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Panorama do algodão brasileiro é apresentado para sindicato das indústrias de fiação e tecelagem de Minas Gerais

10 de Setembro de 2020

​O atual cenário do algodão, seus números e perspectivas foram apresentados hoje (10) pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), durante a reunião plenária do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem de Minas Gerais (SIFT-MG). Com o clima favorável para a colheita nas principais regiões, qualidade do algodão altamente satisfatória em todos os estados produtores, a Abrapa vem trabalhando fortemente na construção e divulgação da imagem do algodão no Brasil e no mundo, com o intuito de ter uma plataforma de rastreabilidade de ponta a ponta.



"O produtor está mais próximo da indústria brasileira e hoje o Brasil produz nos 12 meses do ano, o que também favorece as duas partes. Além disso, nosso algodão está em condições de competitividade com o mundo todo e com a qualidade adequada aos mercados mais exigentes", apontou o presidente da Abrapa, Milton Garbugio. Até o momento, 99% do algodão brasileiro foi colhido e 40% beneficiado. Cerca de 86% da safra 2019/20 e 40% da 2020/21 estão comercializados em contratos futuros. Em termos de área, o Brasil tem, atualmente, 1,624 milhão de hectares plantados, com expectativa de produção de 2,92 milhões de toneladas de pluma, volume 5% superior ao colhido na safra 2018/19 e estimativa de produtividade de 1.795 Kg de pluma/hectare.



Diante de tantos números, índices e desenvolvimento do setor, a Abrapa intensificou o trabalho de imagem e as perspectivas de mercado, abrindo o escritório comercial de Singapura em agosto de 2020, contando com o apoio da Apex-Brasil, para promover negócios comerciais nos grandes países consumidores asiáticos. "Alcançamos também o recorde no volume de algodão certificado pelo programa Algodão Brasileiro Responsável e lançamos o programa Algodão Brasileiro Responsável para Unidade de Beneficiamento de Algodão (ABR-UBA), com previsão de certificar 11% das usinas do Brasil na safra 2019/20", informou Garbugio, citando ainda o Programa de Qualidade SBRHVI com laboratório central em Brasília, estruturado em três pilares: banco de dados (rastreabilidade), treinamento/qualificação e monitoramento dos laboratórios de HVI que prestam serviços aos produtores, o Sistema Abrapa de Identificação (SAI) como programa de rastreabilidade e garantia de origem do algodão brasileiro e o Sou de Algodão como movimento de incentivo ao consumo do algodão com engajamento da cadeia têxtil, englobando mais de 320 marcas parceiras.



Em função dos últimos acontecimentos mundiais, o grande desafio do setor para este ano, segundo o presidente da Abrapa, são a baixa perspectiva de consumo da indústria brasileira decorrente dos reflexos da Covid-19 e os altos estoques finais brasileiros para 2020/21, em função da alta produção prevista para 2019/20, redução na demanda nacional e números de exportação ainda duvidosos para os próximos meses. "A procura de fio está grande e o estoque foi vendido. O algodão, este ano, está com uma qualidade excelente, a colheita feita em tempo seco, com beneficiamento com as algodoeiras rodando perfeitamente. Esperamos que o mercado volte a aquecer para que os impactos com a pandemia sejam minimizados."



Com relação ao mercado externo, as exportações brasileiras atingiram 1,95 milhão de toneladas na temporada 2019/20 e 98% do algodão brasileiro exportado teve como destino a Ásia. De acordo com Garbugio, houve um aumento de 49% nas exportações entre agosto/2019 a julho/2020 em relação ao mesmo período da temporada anterior. No primeiro mês da temporada 2020/21, o Brasil exportou 109 mil toneladas, volume 141% superior ao mesmo mês da temporada anterior. Turquia, Indonésia, Vietnã, Paquistão e China foram os maiores compradores do mês de agosto/2020.



O evento contou com a participação do presidente da SIFT-MG, Rogério Mascarenhas, o coordenador da SIFT-MG, Ciro Machado, do presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), Fernando Pimentel, além do diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (ANEA), Miguel Faus e do diretor da corretora Souza Lima, Bernardo Souza.

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Abrapa quer dobrar participação de mercado do algodão brasileiro na Índia

10 de Setembro de 2020

Primeiro maior produtor mundial de algodão, terceiro em volume de exportações e sétimo maior importador global da pluma, a Índia é um dos mercados que estão no radar da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em termos de possibilidade de expansão da presença do produto nacional. A meta da entidade é, ainda neste ano comercial, dobrar o market share naquele país, que, hoje, é de 6%. Como parte da estratégia para isso, a Abrapa realizou na manhã desta quinta-feira (10) uma reunião com o corpo diplomático no Brasil em Nova Délhi, junto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea).



O encontro contou com a presença do embaixador no Brasil na Índia, André Correa do Lago, e do adido agrícola Dalci Bagolin, dentre outros, e é parte das ações do projeto Cotton Brazil, empreendido pela Abrapa e Governo Federal (Apex-Brasil /MRE), com participação da Anea, que, dentre diversas iniciativas, contempla o primeiro escritório de representação do algodão brasileiro na Ásia, aberto na cidade de Singapura.



De acordo com o presidente da Abrapa, Milton Garbugio, a reunião foi a primeira de uma série que está sendo agendada com os representantes diplomáticos do do Brasil nos países-chave para as exportações da pluma nacional. "Queremos mostrar as etapas do projeto Cotton Brazil e alinhar nossas ações para que esta iniciativa seja bem-sucedida. Temos tudo para isso, qualidade, volume de produção, constância no fornecimento e certificação de sustentabilidade fardo a fardo. Precisamos mostrar isso para o mundo para ganhar mercado", afirmou Garbugio.  O projeto Cotton Brazil, de promoção da fibra brasileira no mercado Asiático, tem como meta tornar o país o primeiro do ranking global de exportações em 2030. Hoje o Brasil ocupa o segundo lugar, precedido pelos Estados Unidos.



Para o diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, o fato de a Índia ser atualmente uma praça pouco representativa nas exportações brasileiras de algodão cria grandes oportunidades. "Temos alguns desafios. O primeiro, que já está sendo superado, é a sazonalidade. Tradicionalmente, o pico das exportações indianas coincide com o topo do período de embarques do Brasil. Agora, com a safra aqui em torno de três milhões de toneladas, estamos exportando o ano inteiro. Ou seja, somos fornecedores de doze meses", explicou.



Outra questão que está sendo trabalhada através do projeto Cotton Brazil é a qualidade percebida do algodão Brasileiro. "Embora, tecnicamente, em termos de características intrínsecas, quase não existem diferenças entre o algodão americano e o brasileiro, há uma grande distorção de imagem. Isso só se modifica com um trabalho de promoção arrojado", afirmou Duarte.



Belíssimo desafio



O espaço para crescimento de consumo da fibra nacional foi confirmado pelo embaixador do Brasil na Índia, André Correa do Lago. Segundo ele, apesar da grande queda no PIB do país no último trimestre – em função da Covid-19 –, em médio prazo, a população indiana, a segunda maior do planeta, vai precisar comprar. "Acredito que se a Índia avançar como pretende, tendo o algodão como primeira necessidade, e o mercado indiano aumentar de maneira brutal, sem a possibilidade de incremento de produção de forma proporcional a esse consumo, abre-se um espaço extraordinário de mercado para o Brasil. Será um belíssimo desafio e estamos com toda a equipe aqui à disposição", disse.



Dalci Bagolin, adido agrícola na Índia, ressaltou as especificidades do país, que precisam ser observadas nas relações comerciais, mas acredita que há boas oportunidades. "A Índia consegue abastecer o mercado interno em várias culturas, mas tem dificuldade muito grande em aumentar a produção de algodão. Por outro lado, é altamente protecionista e quer produzir roupas com autossuficiência em seu território. Existe também um grande número de pequenos produtores que dependem da cultura", ponderou. Tanto Bagolin quando o embaixador, se referiram às baixas produtividades e qualidade técnica indiana no cultivo da commodity.



Dentre os participantes da reunião, estavam o ex-presidente da Abrapa, Arlindo Moura, o presidente da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), Carlos Moresco, o presidente da Anea, Henrique Snitcovski, o coordenador de agronegócios da Apex-Brasil, Alberto Carlos Bicca, e o coordenador de Promoção de Imagem e Cultura exportadora do Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento, Aurélio Rocha.

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Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa com as principais notícias do mundo do algodão

04 de Setembro de 2020

ALGODÃO PELO MUNDO #34


Algodão em NY - Esta semana o mercado oscilou acima e abaixo da marca dos 65 c/lp.  O contrato dez/20 chegou a bater a marca de 66,44 no início da semana, mas acabou fechando ontem a 64,28 c/lp, com baixa de 1,7% nos últimos 7 dias.


Altistas  - O clima no mercado foi de mais otimismo em relação ao comércio bilateral EUA-China esta semana. Na última, os dois lados se encontraram por teleconferência e deram à Fase 1 do acordo uma "nota de aprovação".  Assim, apesar das enormes tensões em diversas áreas entre os dois gigantes, o cumprimento dos termos do acordo parece ser interessante para ambos os países, por razões diferentes.


Altistas 2 - O mercado de algodão também reagiu positivamente no início deste mês após o USDA mostrar que as condições das lavouras de algodão do país estão um pouco piores.  Na média, o índice de lavouras em condições boas e excelentes caiu de 46% para 44% na última semana.


Baixistas - O maior fator de baixa esta semana foi o a queda no índice Dow Jones. O índice chegou a cair mais de 800 pontos em uma hora nesta quinta-feira.  A queda teve origem em uma suposta afirmação do Dr. Anthony Fauci (principal cientista dos EUA no combate ao coronavírus).   Ele teria dito que uma vacina contra COVID-19 em novembro era improvável, contrariando uma afirmação do presidente Trump esta semana.  O Dow caiu e o dólar subiu, o que acabou puxando para baixo o mercado de algodão.


Oferta e Demanda - O ICAC aumentou suas previsões de produção mundial 20/21 em 280 mil toneladas, para 25,1 milhões (USDA em 25,6). Por outro lado, a entidade estimou também um aumento no consumo global da fibra em 490 mil ton para 24,3 milhões (USDA em 24,6) e comércio internacional de algodão em 9,3 milhões de tons (USDA em 9,1).  Mesmo assim, os estoques mundiais seguem altos, estimados em 22,7 milhões (USDA em 22,8), com a relação estoque-uso global de 93%.


Oferta e Demanda 2 - Especulações em torno do relatório mensal de oferta e demanda do USDA (chamado de WASDE), que será divulgado na próxima sexta-feira (11/9) serão um dos focos na próxima semana.


Sustentabilidade - O salto de eficiência do algodão do Brasil e a parceria de sucesso entre a Abrapa e a Better Cotton Initiative (BCI) mereceram destaque no webinar promovido pela BCI, nesta quarta-feira (02/09).  Hoje o Brasil é o líder global em fibra sustentável, chancelada pela BCI, com participação de 36% no montante licenciado em todo o mundo em 2019.  Dos 2,9 milhões de toneladas de algodão que o Brasil produz 75% têm certificação internacional BCI.


India - Lideranças políticas e da cadeia de algodão indiana têm subido o tom contra o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).  A Associação de Algodão da Índia (CAI), diz que a estimativa de estoques da Índia feita pelo órgão americano é excessivamente baixista.  Segundo estimativa do USDA, em agosto, os estoques de algodão da Índia alcançaram 4,18 milhões de toneladas.  No entanto, a entidade indiana recentemente estimou os estoques do país em apenas 2,44 milhões de toneladas.


China - A China Cotton Association anunciou esta semana novas projeções para 2020/21. A entidade projeta uma safra maior: 5,92 milhões de tons (USDA em 5,77).  A CCA também estimou uma retomada no consumo, com números de 7,65 milhões de tons (USDA em 7,95), mas um pequeno aumento nas importações: 1,58 milhões de tons (USDA em 1,96).


Bangladesh - O governo de Bangladesh noticiou um aumento de cerca de 51% nas exportações de confecções nos primeiros 19 dias de agosto em comparação com o ano passado. De acordo com empresários locais o aumento, após a enorme crise deste ano, deve-se à reversão de pedidos que haviam sido cancelados e retomada de pedidos principalmente do mercado Europeu.


Colheita - A Abrapa informou o progresso da colheita da safra 2019/20 de algodão no Brasil até ontem: Mato Grosso: 99%; Bahia: 87%; Goiás: 95%; Minas Gerais: 80%; Mato Grosso do Sul: 99%; Maranhão: 95%; Piauí: 98%; São Paulo: 100%; Tocantins: 87% e Paraná: 100%. Média Brasil: 96% colhido


Beneficiamento - A Abrapa informou o progresso do beneficiamento da safra 2019/20 de algodão no Brasil até ontem: Mato Grosso: 28%; Bahia: 46%; Goiás: 43%; Minas Gerais: 45%; Mato Grosso do Sul: 69%; Maranhão: 35%; Piauí: 50%; São Paulo: 96%; Tocantins: 46% e Paraná: 100%. Média Brasil: 34% beneficiado.


Exportações - As exportações brasileiras de algodão em pluma totalizaram 109 mil ton em agosto.  Este número é animador para o início das exportações do ano comercial 20/21 (safra 19/21), visto que o número é mais que o dobro do número de ago/19, ano de exportações recordes.


Preços - A tabela abaixo ⬇ mostra os últimos movimentos de preços, índices e câmbio que impactam o mercado de algodão.


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Algodão brasileiro em destaque em webinar internacional

03 de Setembro de 2020

O salto de produtividade do algodão do Brasil e a parceria de sucesso do benchmark entre a Associação Brasileira dos Produtores dos Produtores de Algodão (Abrapa) e a Better Cotton Initiative (BCI) mereceram destaque no webinar promovido pela BCI, nesta quarta-feira (02/09). O evento teve como convidados o diretor executivo do International Cotton Advisory Committee (ICAC), Kai Hughes, e o diretor de relações internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, com participação do CEO da BCI, Alan McClay e mediação do executivo da mesma entidade, Darren Abney.



BCI Member Cotton Outlook foi o primeiro de uma série de três eventos online, que serão realizados pela ONG suíça, neste mês de setembro. Os convidados analisaram o mercado de algodão sob o impacto da Covid 19, e as perspectivas para 2021, tanto no nível da produção, quanto do consumo, na indústria e na ponta da cadeia de valor. A Abrapa apresentou as medidas que vêm sendo tomadas pela associação nacional e as dez filiadas estaduais, junto aos produtores de algodão, para garantir a saúde e segurança dos envolvidos na produção da fibra e para a redução de custos operacionais nas fazendas.



"Eu devo dizer que a Abrapa é uma organização com a qual a BCI tem muito orgulho de trabalhar, como parceiros de benchmark no Brasil", enalteceu o CEO da BCI em sua fala de abertura, referindo-se à parceria que as duas entidades mantêm, desde 2013 no Brasil, quando foram unificados os protocolos de certificação do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) com o da BCI. Hoje, de acordo com a entidade internacional, o país é o líder global em fibra sustentável de origem, chancelada pela BCI, com participação de 36% no montante licenciado em todo o mundo em 2019. "Dos 2,9 milhões de toneladas de algodão que o Brasil produz, 2,2 milhões de toneladas são licenciados pela BCI. Em 2020, a expectativa de licenciamento é em torno de 75% da pluma nacional", explicou Marcelo Duarte. Atualmente, a BCI chancela 22% de todo o algodão produzido no mundo.



Em sua análise sobre os números da produção, demanda, estoques e preços globais, o diretor executivo do ICAC, Kai Hughes, destacou o salto em produtividade que o Brasil alcançou nos últimos anos.  "Em 2019/2020, o Brasil aumentou sua produção em 5,4%, passando para 2,9 milhões de toneladas. É a maior produção de todos os tempos no país. Este incremento é explicado, majoritariamente, pelo crescimento de área e de rendimento de pluma. A média brasileira de produtividade alcançou um novo recorde, de 1753 kg por hectares em 2019/2020. Isso representa 1,6 vezes mais do que conseguiam duas décadas atrás. Que progresso o Brasil fez", considerou Hughes.



Segundo o ICAC, a produção global de algodão em 2019/2020 foi de 26,2 milhões de toneladas, 1,8% a mais que na safra anterior, o que faz dela a segunda maior produção dos últimos cinco anos.  A Índia foi a maior produtora, com 6,2 milhões de toneladas, seguida pela China, USA, Brasil e Paquistão. "A produção de algodão na China diminuiu por conta de baixo rendimento e da menor área plantada. Já nos Estados Unidos, a produção cresceu cerca de 8%, passando para 4,3 milhões de toneladas, em razão de aumento na área, que chegou a 4,7 milhões de hectares", explicou. A projeção do ICAC para 2021 é de 25,1 milhões de toneladas, 4,2% menos que no ciclo que o precedeu, por conta dos preços internacionais mais baixos do algodão, que estão determinando uma diminuição de área nos maiores países produtores da fibra.



Ainda de acordo com o comitê internacional, o consumo mundial em 2019/2020 deverá ser de 22,7 milhões de toneladas; 12,7% a menos do que em 2018/2019. "Essa queda sem precedentes foi efeito da pandemia e das medidas de lockdown implementadas no mundo para conter o coronavírus", disse Hughes. Segundo ele, nas duas últimas décadas, o algodão passou por três choques negativos, sendo o último, o que iniciou em 2019, por conta da pandemia. "Em 2008/2009, foi a crise financeira, que culminou numa grande recessão global; em 2010/2011, tivemos um período de alta especulação, preços e volatilidade altos. Acreditamos numa recuperação do consumo em 2021, de cerca de 7,2%, a depender do crescimento econômico e da demanda na ponta, passando para 24,3 milhões de toneladas", antecipou.



A última previsão do ICAC indica um aumento nos estoques finais, em 2021, de 3% sobre 2019/2020, que já foram 17% maiores que o do ciclo anterior. "Portanto, os estoques finais seriam de 22,7 milhões de toneladas. Se eles aumentam, os preços internacionais do algodão tendem a decrescer", ponderou. A pressão nos preços também se deverá à baixa demanda por fibras têxteis pelas marcas e varejistas. Hughes abordou ainda impacto da pandemia na prioridade que os consumidores estão dando a outros tipos de bens, na hora das compras, em detrimento do vestuário.



Algodão brasileiro x Covid



Marcelo Duarte, diretor de relações internacionais da Abrapa, apresentou as linhas-mestras das ações estratégicas empreendidas pela associação e suas estaduais para garantir a saúde, a segurança e a plena operação nas fazendas produtoras da fibra no Brasil. "Sabíamos quando a situação teve início, mas não podemos afirmar quando terminará. Nos preparamos para encarar uma conjuntura singular. A primeira coisa foi priorizar a saúde e segurança dos produtores e trabalhadores. As estaduais acompanharam muito de perto, certificando-se de que as fazendas estavam livres do problema e tomando todas as medidas necessárias", disse Duarte.



A meta, segundo ele, era reduzir riscos e custos de produção. "Os produtores brasileiros trabalham amplamente com contratos futuros. Quando o cotonicultor planta, normalmente ele já vendeu 60% da sua safra futura. É uma grande responsabilidade", mencionou. Dentre os pontos, ele destacou o investimento intensivo em tecnologia para aumentar a produtividade, e em controle biológico, incrementando a sustentabilidade e reduzindo custos de produção. O foco em qualidade e sustentabilidade também foi decisivo.



Duarte enfatizou o esforço dos produtores, via Abrapa e outros agentes, como os exportadores, para aumentar a eficiência da cadeia. "Tivemos de escoar uma safra recorde. Em alguns dos últimos meses, embarcamos mais de 300 mil toneladas de fibra, o que achávamos que não seria possível, mas foi. Melhoramos nossa logística, um problema que costumava ser muito grande para o agro brasileiro, e estamos evoluindo na solução dos gargalos", concluiu Marcelo Duarte, que também fez um panorama sobre a cotonicultura no Brasil e a atuação da Abrapa.



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Cotonicultura brasileira deve alcançar novos recordes em sustentabilidade na safra 2019/2020

03 de Setembro de 2020

O Brasil ainda não terminou de beneficiar os cerca de três milhões de toneladas de pluma da safra 2019/2020 – em fase final de colheita – e um novo recorde já se anuncia: em sustentabilidade. O programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e suas associadas, juntamente com a Better Cotton Initiative (BCI), certificou 1,25 milhão de hectares de lavouras, em oito estados produtores, com previsão de produção de 2,24 milhões de toneladas de pluma, 8% a mais que o registrado no ciclo passado. A expectativa da Abrapa é de que os números não apenas se confirmem como superem o previsto. Caso isso aconteça, 77% de toda a produção nacional de algodão será certificada com os melhores padrões sociais, ambientais e econômicos, preconizados pelos dois programas.



Em julho, a ONG suíça BCI, referência mundial em licenciamento de pluma sustentável, divulgou em seu relatório que o Brasil foi responsável por 36% de toda a pluma chancelada pela entidade ao redor do planeta, na safra 2018/2019. Em segundo lugar, veio o Paquistão, com 16,1% do volume mundial, e, em terceiro, a China, com 15,9% da participação no mercado global. Os Estados Unidos, principal concorrente do Brasil em exportação de algodão, são o sexto colocado, com pouco mais de 300 mil toneladas de pluma licenciada BCI, o correspondente a 5,5% do montante de algodão licenciado pela ONG.



Altamente usuária de tecnologias modernas em todas as fases – da produção ao beneficiamento –, e, portanto, com menor impacto ambiental no processo produtivo, a cotonicultura brasileira tem ainda outra vantagem que a coloca na liderança da produção sustentável. Somente 8% da área plantada com algodão no país dependem de irrigação.



"Os outros 92% recebem apenas água da chuva durante todo o ciclo. Além disso, somos campeões mundiais de produtividade sem irrigação, com média de 1.795 quilos por hectare. Isso faz do nosso algodão não apenas mais sustentável, como também aumenta a nossa competitividade", explica o presidente da Abrapa, Milton Garbugio. Ainda na comparação com os Estados Unidos, a média brasileira em produtividade sem irrigação supera em 94% a dos americanos", diz


 


Protocolos referenciados



O programa ABR e a BCI atuam no Brasil em benchmark, desde 2013, quando Abrapa e a entidade internacional unificaram os protocolos das duas iniciativas. A certificação brasileira, baseada nas legislações ambiental e trabalhista do país, consideradas das mais completas e complexas do mundo, traz 178 itens dos principais requisitos da legislação nacional e internacional, divididos em oito critérios: contrato de trabalho; proibição do trabalho infantil; proibição de trabalho escravo ou em condições degradantes ou indignas; liberdade de associação sindical; proibição de discriminação de pessoas; segurança; saúde ocupacional e meio ambiente do trabalho; desempenho ambiental e boas práticas agrícolas.



Já para receber a chancela da BCI, o produtor tem de cumprir apenas 25 itens, já contemplados no ABR. "Apesar da diferença na exigência dos programas, a BCI é sinônimo de algodão sustentável no mundo, e ser campeão mundial no fornecimento de fibra sustentável tem um grande peso para nós", afirma Garbugio, lembrando que o conselho de administração da BCI é  formado por algumas das principais marcas varejistas internacionais, como Nike, Adidas, Levis, Ralph Lauren, H&M, dentre outras.

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Mato Grosso do Sul terá primeira algodoeira certificada pelo ABR-UBA

02 de Setembro de 2020

A primeira algodoeira do Brasil já foi auditada no Mato Grosso do Sul dentro do Programa Algodão Brasileiro Responsável para as Unidades de Beneficiamento de Algodão (ABR-UBA) da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa). Após o resultado final, a ser divulgado em algumas semanas, toda a cadeia produtiva da fibra na UBA do Grupo JCN, primeira algodoeira do país a ter certificação ABR-UBA, terá rastreabilidade em todas as etapas da produção. Os próximos estados a terem unidades de beneficiamento auditadas serão Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Maranhão.



Baseado no conceito da sustentabilidade, em seus pilares ambiental, social e econômico, o ABR-UBA estabelece parâmetros a serem cumpridos e auditados para a certificação das algodoeiras. "Temos muito para comemorar porque, mesmo diante de um cenário desafiador, conseguimos ir a campo, tomando todos os cuidados e precauções, para implantar um programa de certificação com o reconhecimento e o rigor exigidos pelos mercados interno e externo", enfatiza o Presidente da Abrapa, Milton Garbugio. O ABR-UBA é uma evolução do programa Algodão Brasileiro Responsável que certificava apenas as propriedades rurais. As unidades de beneficiamento eram o único elo da cadeia produtiva do algodão que ainda precisava de uma certificação.



"A partir do resultado positivo desta auditoria, futuramente poderemos acompanhar passo a passo todo o processo produtivo de uma roupa feita de algodão e com todas as etapas devidamente certificadas", comemora Garbugio. Assim como o ABR para fazendas, o ABR-UBA passa pelos critérios e acompanhamento das equipes das associações estaduais filiadas à Abrapa, responsáveis por gerir o programa regionalmente, e de auditorias de terceira parte, reconhecidas internacionalmente.



Para o Grupo JCN, a auditoria realizada na tarde de ontem (01) é sinônimo de conquista. O trabalho para alcançar a certificação começou há cinco anos e, ao longo desse tempo, a empresa foi se adequando às exigências para atender ao mercado nacional e internacional. "Nossas fazendas já são certificadas há quatro safras e tudo tem sido feito para nos enquadrarmos nas novas tendências de sustentabilidade. Temos certeza de que passamos pelo crivo dos auditores e alcançamos os percentuais satisfatórios em cada requisito a que fomos submetidos. Para cada coordenador que acompanhou as etapas, esta é uma vitória quase que pessoal", celebra o Gerente de Recursos Humanos do Grupo JCN,  Alexandre Gonçalves Cassiano, explicando que a empresa foi auditada em mais de 150 itens, desde os administrativos, técnicos, estruturais, legislativos, ambientais até a saúde do trabalhador.



O rigor na auditoria também chegou ao campo e quem acompanhou todo o processo, desde o início, foi o Coordenador de Segurança do Trabalho, Marcelo Florentino Costa. "Para nós, é um trabalho gratificante, porque comprova que a propriedade está consolidando os pilares da sustentabilidade, produzindo um algodão de qualidade e obtendo excelência na produção", comentou Costa, reafirmando que o Grupo JCN sempre procurou atender a todas as exigências do mercado, desde o plantio até a exportação. "Agora, com nosso produto a um passo de ter a certificação ABR-UBA, vamos agregar valor ao algodão para ampliar nossas fronteiras", avaliou.



Como funciona o ABR-UBA



Para criar o ABR-UBA, a Abrapa utilizou a expertise adquirida com o Programa Algodão Brasileiro Responsável, que, desde 2012, vem ajudando a tornar o Brasil o campeão global de fibra sustentável, licenciada pela entidade de referência internacional no assunto, a ONG suíça Better Cotton Initiative (BCI). Os dois programas unificaram seus protocolos no país em 2013.



A estrutura do programa para as Unidades de Beneficiamento de Algodão (UBA) segue o mesmo arcabouço do ABR para as propriedades rurais, porém, adaptado à natureza da atividade industrial. Com base nos três pilares da sustentabilidade, (ambiental, social e econômico), o ABR-UBA é sustentado por oito critérios de avaliação: contrato de trabalho; proibição do trabalho infantil; proibição de trabalho análogo a escravo ou em condições degradantes ou indignas; liberdade de associação sindical; proibição de discriminação de pessoas; segurança, saúde ocupacional, e meio ambiente do trabalho; desempenho ambiental e boas práticas, em 170 itens de verificação e certificação.


As auditorias foram realizadas pela certificadora ABNT, uma das principais em

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