De sonho a projeto; de projeto a um movimento que virou referência. Por isso, a cada dia, mais empresas, organizações e pessoas querem conhecer o Sou de Algodão, dentro e também fora do Brasil. Nesta quinta-feira (5), a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) apresentou a iniciativa para dois públicos bem distintos, e igualmente interessados mais informações sobre o caso de sucesso que, pela primeira vez, abriu o canal de diálogo entre cotonicultores e consumidores finais, designers, estilistas e outros públicos, que pouco ou nada sabiam sobre a produção da fibra.
Os encontros virtuais foram o Foro Feria IN&M – 2020, uma promoção da FAO/ONU, e o webinar Foco no Cliente-Algodão, promovido pela empresa de máquinas e implementos agrícolas AGCO. O tema da sustentabilidade e os programas de certificação ABR e BCI, linhas de força do Sou de Algodão, foram o pano de fundo nas duas apresentações, que reuniram centenas de espectadores.
"Um dos números de que mais gosto de falar é o de marcas que já aderiram ao movimento. Hoje, são mais de 370, de diversas etapas em toda a cadeia, da lavoura ao ponto de venda. Isso não veio da noite para dia. Foram 16 anos de trabalho, não para formatar o movimento, mas construindo a nova história do algodão brasileiro, que pode ser resumida no fato de que já fomos o segundo maior importador global, nos anos de 1980, e hoje o país se tornou o segundo maior exportador de algodão do mundo. Não foi fácil chegar até aí", lembrou a coordenadora do movimento Sou de Algodão, Silmara Ferraresi.
Em sua explanação, ela explicou a "arquitetura" estratégica da Abrapa, assentada em quatro compromissos fundamentais: qualidade, sustentabilidade, rastreabilidade e promoção. "Esses pilares são interligados. As ações que desenvolvemos são sustentadas nestas bases. Somente após termos isto muito fortalecido, pudemos desenhar o Sou de Algodão. Ele é parte do pilar de marketing/promoção, mas só funciona porque tem o suporte da sustentabilidade, da qualidade e da rastreabilidade", afirmou.
Silmara fez um panorama do desenvolvimento do Sou de Algodão, que está em constante evolução no modo de comunicar e no próprio discurso. "Começamos questionando por que, num mundo tão sintético, não éramos mais de 'algodão'. Depois falamos de inclusão, pois o algodão é inclusivo, democrático. Hoje já podemos ir além, e dizemos que o movimento cultiva a moda responsável no Brasil. Nada disso é por acaso, e os resultados que estamos colhendo são animadores", afirmou.
Para uma audiência de quase 300 colaboradores da AGCO, conhecer mais acerca do Sou de Algodão foi a oportunidade aproximar-se do universo do cliente. O encontro estreia uma série de ações da empresa neste sentido. Antes mesmo da palestra, curiosidades, números do algodão e outras informações foram compartilhados entre o público, formado por pessoas de áreas diversas e, não necessariamente ligadas ao campo ou à cultura.
Para a gerente sênior de marketing e comunicação para a América do Sul, Fernanda Teixeira, o encontro foi uma oportunidade de aprender com o cliente. "A Abrapa realiza um trabalho incrível, que agrega valor à matéria-prima junto à comunidade diretamente ligada ao mercado. As fazendas são reconhecidamente as mais modernas e adequadas às exigentes normas de certificação global, algo de que os produtores e todos os brasileiros, devem se orgulhar", afirmou. Fernanda Teixeira, inclusive, foi um dos "personagens" do terceiro manifesto do Sou de Algodão, que mostra pessoas reais que trabalham na cadeia de valor do produto. A apresentação e o movimento receberam elogios dos vice-presidentes da AGCO, Luis Felli e Rodrigo Junqueira.
O evento Foro Feria IN&M – 2020, comandado pela FAO, foi parte do escopo do Projeto +Algodão, uma iniciativa que resultou do acordo de cooperação para o fortalecimento da cotonicultura nos países do Mercosul, Haiti e Africa Subsaariana, firmado em 2012. Integram +Algodão, a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e o escritório da FAO para a América Latina e Caribe.
Após a explanação, representantes de outros países se manifestaram, perguntando como poderiam implantar o Sou de Algodão junto aos seus produtores. "O movimento foi pensado para a realidade do Brasil, mas inspirado no modelo americano do Cotton Inc., implantado 50 anos antes. Se nós pudemos fazer este benchmark, qualquer outro país pode se espelhar em nosso exemplo. E isso é gratificante para nós", pontua o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero.