O atual cenário do algodão, seus números e perspectivas foram apresentados hoje (10) pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), durante a reunião plenária do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem de Minas Gerais (SIFT-MG). Com o clima favorável para a colheita nas principais regiões, qualidade do algodão altamente satisfatória em todos os estados produtores, a Abrapa vem trabalhando fortemente na construção e divulgação da imagem do algodão no Brasil e no mundo, com o intuito de ter uma plataforma de rastreabilidade de ponta a ponta.
"O produtor está mais próximo da indústria brasileira e hoje o Brasil produz nos 12 meses do ano, o que também favorece as duas partes. Além disso, nosso algodão está em condições de competitividade com o mundo todo e com a qualidade adequada aos mercados mais exigentes", apontou o presidente da Abrapa, Milton Garbugio. Até o momento, 99% do algodão brasileiro foi colhido e 40% beneficiado. Cerca de 86% da safra 2019/20 e 40% da 2020/21 estão comercializados em contratos futuros. Em termos de área, o Brasil tem, atualmente, 1,624 milhão de hectares plantados, com expectativa de produção de 2,92 milhões de toneladas de pluma, volume 5% superior ao colhido na safra 2018/19 e estimativa de produtividade de 1.795 Kg de pluma/hectare.
Diante de tantos números, índices e desenvolvimento do setor, a Abrapa intensificou o trabalho de imagem e as perspectivas de mercado, abrindo o escritório comercial de Singapura em agosto de 2020, contando com o apoio da Apex-Brasil, para promover negócios comerciais nos grandes países consumidores asiáticos. "Alcançamos também o recorde no volume de algodão certificado pelo programa Algodão Brasileiro Responsável e lançamos o programa Algodão Brasileiro Responsável para Unidade de Beneficiamento de Algodão (ABR-UBA), com previsão de certificar 11% das usinas do Brasil na safra 2019/20", informou Garbugio, citando ainda o Programa de Qualidade SBRHVI com laboratório central em Brasília, estruturado em três pilares: banco de dados (rastreabilidade), treinamento/qualificação e monitoramento dos laboratórios de HVI que prestam serviços aos produtores, o Sistema Abrapa de Identificação (SAI) como programa de rastreabilidade e garantia de origem do algodão brasileiro e o Sou de Algodão como movimento de incentivo ao consumo do algodão com engajamento da cadeia têxtil, englobando mais de 320 marcas parceiras.
Em função dos últimos acontecimentos mundiais, o grande desafio do setor para este ano, segundo o presidente da Abrapa, são a baixa perspectiva de consumo da indústria brasileira decorrente dos reflexos da Covid-19 e os altos estoques finais brasileiros para 2020/21, em função da alta produção prevista para 2019/20, redução na demanda nacional e números de exportação ainda duvidosos para os próximos meses. "A procura de fio está grande e o estoque foi vendido. O algodão, este ano, está com uma qualidade excelente, a colheita feita em tempo seco, com beneficiamento com as algodoeiras rodando perfeitamente. Esperamos que o mercado volte a aquecer para que os impactos com a pandemia sejam minimizados."
Com relação ao mercado externo, as exportações brasileiras atingiram 1,95 milhão de toneladas na temporada 2019/20 e 98% do algodão brasileiro exportado teve como destino a Ásia. De acordo com Garbugio, houve um aumento de 49% nas exportações entre agosto/2019 a julho/2020 em relação ao mesmo período da temporada anterior. No primeiro mês da temporada 2020/21, o Brasil exportou 109 mil toneladas, volume 141% superior ao mesmo mês da temporada anterior. Turquia, Indonésia, Vietnã, Paquistão e China foram os maiores compradores do mês de agosto/2020.
O evento contou com a participação do presidente da SIFT-MG, Rogério Mascarenhas, o coordenador da SIFT-MG, Ciro Machado, do presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), Fernando Pimentel, além do diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (ANEA), Miguel Faus e do diretor da corretora Souza Lima, Bernardo Souza.