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Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa com as principais notícias do mundo do algodão

22 de Maio de 2020

ALGODÃO PELO MUNDO #19


Algodão em NY - O mercado andou "de lado" na última semana em NY.  As notícias positivas, como o sucesso em testes com uma vacina para Covid-19, foram anuladas pela divulgação de mais um aumento no número de desempregados nos EUA (agora, 39 milhões).  Mas o mês de maio vai chegando ao fim e as medidas de restrição e isolamento nos EUA e Europa continuam sendo flexibilizadas, o que cria expetativas para aumento do consumo e retomada da economia.  O contrato dez/20, referência para a safra nacional 2019/20, fechou a última semana com leve alta de 1,6%, cotado a 58,70 centavos de dólar por libra-peso (c/lp).



- Relação China-EUA - O aumento do atrito entre EUA e China, observado nas últimas semanas, ganhou mais um novo episódio: os chineses devem impor uma nova lei de segurança, que contempla Hong Kong. A medida levou o governo americano a alertar sobre forte reação que adotará, caso isso se concretize. A bolsa de Hong Kong caiu 5,56% no fechamento desta sexta-feira e deve impactar os mercados deste lado do mundo hoje.



- China-EUA 2 - Em ano eleitoral, Trump tem motivos para não aliviar a tensão, uma vez que o eleitor americano vê como positiva uma política mais dura com os chineses. Do lado chinês, a relação com Hong Kong é uma questão de soberania. Mesmo considerando que a China tenha afirmado que irá cumprir a Fase 1 do acordo comercial, o mercado tende a piorar com a elevação nas tensões.



- China – Para complementar o quadro, hoje, pela primeira vez na história, na abertura do Congresso Nacional do Povo (NPC), a China retirou seu alvo de crescimento para o ano. Para justificar a decisão, o premiê Li Keqiang disse que "a situação econômica e epidêmica global e a situação comercial são muito incertas".  A meta de crescimento era de 6% e o mercado esperava um corte para em torno de 2% a 3%.



- Comercialização – Os índices de comercialização das safras 2019/20 e 20/21 de Mato Grosso são de, respectivamente, 78% e 30%, segundo o Imea.  Já na Bahia, a Abapa estima em 75% e 20%, para as safras 19/20 e 20/21.  Mato Grosso e Bahia representam, juntos, em torno de 90% da produção nacional de algodão.



- Colheita - Segundo a Abrapa, São Paulo e Paraná já iniciaram a colheita do algodão da safra 19/20.  Os dois estados já têm, respectivamente, 50% e 65% da área total colhida. Além disso, as regiões de Sidrolândia e Aral Moreira, no Mato Grosso do Sul, já finalizaram a colheita. A colheita em Goiás, Minas Gerais e Bahia deve começar no início do mês de junho.



- Plantio - O USDA divulgou, esta semana, mais um relatório sobre o progresso do plantio da safra 2020.  Segundo o relatório, 44% da área foi plantada até 17 de maio.  O plantio está acima da média do ano passado, em 39%, e, comparado à média dos últimos cinco anos, 40%. Entretanto, algumas consultorias chamam atenção para a previsão do tempo atual, que não sinaliza favoravelmente para os próximos dias.



- Subsídios - Esta semana o USDA deu detalhes sobre os subsídios de US$ 16 bilhões que serão pagos aos produtores do país nos próximos dias.  O Programa de Assistência Alimentar para Coronavirus dos EUA (CFAP) irá fazer pagamentos diretos aos produtores das commodities que sofreram queda de preço de 5% ou mais, devido à pandemia.  Os produtores de algodão terão direito a receber US$0,19 c/lp pelo algodão não comercializado até 15 de janeiro deste ano, mediante comprovação e alguns limites estabelecidos.



- Exportações - Apesar do número semanal ter diminuído, as vendas de exportação para a China continuaram fortes.  Na última semana, o país comprou 34,5 mil tons dos americanos. Os EUA exportaram 59,7 mil toneladas na semana anterior, e, neste momento, já exportaram 77% do que era projetado pelo USDA para este ano comercial (ago-jul).



- Exportações - O Brasil exportou 12 mil toneladas de algodão em pluma, na segunda semana de maio de 2020.  Com isso, o volume total exportado em 2019/20 ultrapassou 1,79 milhão de toneladas, ou 95% da projeção para este ano comercial (ago-jul).



- Preços - A tabela abaixo ⬇ mostra os últimos movimentos de preços, índices e câmbio que impactam o mercado de algodão.


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Setores de fibras têxteis naturais, artificiais e sintéticas discutem ameaças e oportunidades no contexto da Covid-19

20 de Maio de 2020

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Milton Garbugio, representou o setor de fibras naturais, no debate online que a Associação Brasileira da Industria Têxtil e de Confecções (Abit) promoveu na tarde desta terça-feira (19), para falar de cenários para as fibras têxteis no contexto da pandemia de Covid 19. No evento, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas (Abrafas) Lineu Jorge Frayha, e o conselheiro da mesma entidade, Renato Boaventura, falaram, respectivamente, pelos produtores de poliéster e poliamida. A discussão foi mediada pelo presidente da Abit, Fernando Pimentel.



Se, à primeira vista, o debate parecia sugerir o confronto entre insumos têxteis concorrentes, o consenso entre os debatedores foi justamente o oposto. Apenas o fortalecimento das cadeias produtivas integradas – desde a matéria-prima até a confecção –, a união entre os setores e a inovação podem assegurar uma retomada bem-sucedida, quando a crise atingir o pico e começar a passar. Da mesma forma, os participantes elencaram a redução do chamado "custo Brasil" e mecanismos de proteção à concorrência desleal como fatores prioritários.



"A China é um grande comprador, mas também um grande produtor de algodão. É difícil competir com quem tem mão de obra e energia mais baratas, além de subsídios governamentais. Precisamos, no Brasil, de garantir meios para que o investidor acredite no país para colocar o seu dinheiro. Para isso, temos de ter segurança jurídica e transparência por parte dos governos. É importante também uma reforma tributária, pois nem os estados se entendem nessa questão", considerou Garbúgio.



O presidente da Abrapa lembrou que, ao contrário das fibras artificiais e sintéticas, o algodão precisa ser cultivado, o que exige planejamento e obediência a um calendário agrícola. "Para termos algodão, precisamos de pelo menos 18 meses entre planejar e produzir. Isso nos deixa um tanto vulneráveis pois não sabemos quando tudo isso vai passar. A indústria nacional praticamente parou. O consumo mundial vai reduzir. Acredito que valorizar a indústria nacional e o produto brasileiro, de qualidade e sustentável, será essencial para puxar essa demanda", afirmou.



Renato Boaventura considera que é preciso garantir a integração. "Se hoje dependêssemos de importação, as coisas seriam ainda piores. Já perdemos elos da cadeia como o da produção de viscose. Não podemos deixar que outros se percam", afirmou. Os representantes de poliéster e poliamida enfatizaram a queda no preço do petróleo, base da fabricação destes produtos, e a posição da China na produção mundial como desvantagens para o setor neste momento. "Competir com a China e os países asiáticos é um trabalho hercúleo. A China detém 70% da produção mundial e tem incentivos governamentais para a exportação de seus produtos acabados. Nosso governo tem de entender a importância de reduzir o custo Brasil, que hoje para nós é maior até que as eventuais barreiras tarifarias de que dispomos para proteger a nossa indústria", disse.



Todos os setores representados avaliaram que o consumidor pós covid, empobrecido e receoso, vai prestar ainda mais atenção a critérios como qualidade e durabilidade, no momento em que voltar a comprar roupas e outros itens têxteis. "Ele também vai estar mais atento à sustentabilidade. Os cotonicultores fizeram um grande trabalho nesse sentido, tanto com o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que atua em benchmark com a Better Cotton Initiative (BCI), como com as iniciativas em qualidade e rastreabilidade. Para fortalecer a indústria nacional, são importantes também programas como o Sou de Algodão, que já está repercutindo muito no Brasil, ao difundir as informações sobre os nossos diferenciais competitivos junto ao consumidor final brasileiro", comentou.



Os participantes também evidenciaram a necessidade de valorização da indústria nacional e do produto feito no Brasil. "Isso vai além de uma etiqueta de origem, que demanda uma série de processos e rastreabilidade. Trata-se de um sentimento de que é preciso fortalecer o que é nosso, gerar empregos e melhorar a vida das pessoas", afirmou Pimentel.


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Reforço na credibilidade

17 de Maio de 2020

CBRA conquista acreditação pela Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro nas análises de comprimento, uniformidade, resistência, micronaire, grau de reflexão e grau de amarelamento.


O Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA), laboratório central e pilar do programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), acaba de receber a acreditação pela Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro para seus ensaios (análises) de comprimento, índice de uniformidade, resistência a ruptura, finura (índice micronaire), grau de reflexão e grau de amarelamento, por equipamentos do tipo High Volume Instrument (HVI), segundo os requisitos da norma ABNT NBR ISO/IEC 17025:2017. A acreditação é mais uma prova, reconhecida pelo mercado internacional, da qualidade brasileira na classificação de algodão.


No final de 2018, o CBRA tornou-se um dos 11 laboratórios de fibra no mundo a conquistar a certificação internacional pelo ICA Bremen. Esta instituição é referência global e congrega o Faserinstitut Bremen, o Bremen Fibre Institute (FIBRE) e o Bremer Baumwollboerse (BBB). Embora certificação e acreditação sejam reconhecimento de qualidade e metodologias no cumprimento de normas técnicas, a acreditação se refere a processos mais específicos.


A precisão nos resultados de análise de algodão por HVI é a base da credibilidade do produto e do país de origem, e garante harmonia entre as expectativas de quem compra e de quem vende, nas transações comerciais com a pluma. "Isso significa fortalecimento de imagem e valor agregado para o algodão brasileiro, um dos grandes compromissos que norteiam a atuação da Abrapa", diz o presidente da entidade, Milton Garbugio.


Os laboratórios que atendem aos cotonicultores também estão se submetendo aos processos de implantação de sistemas de gestão de qualidade, o que, de acordo com o gestor de Qualidade da Abrapa, Edson Mizoguchi, fortalece o programa e a imagem da pluma do Brasil como um todo. "Esse ano, o CBRA ainda terá a auditoria de manutenção da certificação ICA Bremen. Aprimoramento de sistemas e processos são algo que nunca tem fim. Temos orgulho de ser um dos melhores do mundo em classificação de fibra"


Sobre o CBRA


Trata-se de um moderno e bem equipado laboratório central que parametrizou a classificação no Brasil e está padronizando, checando e rechecando os resultados das análises, e, ano a ano, dando o direcionamento a todos os demais, para que trabalhem em sintonia na aferição de resultados. O CBRA está situado em Brasília, no mesmo prédio da Abrapa e do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA). O centro analisa 0,5% de todas as amostras testadas nos laboratórios participantes, garantindo a padronização dos processos de classificação. Internamente, desenvolve quatro programas: Algodão CBRA de Checagem, Algodão de Reteste, Algodão Brasileiro de Verificação Interna e Programa Interlaboratorial Brasileiro


LABORATÓRIOS PARTICIPANTES DO PROGRAMA SBRHVI:


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ALGODÃO PELO MUNDO #18

15 de Maio de 2020

Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa com as principais notícias do mundo do algodão.


ALGODÃO PELO MUNDO #18


 Algodão em NY - As fortes vendas internacionais de algodão americano divulgadas ontem (com mais de 80% para a China) deram suporte para o mercado de algodão em NY esta semana.  O contrato dez/20, referência para a safra nacional 19/20, fechou a última semana com leve alta de 1,4%, a 57,76 c/lp.


- Algodão em NY 2 - Os preços de algodão em NY aumentaram mais de 20%, desde que atingiram a mínima cotação, em 12 anos, de 48,35 c/lp, em 1º de abril, na esperança – principalmente - de uma retomada da atividade econômica, já que governos de todo o mundo estão flexibilizando as restrições por conta da Covid-19.


- Oferta e Demanda - Em linha com as previsões de outras fontes como o ICAC e a Cotlook, o USDA reduziu em seu relatório mensal de oferta e demanda o consumo de algodão para este ano comercial (19/20).  O órgão previu a demanda global em 22,9 milhões de toneladas, 3,3 milhões de toneladas a menos que 18/19.  Esta foi a maior queda anual em mais de um século, devido ao impacto da Covid-19.


- Oferta e Demanda 2 - Por outro lado, o relatório americano trouxe alívio ao mercado ao estimar uma retomada no consumo global em 20/21.  Em sua primeira previsão para o ano comercial que inicia em agosto de 2020, o órgão previu consumo de 25,4 milhões de toneladas.


- China – As fiações chinesas ainda estão trabalhando bem abaixo da capacidade, devido à demanda. Apesar disso, segundo fontes locais, nas últimas semanas houve muito interesse de compra de algodão (americano 🇺🇸), a maioria por uma grande estatal.  Questões geopolíticas podem estar motivando estas compras.


- China 2 – Porém, nos últimos dias, houve um aumento de demanda, por parte de empresas privadas chinesas. Segundo o trader Thomas Reinhart, ainda não é um "boom", mas o mercado parece estar melhorando, e a crise, ficando no "retrovisor", na China.


- China 3 – Em linha com a percepção acima, o governo do país asiático divulgou esta semana dados econômicos de abril, que mostram uma recuperação contínua na indústria e nos investimentos, bem como recuperação surpreendente nas exportações.  O consumo interno ainda está fraco.


- Safra 19/20 - De acordo com levantamento de da Abapa, o algodão, na Bahia, encontra-se no estádio fenológico, em torno de 170 dias, em uma área total de 313.566 hectares plantados. A estimativa de produção para esta safra, no estado, é de 593 mil toneladas de pluma, praticamente a mesma do ano anterior.


- Colheita - Segundo a Abrapa, São Paulo e Paraná já estão avançados na colheita do algodão desta safra. Algumas regiões de MS e norte de MG estão iniciando a colheita. As primeiras áreas de GO e BA começam a ser colhidas em junho, enquanto em MT, maior produtor nacional, a colheita inicia em julho.


- Plantio - O USDA divulgou esta semana mais um relatório sobre o progresso do plantio da safra 2020.  Segundo o levantamento, praticamente 1/3 da área foi plantado até 10 de maio.  O plantio está acelerado, em comparação com o ano passado (24%), com a média dos últimos cinco anos (27%).


- Exportações - O Brasil exportou 30,5 mil toneladas de algodão em pluma na primeira semana de maio/20.  Com isso, o volume total exportado em 2019/20 (desde agosto de 201919) ultrapassou 1,77 milhão de toneladas.


- Preços - A tabela abaixo ⬇ mostra os últimos movimentos de preços, índices e câmbio que impactam o mercado de algodão.


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Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa com as principais notícias do mundo do algodão

08 de Maio de 2020

ALGODÃO PELO MUNDO #17


⬆Algodão em NY - Nesta quinta-feira, após o anúncio pelo USDA de mais uma semana de números significativos de vendas externas de algodão, os preços da pluma em NY tiveram importantes ganhos.  As razões para o entusiasmo de ontem foram duas: 1) os números de exportação reportados esta semana foram muito acima dos números necessários para cumprir as estimativas para este ano comercial feitas pelo USDA e 2) praticamente 60% das vendas semanais foram para a China.



Relações China-EUA - Mercados em alta também hoje pela manhã como consequência dos sinais de alívio nas recentes tensões comerciais entre EUA e China.  O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, e o representante de comércio dos EUA, Robert Lighthizer, conversaram via telefone esta manhã com o vice-primeiro-ministro chinês Liu He.  As autoridades discutiram a implementação da fase 1 do Acordo Comercial firmado em janeiro. Os dois países, que voltaram a se atritar, concordaram em trabalhar juntos para criar um ambiente favorável para a implementação da ainda neste ano.



China - Com o alívio das tensões entre China e os EUA, crescem as especulações que o gigante asiático poderá adquirir em torno de 1 milhão de toneladas de algodão para sua reserva estatal.  Esta tem sido a expectativa quem tem motivado as recentes altas, apesar dos dados muito baixistas de oferta e demanda.



🌎 Oferta e Demanda - Esta semana o ICAC e a Cotlook reduziram suas previsões de consumo global de algodão para este ano comercial (19/20).  O ICAC reduziu em 1,65 milhão de toneladas para 22,94, enquanto a Cotlook está prevendo consumo de 22,49 milhões de toneladas.  Estes números estão bem abaixo das ultima estimativa de consumo mundial divulgada mês passado pelo USDA: 24,08 milhões de tons.



🌎 Oferta e Demanda 2 - Na semana que vem (12/05) o USDA divulgará seu relatório mensal de oferta e demanda.  Há grande expectativa em relação à esta divulgação, principalmente porque será o primeiro relatório mensal a trazer o quadro de oferta e demanda do próximo ano comercial (20/21).



✅ Qualidade - O Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA), laboratório central da Abrapa, recebeu esta semana acreditação do Inmetro para seus ensaios de comprimento, índice de uniformidade, resistência a ruptura, micronaire, grau de reflexão e grau de amarelamento, por HVI.  A acreditação é mais uma prova, reconhecida pelo mercado internacional, da qualidade brasileira na classificação de algodão.



Safra 19/20 - Brasil - O Imea divulgou na última segunda-feira (04/05) a 4ª previsão para a safra 19/20 de algodão em Mato Grosso. A área ficou estimada em 1,13 milhão de ha, um incremento de 1,33% em relação à safra 18/19. Diante do ajuste na área e a manutenção da produtividade estimada para o estado, o Instituto prevê uma produção de pluma de 1,97 milhão de toneladas.



Plantio - EUA - O USDA divulgou esta semana mais um relatório sobre o progresso do plantio para a safra 2020.  Já foi plantada 18% da área, um pouco acima da média dos últimos cinco anos: 17%.



🚢 Exportações - Brasil - O Brasil exportou 90,5 mil toneladas de algodão em pluma no mês de Abril/20.  Os maiores destinos foram Vietnã (21%), Turquia (19%), China (12%) e Indonésia (10%).  Apesar de ser o menor volume mensal desde Ago/19, foi a maior exportação da história no mês de Abril.



Preços - A tabela abaixo ⬇ mostra os últimos movimentos de preços, índices e câmbio que impactam o mercado de algodão.

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“Live” no Instagram debate rastreabilidade da cotonicultura na moda pós Covid-19

06 de Maio de 2020

A única certeza que o mundo tem, depois de ser surpreendido por uma pandemia de proporções sem precedentes, é de que nada será como antes. O que Covid-19, moda e rastreabilidade de algodão têm a ver com isso, esteve em pauta hoje (05/05), durante live no Instagram, em um dos mais respeitáveis perfis sobre moda e consumo consciente no Brasil, o Portal Ecoera. Liderado pela fundadora do movimento Ecoera e especialista em sustentabilidade, Chiara Gadaleta, o movimento convidou o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Marcio Portocarrero, para falar sobre o pilar da Rastreabilidade, um dos grandes compromissos da entidade.



Portocarrero explicou como um trabalho que foi desenvolvido, e vem sendo aprimorado há quase duas décadas, poderá se tornar chave para o início de um posicionamento diferenciado, no atendimento das expectativas da nova mentalidade de consumidor que deve surgir quando as medidas de distanciamento social forem abrandadas. Levando conceitos como "antes e depois da porteira" para um público formado, principalmente, por profissionais da moda e fashionistas, Portocarrero informou que o Brasil já rastreia seu algodão "desde a lavoura até a porta da fábrica". Ele enfatizou a posição do país como grande player global de mercado e maior fornecedor mundial de fibra com certificação de sustentabilidade, através do Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e Better Cotton Initiative (BCI).



"A rastreabilidade foi o primeiro grande projeto da Abrapa, há quase 20 anos. Falar em selo de certificação só faz sentido se houver como fazer o caminho de volta e mostrar cada processo. Não basta ser honesto, tem que provar que é", afirmou.



Segundo Portocarrero, a indústria que leva a matéria-prima para dentro da sua planta tem o direito de saber como, e se, a garantia é verdadeira. "Hoje, 100% do algodão brasileiro é rastreável. Entregamos, na porta da indústria, condições para o que comprador possa ver quem produziu, onde, em que fazenda, de que região geográfica do país. Se quiser, ele pode enxergar aquela fazenda no Google Maps, saber qual foi a máquina que beneficiou o algodão, o laboratório que analisou a pluma e as características intrínsecas do produto: tudo num código de barras que vai junto com o algodão, assim como a garantia de que esse produto foi certificado pelo ABR e licenciado pela BCI", detalhou. O licenciamento feito pela ONG Suíça BCI é o de maior reconhecimento no mundo e é familiar ao público da live.



Até chegar ao ponto de rastrear o algodão da lavoura à indústria, todo um trabalho de base foi desenvolvido pela Abrapa e pelas suas dez associações estaduais, disse Marcio. "Não é um selo com um leiaute bonito, que você manda imprimir numa gráfica, na hora que quiser. Tudo tem auditoria, processos e normas", diz. Contudo, segundo Portocarrero, o fato dos demais elos da cadeia ainda não terem um protocolo de rastreabilidade faz com que a informação se perca, assim como a oportunidade de dar ao consumidor final a chance de "mergulhar" na história daquele produto, desde o início do seu ciclo de vida.



Conhecer para encantar



Transpor a "porteira", ligando a cidade ao campo é uma das possibilidades que a rastreabilidade dá. Chiara Gadaleta relatou que ela mesma é um exemplo de quem, primeiro, teve de conhecer e entender, para acreditar. "O que acho lindo e me fez encantar pelo ABR nasceu ali, numa lavoura, numa fazenda em Goiás, quando vocês me convidaram para ver de perto os processos", afirmou, referindo-se à visita que fez com representantes da Abrapa à fazenda Pamplona, do Grupo SLC Agrícola, em Cristalina/GO, como parte do projeto "Pegada Hídrica". Conduzido pelo Ecoera com a Vicunha Têxtil, o projeto mensurou o uso da água no ciclo de vida de uma calça jeans no Brasil, desde a lavoura ao consumidor final, e contou com a colaboração da Abrapa, com informações sobre a produção da matéria-prima.



Gadaleta disse ainda que se tornou uma "militante" do algodão brasileiro à medida em que tomou mais contato com o programa Algodão Brasileiro Responsável. "O ABR tem muito para ensinar para o mercado mundial, não só como uma iniciativa assertiva, mas madura. O consumidor na ponta quer saber de onde veio o algodão. Um selo não é mais suficiente", pondera Chiara Gadaleta.



Pensar localmente



Uma das conclusões da live, além da necessidade de difundir a rastreabilidade de ponta a ponta da cadeia produtiva, é de que, mais que nunca, será necessário pensar a importância do "local" em lugar dos antigos global e glocal. "Valorizar o produto brasileiro é cuidar das nossas pessoas, do emprego, da arrecadação nacional de impostos. É entender o valor disso tudo e diminuir a dependência exacerbada entre os países", considera Portocarrero. Ele conclamou o público a refletir sobre estratégias de valorização para causa de uma moda "feita no Brasil".  A indústria nacional é o nosso maior cliente, e usa 700 mil toneladas de algodão por ano. Se os nossos 220 milhões de consumidores possíveis no país derem preferência aos produtos brasileiros, seria muito bom para o país", analisou.



Novas prioridades



Tanto o representante da Abrapa quanto a apresentadora da live consideraram que as prioridades mudaram, nos últimos dois meses, com as crises geradas pela pandemia na saúde, na economia e na renda das pessoas. "O grande esforço que a cadeia tem de fazer é para atrair esse consumidor pós Covid-19. Sabemos que, primeiro, ele vai cuidar da saúde e da própria sobrevivência, e, só então, vai lembrar de consumo de bens não tão essenciais. Isso em toda a cadeia. O magazine vai se preocupar muito mais em desovar o estoque que já tem para depois pensar em produzir coisas novas. A indústria vai usar o algodão armazenado para transformar em fio, tecido e roupa, antes de começar a comprar novamente matéria-prima. Mas o mundo não vai acabar e o consumidor vai voltar. Só não será o mesmo", concluiu o diretor da Abrapa.


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ALGODÃO PELO MUNDO #16

05 de Maio de 2020

⬆Algodão em NY - Os rumores da semana passada de compras da China mostraram-se coerentes após a divulgação das vendas externas dos EUA esta semana.  As vendas semanais dos americanos foram de surpreendentes 97 mil toneladas, com quase a totalidade para os Chineses.  Apesar destas compras a princípio indicarem movimentação de estoques e não aumento de uso da fibra, os contratos de algodão negociados na Bolsa de NY (ICE) tiveram mais uma semana de alta.  Os preços da pluma subiram 2,1% esta semana, com alta acumulada de 14,5% no mês de abril.


China - Segundo fontes no país asiático, as compras desta semana foram feitas por duas estatais (Chinatex e CNCGC) e não pela Reserva do governo.   Praticamente todas as compras Chinesas foram de algodão americano, possivelmente por razões geopolíticas.  Importante acompanhar estes movimentos, pois até o mês de Mar/20, o Brasil era líder nas exportações de algodão para o maior importador do mundo.


Webinar Abrapa - A Abrapa realizou nesta segunda (27/4) o debate Reflexos do Covid-19 no Mercado Global de Algodão.   O evento virtual foi o primeiro do Ciclo de Debates: Promoção e Presença do Algodão Brasileiro no Exterior, realizado em parceria com Apex Brasil e Anea.


Consumo Global - O palestrante do evento, Marcos Rubin (Agroconsult) destacou que a recessão na economia global causada pela Covid-19 está afetando muito o mercado de algodão. Segundo ele, a demanda global, que estava em patamares de 26 milhões de toneladas no ano comercial de 2018/2019, deve cair para cerca 22,3 milhões de toneladas em 2019/20. "A diferença, cerca de quatro milhões de toneladas, equivale a quase uma safra americana".


Área Plantada - Por outro lado, Rubin também destacou que a área plantada global de algodão deve encolher em torno de 12% na safra 2020/21 como resposta aos menores preços.  A estimativa é que a área global caia de 33,8 para 29,7 milhões de hectares.  O plantio da safra 20/21 está começando nos principais produtores do mundo: EUA, China e Índia.


Área 20/21 - Milton Garbugio, presidente da Abrapa, manifestou sua preocupação com a tendência do Brasil também reduzir área devido à queda de preços causada pela recessão global.  Porém, diante da crise, Garbugio também vê oportunidades. "Acreditamos que haja muito boas perspectivas, mesmo nessa turbulência, e estamos trabalhando nelas. Somos obrigados, agora, a entender não apenas de produzir e vender a fibra. Temos de pensar em termos de geopolítica", concluiu Garbugio.


Safra 2019/20 - A Abrapa divulgou a estimativa de produção de algodão na safra 19/20.  Segundo a entidade, a produção 19/20 deverá ser ligeiramente (3%) superior à última safra: 2,87 milhões de toneladas, em uma área de 1,62 milhões de hectares, com produção de 1.771 kg de pluma por ha.  Mato Grosso (69%) e Bahia (21%) seguem como os principais produtores nacionais.


Plantio - O USDA divulgou esta semana mais um relatório sobre o progresso do plantio para a safra 2020/21.  Já foram plantados 13% da área, um pouco acima da média dos últimos cinco anos: 11%.  O Texas, maior produtor americano, já plantou 18%.  Apesar do USDA considerar que o país plantará a mesma área da última safra, muitas estimativas privadas consideram uma queda na área.


Exportações - O Brasil exportou 24 mil toneladas de algodão em pluma na quarta semana de abril.  O total exportado em abril/20 até a quarta semana foi de 72,4 mil tons.  A ANEA revisou os números previstos de exportação de algodão brasileiro esta safra, de 2,05 milhões, para 1,95 milhões de toneladas.   Mesmo com a revisão, este número é de longe o maior da história.


Preços - A tabela abaixo ⬇ mostra os últimos movimentos de preços, índices e câmbio que impactam o mercado de algodão.


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Covid – 19 foi centro das discussões na reunião da Câmara Setorial do Algodão e Derivados

30 de Abril de 2020

Se as condições de clima se mantiverem favoráveis, o Brasil deve colher 2,86 milhões de toneladas de algodão (pluma) na safra 2019/2020, mantendo a expectativa dos produtores em janeiro. O total que segue para a indústria internacional deve ser de 1,95 milhões de toneladas até julho, uma redução em relação aos 2,05 milhões de toneladas previstos, mas, ainda assim, um recorde histórico. Neste período, a área plantada nos 10 estados produtores totalizou 1,6 milhões de hectares. Os números foram apresentados nesta quarta-feira (29/04), durante a 58ª Reunião da Câmara Setorial do Algodão e Derivados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a segunda do ano, realizada, pela primeira vez, via internet.



A Câmara reúne representantes dos diversos elos da cadeia produtiva da fibra e os debates hoje giraram em torno dos impactos da Covid-19 na produção, indústria, comércio e logística. "Temos à frente desafios do tamanho de uma safra de quase três milhões de toneladas, mas os maiores serão para a próxima. Não há ainda uma estimativa clara sobre retração de área, mas é certo que vai acontecer, com a perspectiva de redução mundial da demanda por algodão, os baixos preços do petróleo, que favorecem as fibras sintéticas, e o comércio no mercado interno, praticamente, parado nesses últimos meses", contextualiza Milton Garbugio, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e também da Câmara.



De acordo com Garbugio, a Abrapa está argumentando com o Governo Federal o aprimoramento de mecanismos para minimizar os impactos da pandemia na cadeia produtiva. Dentre eles, o reajuste do preço mínimo. A Associação defende um valor de R$ 91,97 pela arroba de algodão, contra os atuais R$ 72/arroba. O índice é a referência para os programas governamentais de crédito e de suporte à comercialização. Mesmo com o reajuste, o preço mínimo ainda estaria abaixo do valor de mercado. Além disso, o cálculo é feito com base em uma média nacional de custos, que o torna ainda mais distante da necessidade de estados onde é mais caro produzir algodão, como a Bahia.



Indústria



Se a produção nesta safra mantém os planos inalterados, a indústria têxtil e de confecção amarga prejuízos em cascata, e o setor também negocia medidas efetivas com o Governo Federal e de estados como São Paulo. Lockdowns, desemprego e incertezas derrubaram o consumo, e a retomada deve ser lenta. "As empresas não conseguem cumprir os compromissos, começando pelos varejistas, que tiveram suas lojas fechadas, passando para o confeccionista, chegando à indústria têxtil, e, em breve, aos fornecedores", explica o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), Fernando Pimentel. Segundo ele, sem capital de giro, esses elos não aguentam muito mais tempo.



A retomada, para a Abit, começará a partir de junho. "Se tudo der certo, vamos iniciar a operação de uma maneira 'mais arrumada', com 30% a 50% dos negócios, e, lentamente, evoluir até chegar a, no máximo, 75%, no final do ano", disse. Às vésperas do Dia das Mães, a segunda maior data do varejo, a Abit espera em torno de 30% a 40% de movimentação sobre a expectativa prévia. "Mesmo onde já há lojas abertas, como em Santa Catarina, ou para quem tem e-commerces mais bem desenvolvidos, o movimento ainda está menor que 50% do normal", revela.



Máscaras



A conversão de parte da produção de roupas para as máscaras de proteção social, majoritariamente, feitas de fibras naturais, segundo Pimentel, não consegue compensar as perdas nem impulsionar o consumo de algodão.  "Se cada brasileiro comprasse quatro máscaras, teríamos cerca de 1 bilhão de unidades, e uso de 60 a 70 milhões de metros de tecido. O setor, que fatura R$15 bilhões por mês, se vivesse de fazer máscara, faturaria de R$3 bilhões a R$ 4 bilhões por ano", compara.  "Estamos trabalhando por uma retomada de consumo organizada, protocolada e segura, para uma normalidade que ainda não sabemos qual será", diz Pimentel. Ele afirma que o câmbio ajuda a indústria nacional de vestuário, mas não descarta uma investida da China em produtos com preços muito abaixo dos nacionais no mercado.



Embarques



O presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Henrique Snitcovski, falou sobre a revisão na meta para 2020 e o alongamento dos embarques, que acarretará maior estoque de passagem em 2021. Os destinos principais do algodão brasileiro representam 80% das exportações. Eles são China (32%), Vietnam (15%), Bangladesh (12%), Paquistão (11%), Indonésia (10%) e Turquia (9%).  "O Brasil está crescendo em todos esses destinos. Para a China, o volume embarcado nessa safra vai ser recorde. Mas ainda temos espaço para crescer bastante dentro das importações desses países", disse.



A projeção da Anea para o segundo semestre de 2020, safra 2019/2020, é de exportar 1,05 milhões toneladas de algodão em pluma, pouco abaixo do segundo semestre do ano passado, que ficou em 1,08 milhões toneladas. "Já vimos que, com bom planejamento, conseguimos recordes como o de mais de 300 mil toneladas em um único mês. Isso dá credibilidade para o país. O Brasil está competitivo e esperamos que, à medida em que os problemas sejam contornados e as atividades voltem ao normal, possamos aumentar participação nos principais mercados consumidores", concluiu Snitcovski.



Insumos



O fornecimento de insumos, como defensivos químicos e fertilizantes, também estava representado na reunião. Para Marcio Trento, da CropLife Brasil, essa cadeia pode sofrer algumas restrições no suprimento, principalmente, na Índia, onde o lockdown é mais severo. Junto com a China, esses dois países são a origem da maior parte dos princípios ativos. "A indústria vem tentando minimizar qualquer tipo de impacto, antecipando algumas importações, para que tenhamos os nossos produtos disponíveis para garantir a produção nacional. Estamos recomendando o mesmo aos nossos clientes. A ideia é evitar possíveis gargalos", falou.



De acordo com o executivo da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda), considerando-se todo o fluxo logístico da cadeia de fertilizantes, até o momento, as operações estão normais, "embora com pequenas particularidades nas fábricas, como o novo padrão de distanciamento entre funcionários, por exemplo", afirmou.


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Cotonicultores debatem o mundo pós-covid e as perspectivas para o algodão

28 de Abril de 2020

Após o coronavírus, a disputa pelo mercado mundial ficará ainda mais acirrada para os produtores brasileiros de algodão, num cenário em que sobra oferta e faltam clientes. As perspectivas para o setor foram debatidas na noite de segunda-feira (27/04), em um webinar fechado para a cadeia produtiva da fibra, promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea).



O evento virtual foi o primeiro do Ciclo de debates: promoção e presença do algodão brasileiro no exterior, que integra o escopo do "Projeto Setorial de Promoção das Exportações do Algodão Brasileiro", estratégia de marketing para reforçar a participação da pluma nacional na Ásia, com foco em incremento de percepção e fortalecimento de imagem do produto. O convidado especial do evento foi o sócio-diretor da Agroconsult, Marcos Rubin. Também integraram as discussões, os presidentes da Abrapa, Milton Garbugio, e da Anea, Henrique Snitcovski, além do diretor de relações internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte. A mediação ficou a cargo do professor do Insper e consultor, Marcos Jank.



De acordo com Rubin, a recessão na economia global – decorrente das quarentenas, lockdowns e o consequente desemprego e queda na renda – vai afetar severamente o mercado de algodão. Prova disso é a demanda global, que estava em patamares de 26 milhões de toneladas no ano safra de 2018/2019, e deve cair para cerca 23,3 milhões de toneladas em 2019/20. "A diferença, cerca de quatro milhões de toneladas, equivale a quase uma safra americana". Um recuo, segundo Rubin, de 10 anos no tempo. "Do ponto de vista estrutural, a demanda foi da ordem de 22 milhões de toneladas, 17 anos atrás", comparou.



Antes da Covid-19, a perspectiva para as exportações globais era em torno de de 9,4 milhões de toneladas. Mas, até o final de julho, esse volume cair para, aproximadamente, 7,7 milhões de toneladas. "Quase não houve demanda de algodão nos meses de maio, junho e julho. Com os contratos que já foram estabelecidos, a procura por novos carregamentos será muito pequena. Do total estimado, 5,7 milhões de toneladas já foram embarcados", explica. Rubin prevê uma retomada suave da demanda para 2021.



Batalha pelo mercado



Na disputa com os Estados Unidos, o Brasil vinha levando vantagem em mercados como a China, por conta das guerras tarifárias. No momento, os americanos ainda estão sofrendo mais, pelo fato da pandemia golpeá-los em cheio, justamente, no período em que mais exportam algodão: entre abril e agosto de cada ano. O câmbio, para os brasileiros, também estava ajudando a compensar a queda nos preços da commodity, mas, segundo Rubin, mesmo essas vantagens podem se diluir em breve. "Após julho, os EUA devem voltar ao jogo em condições de igualdade com o Brasil, e disputaremos esse mercado a tapa", diz.



Para abrandar as previsões para 2021, o consultor torce por uma retomada da política de formação de estoques da China. O gigante asiático dá indícios de voltar a comprar algodão dos seus produtores, o que obriga a indústria chinesa a importar. "Não temos qualquer ingerência, mas isso pode fazer com que tenhamos um mercado maior do que se imagina hoje", conclui.



Projeto Ásia



No final de 2019, a Abrapa firmou um convênio com a Apex-Brasil para a criação do Projeto Setorial de Promoção das Exportações do Algodão Brasileiro, um plano que abarca a criação de uma marca própria, para diferenciar ainda mais a pluma nacional dentre as commodities do mercado, uma série de ações de comunicação, para estabelecer canais efetivos entre produtores e compradores, e inclui a abertura de um escritório de representação em Singapura. Além disso, a formação de uma rede de agentes em cinco países asiáticos. A meta é a liderança do ranking dos maiores exportadores em 2030.



De acordo com Marcos Jank, os números apresentados por Rubin dão a dimensão do que ele chama de desafios gigantescos do algodão brasileiro. "Mais que nunca, o plano que foi traçado antes da Covid, será estratégico. A Abrapa vai ser a primeira entidade brasileira com presença física, com nome e sobrenome na Ásia, atuando em pelo menos sete países, com uma estratégia de comunicação", disse.



Para Jank, o Brasil terá que seguir o exemplo de outros como Estados Unidos e Austrália, que investem há bastante tempo em promoção. "Temos diferenciais: a qualidade é extremamente elevada, mas a percepção não é ainda tão boa, porque nunca estivemos presentes", afirmou. Ele destacou escala de produção, padronização de produto, rastreabilidade total em nível de talhão, qualidade e sustentabilidade como atributos do algodão nacional. "Todas essas vantagens competitivas são fruto de um trabalho extraordinário que a Abrapa fez ao longo dos anos, mas faltava um esforço em comunicar", ponderou.


À frente dos recordes


No debate, o presidente da Anea, Henrique Snitcovski, enfatizou a participação de 20% do Brasil sobre o mercado global, mas disse que há ainda muito espaço para avançar, no total das importações pelos países. "Na China, onde o share do algodão brasileiro era em torno de 10%, passamos para mais de 30%. Em Bangladesh, temos crescido bastante, mas ainda somos a origem de apenas 10% do que o país importa. Temos condições de ir muito mais longe", afirmou.



Snitcovski destacou a organização do setor como essencial para que o Brasil pudesse se estruturar para escoar números recordes de pluma nos últimos anos.   Para esta safra, a Anea revisou os números previstos, de 2,05 milhões de toneladas, para 1,95 milhões de toneladas de algodão, no final do ciclo, em julho próximo. "Com esse total, estamos à frente de qualquer recorde histórico que já tivemos", comemorou.


Foco em geopolítica


Representando os produtores, Milton Garbugio manifestou sua preocupação com a possível retração de área. "Fizemos muitos investimentos nas fazendas. O algodão é a cultura de maior custo, dentre todas as que plantamos. Por isso, ociosidade é muito cara para a gente", lamentou. Porém, diante da crise, Garbugio vê oportunidades. "Acreditamos que haja muito boas perspectivas, mesmo nessa turbulência, e estamos trabalhando nelas. Somos obrigados, agora, a entender não apenas de produzir e vender a fibra. Temos de pensar em termos de geopolítica. Acreditamos nesse projeto; fomos audaciosos. Temos tudo para conquistar mais espaço e preferência, graças ao trabalho que já desenvolvemos, estruturando o setor e agregando valor à nossa fibra", concluiu Garbugio.

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Promoção do Algodão Brasileiro

24 de Abril de 2020

Encontrar meios de diferenciar o algodão brasileiro no mercado nacional e internacional foi um desafio para a Abrapa desde a sua fundação, há 20 anos. Com o passar do tempo, esse desafio virou um compromisso, um dos quatro que a entidade definiu como pilares: qualidade, sustentabilidade, rastreabilidade e promoção. Essa preocupação com promoção e marketing vem, em parte, da exigência, cada vez maior do consumidor, seja ele o cliente imediato, a indústria, ou a ponta final da cadeia. Mas sem os grandes diferenciais do algodão brasileiro – campeão em sustentabilidade, excelente em qualidade, com volume de escala e 100% rastreável – nem a melhor propaganda do mundo ia adiantar.



Nas últimas duas décadas, graças a massivos investimentos, dos produtores individualmente, ou através da Abrapa e afiliadas estaduais, a cotonicultura brasileira deu uma guinada em seu posicionamento de mercado. O país, que chegou a importar algodão no início da década de 1990, virou o segundo maior exportador global da pluma. Nosso algodão alcançou altos níveis de qualidade, com investimento em pesquisa e tecnologia de ponta e os processos usados em sua produção, vêm sendo aprimorados por programas como o Algodão Brasileiro Responsável (ABR). Na classificação da pluma, os avanços também foram grandes, e vêm crescendo ainda mais graças ao programa Standard Brasil HVI (SBRHVI). Já os produtores se tornaram reconhecidos como fornecedores criteriosos e confiáveis, que honram contratos, são organizados e unidos, sob as diretrizes de uma representação forte. Assim, mesmo sendo dez os estados produtores, o algodão brasileiro é um só. Com tantas coisas boas para mostrar, investir em comunicação estratégica foi um caminho natural.



Aos olhos do mundo



Nos últimos anos, a Abrapa tem encurtado as distâncias entre mercado global e o algodão brasileiro, investindo na comunicação corpo a corpo, e in loco. A cada ano, organiza visitas de industriais e outros players dos seus principais mercados – sobretudo, a Ásia – para conhecer o jeito brasileiro de produzir. A Missão Compradores tem encantado o público, proporcionando uma experiência única: imergir numa fazenda brasileira, visitar usinas de beneficiamento, laboratórios de classificação e ver como a diversificação de culturas e as boas práticas agrícolas estão ajudando a cotonicultura a crescer com qualidade e sustentabilidade, e como isso pode representar benefícios para o seu negócio.  A cada edição, novas indústrias são convidadas. A iniciativa conta com a colaboração de grandes tradings da fibra.



Outra ferramenta estratégica é a Missão Vendedores. Nela, são os produtores brasileiros que visitam os clientes, para conhecer seu modelo de negócio e as demandas. As duas ações permitem ajustar oferta e demanda, prospectar novos mercados e oportunidade e consolidar a presença onde já existe. Elas impulsionaram o trabalho que a Abrapa já faz desde a sua criação, de estar presente nos maiores eventos da cotonicultura internacional e nacional, e também nas mais importantes publicações do setor.



Made in Brazil



Para se ter uma ideia do quanto o continente asiático é crucial para o algodão, basta dizer que 98% das transações comerciais com a pluma estão concentradas lá, e 82% desse mercado, em apenas sete países: China, Bangladesh, Vietnã, Turquia, Paquistão, Indonésia e Índia. Com todos os avanços da cotonicultura nacional, e a conquista do segundo lugar no ranking dos maiores exportadores, intensificar a presença na Ásia se tornou mandatório para a Abrapa. Vender ou exportar a fibra deixou de ser suficiente para marcar presença. A dimensão alcançada como player nesse mercado exige presença institucional, cultural e diplomática: presença física.



No final de 2019, a Abrapa firmou um convênio com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para a criação do Projeto Setorial de Promoção das Exportações do Algodão Brasileiro, um plano que abarca desde a criação de uma marca própria para diferenciar ainda mais a pluma nacional dentre as commodities do mercado, uma série de ações de comunicação para estabelecer canais efetivos entre produtores e compradores, e inclui a abertura de um escritório em Singapura. E, para reforçar a presença, uma rede formada por agentes em cinco países asiáticos. A meta é audaciosa: a liderança do ranking dos maiores exportadores já em 2030.



Diversas iniciativas já estão em desenvolvimento, como a plataforma de business intelligence (BI), mas o grande desafio é criar uma marca para o algodão brasileiro, para transformar em valor tudo o que ele tem de melhor, fruto de muito esforço e investimento ao longo de vinte anos. Um trabalho robusto de branding está em curso. Transformar o algodão brasileiro em grife é garantir para o comprador que cada fardo de pluma com origem Brasil contém muito mais que algodão: tem qualidade, rastreabilidade, sustentabilidade, credibilidade, história, e todo o charme de ser brasileiro.



Moda com consciência


 


Conversar com o consumidor brasileiro, lá no ponto de venda, era um desejo antigo da Abrapa. Entre as duas pontas da cadeia, existia um silêncio histórico: um vácuo preenchido quase sempre com informações equivocadas e ruídos. Saber quem era esse cliente foi o primeiro desafio, e pesquisas sobre hábitos de consumo por matéria-prima eram raras ou inexistentes, até mesmo em segmentos como a indústria. Mas ninguém duvidava que o seu nível de exigência é grande e tem aumentado na velocidade da evolução da tecnologia e dos meios de comunicação.



Foi assim que nasceu, em 2016, o Sou de Algodão, um movimento único no Brasil, como iniciativa da Abrapa, suas 10 associadas e o IBA (Instituto Brasileiro de Algodão). Seu propósito é despertar uma consciência coletiva em torno da moda responsável e do consumo, através de plataformas digitais, ações pontuais e da união de todos os agentes da cadeia produtiva e da indústria têxtil: homens e mulheres do campo, tecelões, artesãos, fiadores, designers de moda, estilistas, varejistas e estudantes.


O movimento surgiu da consciência dos cotonicultores de que, para conquistar a preferência nos corações e mentes do consumidor final, é preciso mais que oferecer qualidade e preço. Se um trabalho tão importante já havia sido construído na base da cotonicultura, por que não incentivar as pessoas a enxergar esse valor ao escolher uma matéria prima que, por si só, já atende a tantos requisitos: natural, biodegradável, versátil, antialérgica e confortável?



Para transformar o algodão em um produto com alto valor agregado diante do mercado de moda do país, o Sou de Algodão valoriza e conscientiza profissionais da cadeia da fibra, dialoga com o público final com ações, conteúdo e faz parcerias com marcas e empresas do setor têxtil. O movimento tem ações estratégicas para cada um dos públicos, desde os que criam e lançam tendências, até os influenciadores, que as propagam, passando pela academia. Levar essas pessoas para conhecer de perto o processo produtivo também é parte das ações, através das cotton trips. Para a maioria desses profissionais, estar numa fazenda é uma experiência totalmente inusitada e disruptiva.


O Sou de Algodão levou a cidade para o campo e também colocou o campo na passarela, desfilando na 46ª edição da Case de Criadores. No lugar de modelos profissionais, pessoas ligadas à fibra, como produtores rurais e uma engenheira agrônoma. E é sobre essas histórias de verdade que fala o seu terceiro manifesto. (Veja aqui https://www.youtube.com/watch?v=8GIaan1_AZw )


A cadeia abraçou o movimento, que hoje conta com mais de 190 marcas parceiras, e entre as empresas que se juntaram ao Sou de Algodão, estão as apoiadoras: FMC Agrícola, Bayer, BASF, CCAB, Corteva, John Deere, Syngenta e Tama. Desde o lançamento, o Sou de Algodão já esteve presente ou realizou 15 desfiles na São Paulo Fashion Week e na Casa de Criadores, promoveu um concurso para estudantes, e soma mais de 100 mil seguidores em seus canais digitais.


Para saber mais sobre o movimento acesse: www.soudealgodao.com.br

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