marques, que atua com produtores familiares orgânicos da Paraíba. Ingrid abordou a cooperação entre os países, enquanto Maria Amália tratou da certificação e da comercialização.


"O CBA é uma oportunidade para que países parceiros que trabalham em cooperação Sul-Sul, sejam da África ou da América Latina possam conhecer as inovações tecnológicas desenvolvidas pelo Brasil, por meio de suas várias instituições. Também é uma oportunidade para que haja um contato direto entre pesquisadores, técnicos e gente do campo", destacou Cecília Malagutti.


Segundo a chefe da Embrapa Algodão, pouco mais de 20 países no mundo produzem algodão orgânico. No Brasil,  existem cerca de 21 mil famílias atuando nesse tipo de plantio. " Viemos aqui mostrar como a pesquisa, desenvolvimento e inovação podem contribuir para o avanço dessa produção orgânica", colocou Nair Arriel.


O presidente da Apace falou sobre a retomada do algodão no Ceará, que já teve uma produção significativa no país.  "Depois de 30, voltamos a plantar algodão no Cariri. Queremos mostrar como essa revitalização da cultura está sendo feita", disse Juscelino Sampaio. Por sua vez, Airton Carneiro, da Apaece, apresentou o trabalho que é feito nas demais regiões do estado.

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Trabalhos científicos são premiados e fomentam conhecimento no último dia do 14º CBA

05 de Setembro de 2024

A razão do Congresso Brasileiro do Algodão sempre foi fomentar conhecimento. E mesmo hoje, com um variado leque de outros temas discutidos, como tendências de mercado e macroeconomia, a ciência continua sendo o coração do evento. Dos 288 trabalhos científicos apresentados, 12 foram premiados na manhã desta quinta-feira (05), durante o 14º CBA. Divididos em oito categorias, os trabalhos versaram sobre Produção Vegetal, Agricultura Digital, Controle de Pragas, Colheita, Beneficiamento e Qualidade, além de Fitopatologia, Matologia, Socioeconomia e Biotecnologia.


Os premiados da terceira à quinta colocação receberam um tablet Samsung. A segunda colocação levou para casa um notebook e o primeiro lugar recebeu uma bolsa de pesquisa no valor de R$ 10 mil.


Para o coordenador da Comissão Científica do CBA, Jean Bellot, o aprimoramento da produção do algodão no Brasil é reflexo do elevado nível das diversas pesquisas desenvolvidas no mundo acadêmico em todo o país. “Melhoramos em volume e qualidade em relação aos trabalhos científicos. Essa premiação vem incentivar ainda mais esse aspecto, estimulando desde o jovem até o pesquisador sênior a seguir com a pesquisa científica em benefício da produção do algodão”, disse Bellot, lembrando que a participação de professores de universidades e institutos federais vem sendo cada vez mais estimulada no CBA, seja na graduação ou pós-graduação. “Afinal, o crescimento de uma cadeia produtiva forte também depende de boas pesquisas fundamentadas”.


Na categoria estudante de graduação, a vencedora foi Giovanna Maniezzo de Mattos, com o trabalho “Fracionamento físico e estoque de carbono de um solo arenoso sob diferentes sistemas de preparo e plantas de cobertura”. Além do prêmio, ela ganhou uma inscrição com passagem e hospedagem para o período do CBA. Na categoria estudante de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, o vencedor foi Deivid Sacon, com o trabalho “Etiologia das manchas foliares atípicas na cultura do algodoeiro”.


Na categoria professor orientador, o vencedor foi Fábio Rafael Écher que foi premiado com uma bolsa de pesquisa no valor de R$ 15 mil. A segunda colocação foi ocupada por Antonia Mirian Nogueira de Moura Guerra, que ganhou uma bolsa no valor de R$ 10 mil. Ambos os prêmios, para orientar alunos de graduação e pós graduação lato sensu e stricto sensu na área de algodão para a safra 2024/2025.


Veja a lista dos premiados neste 14º Congresso Brasileiro do Algodão:


1ª lugar Área 7 – Larissa Pereira Riberio Teodoro , com o título “Diversidade microbiológica de solo cultivado com algodão no Cerrado brasileiro”.


2ª lugar Área 1 – Alexandre Cunha , com o título “Altas produtividades de algodoeiros cultivados sob SPD, em solo argiloso após 14 anos sem revolvimento”.


3ª lugar Área 3 – João Paulo Saraiva Morais, com o título “Qualidade da fibra de algodão cultivado em diferentes sistemas de produção no Cerrado”.


4ª lugar Área 8 – Lidiane Eicheld, com o título “Dinâmica e intensidade da transmissão de preços de algodão em pluma no Brasil: a maior dependência do mercado externo”.


5ª lugar Área 6 – Sidnei Douglas Cavalieri, com o título “Resistência de Eleusine indica (L.) gaert aos herbicidas inibidores da ACCASE e EPSPS em municípios do Médio-Norte Mato-Grossense”.


6ª lugar – Carlos Alberto Domingues da Silva, com o título “Seletividade fisiológica de inseticidas a Bracon vulgaris (Hymenoptera: braconidae), parasitose do bicudo-do-algodoeiro.


7ª lugar – Guilherme Lafourcade Asmus, com o título “Patogenicidade comparada de Meloidogyne enterolobii e M. incógnita a cultivares de algodoeiro”.


8ª lugar – Paulo Eduardo Teodoro, como o título “Balanço de carbono de solo cultivado com algodão no Cerrado brasileiro”.


A Comissão Científica do 14° CBA,  coordenada pelo pesquisador Jean Belot (IMAmt), é composta por Ana Luiza Borin (Embrapa Arroz e Feijão), Cezar Augusto Tumelero Busato (Associação Baiana dos Produtores de Algodão-Abapa), Fernando Lamas (Embrapa Agropecuária Oeste), Lucas Daltrozo (Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão- Ampa), Lucia Vivan (Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso), Odilon Reny Ribeiro Ferreira Silva (Embrapa Algodão), Rafael Galbieri (Instituto Mato-Grossense do Algodão), Thiago Gilio (Universidade Federal do MT) e Wanderley Oishi (Associação Goiana dos Produtores de Algodão – Agopa).

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14º CBA - Construção de uma “marca” sólida para o algodão brasileiro é o desafio que encerra congresso histórico em Fortaleza

05 de Setembro de 2024

O 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), o maior evento da cotonicultura nacional, fechou o ciclo de plenárias com chave de ouro, nesta quinta-feira (05), em Fortaleza (CE). O painel final destacou o potencial do algodão para se reinventar de uma simples commodity para uma “marca” poderosa capaz de conquistar mentes e corações. Reunindo profissionais de renome, como João Branco, considerado pela Forbes um dos 10 melhores profissionais de marketing do Brasil, George Candon, especialista em política internacional e reputação, e Luis Fernando Samper, da 4.0 Brands, que está por trás da famosa marca dos cafeicultores colombianos, Juan Valdez, o debate mostrou como a pluma nacional pode se alinhar com os valores e expectativas dos consumidores modernos, marcando um novo capítulo para o algodão no cenário global.


Conduzido pela diretora de Relações Institucionais da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Silmara Ferraresi, o painel abordou o conceito de branding e a construção de uma reputação sólida para a fibra nacional. “Construímos uma trajetória significativa, com programas que realmente funcionam, como prestações de serviços para organizar o setor e reposicionar o algodão brasileiro de maneira diferenciada, tanto no mercado interno quanto externo. Ao alcançarmos 25 anos. É natural que nossa atenção se volte para qualidade e sustentabilidade, além da promoção da nossa fibra”, afirma a executiva.


Ela destaca a criação do movimento Sou de Algodão, criado em 2016, como estratégia de promoção da pluma no mercado interno, através do diálogo com os elos mais a jusante da cadeia produtiva, como os agentes de moda, o varejo e o consumidor final,  além do Cotton Brazil, iniciativa implementada em 2020, que alia Abrapa, Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), visando a promoção da fibra nacional no mercado externo, com foco em dez países-chave, sobretudo, na Ásia. “Não podíamos encerrar o evento sem discutir nosso futuro em termos de posicionamento de marca. É crucial analisar como podemos melhorar a posição do algodão brasileiro e quais valores podemos agregar”, salientou Silmara.



Cliente em foco


João Branco desafiou os congressistas a refletir sobre quem realmente compra e usa o algodão que eles produzem. "Você conhece, de verdade, quem consome o que você fornece?" Ele destacou a importância de entender o comportamento dos clientes, enfatizando que eles estão cada vez mais preocupados com marcas que oferecem algo além de preço, sem empurrar produtos. O publicitário compartilhou sua experiência de mais de 20 anos no marketing, incluindo seus nove anos à frente do marketing do McDonald's no Brasil, época em que a marca foi popularmente chamada de "Méqui".


“A empresa perdeu a preferência de marca do público adolescente no Brasil. Percebemos que não tínhamos mudado nossa forma de comunicação”, explica apresentando exemplos anteriores de peças de comunicação da marca, que eram descoladas da realidade, e mais afastavam que causavam identificação.


“Para reverter isso, tivemos que admitir um erro, que foi fazer marketing demais. Existe uma nova geração de clientes chegando no mercado, que não aguenta mais isso.” Para construir a reputação da marca “algodão brasileiro”, Branco ofereceu dicas: mantenha consistência e constância em suas ações e estabeleça um relacionamento genuíno com os clientes, mostrando que você se importa com eles. “Seja uma marca autêntica e verdadeira. Faça da sua marca uma amiga, não apenas mais um vendedor”, ressaltou.


O case de sucesso do café colombiano foi a base da apresentação de Luis Samper, que destacou as três fases cruciais na construção da marca. "O café da Colômbia começou a se destacar nos anos 60, e era produzido majoritariamente por pequenos agricultores. Para posicioná-lo, precisávamos entender o contexto, a qualidade do produto, a interação entre o genótipo e o ambiente, além da colheita e seus impactos", explica.


Na segunda fase, concentrou-se na construção do posicionamento de origem, identificando o perfil dos consumidores interessados em um café diferenciado. Foi então que surgiu o icônico personagem Juan Valdez, um senhor com uma mula, que simbolizava as dificuldades da plantação de café. "Ele se tornou um ingrediente fundamental da marca, ajudando a comunicar a mensagem de que este era um produto raro e difícil de ser colhido, justificando seu valor premium para os consumidores", conta.


Nos anos 2000, o mercado de café passou por uma transformação significativa com a chegada da Starbucks, que redefiniu as regras do jogo. "Para enfrentar esse desafio, foi criada a rede de cafeterias Juan Valdez. Desenvolvemos uma arquitetura de marca sólida, que agora conta com cerca de 600 cafeterias”, afirma.



Reputação é repetição


Para George Candon, antes de defender a reputação de uma marca, é essencial construí-la do zero, o que exige autenticidade e um entendimento profundo de quem você é, qual é o seu propósito e o legado que deixará para as futuras gerações. "A reputação não se limita às ações realizadas, mas também à percepção de que elas estão sendo executadas. O que fazemos e por que fazemos deve ser comunicado de forma consistente e repetida, com uma voz única. Reputação é construída sobre confiança, credibilidade e intimidade. Quando há egocentrismo, ela enfraquece. Devemos questionar: acreditamos no interlocutor? Se só nos concentrarmos em nossas próprias preocupações, não avançaremos", alerta.


O painelista disse que, principalmente na Europa, as informações não são claras a respeito do algodão brasileiro. “Para criar uma direção estratégica é necessário saber quem são os interlocutores, para engajá-los a longo prazo. Além disso, trazer os diferentes stakeholders para conhecer as fazendas de algodão no Brasil, é um grande diferencial nesse processo”, finaliza.

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Abrapa e ABIT assinam compromisso para alavancar consumo interno de algodão

Anúncio foi feito durante plenária sobre perspectivas para o mercado têxtil com empresários do Brasil e especialistas internacionais

05 de Setembro de 2024

Como criar sinergia entre cotonicultores, indústria, varejo e cliente final para alavancar o consumo da fibra de algodão? A resposta a esta pergunta ganhou destaque no último dia do 14o Congresso Brasileiro de Algodão. A plenária “Estratégias globais do mercado têxtil: conectando com o consumidor final” mobilizou o debate sobre o tema entre especialistas internacionais e empresários brasileiros, além de ter trazido uma novidade de peso: o anúncio de um compromisso assinado entre as associações brasileiras de Produtores de Algodão (Abrapa) e da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) de elevar o consumo interno de algodão para um milhão de toneladas anuais.


Líder de um grupo de empresas de consultoria internacional que tem entre os seus clientes marcas como Hugo Boss e Versace, Giuseppe Gherzi fez um panorama sobre tendências de ponta do mercado têxtil e de fibras a nível internacional, ressaltando o grande potencial do Brasil.


 “Há 25 anos, um amigo me disse que o Brasil se tornaria o número 1, porque o povo brasileiro é resiliente e inovador e está se desenvolvendo rapidamente. Hoje, o país é líder em exportação de algodão, e, como estratégia de curto prazo, para vocês, é ataque total: aproveitar o cenário internacional para abrir espaço no mercado; já na estratégia de longo prazo, é preciso visar a inovação, com manutenção de qualidade e preços constantes”, vaticinou Gherzi.


Após a apresentação do consultor, foi promovido um debate mediado pela jornalista Maria Prata, com a participação do próprio Gherzi, da consultora italiana Marzia Lanfranchi, do presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, do diretor-presidente das Lojas Renner S.A, Fábio Adegas, e do presidente da Vicunha Têxtil, Marcos De Marchi.


Co-fundadora da plataforma “Cotton Diaries”, Marzia Lanfranchi ressaltou a importância do diálogo com as marcas e a exploração do diferencial oferecido pela cadeia produtiva do algodão. “A conexão humana do algodão é incrível, e a oportunidade que nós temos aqui é de estabelecer um canal com as marcas em torno do potencial que essa narrativa oferece, uma história de sustentabilidade, conectada com ciência e dados reais”, ressaltou Marzia.


“O algodão brasileiro é um orgulho, temos um produto de ouro nas mãos, realmente sustentável: é isso que o consumidor quer e que o planeta precisa”, referendou Fábio Adegas, da Renner.


O presidente da Vicunha Têxtil, Marcos De Marchi, por sua vez, ressaltou as propriedades únicas do algodão, em termos de toque e conforto, e as largas oportunidades que existem para o algodão brasileiro, a despeito do domínio das fibras sintéticas. “O que nós temos que mostrar ao mundo é que o nosso algodão é sustentável, que a nossa produção não ocupa áreas de comida e também buscar acordos internacionais para tornar o produto têxtil mais competitivo”, resumiu De Marchi.


Anúncio – Após a plenária, o presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), Fernando Pimentel, e o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Alexandre Schenkel, assinaram um documento, anunciando o compromisso conjunto de elevar o consumo interno de algodão para um milhão de toneladas anuais.


Considerada um marco histórico para a cadeia produtiva do algodão brasileira, a meta representa um avanço significativo em relação às atuais 700 mil toneladas, demonstrando a confiança das duas entidades no potencial de crescimento e desenvolvimento do setor.


Para Pimentel, a iniciativa demonstra o fortalecimento de uma visão sistêmica da cadeia produtiva. “A própria iniciativa desse congresso mostra essa capacidade de conexão, de coesão. Vamos coordenar esforços e acelerar a execução dos nossos planos: temos um país muito competitivo na área agrícola e tem que transportar essa competitividade para a indústria”.


Já o presidente da Abrapa finalizou a plenária com uma perspectiva otimista.  “Nos anos 1970, quando Pelé venceu a Copa do Mundo usando camisa de algodão, o Brasil disputava a terceira divisão do mercado, como importador de algodão. Nos anos seguintes, construímos uma nova era do algodão brasileiro, chegando à segunda divisão. Agora nós queremos ser cada vez mais protagonistas. Em 2030, vamos ser não só os maiores como os melhores fornecedores de algodão do mundo, com sustentabilidade e responsabilidade”, afirmou Schenkel.

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O solo como aliado na sustentabilidade: impactos e práticas para um algodão de Baixo Carbono

04 de Setembro de 2024

O solo, elemento vital para a agricultura e o clima, se destaca como o maior reservatório de carbono do sistema terrestre. Esse foi o ponto de partida da fala do pesquisador da Embrapa, Alexandre Ferreira, ao abrir o painel "Modelos de Sistema de Produção para Algodoeiro: Impactos no Perfil e Estoque de Carbono no Solo", durante o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), que acontece na capital cearense até essa quinta-feira (05/09). O debate trouxe a importância de um manejo do solo que não só sustente a agricultura, mas que também mitigue os efeitos das mudanças climáticas


Em sua apresentação, Ferreira destacou um desafio global crescente: a cada 13 anos, haverá um bilhão de novas pessoas a mais no mundo, aumentando a demanda por alimentos e consequentemente, as emissões de gases de efeito estufa.


Já o coordenador de pesquisa da SLC Agrícola, Fábio Ono, apresentou exemplos práticos de talhões comerciais acompanhados pela SLC em mais de 20 fazendas pelo Brasil, demonstrando como a gestão eficiente do solo pode resultar em ganhos de produtividade e sustentabilidade.


Por sua vez, o   pesquisador Junior Cesar Avanzi trouxe à tona a importância de analisar o perfil do solo em profundidade e ressaltou que a avaliação das camadas abaixo de 20 centímetros é crucial. “É preciso entender a disponibilidade de água, a distribuição de partículas por tamanho e, principalmente, o acúmulo de carbono. O manejo em profundidade é essencial para alcançarmos produtividades mais elevadas", enfatizou.


Em sua apresentação, Alexandre Cunha, também da Embrapa, mostrou estudos de longa duração que apontam como os sistemas de produção podem contribuir para uma agricultura de baixo carbono, integrando práticas modernas e sustentáveis. “A melhoria da qualidade do solo é atribuída ao seu manejo mais conservacionista, a exemplo do sistema de plantio direto”, refletiu Cunha nas considerações finais do debate.

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14º CBA - Melhoramento genético do algodoeiro garante qualidade e produtividade

04 de Setembro de 2024

O melhoramento genético do algodoeiro é um processo que busca incrementar a produtividade, a qualidade da fibra e a resistência da planta a doenças e pragas. Pode ser feito de forma natural, via cruzamento, ou por manipulação genética. As técnicas disponíveis no mercado e suas aplicações na lavoura foram o foco do debate desta quarta (04) no hub “Os desafios e as novas ferramentas para melhorar as cultivares de algodão”, que integra o 14° Congresso Brasileiro do Algodão, promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que acontece até esta quinta (05), em Fortaleza (CE).


O coordenador do encontro foi o gerente de tecnologia para os programas de melhoramento da BASF na América Latina, Murilo Maeda. Ele falou sobre a evolução das ferramentas de fenotipagem por sensores. Segundo Maeda, a fenotipagem - processo de observar e quantificar as características físicas e bioquímicas das plantas – é essencial para o entendimento da sua performance, bem como para a seleção por características de interesse. “A fenotipagem veio para ajudar a gente a fazer a seleção de materiais com base nas características de interesse demandadas pelo mercado”, diz Maeda.


 Já o pesquisador e coordenador do Programa de Melhoramento Genético do Algodoeiro da Embrapa, Camilo de Lelis Morello, falou sobre a solução dos desafios por meio do melhoramento genético clássico do algodoeiro. O palestrante destacou a importância da amostragem correta, da fidelidade dos dados; sobre os adventos das ferramentas moleculares, a fenotipagem e a importância dos equipamentos que são usados na experimentação no plantio e na colheita. “Nós precisamos de todos estes dados para tomadas de decisão no processo de melhoramento”, explica Morello.


Por fim, o melhorista em genética molecular em algodão na Tropical Melhoramento & Genética (TMG), Pedro Henrique Araujo Diniz, falou sobre a seleção genômica para o melhoramento do algodoeiro. Essa seleção é uma ferramenta que permite identificar os indivíduos superiores com base nas suas características genéticas. “Isolamos o fator genético de indivíduos através de marcadores moleculares para identificar aqueles com melhor mérito genético com o objetivo de desenvolver espécies resistentes a doenças, com qualidade da fibra superior e altos níveis de produtividade”, afirma Diniz.

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14º CBA debate a evolução da colheita e do beneficiamento e seu impacto na comercialização da fibra

04 de Setembro de 2024

Na tarde desta quarta-feira (4), o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA) promoveu um debate sobre a evolução da colheita e do beneficiamento e seu impacto na qualidade da fibra. Sob a coordenação do sócio-diretor da Cotimes do Brasil, Jean-Luc D. Chanselme, o hub temático contou com a participação do engenheiro agrícola Paulo Otávio, que discutiu as características das fibras de importância comercial e os potenciais impactos dos processos de colheita e beneficiamento, e do engenheiro mecânico Jonas Nobre, que abordou a evolução das práticas de colheita mecânica.

Paulo Otávio ressaltou o impacto do clima na colheita do algodão. "Há uma perda de cor e brilho após uma sequência de chuvas. Por isso, é importante proteger o produto. Existem estratégias como o uso de lonas e a colocação da colheita em lugares mais altos para proteger da água", explicou.

Chanselme destacou em sua apresentação uma tendência observada no país de colheitas mais úmidas, por serem realizadas fora do horário recomendado, e a necessidade de lidar com essa questão. "A secagem e a pré-limpeza têm efeitos mútuos cumulativos. São etapas fundamentais para a produtividade e a qualidade do algodão", enfatizou.

Especialista em comercialização de algodão, Jonas Nobre abordou temas como produção e consumo, critérios de classificação, ágios e deságios, e impacto econômico. Ele chamou a atenção para o fato de que as regras para venda nos mercados internacionais estão cada vez mais rígidas. “A tendência é que a análise visual da fibra seja substituída por máquinas calibradas com base no algodão americano. Isso pode representar perdas para os produtores brasileiros. Precisamos estar atentos a isso e investir na qualidade do nosso produto”.

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