Voltar

Rede Ramulária avalia formas de enfrentamento à doença

​Discussões ajudam na formatação de programas, priorizando a rotação de fungicidas, adequados à época de semeadura

28 de Outubro de 2022

O fórum que reúne instituições de pesquisa públicas e privadas, além de empresas detentoras de patentes de fungicidas para estudar formas eficazes de combate à ramulária, hoje presente em todos os estados produtores de algodão, se reuniu na quinta-feira (27), para revisão das entidades parceiras da "Rede Ramulária". No encontro virtual, foram divulgados dados estatísticos sobre a performance dos químicos e do manejo adequado para o combate à doença.


O projeto é realizado há cinco safras, em diferentes regiões produtoras da fibra, sendo oito campos de ensaio em Mato Grosso, dois no Mato Grosso do Sul, um em Goiás e três na Bahia. Nos ensaios de campo, os fungicidas recomendados para o controle da mancha de ramulária são avaliados individualmente para determinar sua eficiência, nivelar o conhecimento existente sobre o desenvolvimento do problema nas diferentes regiões produtoras; sistematizar as metodologias e procedimentos empregados nos ensaios de avaliação dos produtos utilizados no combate da doença; conhecer o modo de ação dos produtos, entre outras maneiras para a redução de riscos nas lavouras.


WhatsApp Image 2022-10-27 at 14.36.40 (1).jpeg


 A intenção das discussões é formatar programas de combate à patologia, priorizando a rotação de fungicidas, com diferentes modos de ação, adequados à época de semeadura. A Rede Ramulária, como é conhecida, é patrocinada pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), com recursos do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), e conta com a parceria da Embrapa Algodão, Agrodinâmica, Fundação Bahia, Assist Consultoria, Fundação Chapadão, Ceres Consultoria Agronômica, Círculo Verde Assessoria Agronômica, Fundação MT, Desafios Agro,  Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), Instituto Phytus, Ide Pesquisas, Rural Técnica, Adama, ISK Biociences, Basf, CHD'S, Indofil,  Oxiquímica, Bayer, Sipcam Nichino, FMC, Helm, Syngenta, Isagro Brasil e UPL.


Para o presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato, a atuação em rede é a uma das melhores maneiras de os produtores da pluma obterem informações atualizadas e necessárias para enfrentar doenças e pragas que ameaçam a produção. "Nosso desafio é a busca constante de maior produtividade e qualidade da fibra, com racionalização de custos de produção e a Rede Ramulária nos fornece instrumentos para alcançarmos esses objetivos", destacou.


WhatsApp Image 2022-10-27 at 14.42.08.jpeg


 O diretor Executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, que acompanhou a reunião, ressaltou a necessidade do cruzamento de dados sobre o clima, variedades cultivadas e região para concluir o estudo com segurança. O resultado deverá ser divulgado ainda neste ano, no site da rede ramulária (https://rederamularia.com.br/). Para o chefe-geral da Embrapa Algodão, pesquisador Alderi Araújo, a parceria da Abrapa nesse projeto em rede é fundamental para a manutenção de um elo permanente com o setor produtivo. "A Abrapa é a voz do produtor de algodão e o que estamos fazendo, instituições de pesquisa públicas e privadas e as empresas que atuam no setor de defensivos é para o produtor. Os resultados são para orientá-lo a tomar a melhor decisão", disse. Segundo ele, por demanda da equipe, a próxima reunião deverá ser híbrida, presencial e online, sendo que a parte presencial, por unanimidade, deverá ser na sede da Associação, em Brasília.

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa com as principais notícias do mundo do algodão

​ALGODÃO PELO MUNDO #43/2022

28 de Outubro de 2022

 Destaque da Semana – Com a demanda por produtos acabados ainda fraca, as fiações continuam pouco ativas no mercado, com raras exceções. Para completar, o mercado recebeu mal o resultado da convenção do Partido Comunista da China encerrada esta semana.



- Algodão em NY 1 – O contrato Dez/22 fechou ontem a 75,11 U$c/lp (-2,96%).



- Algodão em NY 2 - Referência para a safra 2022/23, o contrato Dez/23 era cotado a 71,63 U$c/lp (-4,14%) e o Dez/24 a 69,73 (-4,23%) para a safra 2023/24.



- Preços (27/10), o algodão brasileiro estava cotado a 95,75 U$c/lp (-50 pts) para embarque em Nov-Dez/22 (Middling 1-1/8" (31-3-36) posto Ásia, fonte Cotlook).



- Baixistas 1  A demanda por algodão continua fraca em praticamente todo o mundo. Poucos países, como Paquistão e Vietnã, demonstraram nesta semana sinais de atividade no mercado.



- Baixistas 2 – Os números de venda semanal ao exterior dos EUA mostram isso, com mais uma semana de resultados ruins.



- Baixistas 3  No mercado de produtos acabados, a situação não é diferente, com preços do fio em alguns mercados abaixo do custo de produção.



- Baixistas 4  Quando olhamos para a economia global, os números desta semana também não trouxeram alívio. Os índices PMI (Purchasing Managers Index), que medem atividade industrial e de serviços, estão em queda nas maiores economias do planeta: EUA, China e Europa.


 


- Altistas 1  Os agricultores americanos começam a avaliar as intenções de plantio para a próxima safra. A tendência, nos preços atuais, é que o algodão perca área para soja e milho, onde é possível rotacionar culturas.



- Altistas 2  Em um sinal de resiliência, o PIB dos EUA no terceiro trimestre cresceu 2,6%, após contrair 1,6% no primeiro trimestre e 0,6% no segundo trimestre.



- EUA - Apesar de condições climáticas instáveis no Texas e no Delta, a colheita e beneficiamento de algodão segue em ritmo normal na região Sudeste dos EUA. Segundo o último relatório, 45% do algodão do país já foi colhido, +8% em relação à semana anterior.



- China 1 - A colheita de algodão na China começou, na maioria das regiões produtoras, mais cedo, em setembro. Embora ocorra normalmente, o andamento da safra foi afetado pelos lockdowns.



- China 2 - A China divulgou seus números de importação para o mês de setembro/22. O país importou 89 mil toneladas de algodão no mês, representando um decréscimo de 17,10% em relação a Ago/22 e um aumento de 21,27% em relação a Set/21.



- China 3 - No campo político, foi encerrado o tão esperado congresso do Partido Comunista com a recondução à presidência e fortalecimento do presidente Xi Jinping.



- China 4 - Esse resultado, apesar de esperado, foi muito mal recebido pelo mercado, com as bolsas chinesas caindo bastante esta semana.



- Austrália - Chuvas muito fortes na Austrália nos últimos meses foram registradas nas regiões produtoras de algodão e provocaram até inundações. A safra 22/23, que começou a ser plantada em setembro, deve ser afetada pelo clima neste início.



- Turquia - A produção da Turquia este ano deve ser recorde, com mais de 950 mil tons produzidas. Já a estimativa de consumo *caiu*para 1,45 milhão tons, sendo assim, a demanda de importação deve ser limitada.



- Bangladesh - Indústrias de Bangladesh sofrem com falta de energia. O país vem sofrendo com falta de gás e energia elétrica de forma constante nas últimas semanas, o que tem impactado severamente o setor industrial.



- ABR Log - A Abrapa está validando no Porto de Santos o protocolo social, ambiental e de boas práticas dos terminais retroportuários que fazem a estufagem do algodão. A meta do ABR-Log é garantir que os fardos cheguem ao destino sem avarias, danos físicos e sujeira.



- Sou de Algodão 1 - O programa Sou de Algodão completa nesta semana seis anos de existência. Com objetivo de estimular o uso de algodão no mercado brasileiro, a iniciativa já conta hoje com mais de 1.100 marcas parceiras.



- Sou de Algodão 2 - Neste ano, a novidade foi o SouABR, que permite ao comprador rastrear a jornada do produto desde a semente plantada no solo até a chegada da peça no guarda-roupa. Por enquanto, a iniciativa tem parceria da Reserva e Renner.



- Exportações - O Brasil exportou 191,6 mil tons de algodão nas três primeiras semanas de outubro/22. A média diária de embarque foi 34,8% superior quando comparado com outubro/21.


 


- Beneficiamento - Até ontem (27/10):  BA (92%); GO (97%); MA (55%) MS (91%); MT (89%); MG (93%); SP (100%); PI (97%); PR (100%). Total Brasil: 89% beneficiado.



Preços - Consulte tabela abaixo ⬇



Boletim Algodao pelo Mundo 43.jpeg



Este boletim é produzido pelo Cotton Brazil, programa da Abrapa. Contato: cottonbrazil@cottonbrazil.com

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

Protocolo de certificação socioambiental de terminais retroportuários começa a ser testado

ABR-Log tem a finalidade de melhorar a qualidade das operações para que o algodão chegue ao destino sem avarias

27 de Outubro de 2022

O protocolo social, ambiental e de boas práticas que devem ser seguidas pelos terminais retroportuários de estufagem de algodão, nos contêineres, no Brasil, está em fase de validação, no Porto de Santos. Além de garantir a certificação socioambiental de mais um elo da cadeia produtiva da pluma, o ABR-Log tem o objetivo de melhorar a qualidade dessas operações para que o algodão chegue ao destino sem avarias, danos físicos e sujeira. Desse modo, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), representantes das estaduais e produtores, atendem à demanda do mercado que exige cuidados no transporte do algodão - da beneficiadora até o destinatário - para que a fibra chegue em perfeitas condições. Uma nova etapa da testagem ocorreu na terça-feira (25), nos terminais S. Magalhães & Essemaga, que concentra grandes embarques da pluma para o exterior, e Dinamo. Representantes da Abrapa e da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), que integram o grupo de trabalho encarregado de estabelecer o Protocolo ABR-Log, acompanharam o processo.


O presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato, destacou que a intenção é que haja uma melhora no processo de estufagem de contêineres, independente do terminal, produtor ou exportador. "Isso é muito importante e atende a uma demanda do mercado global", disse. Com essa iniciativa, a cadeia algodoeira terá mais uma etapa de acompanhamento da fibra, agora fora da porteira, segundo Busato. Hoje, a chancela de boas práticas de sustentabilidade é a certificação da fazenda e das unidades de beneficiamento, por meio dos programas ABR (Algodão Brasileiro Responsável) e ABR-UBA, respectivamente. "Se quisermos, no futuro, a liderança nas exportações e na produção, devemos ter uma evolução contínua nos processos de produção, beneficiamento, armazenagem e logística. Desse modo, nos igualaremos ou superaremos nossos concorrentes, que são extremamente organizados e fazem isso há mais tempo do que nós", ressaltou Busato.


Para a elaboração e a implantação do protocolo, a Abrapa contratou a AG Surveyors, empresa que mapeou critérios e verificou as necessidades de transporte do algodão, garantindo a qualidade dos fardos até o destino. O mesmo procedimento de testagem terá uma próxima etapa no Hipercon, dia 27, e Brado, em Rondonópolis, no dia 8 de novembro. A ação realizada no Porto de Santos integra o programa Cotton Brazil, gerido pela Abrapa, com apoio da Apex-Brasil, Anea e Ministério das Relações Exteriores (MRE).


" As visitas foram importantes para coletarmos a opinião dos gestores dos terminais com relação ao novo protocolo que está nascendo. Esperamos melhorias significativas no processo de estufagem dos contâineres com algodão, além de destacar e incentivar o respeito social e ambiental desse elo da cadeia produtiva", ressaltou o diretor Executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, que acompanhou a visita ao porto.

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

“Tenho muito orgulho de, ao lado de uma equipe dedicada e criativa, gerir o Movimento Sou de Algodão que une a cadeia têxtil brasileira, que tem como propósito não só incentivar e informar a respeito do algodão produzido no Brasil, mas também valorizar as muitas mãos envolvidas neste trabalho.”

​Silmara S. Ferraresi - Gestora do Movimento Sou de Algodão e Assessora da Presidência da Abrapa

26 de Outubro de 2022

Começamos sem referência e fomos trilhando nosso caminho com acertos e erros, observando, ousando e inovando para termos um futuro mais sustentável. Para tal, estudamos e entendemos o comportamento do nosso consumidor e planejamos a nossa ideia, antes de avançar. Além disso, notamos uma tendência de queda no consumo do algodão no mercado interno, e, considerando que a indústria nacional representava o principal cliente individual do algodão brasileiro, encomendamos uma ampla pesquisa. Com apoio da Bayer, contratamos a consultoria da Markestrat para realizar esse levantamento, que trouxe conclusões importantes e que foram essenciais para a criação de um plano estratégico com o objetivo de impulsionar o consumo da fibra pelo cliente final e aumentar a demanda.


Nessa época, percebemos a necessidade de aprender com iniciativas semelhantes, que nos ajudariam a ter maior assertividade nas ações, facilitando o alcance de resultados desde o início da execução do plano. Um dos aprendizados mais importantes foi quando notamos que era preciso atuar na promoção e na comunicação direta com os públicos para trazer o percentual de consumo da fibra aos patamares desejados. A proposta foi sensibilizar o consumidor para impulsionar a produção de itens feitos com o nosso algodão para, a partir disso, provocar o aumento da demanda no varejo de moda.


Depois de analisar algumas iniciativas como a Cotton Incorporated, dos Estados Unidos, nos juntamos para estruturar o "Plano de Incentivo ao Uso do Algodão" em ações integradas nos pilares informacional, promocional e de negócios. Dessa forma, conseguimos envolver e estimular os diversos públicos, incentivar o uso e promover o fortalecimento da indústria por meio do diálogo e da facilitação de negócios entre os diferentes elos da cadeia.


Com esse trabalho prévio de análise, conseguimos entender que precisávamos inspirar o consumidor, mostrar que a fibra é versátil, democrática e que está presente em vários produtos e segmentos. Por isso, criamos um coletivo e isso é motivo de orgulho. Assim, em 2017, um ano depois do lançamento do Movimento Sou de Algodão, que aconteceu na maior semana de moda da América Latina, o São Paulo Fashion Week, passamos a buscar o apoio de entidades dos setores produtivo, têxtil e de moda, e novas frentes se abriram por meio de apoios financeiros, institucionais e marcas parceiras.


Temos envolvimento das marcas parceiras, dos apoiadores e das instituições de ensino. Com isso, construímos um coletivo que defende e promove a moda responsável. Ao entendermos o papel de cada stakeholder do movimento, mobilizamos e sensibilizamos esses públicos para fortalecer toda a cadeia presente nele. Aos poucos, criamos a consciência de que o algodão não é fim, mas é meio para unir todos em torno desse propósito, porque a produção da fibra tem responsabilidade socioambiental, e, ao usá-la, as marcas e os consumidores são tocados por esse valor.


Ao final de 2017 estávamos com seis apoiadores financeiros, sete institucionais e 11 marcas parceiras destacando Cor com Amor, Love Secret Lingerie, Martha Medeiros, Norfil e a Lojas Renner, maior grupo de varejo de moda, proprietário das redes Renner, Youcom e Camicado, que gerou buzz no mercado e o chamou a atenção de outras marcas a se juntarem ao Sou de Algodão.


Quando lançamos o movimento, havia uma distância entre o campo e as lojas que disponibilizam as peças feitas de algodão, já que produzimos uma fibra com responsabilidade socioambiental e certificação, mas pouco difundida entre os consumidores. Em 2022, comemoramos seis anos de existência e a participação de mais de 1.100 marcas parceiras. Temos muito orgulho de ter a confiança dessas empresas do mundo da moda. Esse número é um marco importante e nos faz crer que estamos no caminho certo, movimentando consumidores por um futuro mais responsável.


Essa união e a comunicação sempre estiveram presentes em nossos objetivos e sonhos, ao criar o Movimento Sou de Algodão, mas também queríamos rastrear o algodão certificado ABR, ao longo da cadeia e isso também virou realidade. 


Ao completarmos seis anos de movimento, e a Abrapa com 23 anos e uma cadeia estruturada com iniciativas que visam melhorias na qualidade da pluma e na sustentabilidade, e com o envolvimento de tantas marcas e já dialogando com o consumidor, era hora de tirar do papel um sonho antigo: entregar transparência e estender a rastreabilidade do algodão - que acontecia até a porta da indústria -, até o guarda-roupa das pessoas.


Lançamos, então, em parceria com as marcas Reserva e Renner, um programa inédito, de rastreabilidade por blockchain, de ponta a ponta, da semente ao guarda-roupa, entregando ao consumidor, cada vez mais exigente, a origem comprovadamente responsável do algodão presente na peça.


Além do relacionamento consolidado com marcas, empresas, apoiadores, produtores, empreendedores e tecelagens, o Movimento Sou de Algodão se aproximou de um público muito importante para a cadeia e para o futuro da moda: os estudantes. Pensando nisso, lançamos o Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores, um concurso nacional para alunos de design e moda, que tem como objetivo gerar conhecimento e experiência com a fibra e revelar novos talentos para a semana de moda autoral.


Para mim, Silmara, esse concurso é uma das ações mais importantes que realizamos, já que lançamos luz sobre novos talentos que a cada Desafio, brilham cada vez mais. 


Esse é um pouquinho do nosso trabalho que cresce a cada dia. Tenho muito orgulho de, ao lado de uma equipe dedicada e criativa, gerir o Movimento Sou de Algodão que une a cadeia têxtil brasileira, que tem como propósito não só incentivar e informar a respeito do algodão produzido no Brasil, mas também valorizar as muitas mãos envolvidas neste trabalho.


Artigo - Seis anos de Movimento Sou de Algodão.pdf


 

Silmara S. Ferraresi


Gestora do Movimento Sou de Algodão e Assessora da Presidência da Abrapa

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

Série de quedas faz algodão testar 'limite de segurança'

24 de Outubro de 2022

Na semana passada, o fantasma de uma possível recessão económica global fez os preços do algodão descerem a seu menor nível na bolsa de Nova York em quase dois anos. O declínio das cotações afeta diretamente os agricultores do Brasil, que enfrentam um forte aumento dos custos de produção.


No momento, o "limite de segurança" é 75 centavos de dólar por libra-peso, o que significa que os produtores terão prejuízo se as cotações internacionais ficarem abaixo desse piso. Segundo Victor Martins, gerente sénior de risco da Hedge Point Global Markets, com a atual configuração de custos, se o preço do algodão ficar entre 75 e 76 centavos de dólar por libra-peso, muitos agricultores de Mato Grosso, Estado que lidera o cultivo de algodão no Brasil, podem perder de US$ 5 a US$ 7 por arroba.


A pluma até subiu na última sexta-feira - os contratos para março do ano que vem fecharam em alta de 1,67%, a 78,55 centavos de dólar por libra-peso -, mas, no dia anterior, após sete quedas em sequência, o preço desceu a 77,26 centavos de dólar por libra-peso. Essa é o patamar mais baixo dos preços desde dezembro de 2020.


Martins diz que, no cenário macro, preocupam tanto o aumento da inflação nos Estados Unidos quanto a desaceleração da economia chinesa. "O mercado está muito sensível aos fundamentos macroeconômicos. Os americanos são os maiores consumidores no varejo de produtos feitos de algodão, e a China é uma grande fabricante de tecidos", explica.


Outro elemento de pressão sobre as cotações é a alta do dólar. A moeda americana é um ativo que muitos investidores consideram mais seguro para momentos de turbulência, mas, para os produtores americanos da pluma, a valorização cambial representa perda de competitividade das exportações. "A alta do dólar faz com que o algodão posto na Ásia fique muito mais caro, especialmente para os chineses", diz Martins.


Na sexta-feira, a moeda americana recuou após o jornal "The Wall Street Journal" noticiar que cresceram as apostas em um alívio no aperto monetário no país. O Federal Reserve, o banco central dos EUA, fez sucessivos aumentos de 0,75 ponto percentual nos juros, e agora, segundo a publicação, ganhou força no mercado a projeção de aumento 0,5 ponto percentual na reunião de dezembro do Fed.


Júlio César Busato, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), diz que existe um temor de que a demanda vá se retrair, mas que o mercado ainda não sabe quanto. "Por causa desse medo de recessão, as lojas já estão diminuindo os pedidos para a indústria. Elas querem evitar a formação de estoques", afirmou ele ao Valor.


Busato realça que as cotações da pluma têm caído a despeito da série de cortes nas estimativas de produção global em 2022/23, consequência da seca no Texas, principal Estado produtor americano, e das enchentes no Paquistão e na índia, dois dos maiores produtores do mundo. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que projetava colheita de 26,17 milhões de toneladas em abril, agora prevê 25,7 milhões de toneladas.


Na contramão dos preços do algodão, os custos de produção subiram, em média, 50% neste ano. Os fertilizantes lideraram o aumento - o cloreto de potássio subiu 400% e o fósforo, 300%. "O que nos resta é nos agarrarmos à nossa produtividade, que já é a maior do mundo em áreas não-irrigadas", afirma o dirigente.


Um exemplo dos esforços para o aumento de produtividade é o do Grupo Leal, de Alagoas. A empresa está investindo em um sistema de irrigação alimentado com energia fotovoltaica para garantir bom rendimento de suas lavouras da pluma em Formosa do Rio Preto, no oeste da Bahia.


João Toledo de Albuquerque, responsável pelo negócio, diz que a volatilidade faz parte do mercado de commodities e que os produtores precisam avaliar quais são as variáveis sobre as quais eles podem agir para diminuir os riscos. "Em outros países o setor é protegido com subsídios. No Brasil, a gente tem que se virar. Talvez isso tenha nos feitos mais fortes", pondera, tentando ver o lado meio-cheio do copo.


Mesmo com as incertezas, o cultivo de algodão tem crescido no país. Segundo levantamento da Abrapa sobre intenção de plantio, a área de produção vai aumentar l,5%em2022/23, para l,66milhão de hectares. Com um salto de 16,4% na produtividade média, estima-se uma colheita de 2,95 milhões de toneladas, ou 18,1% maior que a da safra passada.



Mídia: Valor Econômico – 24/10/2022

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa com as principais notícias do mundo do algodão

​ALGODÃO PELO MUNDO #42/2022

21 de Outubro de 2022

- Destaque da Semana – Sob pressão de fatores macroeconômicos e fundamentais, as cotações continuam em queda.  Após quase dois meses em queda, o algodão já perdeu mais de 30% somente este ano.



- Algodão em NY 1 – O contrato Dez/22 fechou ontem a 77,40 U$c/lp (-8,72%).



- Algodão em NY 2 - Referência para a safra 2022/23, o contrato Dez/23 fechou ontem em 74,72 U$c/lp (-1,96%) e o Dez/24 a 72,81 (-0,82%) para a safra 2023/24.



- Preços (20/10), o algodão brasileiro estava cotado a 96,25 U$c/lp (-700 pts) para embarque em Nov-Dez/22 (Middling 1-1/8" (31-3-36) posto Ásia, fonte Cotlook).



- Baixistas 1  Fatores macroeconômicos continuam roubando a cena.  Esta semana, por exemplo, o FED reafirmou sua determinação em aumentar os juros até a inflação no país atingir a meta de 2% aa.



- Baixistas 2  Com a perspectiva da continuidade da alta dos juros, o dólar americano deve continuar se fortalecendo e pressionando as commodities.



- Baixistas 3 – Aspectos fundamentais do algodão também tem sido um fator importante neste momento, com fiações operando muito abaixo da capacidade nos principais mercados e estoques de produtos acabados se acumulando.



- Altistas 1  A relação de preço algodão x soja e algodão x milho continua piorando para o algodão, indicando perda de área com preços nestes patamares.



- Altistas 2  Na China há sinais de melhora da demanda, com melhoria das margens das fiações e aumento das taxas de operação das indústrias.



- Altistas 3 – Também no gigante asiático, após vários meses com preços de algodão importado muito acima da paridade com algodão doméstico, a importação de algodão começa a ser viável.



- EUA 1 - A colheita americana de algodão chegou a 37%, segundo último relatório.  O avanço pra esta época é maior que o ano passado (27%) e a média dos últimos 5 anos (32%).



- EUA 2 - Na esfera geopolítica, os EUA continuam se estranhando com a China.  Após restrição à exportação de semicondutores, os EUA pretendem escalar a guerra tecnológica impondo novos controles de exportação de tecnologias avançadas à China.



- China 1 - O mundo saberá como a China será administrada nos próximos cindo anos quando os novos líderes do Partido Comunista subirem ao palco no domingo.



- China 2 - Saber quem estará com o presidente Xi Jinping, que deve ser reconduzido para o terceiro mandato, é importante para tentar entender os rumos do país.



- China 3 - A política de Covid-zero é uma grande bandeira do atual presidente e está tendo cada vez menos apoio popular devido aos enormes transtornos causados, além de perdas econômicas.



- China 4 - Falando em Covid, a região de Xinjiang entrou em lockdown rigoroso afetando a colheita, beneficiamento, classificação, armazenamento de algodão neste momento.



- Austrália 1 - Os produtores australianos continuam sendo afetados por chuvas excessivas em momento de preparação e início do plantio da safra 2022/23.



- Austrália 2 - Por outro lado, as chuvas no país garantiram quantidades suficientes de água armazenada para irrigação de mais uma safra cheia na Austrália.



- ABR Log 1 - O protocolo de boas práticas socioambientais que deve ser seguido pelos terminais retro portuários brasileiros está em fase de validação, no Porto de Santos.



- ABR Log 2 - O objetivo é melhorar a qualidade das operações para que o algodão chegue ao destino sem avarias, danos físicos e sujo, além de introduzir melhores práticas socioambientias aos terminais.



- ABR Log 3 - O terminal da Dinamo, em Santos, foi vistoriado no dia 10 de outubro. Estão planejadas mais três visitas de validação: S. Magalhães & Essemaga (25/nov), Hipercon (27/nov) e Brado Logísitica, em Rondonópolis (08/nov).



- Exportações - De acordo com dados do Ministério da Economia, o Brasil exportou 100,3 mil tons de algodão nas duas primeiras semanas de outubro/22. A média diária de embarque foi 9,8% superior quando comparado com outubro/21.



- Beneficiamento 2021/22 - Até ontem (20/10):  BA (91%); GO (97%); MA (53%) MS (89%); MT (86%); MG (90%); SP (100%); PI (93%); PR (100%). Total Brasil: 87% beneficiado.



Preços - Consulte tabela abaixo ⬇




Boletim Algodao pelo Mundo 42.jpeg


Este boletim é produzido pelo Cotton Brazil, programa da Abrapa. Contato: cottonbrazil@cottonbrazil.com

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

Movimento Sou de Algodão reúne mil marcas e incentiva o usa da fibra natural

Para colocar sob os holofotes a importância e a produção consciente do algodão, a Abrapa criou o movimento que envolve todos os agentes da cadeia produtiva e da indústria têxtil da matéria-prima.

21 de Outubro de 2022

Não basta a roupa ser bonita e cair bem. Há uma geração de consumidores cada vez mais consciente que quer saber quem fez a peça, em quais condições de trabalho foi desenvolvida e qual é a origem do material. Por outro lado, a Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) já tinha um programa de sustentabilidade e de responsabilidade na produção da fibra de algodão há alguns anos, mas essas informações não chegavam ao consumidor final.


Para colocar sob os holofotes a importância e a produção consciente da fibra, a Abrapa criou, em 2016, o movimento Sou de Algodão, que envolve todos os agentes da cadeia produtiva e da indústria têxtil da matéria-prima, desde o homem do campo até o consumidor final, passando por tecelões, artesãos, fiadores, estilistas e estudantes de Moda. O movimento, lançado no São Paulo Fashion Week daquele ano, tomou corpo e hoje tem mais de mil marcas parceiras em diferentes segmentos, com as quais promove networking e faz ações como programas de capacitação.


Em 2021, a Sou de Algodão desenvolveu com a Renner e com a Reserva um projeto piloto de rastreabilidade de ponta a ponta, da fazenda ao varejo, batizado de SouABR (Sou de Algodão Brasileiro Responsável). As duas marcas fizeram coleções que traziam na etiqueta um código QR com todas essas informações reunidas. "Montamos um sistema e controlamos desde o desmanche do fardo de algodão dentro da fiação, em que só é usado algodão com certificação socioambiental, e cada elo, ou seja, cada fornecedor da cadeia da Renner e da Reserva contribuiu com os dados", explica Silmara Ferraresi, gestora geral do Sou de Algodão.


Além do desafio de ser uma cadeia muito extensa, outra dificuldade é que os varejistas têm receio de dizer com quem trabalham, quem presta serviço para eles. Mas, depois do bem-sucedido teste com essas duas marcas, a Sou de Algodão quer, a partir de janeiro de 2023, estender o programa SouABR para qualquer marca que queira compartilhar seus dados, entregar rastreabilidade e fazer essa informação chegar até o consumidor final. "Com esta ação pioneira, não só garantimos que a peça foi produzida em linha com boas práticas no ecossistema, como também damos ampla visibilidade ao cliente. Antes de chegar ao guarda-roupa das pessoas, cada peça já tem toda a sua história registrada", disse o diretor de Produto das Lojas Renner, Henry Costa, no lançamento das primeiras calças jeans 100% rastreadas por blockchain no Brasil.


Outro pilar do movimento é o Desafio Sou de Algodão, concurso voltado a estudantes de graduação de Moda. "A premiação desta segunda edição foi na Casa de Criadores. Tivemos a participação de mais de 460 estudantes de todo o país e o vencedor foi Guilherme Dutra, da Faculdade Santa Marcelina [de São Paulo] ", conta Manami Kawaguchi Torres, gestora de relações institucionais da Sou de Algodão. O primeiro lugar estará no line-up da próxima edição da Casa de Criadores e foi premiado com R$ 30 mil para desenvolver sua coleção de estreia, além de tecidos de algodão, claro.


Versátil, o material está mais presente no guarda-roupa do que se imagina: desde a calça jeans e a camiseta do dia a dia ao vestido de festa de renda. Por ser uma fibra natural, ele tem tudo a ver com o clima do Brasil e traz grandes vantagens em relação à reciclagem e ao descarte em comparação às fibras sintéticas.


 


Leia mais: https://revistamarieclaire.globo.com/Noticias/noticia/2022/10/movimento-sou-de-algodao-reune-mil-marcas-e-incentiva-o-usa-da-fibra-natural.html


Mídia: Revista Marie Claire – 20/10/2022

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

O caminho das fibras

​Para o presidente da Abrapa, revolução tecnológica coloca o algodão como umas das principais commodities brasileiras

21 de Outubro de 2022

Considerado a mais importante das fibras têxteis naturais, algodão é uma planta que pode ser aproveitada em sua totalidade, pois, além da pluma, fornece diversos produtos, como, por exemplo, o caroço, de onde pode-se extrair sementes ricas em óleo e linter, muito usado na produção de algodão hidrófilo e tecidos cirúrgicos, além de vários resíduos para ração animal.


A cotonicultura brasileira avançou fortemente, nos últimos anos, gerando resultados expressivos na exportação. Entre os cinco os maiores produtores do mundo, ao lado dos Estados Unidos, China, Índia e Paquistão, o Brasil exportou 1,68 milhão de toneladas de algodão, entre agosto de 2021 e julho de 2022. No mesmo período, o consumo doméstico foi de 740 mil toneladas, sendo 99% atendido com algodão produzido no Brasil.


Para falar da evolução do segmento, a Revista A Lavoura entrevistou o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Júlio Cézar Busato, que conta um pouco mais sobre o mercado do algodão, processo industrial, implementação de novas tecnologias, rastreabilidade e como a commodity se tornou um dos expoentes da agricultura nacional.


A Lavoura: Como você avalia o momento do mercado de algodão?


Júlio Cézar Busato: O consumo mundial da fibra está bastante aquecido. Relacionamos isso à demanda que surgiu com a pandemia da Covid-19, que obrigou as pessoas a trabalharem e ficarem em casa, buscando produtos mais confortáveis, e pelo aquecimento da procura por produtos de algodão na área de saúde. Aliado a esse fato, constatamos uma preocupação geral dos consumidores em relação às questões ambientais, certificação das matérias-primas e rastreabilidade dos produtos que adquirem. É uma tendência que veio para ficar e coloca o algodão do Brasil em situação favorável por atender esses requisitos. Os números mostram um cenário favorável.


A Lavoura: O que a cotonicultura representa em termos de divisas para o Brasil?


Júlio Cézar Busato: Entre agosto de 2021 e julho de 2022, o Brasil exportou 1,68 milhão de toneladas de algodão. No mesmo período, o consumo doméstico foi de 740 mil toneladas de algodão, 99% atendido com algodão produzido no Brasil. Exportamos o excedente para a Ásia, com destaque para China, Bangladesh, Paquistão, Turquia, Malásia, Índia, Indonésia e Vietnã.  O superávit da balança comercial do algodão brasileiro foi de US$ 3,208 bilhões, no acumulado de agosto de 2021 a julho de 2022. Além disso, o Brasil é o segundo no ranking dos países exportadores da fibra e a estimativa de vendas para o mercado externo na temporada 2022/2023, segundo o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (ICAC), é de 1,96 milhão de toneladas. A produção brasileira, no período, foi de 2,61 milhões de toneladas.


A Lavoura: O que você acha necessário para a evolução do setor?


Júlio Cézar Busato: Atrelar a rastreabilidade completa com um programa de certificação socioambiental fortalecerá ainda mais a imagem do algodão brasileiro frente aos demais. O processo sendo auditado por empresa de terceira parte é a garantia para o comprador, que pode verificar essas informações pela rastreabilidade da cadeia. O sucesso competitivo e sustentável alcançado pelos produtores de algodão, nas últimas décadas, precisa ser intensificado para que o País permaneça aproveitando suas vantagens e consiga assumir o topo do ranking na exportação da pluma.


A Lavoura: Qual a importância da rastreabilidade para o segmento?


Júlio Cézar Busato: Estamos trabalhando para dar ainda mais transparência à produção de algodão brasileira, por meio dos programas Algodão Brasileiro Responsável (ABR) em benchmarking com a Better Cotton Initiative (BCI) e SouABR. O desafio é consolidar o SouABR, iniciativa que consiste na entrega da rastreabilidade da fibra certificada, da fazenda, passando pela fiação, malharias, tecelagens, até o varejista.  A iniciativa permite que o consumidor consiga acompanhar a trajetória da roupa. Ele terá a informação que a peça é certificada e por onde passou.  Desse modo, saberá a origem da roupa, acessando os dados por meio do QRCode. A iniciativa atende a uma demanda do mercado e aos anseios dos clientes, especialmente os mais jovens, que têm um modo diferente de se relacionar com o consumo.


A Lavoura: Em relação ao algodão em si, como gerar valor à commodity?


Júlio Cézar Busato: O desafio de agregar valor a um produto que originalmente é considerado uma commodity é um trabalho continuado para despertar uma consciência coletiva em torno da moda e do consumo responsável. O Sou de Algodão, por exemplo, iniciativa que começou em 2016, a partir de um estudo realizado entre os anos de 2014 e 2015 para entender o mercado, foi muito importante. Naquele momento, perdíamos market share. Há 40 anos, o algodão chegava a representar 83% do que a indústria fiava, e hoje estamos em 50%. Foi aí que a associação decidiu que precisava conversar com o consumidor, formadores de opinião e o mundo da moda para entregar informação e todos os atributos que o algodão produz. Percebemos que precisávamos agir para reverter o cenário. Desde a sua criação, em 1999, a Abrapa tem pautado o seu trabalho nos pilares da sustentabilidade, da qualidade e da rastreabilidade. Antes, nada disso era propagado e o consumidor desconhecia a fibra nacional. Passamos a mostrar, através de um programa de rastreabilidade de comunicação ponta a ponta, como se dá a produção desde as lavouras até a etiqueta da roupa.


A Lavoura:  De que forma a Abrapa tem contribuído para o desenvolvimento do segmento?


Júlio Cézar Busato: A Abrapa apoia a pesquisa realizada por institutos regionais e pela Embrapa, por exemplo, para aumentar a resiliência das lavouras brasileiras aos eventos climáticos extremos. Seremos atingidos, caso projeções internacionais de mudanças climáticas se confirmem, pois somos uma indústria a céu aberto e sem irrigação no Brasil. A saúde do solo é fundamental para que a planta suporte um período mais longo sob estresse (sem chuvas) e não reduza produtividade. A melhoria da saúde do solo, pensando também na parte biológica, tem sido nosso foco. Nas propriedades associadas, temos também diversas iniciativas para mensurar a emissão de CO2 do processo produtivo e de transporte, assim como o seu sequestro, com o aumento da matéria orgânica do solo pelo plantio direto, por exemplo. Já temos alguns resultados da Embrapa que comprovam que a área produtiva possui mais carbono fixado no solo do que a área de vegetação nativa de cerrado. Queremos cada vez mais atrelar a produção com a sustentabilidade a longo prazo. A melhoria dos processos produtivos, com menos emissão de carbono e mais produtividade é o nosso objetivo. Diversos produtores de algodão já estão em processo avançado de adoção do conceito de agricultura regenerativa, que preconiza a saúde biológica e química dos solos, rotação de culturas e utilização de práticas de manejo sustentáveis.


A Lavoura: Como a cotonicultura está posicionada em relação às questões ambientais?


Júlio Cézar Busato: A cotonicultura já está inserida dentro do contexto das ESG (governança ambiental, social e corporativa, do inglês Environmental, social, and corporate governance). Respeitamos os requisitos ambientais, sociais e de governança, baseados em um protocolo de certificação (ABR/BCI). Isso nos coloca como líderes mundiais na produção de algodão responsável (42% de todo o algodão certificado responsável do mundo é produzido pelo Brasil), enquanto o resto do mundo corre para aplicar essas regras, os produtores brasileiros manejam essas lavouras seguindo critérios de boas práticas. Nós produzimos de acordo com normas rígidas de conservação ambiental e respeitando o Código Florestal Brasileiro e a legislação trabalhista cheia de detalhes e deveres para serem cumpridos, a NR 31 e as normativas da OIT (Organização Internacional do Trabalho). Temos, por exemplo, áreas de reserva legal, preservação permanente e conservamos as matas ciliares — aquelas localizadas nas margens dos rios. Estamos no caminho, sempre avançando para atender uma exigência global.


A Lavoura: Quais as perspectivas para os próximos anos?


Júlio Cézar Busato: Nas missões internacionais que realizamos ao longo deste ano, por meio do programa Cotton Brazil, fomos muito bem avaliados, em especial no que se refere à qualidade da nossa fibra que supera a concorrência em muitos aspectos. Temos potencial de crescimento nos próximos anos e os países, especialmente os da Ásia, estão abertos ao nosso produto. Temos tecnologia, pessoas treinadas e trabalhamos para crescer com qualidade e sustentabilidade. Então as projeções são as melhores. Vamos continuar o nosso trabalho, com aportes em tecnologia e inovação, produzindo com eficiência e de modo responsável. Podemos chegar a ser o primeiro exportador mundial da fibra em breve.


 


Leia mais: O caminho das fibras - A Lavoura


Mídia: A Lavoura – 20/10/2022

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

Beneficiamento e análise da qualidade da fibra ganham ritmo no Brasil

21 de Outubro de 2022

Com a finalização da colheita de algodão na maioria dos estados produtores, o beneficiamento avança e totaliza 79% da produção, assim como a análise da qualidade da pluma (HVI), que atingiu 55%. Os dados constam no Relatório de Safra divulgado nesta quarta-feira (19), pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).


Estimativas apontam para uma safra colhida de 2,5 milhões de toneladas de pluma (2021/2022) e 3,3 milhões de toneladas de caroço no Brasil. Um dos processos essenciais para preservar a qualidade desse produto é o beneficiamento de algodão. Com relação a isso, a Abrapa possui o programa Standard Brasil HVI (SBRHVI) que tem como objetivo garantir o resultado de origem, dar credibilidade e transparência para as análises de HVI realizados pelos laboratórios de classificação instrumental que operam no País. Os dados de classificação são todos informatizados e os processos são equiparados aos dos maiores produtores mundiais de algodão. Esse atestado da qualidade fardo a fardo é fundamental para a fiação e a indústria têxtil fabricar o melhor produto.



Exportações


O Brasil exportou 247,3 mil toneladas no acumulado de agosto 2022 a setembro de 2022, os dois primeiros meses do calendário de exportação, totalizando uma receita de US$ 500,1 milhões. O volume embarcado foi 29,5% superior ao registrado no mesmo período de 2021.


No acumulado de agosto a setembro de 2022, a China foi o principal destino das exportações brasileiras, totalizando 99,7 mil toneladas, representando 40% das exportações acumuladas. O montante dobrou a participação nesse início de ano comercial.



Projeção safra 2022/2023


As primeiras estimativas para a safra 2022/23 de algodão no Brasil, apontam elevação da área plantada de algodão de 9,3%, ficando em 1,78 milhões de hectares. A produção no período é projetada em 3,1 milhões de toneladas, uma variação de 27% ante os atuais 2,5 milhões de toneladas.


 


Leia mais: Beneficiamento e análise da qualidade da fibra ganham ritmo no Brasil - Notícias Agrícolas (noticiasagricolas.com.br)


Beneficiamento e análise da qualidade da fibra ganham ritmo no Brasil | MAIS SOJA - Pensou Soja, Pensou Mais Soja


Beneficiamento do algodão chega a 79% da produção | Agrofy News


Mídia: Notícias Agrícolas – 20/10/2022


Mais Soja – 20/10/2022


Agrofy News – 20/10/2022

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter

Voltar

Aramis se une ao Sou de Algodão em prol da moda sustentável

20 de Outubro de 2022

Fortalecendo a sua jornada de sustentabilidade, a Aramis, uma das líderes nacionais no varejo de moda masculina, oficializa e anuncia ao mercado sua mais recente parceria: agora faz parte do pool de marcas que apoiam o Sou de Algodão.


Criado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) em parceria com o Instituto Brasileiro de Algodão (IBA), o movimento Sou de Algodão busca engajar e conscientizar toda a cadeia de moda – homens e mulheres do campo, tecelões, artesãos, fiadores, designers de moda, estilistas, varejistas, estudantes e consumidores de moda – sobre a relevância do algodão para o mundo e a importância do incentivo às práticas responsáveis no setor, sobretudo no nosso País.


Como um dos principais produtores mundiais, o Brasil é referência em práticas socioambientais responsáveis, que garantem os direitos do trabalhador, sua segurança e a proteção do meio ambiente. Hoje, 92% da produção é em regime de sequeiro, sem irrigação, ou seja, as plantações dependem apenas da água da chuva para se desenvolver e dão uma verdadeira aula sobre origem consciente e inovação.


O algodão é uma matéria-prima de alta relevância no nosso País e que oferece o máximo de conforto, durabilidade e alta reciclabilidade, se tornando uma das melhores escolhas para o setor e também fonte de inspiração e transformação para toda a cadeia.


"A sustentabilidade é um caminho muito importante que nossa marca vem trilhando nos últimos anos. Essa parceria fortalece a jornada que a Aramis vem construindo, colaborando com o engajamento dos nossos públicos de interesse e reforçando a nossa preocupação com o tema, que vai desde o design dos nossos produtos até a garantia de transparência na busca por uma moda mais responsável, justa e ética.", afirma Richard Stad, CEO da marca.


"A entrada da Aramis só ajuda a comprovar o quanto o trabalho do Movimento reforça a importância e fortalece a união da cadeia, que extrapola os limites da fazenda. Ao diminuir as distâncias entre os diferentes públicos, envolvendo também os consumidores, mostramos que, além de a fibra ser o elemento que conecta todos, incentivamos melhores práticas para uma moda cada vez mais responsável. Todos os agentes são essenciais nessa ampla rede, e a união de todos tornará reais os anseios do público, cada vez mais exigente e participante deste grande ecossistema.", explica Júlio Cézar Busato, presidente da Abrapa.


 


Leia mais: Aramis se une a Sou de Algodão em prol da moda sustentável - Revista Stile


Mídia: Revista Stile – 20/10/2022

Quer ficar por dentro de tudo
que acontece no Portal Abrapa?

assine nossa newsletter