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Safra de algodão do Brasil terá desafios para crescer no próximo ciclo

Segundo números oficiais, o Brasil atingiu uma produção recorde de 3 milhões de toneladas na temporada 2019/20

01 de Abril de 2022

A despeito dos investimentos em qualidade e no incentivo ao consumo de algodão, a rota de crescimento da produção da pluma do Brasil provavelmente terá uma nova pausa no próximo ano devido aos maiores custos dos insumos, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).


E a safra 2022/23, que registra uma comercialização antecipada mais lenta que o habitual para a época, pode recuar em meio a preocupações com a demanda em uma economia mundial impactada pela guerra, disse o presidente da Abrapa, Júlio Busato, à Reuters.


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Embora os preços do algodão na bolsa de Nova York para entrega mais próxima tenham atingido os maiores níveis em mais de dez anos recentemente, em torno 140 centavos de dólar por libra-peso, os custos cresceram cerca de 40%, limitando negócios antecipados.


“Se mantiver esses custos dos insumos e o preço do algodão, devemos recuar um pouco na área de algodão, e vai dar espaço para o milho e a soja”, afirmou Busato, lembrando que essas culturas concorrem com a pluma em Estados como o Mato Grosso.



Segundo números oficiais, o Brasil atingiu uma produção recorde de 3 milhões de toneladas na temporada 2019/20, reduziu a colheita no ciclo seguinte a 2,35 milhões de toneladas em função da pandemia de Covid-19, e agora na temporada 2021/22 está de volta mais próximo da máxima histórica.


Mas a guerra tumultuou novamente o ambiente de negócios.




“Tomara que as coisas se ajeitem, podemos recuar um pouco a produção, como fizemos na pandemia. Queríamos ir para 3 milhões de toneladas de novo (em 2022/23) e não vamos, por causa dos insumos, tomara que não caiamos para 2,5 milhões de toneladas”, disse.


Segundo Busato, o setor está preocupado ainda com o que virá adiante, temendo uma retração da economia em importantes países, que poderá afetar mais a demanda por algodão do que por outros produtos agrícolas, especialmente os alimentícios.


Na safra de 2021/22, que será colhida neste ano, a situação é confortável. Cerca de 80% da produção já está vendida, com preços médios em torno de 85 centavos de dólar, que dão boa rentabilidade, disse o dirigente.


Mas a conta não é favorável para o ano que vem. Com os custos em alta dos fertilizantes e as incertezas, os negócios estão mais lentos, e somente algo em torno de 10% de uma potencial safra já foi comercializada, segundo Busato.


Foco na qualidade e otimismo

A momentânea dificuldade não tira o otimismo de Busato com o futuro do algodão do Brasil, que segundo ele tem uma produtividade agrícola que é o dobro da dos EUA, o maior exportador global da pluma.


“Vamos passar por isso… e em curto período de tempo o Brasil vai ser o maior exportador mundial, e em algum momento será o maior produtor mundial, vai acontecer com o algodão…”, disse ele, sem definir prazo.


Além da competência produtiva, o Brasil exporta mais de dois terços de sua produção graças a investimentos em programas de certificação e rastreabilidade, que abrangem mais de 80% da sua produção, disse o dirigente da Abrapa.


E no mercado interno, assim como no mercado externo, a indústria busca estimular o consumo destacando os atributos socioeconômicos sustentáveis do algodão brasileiro.




O setor projeta terminar 2022 com cerca de 1.200 marcas parceiras, de atuais 900, no programa Sou de Algodão, que une a cadeia produtiva, incluindo designers de moda, para incentivar o consumo da pluma, que perdeu espaço para fibras sintéticas.


Essa seria uma forma de levar o consumidor a pedir mais roupas produzidas com fibras naturais, gerando um efeito em cascata das lojas até a indústria têxtil.


A Abrapa também projeta avanços no programa Sou ABR (Algodão Brasileiro Responsável) que permite aos consumidores rastrear a origem e a sustentabilidade da matéria-prima por meio de um QR Code na roupa.


“O que vamos levar é transparência, as pessoas querem uma roupa que tenha rastreabilidade e sustentabilidade”, disse.


A partir de 2023, termina a exclusividade com a varejista Renner e a loja de roupas Reserva no programa Sou ABR, o que permitirá que quaisquer interessados do setor do comércio possam aderir ao movimento.


Os estabelecimentos interessados teriam de abrir informações de sua cadeia de fornecedores, com o sistema trabalhando em tecnologia blockchain, mas o consumidor teria a ganhar.


Para integrar o ABR, o produtor tem que cumprir 178 itens relacionados a aspectos sociais, éticos e a legislações trabalhistas e ambientais, tudo auditado de forma independente.


Leia mais em: https://forbes.com.br/forbesagro/2022/04/safra-de-algodao-do-brasil-tera-desafios-para-crescer-no-proximo-ciclo/

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Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa com as principais notícias do mundo do algodão

ALGODÃO PELO MUNDO #12/2022

01 de Abril de 2022

- Destaque da Semana – Semana de muita volatilidade no mercado de algodão, com saldo positivo no final, mantendo o rally iniciado em 16 de Março.


- Algodão em NY – O contrato Mai/22 fechou ontem a 135,69 U$c/lp (+3,65%). Referência para a safra 2021/22, o contrato Dez/22 era cotado a 111,28 U$c/lp (+1,86%).


- Preços - Ontem (31/03), o algodão brasileiro estava cotado a 158,5 U$c/lp (+950 pts) para embarque em Abr-Mai/22 (Middling 1-1/8" (31-3-36) posto Ásia, fonte Cotlook). Para o embarque Out-Nov/22 : 129,5 U$c/lp (+450 pts).


- Altistas 1 - A seca no Oeste do Texas continua. Será preciso ainda muita umidade para o início do plantio.


- Altistas 2 - Com o ritmo de vendas aquecido e a próxima safra ainda indefinida, a tendência é de estoque de passagem não comercializado muito apertado no principal exportador global – EUA.


- Altistas 3 - O número de contratos a fixar (on call) das indústrias ainda é alto e coloca pressão altista no mercado.


- Altistas 4 - Na Índia, maior produtor global ao lado da China, a situação de oferta e demanda também está apertada com a redução da safra. Preços batem recordes, falta algodão e indústrias continuam insistindo para que a tarifa de importação de algodão seja zerada.


- Baixistas 1 - Com recentes aumentos, a consultoria Cotlook relata que a demanda das fiações no mercado físico tem sido afetada. Segundo a consultoria, os preços dos fios não estão remunerando o custo da matéria-prima.


- Baixistas 2 - A política de Covid-Zero e outros fatores internos e externos impactam a economia Chinesa. Em março, dois importantes indicadores de atividade comercial e industrial se retraíram ao mesmo tempo. A última vez que isso ocorreu foi no início da pandemia em 2020.


- Baixistas 3 - O consumo de algodão da China deste ano deve ser revisto para baixo devido ao desempenho econômico mais fraco que o estimado. Além disso, nos atuais níveis de preço, algodão importado já está mais caro que algodão doméstico no país.


- Baixistas 4 - USDA estima que a área plantada de algodão nos EUA será de 12,2 milhões de acres em 2022, aumento de 9% em relação a 2021 (+ 1 milhão de acres). Este número foi um pouco acima da expectativa, mas muita coisa pode acontecer por lá ainda.


🇨🇳 China -  Em mais uma parceria com a China National Cotton Exchange (CNCE), a Abrapa, via Cotton Brazil, irá realizar uma palestra sobre o algodão Brasileiro no principal evento da entidade Chinesa na próxima Sexta (8/4) – a conferência CNCE Gala. A expectativa, segundo os organizadores, é de um público de 45 mil executivos, empresários, produtores e funcionários do governo no evento, que será realizado online.


🇪🇺 União Européia - A Comissão Européia publicou nesta semana a estratégia do bloco para sustentabilidade e circularidade de produtos têxteis. As normativas devem alterar muito as exigências socioambientais no principal mercado global de têxteis e confecções, com faturamento anual de mais de US$ 200 bilhões.


- Plantio – O plantio no hemisfério Norte está começando. Nos EUA, as principais regiões ainda não iniciaram plantio, enquanto no Paquistão o plantio precoce foi interrompido por falta de água. Na China, algumas partes de Xinjiang já estão semeando algodão.


- Logística 1 - Pressionada pelos exportadores, a Associação Americana de Exportadores de Algodão (ACSA) tem se desculpado pelos atrasos logísticos tendo o contexto de caos logístico como argumento.


- Logística 2 - Além disso, a entidade destaca o investimento de US$ 1,5 trilhão do governo norte-americano em infraestrutura e a lei “Ocean Shipping Reform Act”, que penalizará armadores por atrasos nos embarques de cargas agrícolas.


- Exportações 2022 - O Ministério da Economia divulga hoje o balanço das exportações de mar/22. A expectativa é que os embarques sejam maiores que em mar/21.


- Preços - Consulte tabela abaixo ⬇


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Este boletim é produzido pelo Cotton Brazil, programa da Abrapa. Contato: cottonbrazil@cottonbrazil.com



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