A certificação socioambiental da cotonicultura brasileira, o programa ABR, Algodão Brasileiro Responsável, foi destaque no Brazil Agribusiness Meeting, encontro virtual realizado nesta quinta-feira (25). O ciclo de debates foi promovido pelas entidades alemã, britânica, paranaense e mato-grossense do Grupo de Líderes Empresariais LIDE, com o objetivo de atrair investimentos e proporcionar o intercâmbio entre as esferas pública e privada do Brasil e dos países europeus.
A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, Abrapa, participou do painel Grãos, fibras e oleaginosas. Júlio Cézar Busato, presidente da entidade, destacou a união dos cotonicultores e as parcerias firmadas ao longo do tempo com instituições como a Embrapa como fundamentais para que o Brasil se tornasse o quarto maior produtor e o segundo maior exportador mundial de algodão. "Assim criamos uma nova tecnologia que, somada às condições climáticas e de solo que temos, nos proporcionaram a maior produtividade mundial de algodão em regime de sequeiro", afirmou.
Busato explicou como funcionam o programa de análise de qualidade da pluma (SBRHVI), o sistema de rastreabilidade (SAI) e a certificação ABR. "A grande sacada, que aconteceu há nove anos, foi na sustentabilidade, com a criação do Algodão Brasileiro Responsável", destacou. Para obter a certificação, o produtor tem que cumprir 178 itens nas áreas social, ambiental e de segurança do trabalho. Atualmente, 75% da produção brasileira de algodão tem o selo ABR.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, Abiove, André Nassar, elogiou o trabalho de sustentabilidade feito pelos cotonicultores brasileiros e sugeriu que o modelo seja adotado em outras culturas. "Temos que pensar como dar escala para um programa como este do algodão", ressaltou. Nassar deu um panorama do mercado de soja e lembrou que Brasil é hoje o maior produtor da oleaginosa e fornecedor de proteína vegetal disponível do mundo. "Se o produtor brasileiro se organizar, vamos diferenciar o produto brasileiro".
Alexandre Amorim Monteiro, analista de desenvolvimento de mercado do Sistema Ocepar, falou sobre o impacto de práticas como a integração lavoura-pecuária no mercado nacional e internacional. "Trata-se de uma metodologia de produção que viabiliza a propriedade de uma forma sustentável e agrega valor nas diferentes culturas que se valem deste sistema", afirmou. "Precisamos potencializar sistemas como este que vão fortalecer a nossa competitividade no mercado internacional de grãos", completou, destacando também a importância da rastreabilidade.
O painel contou ainda com a presença de Edna Belizário, CEO da Grünkunft - primeira empresa do mundo a atuar no mercado europeu com embalagens alimentícias 100% compostáveis. O produto, fabricado na Alemanha, é feito a partir de uma folha especial de celulose e, em breve, deve ser confeccionado também com palha de cana do Brasil.