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Mobilização e visita técnica no novo Laboratório de Análise de Fibra da Ampasul

27 de Junho de 2019

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) realizou, no dia 25 de junho, mobilização com os cotonicultores do estado de Mato Grosso do Sul, para fomentar a adesão deles ao programa Standard Brasil HVI, na safra 2018/2019. O encontro no estado foi conduzido pela Associação Sul Matogrossense dos Produtores de algodão (Ampasul). Na oportunidade, os participantes receberam informações sobre o funcionamento do programa, sua importância para a garantia da qualidade do algodão brasileiro, vantagens para os produtores, legislação e normas pertinentes.



Recém construído, o Laboratório de Análise de Fibra da Ampasul será inaugurado no próximo dia 26 de julho. Segundo o gerente do laboratório, José Lúcio Matos, o centro foi transferido da antiga sede da associação para a nova, que será inaugurada na mesma data. "Mantivemos o maquinário, mas mudamos as instalações, agora mais modernas e adequadas", explica Matos. A estrutura tem capacidade de trabalhar com 4,800 mil amostras/dia e conta com dois novos equipamentos de HVI 1000, da marca Uster, totalizando quatro máquinas. Além disso, possui salas de climatização ativa e passiva. Os produtores presentes à mobilização puderam conhecer a estrutura do centro, guiados pelo gerente do laboratório, José Lúcio Matos.



 No dia seguinte à mobilização, o gestor de Qualidade da Abrapa, Edson Mizoguchi, procedeu à vista técnica ao centro. Em sua avaliação, "todos os detalhes foram concebidos de acordo com as melhores práticas laboratoriais".  Passada essa fase de mobilização, a Ampasul dará início ao envio dos convites para a safra 2018/2019 para seus produtores.



"A mobilização foi muito produtiva e percebemos que os produtores estão interessados em entender mais sobre o programa e aderir a ele. A visita técnica é 'puxada', mas entendemos que esse nível de exigência é essencial para se manter o padrão de qualidade, e elevar a confiabilidade do algodão do Brasil. No dia a dia das operações, nem sempre percebemos onde estamos falhando", considera Matos.

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Representantes da Abrapa reúnem-se com embaixador da China

26 de Junho de 2019

O novo recorde de produção de algodão no Brasil, estimado em 2,8 milhões de toneladas de pluma, e o consequente aumento das exportações, que devem chegar 1,6 milhão de toneladas, estão impelindo os cotonicultores brasileiros a intensificar o relacionamento com a Ásia, principal destino (97,5%) da pluma nacional embarcada para o mercado externo. Na última terça-feira (25/06), os vice-presidentes da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Júlio Cézar Busato e Alexandre Schenkel, que também presidem, respectivamente, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), reuniram-se com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, na sede da embaixada chinesa, em Brasília.



Com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), através da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), a Abrapa desenha a estratégia para garantir mercado no oriente para o excedente do produto. A entidade enfatiza que o Brasil – que na safra 2018/2019 conquistou o posto de segundo maior exportador mundial do algodão–, mais que escala, pode assegurar qualidade e confiabilidade na commodity, com garantia cumprimento dos contratos.



As medidas para aumentar e consolidar o mercado asiático devem, dentro de alguns meses, ir além das visitas e missões de intercâmbio entre produtores brasileiros e industriais asiáticos, explicam Busato e Schenkel. Segundo os vice-presidentes, a Abrapa deve instaurar um escritório permanente na Ásia, em uma parceria com o Mapa e o MRE, via Apex. Os cotonicultores explicaram a Wanming o percurso que se deu entre o país sair da posição de importador de algodão, no início dos anos de 1990, para tornar-se o segundo maior exportador e quarto lugar no ranking global da produção da fibra. "Uma trajetória de incorporação de tecnologia e de profissionalismo que ainda está em curso. Dobramos a produção de algodão nas últimas três safras e acreditamos que, dentro de cinco a oito anos, iremos ultrapassar os Estados Unidos em fornecimento do produto", afirma Júlio Busato. Atualmente, os EUA embarcam 3,8 milhões de toneladas e o Brasil vai exportar 1,6 milhão na safra 2018/2019, ocupando o posto que era da Índia.



Oportunidade



Embora produza mais que o dobro de algodão que o Brasil, em torno de seis milhões de toneladas de pluma, a China também é um grande importador. De acordo com os dados do International Cotton Advisory Committee (ICAC), o país consome cerca de nove milhões de toneladas em seu parque têxtil. "A China é uma grande consumidora do Algodão brasileiro. Hoje, em torno de 25% da pluma exportada vai para aquele país. Somos fornecedores confiáveis e queremos crescer ainda mais no mercado chinês, mantendo esta parceria de qualidade e comprometimento", explica Alexandre Schenkel.



Para Júlio Busato, a investida brasileira no mercado chinês "passa por explicar quem nós somos de fato. A história da nova cotonicultura nacional tem menos de 30 anos e ainda paira sobre ela os ecos de um período em que não tínhamos qualidade e não honrávamos os nossos contratos. Hoje isso mudou, graças ao trabalho dos produtores, representados pela Abrapa", diz. Ele e Schenkel consideram positivo o encontro com o embaixador chinês, do qual também participou o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero.


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Cotonicultores consideram positivo o Plano Safra 2019/2020

19 de Junho de 2019

Pelo menos duas das mais importantes reivindicações dos cotonicultores brasileiros ao Governo Federal foram contempladas no Plano Safra 2019/2020, apresentado nesta terça-feira (18) em solenidade conduzida pelo presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, no Palácio do Planalto: emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e Certificado de Crédito do Agronegócio (CDCA) em moeda estrangeira, com correção cambial no exterior, além do Patrimônio de Afetação, que dá ao produtor a possibilidade de fracionar o bem dado como garantia na contratação de crédito nos financiamentos agropecuários. Os representantes da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), consideraram que o Plano Safra avançou em pontos importantes, como na ampliação de fontes de financiamento, e ao contemplar simultaneamente os pequenos, médios e grandes agricultores. Estiveram presentes na solenidade, representando o setor algodoeiro, o vice-presidente da Abrapa e presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Júlio Cézar Busato, e os presidentes da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA), Alexandre Schenkel, e da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), Carlos Alberto Moresco, além do diretor executivo da entidade nacional, Marcio Portocarrero.



O Plano Safra disponibilizou R$222,74 bilhões em crédito, sendo R$169,33 para custeio, comercialização e industrialização, e R$53,41 para investimento. Além do presidente Jair Bolsonaro, estavam na cerimônia o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, os ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Economia, respectivamente, Tereza Cristina e Paulo Guedes, além do secretário de Política Agrícola do Mapa, Eduardo Marques, e do presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Marcio Lopes de Freitas.



De acordo com o vice-presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato, o referenciamento em moeda estrangeira dos títulos do agronegócio é um grande avanço. "Teremos o título em moeda estrangeira, para negociar com fundos e traders, ampliando as possibilidades de recursos para custeio e investimento", explica Busato. Uma das grandes inovações do Plano Safra, segundo Busato, foi o Patrimônio de Afetação. "Antes, para conseguir um financiamento, o produtor tinha que comprometer todo o seu patrimônio como garantia, mesmo que o valor do bem fosse muito maior do que o recurso tomado. Dessa forma, o acesso ao crédito é ampliado", diz.



O aumento de um ponto percentual na taxa de juros, que passou de 7% no Plano Safra 2018/2019, para 8%, no de 2019/2020, não foi visto como um problema pelos cotonicultores. "Incremento na taxa de juros decorre da situação econômica do país.


Precisamos de disponibilidade e agilidade no fornecimento dos recursos Apesar de ser um custo financeiro alto, considerando a rentabilidade do negócio atualmente, esse incremento na taxa não é tão relevante, desde que o Governo se comprometa a garantir mais recursos e levar dinheiro para o seguro rural que é importante para o pequeno, médio e grande produtor", disse Júlio Busato. As taxas de juros para os pequenos produtores (Pronaf) vão variar de 3% a 4,6% ao ano e de 6% ao ano, para os médios produtores (Pronamp).



O seguro rural também ganhou destaque no Plano Safra 2019/2020. O orçamento nesta edição do programa é de R$1 bilhão, contra R$440 milhões, em 2019/2019. O valor segurado passou de R$18,6 bilhões para R$42 bilhões. A área segurada saiu de R$6,9 milhões para R$15,6 milhões, com apólices de R$212,100 milhões, ante R$93,900 no Plano Safra anterior.



"Este Plano Safra tem o grande mérito de tratar o agronegócio como um só, pela primeira vez, entendendo que pequenos, médios e grandes agricultores se somam e não são conflitantes", concluiu Busato.



O vice-presidente da Abrapa e presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA), destacou a importância da inclusão dos pontos defendidos pela associação nacional e disse que os produtores do Mato Grosso ficaram contentes com o Plano Safra.


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CARTA ABERTA DA ABRAPA CONTRA PROPOSTA DA CARGILL

17 de Junho de 2019

O anúncio do investimento de R$30 milhões, pela empresa CARGILL, destinados a "zerar o desmatamento" no cerrado brasileiro foi recebido com surpresa e preocupação pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que se une às diversas entidades do agronegócio nacional em agravo à companhia americana.



O cerrado é o grande polo produtor de alimentos e fibras têxteis do mundo, e sua função torna-se cada dia mais relevante em função do crescimento da população mundial. Nesse bioma se pratica um modelo moderno extremamente produtivo e absolutamente sustentável de agricultura tropical, que faz do país um grande player global. Não há concorrentes no planeta em agricultura sustentável que se equiparem ao nosso país.



Soa-nos estranho o interesse de uma empresa estrangeira, que tem no esmagamento da soja a sua principal função, em limitar a produção agrícola no bioma. Em primeiro lugar, porque os produtores regionais não apenas cumprem o que preconiza a legislação ambiental brasileira e o Código Florestal Brasileiro, como vão além.



Nas propriedades produtoras de algodão do cerrado, a preservação da mata nativa excede os 20% determinados por lei nas chamadas Reservas Legais (RL), e a conservação das Áreas de Preservação Permanente (APP), como topos de morro, veredas e matas ciliares, é rigorosamente cumprida. Quem descumprir a lei, colocará em risco a aquisição de crédito e a exportação. Não conseguiríamos ser o quarto maior produtor de algodão mundial nem o segundo maior exportador sem observar os aspectos legais.



No final dos anos de 1990 e início dos anos 2000, graças à agricultura e a todo investimento tecnológico, principalmente, para correção dos solos, o cerrado ficou conhecido o 'celeiro do Brasil'. Prova disso é que 99% do algodão que o país produz, 52% da cana-de-açúcar, 73% dos pivôs de irrigação e 33% dos armazéns, com capacidade de armazenagem de 43%, estão localizados neste bioma, segundo dados da Embrapa Territorial.



A agricultura no cerrado não é fonte de desmatamento e sim de conservação, porque converteu áreas de pastagens em lavouras. Nos últimos 17 anos, segundo a Embrapa Territorial, a perda de vegetação nativa do cerrado foi de 0,25% ao ano, o que é irrisório. E, mesmo assim, não se pode creditar o desmatamento unicamente à agricultura. Parte disso pode estar associada à expansão das cidades, da malha rodoviária, por exemplo



A expansão da agricultura está cumprindo o ideário ambientalista, que é não desmatar e converter pasto em área agrícola. Essa conversão se dá com o que há de mais moderno. O que existe de mais tecnológico e inovador está sendo aplicado no cerrado, e o resultado é intensificação, alta produtividade, uso da área integrado entre lavoura, pecuária e floresta, com rotação de culturas e plantio direto na palha.



Segundo estudo contratado à instituição federal pela Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), o Oeste da Bahia é a região que mais preserva o meio ambiente naquele estado. Os 55 mil agricultores inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR) somam 7,9 milhões de hectares, sendo 4,1 milhões de hectares destes, preservados. Juntas, as Reservas Legais, APPs e a vegetação excedente respondem por 52% do cerrado baiano. Esses produtores só usam 48% dos seus imóveis. A lei os autoriza a usar 80%. Em patrimônio imobilizado, isso representa, por baixo, R$11 bilhões dedicados à preservação da vegetação nativa, mantidos às suas custas.



O discurso de promoção de uma moratória do cerrado encontra ouvidos leigos e se propaga virulentamente, com falácias perigosas: para quem depende do agro para comer – todos nós –, para quem tem nele o seu sustento – 1/3 dos empregos no Brasil provêm do agronegócio – e para a posição que o país conquistou no mundo, de grande produtor de grãos e proteínas.



Não nos esqueçamos:


·      O Brasil produz alimentos para nutrir seis vezes o tamanho da sua população.


·      1,2 bilhões de pessoas no mundo já dependem do Brasil para comer (FAO)


·      Nos próximos dez anos haverá uma demanda adicional de 400 mil pessoas na dependência das lavouras brasileiras, num total de 1,6 bilhão de pessoas! Tudo isso, utilizando apenas 10% do território nacional.


·      Sem o cerrado, será impossível!

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Abrapa participa da Conferência Mundial da Better Cotton Initiative (BCI) em Xangai

12 de Junho de 2019












Entre os dias  11 e  13 de junho, a Abrapa participou da Conferência Mundial da Better Cotton Initiative (BCI) em Xangai, na China. O encontro reuniu toda a cadeia produtiva do algodão mundial, desde o setor produtivo até as maiores marcas têxteis, e teve como tema Driving Change from Field to Fashion, ou Promovendo Mudanças do Campo à Moda.


No primeiro dia do evento, o gestor de sustentabilidade da Abrapa, Fernando Rati, apresentou os principais números do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que atua em benchmarking com a BCI no Brasil desde 2013, e a plataforma de rastreabilidade do algodão nacional aos representantes das maiores marcas mundiais, como Levi's, Adidas, Nike, Puma e H&M, além de grandes compradores de fibra europeus e asiáticos.


No terceiro e último dia do evento, a Abrapa participou do painel de experiências de grandes produtores, juntamente com representantes da Austrália, Estados Unidos e China. No painel os integrantes debateram sobre as principais inovações e perspectivas para os respectivos países na produção de algodão.


A entidade internacional Better Cotton Initiative está presente em 21 países e atualmente licencia com boas práticas agrícolas 23% do total de algodão produzido no mundo. O Brasil está em primeiro lugar no ranking mundial, contribuindo com 31% de todo o algodão sustentável licenciado pela BCI.





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Mobilização do programa SBRHVI em Goiás

06 de Junho de 2019

Dando sequência ao calendário de visitas de mobilização do programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), a Abrapa esteve em Goiânia (GO), no dia 30 de maio, para conversar sobre a iniciativa e alertar para a importância da máxima adesão dos produtores. Todos os laboratórios que atendem aos cotonicultores brasileiros já aderiram à iniciativa, que visa a harmonizar os resultados obtidos nas análises instrumentais de pluma no país. Na oportunidade, a Abrapa realizou a visita de verificação no Laboratório de Classificação Visual e Tecnológica da Fibra de Algodão, da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa). A visita de verificação integra o calendário anual do SBRHVI, como parte do 3º pilar, de orientação aos laboratórios participantes.



De acordo com Edson Mizoguchi, o encontro se dá antes do início da safra no estado. "Eles já começaram a receber amostras, mas isso será intensificado a partir de junho. É importante que os laboratórios atendam aos requisitos do programa e que os produtores façam parte da iniciativa. O clima estava muito favorável ao engajamento dos cotonicultores", disse Mizoguchi.



Na associação, a reunião foi conduzida pelo gerente do laboratório da Agopa, Rhudson Assolari, que abriu o encontro com dados da capacidade de análise do centro, normas exigidas no Brasil e no exterior, taxas de confiabilidade e frequência da manutenção dos equipamentos.



Para o presidente da Agopa, Carlos Alberto Moresco, o programa SBRHVI veio para "solidificar a credibilidade do algodão brasileiro e do laboratório central da Abrapa, o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA). Sem dúvida um diferencial competitivo na conquista de mercados", afirmou. Moresco conta que, seguindo os passos do CBRA, o laboratório da Agopa também vai buscar a certificação de Bremen. "Nossa meta é alcançá-la em 2020", concluiu.




Presente à reunião, o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, destacou a geração de valor da fibra como uma razão crucial para a adesão ao programa. "Com informações online será possível formar lotes com dados fidedignos, acessíveis ao comprador ou trading, que poderão pagar pela qualidade", explicou.

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Algodão brasileiro – a pluma sustentável

05 de Junho de 2019

Fibra natural, ecológica e biodegradável, o algodão vem atravessando os milênios no topo da preferência da humanidade como matéria-prima para a fabricação de suas roupas. E no dia em que o mundo comemora o Dia do Meio Ambiente, 5 de junho, os agricultores brasileiros celebram as conquistas da cotonicultura nacional, que só foram possíveis com a adoção ampla do conceito de sustentabilidade nas lavouras. Em 2019, o país se prepara para colher 2,8 milhões de toneladas de pluma de algodão. No contexto mundial de produção de 26,7 milhões de toneladas, o país é o quarto maior produtor e, pela primeira vez, assume o posto de segundo maior exportador no ranking global.



A relação entre os impressionantes números da cotonicultura nacional e o meio ambiente é mais estreita do que se imagina. E isso tem menos a ver com as condições naturais favoráveis ao cultivo – clima, solo e disponibilidade de terras agricultáveis –, do que com a capacidade do produtor de algodão de manejar de forma correta e racional esses recursos, que embora sejam abundantes e renováveis, são finitos.



Há pouco mais de 20 anos, a sustentabilidade – ambiental, social e econômica – foi entendida como único caminho para fazer renascer e perdurar a produção de algodão no país. A bandeira se tornou um compromisso de todos os cotonicultores, representados pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que implementou o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que estabeleceu critérios para certificar, em nível nacional, a pluma sustentável e opera em benchmark com a ONG suíça Better Cotton Initiative (BCI).



Better Cotton Initiative (BCI) é referência internacional em licenciamento de algodão produzido sob os parâmetros da sustentabilidade. Trata-se de um programa global que está presente em 21 países, e sua chancela tem sido cada vez mais um diferencial de mercado, neste momento em que há um evidente incremento de procura por produtos produzidos em bases sociais, ambientais e economicamente corretas, como consequência da conscientização do consumidor final.



Com ações assertivas e consenso entre os cotonicultores para a importância das boas práticas, desde que o cultivo do algodão se intensificou no cerrado, o Brasil, que importava a pluma no final dos anos de 1990 passou a ser um dos maiores fornecedores mundiais.  Hoje ostenta com orgulho o título de maior provedor global de algodão licenciado pela BCI.





O Benchmark



O programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), criado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), é gerido em cada estado produtor de algodão pelas suas associações filiadas. A parceria referenciada contribuiu para fazer do país o campeão mundial de fibra comprovadamente sustentável, com 31% do montante chancelado pela entidade internacional.



O cotonicultor que adere ao ABR pode, automaticamente, optar por ser, também, licenciado pela BCI. A adesão aos programas é voluntária, e, ao fazê-la, ele se compromete a cumprir um rígido protocolo de boas práticas agrícolas nas suas fazendas, que contempla 224 itens, só na fase de verificação para diagnóstico que antecede a certificação, e outros 178 para a finalização do processo, que culmina com a expedição do certificado e a consequente emissão dos selos que serão fixados nos fardos.



Esses requisitos abarcam desde os aspectos gerenciais dos empreendimentos agrícolas até o cumprimento da legislação brasileira ambiental e trabalhista, que são consideradas das mais avançadas do mundo. Incluem, ainda, a observância das normas de segurança do trabalho, a proibição da utilização de mão de obra infantil e de trabalho forçado ou análogo a escravo, além da proteção ao meio ambiente, com aplicação de boas técnicas agronômicas na produção da commodity.




Números



Do total de algodão produzido no globo, 19% são licenciados pela BCI.


No Brasil, a estimativa de área plantada, certificada ABR, para a safra 2018/19, é de 1.3 milhão de hectares, número 38% superior ao da safra 2017/18.



Já produção de pluma certificada ABR no Brasil na safra 2018/19 é estimada em, aproximadamente, 2,2 milhões de toneladas, número 42% superior ao alcançado na safra 2017/18. Para o BCI, a previsão de licenciamento é de de 2,1 milhões de toneladas de pluma de algodão. "Este número nos indica que 80% da safra colhida no Brasil são de algodão certificado, comprovadamente sustentável. E o percentual de adesão cresce a cada ano", considera o presidente da Abrapa, Milton Garbugio.



O pilar ambiental



Em linhas gerais, os critérios ambientais preconizados pelo ABR/BCI determinam que a produção de algodão, para receber a certificação/licenciamento, seja alinhada ao Código Florestal Brasileiro e com a Legislação Ambiental. O protocolo elenca itens de verificação e de certificação sobre outorga de água, sobre uso racional do recurso hídrico, com comprometimento e metas de redução de consumo ao longo dos anos, além Itens de verificação e certificação sobre proibição de aplicação de ingredientes ativos que são proibidos por convenções internacionais.


Todas as fazendas certificadas/licenciadas têm um plano de recuperação de áreas degradadas, com metas bem estabelecidas para aumentar a área produtiva da fazenda. O protocolo ABR e BCI também apresenta itens para conservação da fauna e da flora, além de requisitos que incentivam a utilização de produtos biológicos para Manejo Integrado de Pragas e Doenças no algodão. O cumprimento de cada uma das etapas e critérios envolvidos para a obtenção do ABR/BCI é auditado por empresas certificadoras independentes, reconhecidas internacionalmente.




Muito além dos protocolos



Mas a produção sustentável de algodão é muito mais que checklist. Visando aumentar a produtividade nas lavouras, preservar o solo, quebrar o ciclo de pragas e doenças, os produtores adotam técnicas agronômicas diferenciadas, e decisões acertadas desde o início da produção, no centro-oeste brasileiro garantem mais eficiência nas lavouras, qualidade no produto e sustentabilidade no cultivo.



Diversificação



Uma das principais mudanças no modelo de cotonicultura praticado no cerrado, em comparação aos anteriores, foi a substituição da monocultura por uma matriz produtiva diversificada, na qual a commodity é consorciada, principalmente, à soja e ao milho, o que possibilita a alternância entre eles. A técnica da rotação de cultura preserva o solo, otimiza o uso dos insumos agrícolas, como fertilizantes, e traz outras vantagens econômicas, como o balanceamento do plantio de acordo com as condições de preço de mercado e custo de produção de cada um dos cultivos. A alternância entre os cultivos também quebra o ciclo de pragas e doenças do algodoeiro, que põem em risco as lavouras e aumentam o custo de produção.



 


Plantio direto



Trata-se de uma técnica sustentável na qual o Brasil é líder mundial. Ela consiste em deixar a palha da safra anterior no solo, para criar uma cobertura de matéria orgânica e evitar o impacto de implementos como o arado. Isso preserva a terra e a microfauna que habita nela, evitando a sua exaustão.



Recuperar para crescer



Junto às demais culturas cultivadas nesse modelo de matriz produtiva, o algodão também ajuda a manter o patrimônio natural do cerrado, ao ocupar áreas de antigas pastagens e incorporar tecnologias avançadas em cultivares, máquinas e insumos para intensificar e tornar mais eficiente a produção e o uso dos recursos naturais. Assim, menos aberturas de novas áreas são necessárias para o avanço agrícola.



Regado pela chuva



As condições climáticas do cerrado favoreceram o plantio do algodão em regime de sequeiro, sem irrigação artificial. Na safra 2018/2019, apenas 8% das lavouras de algodão do país são irrigadas, e, ainda assim, o algodão brasileiro se destaca pelo desempenho nas plantações. Quando considerada a produção não irrigada, o Brasil é o campeão mundial de produtividade no algodão. No cômputo geral, é o quinto lugar. Perde para, Austrália, Israel, Turquia e China, nessa ordem, que fazem uso intensivo da irrigação artificial. Alguns deles, em 100% de suas plantações.



Verde conservado




Nas propriedades produtoras de algodão no cerrado, a preservação da mata nativa excede os 20% determinados por lei nas chamadas Reservas Legais (RL), e a conservação das Áreas de Preservação Permanente (APP), como topos de morro, veredas e matas ciliares, é rigorosamente cumprida. Sem observar os aspectos legais, o Brasil não teria como ser quarto maior produtor de algodão mundial nem o segundo maior exportador.



De acordo com dados levantados pela Embrapa Territorial, a agricultura no cerrado não é fonte de desmatamento e sim de conservação, porque converteu áreas de pastagens em lavouras. Nos últimos 17 anos, a perda de vegetação nativa do cerrado foi de 0,25% ao ano.



Sou de Algodão



Entender a importância da sustentabilidade fez diferença dentro de cada fazenda de algodão e ressignificou a pluma do Brasil, hoje reconhecida pelo mercado mundial como sustentável. Mas era preciso que esse conceito também-chegasse ao guarda-roupa. Por isso, a Abrapa lançou, em 2016, na São Paulo Fashion Week, o movimento Sou de Algodão. Seu objetivo é esclarecer e enfatizar as vantagens da matéria-prima para a natureza e para quem usa, e, assim, incrementar o seu consumo no Brasil.



"A Abrapa, junto com a empresa Markestrat/USP, estudou os hábitos de compras de produtos têxteis pelos brasileiros – de vestuário a produtos de casa mesa e banho –, em diversos níchos, e desenhou uma estratégia que pudesse ser mais que um programa institucional, tornando-se uma onda, um movimento capaz de engajar todos os que se preocupam com o bem do planeta, o bem-estar social na produção e, claro, com estilo", afirma Milton Garbugio.



Mostrando que o algodão, além de ser uma fibra natural, biodegradável, durável, versátil, confortável e bonita, também é sustentável, inclusivo, democrático e a favor da diversidade, dentre muitos outros atributos, o movimento está chegando cada vez mais longe.



"Primeiro, conclamamos os elos da cadeia que atuam diretamente na produção. Depois, fomos conversar com quem pensa a moda e lança as tendências, estilistas, designers, professores, estudantes e a indústria têxtil e de confecção. Agora, cada vez mais, ganhamos a adesão do varejo, e seguimos rumo à nossa meta de conquistar a preferência desse consumidor consciente", diz o presidente da Abrapa.  Em maio, o movimento Sou de Algodão alcançou 100 marcas engajadas e desde a criação nomes importantes da moda têm ajudado a levar essa ideia ainda mais longe, como, Paulo Borges, Martha Medeiros, Chiara Gadaleta, João Pimenta, e muitos outros.


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