Uma das questões mais comentadas dentro do segmento jeanswear é a falta de comunicação ao consumidor final, para que ele perceba o valor de cada produto e conheça ainda as práticas sustentáveis aplicadas naquela marca. Inseridas nesse contexto e caminhando para uma moda mais transparente, a C&A e o Movimento Sou de Algodão vêm unindo forças pela cadeia de moda no Brasil. Juntas estão lançando a segunda coleção de jeans rastreável, onde o consumidor pode conhecer todos os processos pelos quais passou cada modelo, desde a plantação do algodão até chegar nas araras das lojas, através da tag que traz um QR Code e a tecnologia Blockchain.
Em um mundo cada vez mais conectado, com clientes cada vez mais curiosos e exigentes em relação ao que estão adquirindo, ações como essa, são de extrema importância para nossa cadeia de moda.
“Quando um player dessa magnitude abraça essa causa, isso tem um impacto muito grande na cadeia. E isso vem acontecendo já há algum tempo através do algodão sustentável”, Maria Prata, jornalista e diretora de conteúdo do Iguatemi que mediou o bate-papo “Rastreabilidade por blockchain e o futuro da moda”, que aconteceu na Denim City SP para o lançamento dessa coleção em jeans rastreável da C&A.
Também participaram do talk Cyntia Kasal, Gerente Sênior de ESG e PR da C&A, Silmara Ferraresi, Diretora de Relações Institucionais da Abrapa, Sandra Heck, Co-
Founder & Presidente da iCoLab Brasil (pesquisa em blockchain), Camila Gadioli, Gerente Jeanswear Feminino da C&A e Andréia Meneguete, Docente na USP, ESPM, IED, FAAP e Cásper Libero.
Segundo pesquisas, as pessoas que estão atentas à sustentabilidade, estão dispostas a pagar 35% mais caro por tais produtos; “Produzir algo sustentável é caro no Brasil, então geralmente isso acontece em marcas menores e nichadas que podem vender um produto com valor mais alto, como por exemplo, a Stella Mc Cartney. Então, temos que valorizar a C&A que consegue fazer um produto acessível – é um ganho enorme para o mercado”, comenta Maria Prata.
“A C&A tem como propósito produzir uma moda com impacto positivo, isso significa oferecer às clientes, produtos sustentáveis à preços acessíveis”, Cyntia Kasai, gerente sênior de ESG e PR da C&A.
Segundo Cyntia, a cadeia de moda é longa e há muitos desafios para engajar à todos.
O magazine está no nível 0, mas para trás há um processo grande – Nível 4: extração da matéria-prima, Nível 3: processamento da matéria-prima, Nível 2: produção dos materiais, Nível 1: montagem do produto final, Nível 0: escritório, lojas e CDs, em seguida, uso da cliente, lavagem, secagem e lavagem a seco por fim.
“Temos um trabalho de longo prazo com todos os nossos fornecedores olhando para a questão de ética, condições seguras de trabalho, tanto social quanto de impacto ambiental e sempre zelando por esses critérios. Esse engajamento da cadeia, a C&A realiza há mais de 30 anos e quando a gente fala da rastreabilidade é trazer a transparência para a sustentabilidade. Nós estamos unindo e dando luz a todo esse trabalho de sustentabilidade e de questões éticas de compliance social e ambiental que colocamos para nossa cadeia. Quando a ABRAPA nos convidou para o projeto, foi importantíssimo porque existe o trabalho de longo prazo sendo feito na cadeia com critérios estritamente rigorosos e nós queremos dar visibilidade, informação e permitir que todos acessem, oferecendo transparência para todos esses processos. A rastreabilidade vem como uma consequência, mas jamais conseguiríamos fazer isso sozinhos. A cadeia é extensa e nós somos somente um pedacinho de todo esse ciclo de vida”, explica Cyntia.
“A C&A tem no seu DNA todo esse processo de buscar uma moda mais responsável e como vamos solucionar isso. E o jeans é uma categoria pioneira dentro desse lugar. A rastreabilidade veio justamente para mostrar para o cliente final, todo o processo da produção de uma roupa, que não é simples, não é fácil e não é barato. Apesar de fazermos esforços para conseguirmos entregar uma moda justa para o consumidor final, é um trabalho muito grande para conseguir fazer isso de uma forma, cada vez mais acessível para o nosso cliente, se a gente considerar toda a responsabilidade ambiental, social que vem por trás na construção de uma roupa. O primeiro ponto é todo o engajamento da cadeia, o engajamento interno de todas as áreas porque no final, não é só o comercial, o produto, a sustentabilidade, o marketing, a comunicação – é um engajamento multidisciplinar. Tem um mindset, uma cultura, dentro da C&A de buscar inovação e ferramentas que entreguem isso de uma forma diferente. E sem a cadeia, a gente não consegue fazer isso. Nossa cliente quer um produto de qualidade, mais responsável, com informação de moda”, afirma Camila Gadioli, gerente jeanswear feminino da C&A
A Abrapa, desde 2004, mantém o programa de rastreabilidade para os “packs” de algodão produzidos no Brasil. O sistema Abrapa de identificação é como se fosse o CPF de cada fardo. Em 2012 o programa passou a realizar a certificação das fazendas e o algodão brasileiro responsável.
Em 2016 criou o programa Sou de Algodão (de rastreabilidade da cadeia produtiva do algodão) para integrar a cadeia, chegar perto do varejo e ir além da fiação e tecelagem.
A coleção da C&A traz 2500 peças onde é feito todo o mapeamento, desde a fazenda até chegar às mãos do consumidor final com informações sobre o produtor, a fazenda, o google maps, onde localiza-se o certificado ABR da fazenda e outros dados de cada um dos passos de onde a peça passou, quem fez o fio, o tecido, confecção até chegar nas lojas.
“Temos que lembrar da palavra coletivo porque é um trabalho que une toda a cadeia. O Brasil é o segundo maior exportador de algodão no mundo, abastecendo totalmente nosso país, com cerca de 700 mil toneladas”, diz Silmara Ferraresi, diretora de relações institucionais da Abrapa, que afirma ainda, que não basta uma ou outra marca seguir todos esses processos, mas há a necessidade de mobilizar todo o mercado de moda.
“A C&A não está fazendo tudo isso para vender mais porque o preço lá na ponta é o mesmo, mas como é que o consumidor final consegue perceber esse valor? Percepção de valor de que você está adquirindo uma peça que tem moda, estilo, e tem uma história positiva com condições dignas de trabalho, a questão da água, de químicos, fertilizantes, processos de lavagem, emissões de carbono….tudo foi olhado com critério para que a gente produza com impacto positivo”, comenta Cyntia, que acredita ainda que os clientes podem ser um elo de comunicação mostrando o valor de cada produto através das informações do QR Code.
Todo o jeans da C&A vem de matéria-prima mais sustentável e a cadeia é verificada pelo time da empresa. O grande desafio do varejo é dar uma escala maior para os produtos sustentáveis e rastreáveis.
A segunda coleção jeanswear rastreável contou com os tecidos da Santana Textiles, e está disponível em 53 lojas físicas da rede de magazine.
O algodão usado na produção do jeans dessa coleção possui a certificação socioambiental ABR (Algodão Brasileiro Responsável). Este é um protocolo com 183 itens de verificação distribuídos em oito critérios: contrato de trabalho, proibição do trabalho infantil, proibição de trabalho análogo a escravo ou em condições degradantes ou indignas, liberdade de associação sindical, proibição de discriminação de pessoas, segurança e saúde ocupacional, meio ambiente do trabalho, desempenho ambiental e boas práticas.
Fonte: Vanessa de Castro | Foto: Divulgação
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