De 24 a 28 de junho, uma delegação do agronegócio brasileiro, incluindo o vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Paulo Sérgio Aguiar, participou de uma experiência enriquecedora nos Estados Unidos, promovida pela Corteva Agriscience. Durante a jornada, os representantes tiveram reuniões estratégicas com lideranças do Comitê de Agricultura da Câmara e do Senado americano para discutir comércio internacional, barreiras comerciais e sinergias potenciais. Além disso, visitaram fazendas e campos de pesquisa e desenvolvimento, onde puderam conhecer os avanços na área de genômica e explorar o pipeline de futuros lançamentos de biotecnologias da empresa.
Para o executivo da Abrapa, é uma realidade que o Brasil está caminhando para produzir mais algodão do que os americanos e exportar mais, e isso se deve às melhores condições de produtividade. “Nossos desafios como uma agricultura tropical precisam ser enfrentados com responsabilidade, e a adoção de novas tecnologias é fundamental. É relevante que tenhamos um ambiente regulatório mais eficiente e ágil”, afirmou.
Segundo ele, o seguro agrícola americano é bem estruturado e consolidado, servindo como modelo para aprimorar e implementar nosso próprio seguro agrícola. “Além disso, o crédito rural no Brasil ainda apresenta custos elevados; melhorar o seguro rural pode ajudar a reduzir os spreads bancários, uma vez que os riscos serão mitigados”, avaliou Aguiar.
Outro ponto são os avanços significativos em genética, bioinsumos e novas moléculas de defensivos que a Corteva vem trabalhando. No entanto, o processo de aprovação dessas tecnologias pelos países exportadores e importadores ainda é considerado moroso. Isso implica que uma tecnologia identificada hoje pode levar de oito a dez anos para ser aplicada pelos produtores no campo, o que representa uma desvantagem significativa para os agricultores. Esse cenário precisa ser revisto, de acordo com o vice-presidente da Abrapa.
O Brasil é o segundo maior mercado da empresa e um dos mais promissores, abrigando cinco das maiores instalações de produção e pesquisa e desenvolvimento da empresa no mundo. Segundo Augusto Moraes, diretor de Relações Externas da Corteva América Latina e Brasil, a recente viagem não apenas fortaleceu os laços existentes, mas também destacou como a companhia pode ampliar sua colaboração com a agricultura brasileira, abordando temas importantes para o país. "Na visita, mostramos toda nossa infraestrutura em tecnologia e pesquisa nos Estados Unidos, ressaltando que grande parte de nossos esforços estão concentrados no Brasil. Nosso objetivo é apoiar os produtores brasileiros com inovação", afirmou Moraes.
Além de apresentar o que está disponível para o agronegócio nacional, a Corteva também facilitou o contato dos brasileiros com especialistas para discutir as questões relevantes da atualidade. "O grupo teve acesso a especialistas, os quais forneceram exemplos concretos de como abordá-los no Brasil", informou.
Programação
O roteiro teve início em junto à Associação Americana de Produtores de Soja (ASA), National Corn Growers Association (NCGA) e Crop Insurance and Reinsurance Bureau (CIRB). Durante visitas aos campos, a comitiva conheceu o milho de baixa estatura e o de terceira geração, frutos de pesquisa e tecnologia embarcada.
Em diálogo com a equipe técnica do Comitê de Agricultura, o grupo aprofundou-se no tema do seguro agrícola, discutindo desde o aporte inicial no fundo até possíveis revisões anuais. Também foram abordadas as dinâmicas das relações comerciais entre os Estados Unidos e a China, com ênfase nas retaliações que afetam os produtos agrícolas. Questionada sobre os desafios do agronegócio brasileiro, especialmente em relação às exigências ambientais e de mercado internacional, a delegação destacou a responsabilidade dos produtores em preservar suas áreas, mesmo sem o suporte financeiro do Estado ou de entidades reguladoras.
Durante um almoço com Heather Manzano, gestora de conformidade e diretora adjunta de gerenciamento de riscos do USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, foram discutidos detalhes sobre o sistema de securitização rural americano. Em seguida, a delegação teve uma aula com Seth Meyer, Economista Chefe do USDA, sobre as perspectivas de mercado das commodities, incluindo o uso doméstico da soja para produção de biodiesel e a importância de um sistema eficiente de armazenamento e escoamento da produção para mitigar a dependência dos preços internacionais das commodities.
Ao longo do terceiro dia, a delegação foi acompanhada pela Embaixada do Brasil, representada por Ana Lúcia, adida agrícola, e Arthur Naylor, diplomata do Itamaraty. Na parte da tarde, visitaram a residência oficial da embaixada brasileira, onde foram recebidos pela embaixadora Maria Luiza. No encontro, discutiram parcerias e estratégias bilaterais entre Brasil e Estados Unidos.
A delegação conheceu também as operações de sementes da Corteva em Johnston, Iowa, visitando o laboratório de genotipagem, estufas 100% automatizadas e o centro de pesquisa em tratamento de sementes. Tiveram discussões produtivas com Tony Klemm, vice-presidente da Corteva, Shona Sabnis, vice-presidente de assuntos externos, e representantes das áreas de qualidade de sementes, P&D, e direção regulatória de edição genômica, Kevin Diehl.
No quarto dia, visitaram a sede da empresa, em Indianápolis, onde está localizada a unidade de P&D de proteção de cultivos e biológicos, acompanhados por líderes globais como Reza Rasoulpour, vice-presidente de assuntos regulatórios, e Priscila Vansetti, vice-presidente de Desenvolvimento de novos negócios em proteção de cultivos.