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Em dois eventos virtuais no mesmo dia Sou de Algodão encanta públicos dentro e fora do Brasil

06 de Novembro de 2020

De sonho a projeto; de projeto a um movimento que virou referência. Por isso, a cada dia, mais empresas, organizações e pessoas querem conhecer o Sou de Algodão, dentro e também fora do Brasil. Nesta quinta-feira (5), a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) apresentou a iniciativa para dois públicos bem distintos, e igualmente interessados mais informações sobre o caso de sucesso que, pela primeira vez, abriu o canal de diálogo entre cotonicultores e consumidores finais, designers, estilistas e outros públicos, que pouco ou nada sabiam sobre a produção da fibra.



Os encontros virtuais foram o Foro Feria IN&M – 2020, uma promoção da FAO/ONU, e o webinar Foco no Cliente-Algodão, promovido pela empresa de máquinas e implementos agrícolas AGCO. O tema da sustentabilidade e os programas de certificação ABR e BCI, linhas de força do Sou de Algodão, foram o pano de fundo nas duas apresentações, que reuniram centenas de espectadores.



"Um dos números de que mais gosto de falar é o de marcas que já aderiram ao movimento. Hoje, são mais de 370, de diversas etapas em toda a cadeia, da lavoura ao ponto de venda. Isso não veio da noite para dia. Foram 16 anos de trabalho, não para formatar o movimento, mas construindo a nova história do algodão brasileiro, que pode ser resumida no fato de que já fomos o segundo maior importador global, nos anos de 1980, e hoje o país se tornou o segundo maior exportador de algodão do mundo. Não foi fácil chegar até aí", lembrou a coordenadora do movimento Sou de Algodão, Silmara Ferraresi.



Em sua explanação, ela explicou a "arquitetura" estratégica da Abrapa, assentada em quatro compromissos fundamentais: qualidade, sustentabilidade, rastreabilidade e promoção. "Esses pilares são interligados. As ações que desenvolvemos são sustentadas nestas bases. Somente após termos isto muito fortalecido, pudemos desenhar o Sou de Algodão. Ele é parte do pilar de marketing/promoção, mas só funciona porque tem o suporte da sustentabilidade, da qualidade e da rastreabilidade", afirmou.



Silmara fez um panorama do desenvolvimento do Sou de Algodão, que está em constante evolução no modo de comunicar e no próprio discurso. "Começamos questionando por que, num mundo tão sintético, não éramos mais de 'algodão'. Depois falamos de inclusão, pois o algodão é inclusivo, democrático. Hoje já podemos ir além, e dizemos que o movimento cultiva a moda responsável no Brasil. Nada disso é por acaso, e os resultados que estamos colhendo são animadores", afirmou.



Para uma audiência de quase 300 colaboradores da AGCO, conhecer mais acerca do Sou de Algodão foi a oportunidade aproximar-se do universo do cliente. O encontro estreia uma série de ações da empresa neste sentido. Antes mesmo da palestra, curiosidades, números do algodão e outras informações foram compartilhados entre o público, formado por pessoas de áreas diversas e, não necessariamente ligadas ao campo ou à cultura.



Para a gerente sênior de marketing e comunicação para a América do Sul, Fernanda Teixeira, o encontro foi uma oportunidade de aprender com o cliente. "A Abrapa realiza um trabalho incrível, que agrega valor à matéria-prima junto à comunidade diretamente ligada ao mercado. As fazendas são reconhecidamente as mais modernas e adequadas às exigentes normas de certificação global, algo de que os produtores e todos os brasileiros, devem se orgulhar", afirmou. Fernanda Teixeira, inclusive, foi um dos "personagens" do terceiro manifesto do Sou de Algodão, que mostra pessoas reais que trabalham na cadeia de valor do produto. A apresentação e o movimento receberam elogios dos vice-presidentes da AGCO, Luis Felli e Rodrigo Junqueira.



O evento Foro Feria IN&M – 2020, comandado pela FAO, foi parte do escopo do Projeto +Algodão, uma iniciativa que resultou do acordo de cooperação para o fortalecimento da cotonicultura nos países do Mercosul, Haiti e Africa Subsaariana, firmado em 2012. Integram +Algodão, a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e o escritório da FAO para a América Latina e Caribe.



Após a explanação, representantes de outros países se manifestaram, perguntando como poderiam implantar o Sou de Algodão junto aos seus produtores. "O movimento foi pensado para a realidade do Brasil, mas inspirado no modelo americano do Cotton Inc., implantado 50 anos antes. Se nós pudemos fazer este benchmark, qualquer outro país pode se espelhar em nosso exemplo. E isso é gratificante para nós", pontua o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero.

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Abrapa quer maior participação de mercado na Tailândia

04 de Novembro de 2020

Um dos dez maiores importadores de algodão do mundo, a Tailândia foi a parada de hoje (04) da "maratona" diplomática de promoção do algodão brasileiro, que vem sendo empreendida no escopo das iniciativas do projeto Cotton Brazil. Lançado no final do ano passado pela Associação Brasileira do Produtores de Algodão (Abrapa), com a Apex Brasil e o apoio da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), seu objetivo é ampliar mercados para a pluma nacional na Ásia, para fazer do país o maior exportador mundial de algodão até 2030. O posto hoje é ocupado pelos Estados Unidos. Essas reuniões vêm sendo realizadas desde o mês de agosto, em cada um dos nove países-foco do projeto: China, Bangladesh, Vietnam, Turquia, Paquistão, Indonésia, Índia, Tailândia e Coreia do Sul.



Os números da cotonicultura do Brasil, assim como seus diferenciais competitivos em qualidade, sustentabilidade e produtividade foram apresentados à embaixadora em Bangkok, Ana Lucy Gentil Cabral Petersen, ao chefe do departamento de promoção e comercialização da embaixada, Willian Santos, e à adido agrícola Maria Eduarda Serra Machado. A Abrapa presidiu o encontro, com parte dos seus representantes falando, mais uma vez, da sede da embaixada brasileira em Singapura, onde a entidade foi ciceroneada pelo ministro conselheiro Daniel Pinto.



De acordo com Marcelo Duarte, diretor de relações internacionais da Abrapa, baseado no escritório da entidade em Singapura, o Brasil tem condições de ganhar mais espaço na Tailândia, onde hoje a sua participação de mercado é de 15%. "A indústria têxtil tailandesa é o décimo segundo maior consumidor mundial de pluma, e, apesar dos impactos da Covid-19, continua sendo o oitavo maior importador global, para onde exportamos 185 mil toneladas", disse. A presença física no mercado asiático e o corpo a corpo que espera fazer, tão logo as circunstâncias permitam, serão muito importantes na meta do projeto. "Um dos primeiros aspectos que pretendemos mudar é a percepção da indústria mundial sobre a qualidade da nossa fibra, que, hoje, não difere da americana, e é muito próxima da australiana, como pode ser comprovado nos parâmetros de análise instrumental que nos permitem comparar", afirma Marcelo Duarte.



O projeto Cotton Brazil será oficialmente lançado no início de dezembro, e comporta, além do recém-aberto escritório de representação da Abrapa na Ásia, ações de marketing, inteligência de mercado e de comunicação na língua local e em inglês em cada uma das praças onde atuará. "O Brasil conseguiu dobrar a sua produção de fibra nos últimos três anos sem precisar derrubar uma única árvore. Tem quase toda a sua produção com certificação de sustentabilidade, nacional e internacional, além de uma produtividade de 1,8 mil quilos de algodão por hectare, que é o dobro da auferida pelo nosso maior concorrente. Precisamos mostrar isso ao mundo e com a ajuda das embaixadas, faremos isso de forma assertiva", afirmou o presidente da Abrapa, Milton Garbugio, presente à videoconferência.



A embaixadora contextualizou a situação da Tailândia na pandemia, mercada por um relativamente baixo número de casos e de mortes. Contudo, a covid, segundo ela, afastou os visitantes. O turismo é a maior vocação econômica do país, e representa cerca de 20% do PIB. "A Tailandia terá perdas em torno de 10% do PIB este ano, o que significa que a economia foi atacada de maneira muito grave", disse. Para Ana Lucy Petersen, dar início aos trabalhos de relações internacionais em um contexto como o atual dá à Abrapa uma certa vantagem, uma vez que a atenção será muito disputada "quando as coisas voltarem a abrir". Petersen falou que será interessante ter um novo produto do agro a ser promovido na região. A embaixadora e o corpo diplomático na Tailândia se comprometeram a envidar esforços para ajudar na divulgação da pluma nacional, e colocaram a embaixada à disposição de produtores e exportadores para isso.


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ARTIGO - O futuro do jeans é o futuro

04 de Novembro de 2020

O jeans do amanhã é um grande ponto de interrogação, disse o chamado/incensado "godfather of denim", ou o padrinho do algodão, para finalizar com frase de efeito a palestra proferida no evento Denim City São Paulo, no último dia 28. Interrogações simbolizam dúvidas, mas as frases reproduzidas na mídia segmentada GBL Jeans, atribuídas ao estilista italiano Adriano Goldschmied, atestam muito mais as falsas certezas do pensamento meramente ideológico, isento de comprovações. Que não passaram sequer pela fase das interrogações, de quem, com humildade científica, admite que não sabe e pergunta antes de falar. Senão, vejamos, nesse excerto do texto da GBL Jeans:


"AG colocou em cheque (SIC) o futuro do algodão tradicional para o jeans que, na opinião dele, deveria ser substituído por fibras mais sustentáveis, como o cânhamo industrial. 'O algodão precisa de muita terra, consome muita água, energia, produtos químicos, além de ser uma lavoura degenerativa para o solo. O futuro da humanidade depende de que a terra seja usada para a produção de alimentos'", opina.


 


Segundo a matéria, ele segue "opinando". Além do cânhamo industrial e das fibras celulósicas derivadas de florestas certificadas, sugere o uso do algodão orgânico em substituição ao algodão "tradicional".


Se vem ao País que é o quarto maior produtor de algodão do mundo, segundo maior exportador global e primeiro colocado do ranking de pluma licenciada pela ONG suíça Better Cotton Initiative (BCI), melhor conhecer o algodão brasileiro, antes de falar mal. Não vamos nos ater a comparar, em sustentabilidade, fibras como algodão, cânhamo e viscose (celulose), pois é contrapor coisas diferentes. Tratemos da fibra natural, biodegradável, plantada em rotação de culturas no Brasil, com os maiores índices de produtividade sem irrigação do mundo, o algodão.


E só em dizer que não tem irrigação, já rebatemos a falácia de que o algodão consome muita água. O Brasil planta 1,6 milhão de hectares com a fibra, das quais 92% em regime de sequeiro – só com água da chuva. Nesta área, que atende rigorosamente à legislação ambiental e à trabalhista brasileira, o país colhe três milhões de toneladas, com produtividade média de 1,8 mil quilos de pluma por hectare. Este número é duas vezes maior que o alcançado pelos Estados Unidos, nosso principal concorrente, e bem próximo da marca da Austrália, que irriga 100% das suas plantações.


O algodão não é uma lavoura degenerativa para o solo nem por suas propriedades botânicas e, no caso brasileiro, menos ainda, pelo método de produção. A cotonicultura é o agronegócio que mais incorpora tecnologia. É também o de maior custo, o que significa que a precisão no uso de cada insumo, desde a semente ao defensivo agrícola, é a diferença entre obter ou não alguma remuneração, num negócio de margens estreitas e no qual se gasta em média R$12 mil por hectare para produzir.


Cuidar bem do solo, aliás, é uma das grandes preocupações do agricultor. O Brasil é campeão em Plantio Direto na Palha, uma técnica sustentável que protege a terra agricultada, na medida em que usa a palhada da lavoura que o precedeu para realizar o plantio do algodão. Essa técnica se alia ao fato de que não existe monocultura de algodão no país. A fibra é plantada consorciada com outras lavouras como o milho e a soja, que se alternam a cada safra, evitando a exaustão do solo, e permitindo a otimização de insumos como fertilizantes e máquinas de uma safra para outra.


Não culpamos o estilista por desconhecer o algodão e seu modo de plantio, mas não podemos deixar sem resposta suas falsas afirmações. Em um público urbano, composto basicamente por representantes de outros elos da cadeia, como estilistas, designers, projetistas, etc, elas soam como verdades incontestáveis. Segundo a revista, Goldschmied é "incensado" como the godfather of denim. E quem é incensado dificilmente é questionado.


Mas se não entende de algodão, por certo não desconhece a BCI. Esta entidade global, com sede na Suíça, chancela a pluma cultivada com parâmetros sustentáveis em todo o mundo. Quem é da moda, e trabalha com algodão, sabe que esta é a referência. Desde 2013, a BCI opera em benchmark com o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), estando os protocolos dos dois programas unificados no Brasil. Contudo, para receber o ABR, o produtor tem de cumprir 178 itens de verificação. Já para o BCI, são apenas 25. De modo que a entidade internacional considera que quem tem a certificação ABR pode receber, se assim quiser, imediatamente, a BCI. De acordo com o relatório publicado pela BCI, em julho deste ano, o Brasil deteve, em 2019, 36% de toda a pluma licenciada pela organização no planeta.


Por fim, não basta dizer que o algodão é tudo isso e muito mais. Nós dizemos, comprovamos e rastreamos. Cada fardo de fibra, de cada lavoura de algodão do país, nos dez estados produtores, tem uma espécie de RG que permite rastrear todas as etapas por que passou aquela pluma, desde a fazenda, a lavoura, a máquina que o beneficiou e quais as certificações que ele possui, graças ao Sistema Abrapa de Identificação (SAI). Com isso, à medida que os elos da cadeia à jusante da fazenda tenham as suas próprias certificações de sustentabilidade, se poderá rastrear todo o caminho cumprido por uma roupa, por exemplo, uma calça jeans, até chegar ao guarda roupa, ou quem sabe, ao ponto de descarte, após o fim do seu ciclo de vida.


Pensando e agindo de modo sustentável, do ponto de vista social, ambiental e econômico, o Brasil passou, nos últimos 20 anos, de segundo maior importador mundial, ao posto de segundo maior exportador. E, muito em breve, seremos o primeiro. Antes, contudo, abastecemos totalmente a nossa indústria, autossuficientes que somos. Se depender do produtor brasileiro, o futuro do jeans é o dos produtos biodegradáveis: ele volta para a terra, depois de se transformar muitas vezes, gerar riquezas e desenvolvimento, numa história escrita por muitas mãos.


Milton Garbugio – presidente da Abrapaartigo.pdf

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