Embora se estime que, desde a fazenda até o varejo, as mulheres representem em torno de 70% dos postos de trabalho na cadeia produtiva do algodão, quando se trata de ocupar cargos de liderança, a situação é bem diferente. E foi para discutir as formas de ampliar essa presença que a vice-presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e conselheira fiscal da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Alessandra Zanotto, participou no último sábado (1º), do painel “Women in Cotton (WIC) – como a indústria do algodão pode contribuir para aumentar a diversidade em cargos de liderança”, durante a programação do XX Anea Cotton Dinner and Golf Tournament, no Rio de Janeiro. O evento, promovido pela Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), foi realizado entre os dias 29 de junho e 02 de julho.
O WIC é um grupo de trabalho global, da International Cotton Association (ICA), mais tradicional entidade do mercado de algodão, que tem sede em Liverpool, na Inglaterra. O comitê tem por objetivo discutir soluções para o problema. Desde 2022, o tema da diversidade feminina da cadeia do algodão passou a integrar a programação do evento da Anea. Este ano, além de Alessandra Zanotto, o painel teve participação do presidente da ICA, Tim North, dos presidentes da Anea e da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), respectivamente, Miguel Faus, Fernando Pimentel e João Paulo Levèvre, com moderação de Henrique Snitcovski (Dreyfus).
Um dos painéis mais comentados na programação do evento, o WIC trouxe à luz temas que, segundo painelistas e parte do público, ainda não estão resolvidos. “Assumi a direção na empresa da minha família porque meus pais não tiveram um filho homem. Somos duas filhas e, hoje, tocamos o negócio. Na segurança da minha bolha, depois de superadas as dificuldades de aceitação na minha própria família, não percebi de imediato que o problema ainda não estava resolvido. Quando entrei no associativismo foi que vi que ainda estamos muito longe disso”, disse Alessandra Zanotto.
“É comum que em nossa vida e nas empresas, nos aproximemos de pessoas que pensam igual a nós. Quando se dá oportunidade para as mulheres e para outros modos de pensar, a gente sai dessa ‘caixa’ e crescemos juntos”, ponderou. “A diversidade enriquece. E não é só a de gênero; é a de cor, de cultura, de perspectivas diversas que podem agregar”, afirmou Alessandra. Ela termina a sua fala dizendo que a ascensão das mulheres aos cargos de liderança é uma oportunidade para a cadeia produtiva e as organizações expandirem conhecimentos, trazerem inovações e novos resultados.
O presidente da organização internacional, Tim North, lembrou que o meio do algodão, dentre as soft commodities, é um dos mais conservadores, sobretudo, no ocidente. “Na China, há mais de 30 anos, a mulher estar nos negócios no algodão, na indústria e no comércio da fibra, faz parte da cultura. Isso é o que a ICA está promovendo no mundo. É tempo de mudar esse quadro”, afirmou North. Para Fabiana Furlan, que representa o Brasil no Women in Cotton, “Esta é uma jornada, e, todos os dias, temos condições de sermos melhores. Ao longo desses anos, em que a ICA tem se dedicado, com esse grupo de trabalho, estamos construindo isso”, concluiu Furlan.
03.07.2023
Fonte: Ascom Abrapa
Acesso em: https://ioeste.com.br/brasil-abrapa-painel-discute-as-mulheres-no-algodao-no-xx-anea-cotton-dinner/