O uso de ferramentas biológicas na agricultura foi o foco do Workshop 5, realizado na tarde desta quinta-feira (05), durante o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA). Sob a coordenação do professor Thiago Gilio, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), o encontro reuniu quatro especialistas que discutiram os desafios e oportunidades associados à adoção de insumos biológicos. O debate destacou a importância crescente dessas tecnologias no setor agrícola, revelando tanto as barreiras a serem superadas quanto o potencial promissor para a inovação no cultivo agrícola.
“Preparamos o encontro para ser o mais provocativo possível, apresentando uma visão geral sobre o uso de biológicos e bioinsumos e atualizações técnicas e oportunidades que abrangem desde a prospecção, produção, aplicação e interações até formas de avaliar seus efeitos em diferentes sistemas produtivos ao longo do tempo,” explica Thiago Gilio.
Entre os principais desafios apresentados estão a identificação de microrganismos eficazes, a produção em larga escala mantendo a qualidade, o transporte, o desenvolvimento de métodos eficientes de aplicação no campo, a adaptação a diferentes condições climáticas, o domínio de conhecimento de regulamentações complexas e o entendimento da interação desses microrganismos. “Apesar dos obstáculos, também existem oportunidades promissoras no avanço desses estudos”, garante Gilio.
Fabiano Perina, pesquisador da Embrapa Algodão, abriu a programação, com o tema “Biológicos no controle de doenças e nematóides em algodoeiro”. Atualmente, faz pesquisas sobre o manejo e diagnóstico de doenças e nematóides e sistemas de produção de algodão. “O Brasil se destaca como o maior produtor e consumidor mundial de insumos biológicos, uma posição reforçada pelo vasto tamanho de suas áreas cultivadas, a capacidade de realizar até três safras em algumas culturas e o ambiente tropical favorável. Atualmente, 34% das áreas cultivadas no Brasil são tratadas com produtos biológicos. Na safra de 2023, o uso desses insumos cresceu mais de 35%.”, apontou o pesquisador.
No cultivo do algodão, por exemplo, 64% da área total foi protegida com produtos biológicos em 2022. No Oeste da Bahia, 70% das fazendas utilizam biológicos, um dado fornecido voluntariamente, que reflete a adesão dos produtores aos bioinsumos.
O professor associado da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Galdino Andrade Filho, apresentou os compostos secundários de microrganismos, interações e potenciais usos na agricultura. “Mostramos a avaliação do potencial de colonização de microrriza em casa de vegetação”, diz. Ela é um tipo de associação simbiótica não patogênica entre fungos, benéficos e específicos do solo, e raízes de plantas superiores.
Na sequência, a líder do grupo de pesquisa em Biodiversidade e Biotecnologia Agrícola, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Martha Viviana Celly Torres traçou um panorama do uso de bioinsumos de base microbiana no norte de Mato Grosso. “
As ferramentas biológicas podem melhorar a saúde do solo, aumentando a biodiversidade microbiana, mas precisamos entender seu contexto e fazer o monitoramento a cada safra em diferentes sistemas produtivos” ressalta.
Para encerrar a programação, a sócia fundadora da GoGenetic e CEO da Start-up GoSolos, Vânia Pankievicz, abordou a metagenômica como ferramenta para a utilização e aplicação de bioinsumos. Tais insumos são fundamentais para o processo de desenvolvimento das plantas, sendo benéficos para evitar pragas e estimular seu crescimento. Por isso, a seleção de quais substâncias serão usadas deve ser feita de forma minuciosa. “É muito importante termos certeza de que aquela bactéria, aquele fungo que está sendo aplicado na lavoura, é realmente a espécie esperada e possui as características que deve ter”, conclui.