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Sustentabilidade: a base de uma cotonicultura feita para durar
20 de Abril de 2020

O Brasil se consagrou, nas últimas safras, como o maior fornecedor mundial de algodão sustentável. Esse posto é confirmado por uma entidade mundialmente conhecida, a ONG suíça Better Cotton Initiative (BCI). O país tem participado com uma média de 30% no montante da pluma licenciada BCI, o que equivale a quase um terço das negociações com a commodity no planeta. Mas se a BCI dá credibilidade e visibilidade internacional ao algodão brasileiro, é nas nossas lavouras que o conceito de sustentabilidade – ambiental, social e econômica – é adotado com ainda mais rigor. Isso porque o Brasil tem o seu próprio programa de certificação de boas práticas nas fazendas, o Algodão Brasileiro Responsável (ABR), e ele tem como arcabouço as legislações trabalhista e ambiental do país, consideradas das mais completas e exigentes do mundo. Atualmente, cerca de 80% do algodão brasileiro é certificado pelos programas ABR/BCI. Essa união entre as iniciativas, no país, teve início em 2013, com uma operação referenciada (benchmark) unificando seus protocolos. Desde então, o produtor que adere ao ABR pode, automaticamente, optar por ser, também, licenciado pela BCI. A adesão aos programas é voluntária, e, ao fazê-la, o cotonicultor se compromete a cumprir um rígido protocolo. São 224 itens a serem atendidos, só na fase de verificação para diagnóstico que antecede a certificação. Depois, outros 178 para a finalização do processo, que culmina com a expedição do certificado e a consequente emissão dos selos. Esse último número corresponde à soma dos indicadores de sustentabilidade do programa ABR, que são 153, com as 25 exigências da BCI. São oito os critérios observados: Contrato de trabalho. Proibição do trabalho infantil Proibição de trabalho análogo a escravo ou em condições degradantes ou indignas. Liberdade de associação sindical Proibição de discriminação de pessoas Segurança, saúde ocupacional, e meio ambiente do trabalho. Desempenho ambiental Boas práticas agrícolas O ABR, assim como a BCI, tem como fundamento o incremento progressivo das boas práticas sociais, ambientais e econômicas nas unidades produtivas de algodão. Elas se lastreiam nos três pilares da sustentabilidade:   Pilar Social Centrado na saúde, segurança e bem-estar do trabalhador. Pilar Ambiental Alicerçado no desempenho ambiental e nas boas práticas agrícolas, promove a relação saudável entre o homem e a natureza, com foco na exploração correta dos recursos naturais. Pilar Econômico O algodão sustentável, sob o prisma do pilar econômico, é aquele que remunera o cotonicultor, motivando-o a continuar na atividade. A esperada consolidação e a prosperidade do negócio colaboram para a geração de riquezas e desenvolvimento social no local onde o empreendimento está estabelecido e também nos âmbitos estadual e nacional.   Etapas para participação e certificação. A certificação é o resultado de três etapas principais, sendo a primeira um diagnóstico da unidade produtiva, seguido por uma correção de possíveis não conformidades. Por último, vem a auditoria, propriamente dita. Todas estas etapas são amparadas por normas de conduta imersas nos oito critérios.   Estaduais em campo  A operacionalização do ABR/BCI se dá no âmbito das associações estaduais de produtores de algodão filiadas à Abrapa. São elas que cuidam, na prática, da implementação dos programas, indo a campo para orientar as fazendas que aderem à iniciativa e vistoriando o cumprimento de todos os critérios. Para isso, contam com equipes multidisciplinares, que incluem engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas e de segurança do trabalho. Auditorias  Para garantir isenção no processo de certificação/licenciamento, as fazendas são auditadas por empresas de terceira parte, de idoneidade reconhecida internacionalmente. Atualmente (safra 2019/2020), elas são a ABNT, o Gênesis Group e a Bureau Veritas. Sustentabilidade como propósito Sustentabilidade – para ser comprovada e reconhecida pelo mercado, dentro e fora do país – requer trabalho e investimento para cumprir protocolos. É preciso adequar estruturas e processos e, na maioria das vezes, mudar culturas empresariais. A decisão de aderir aos programas, portanto, não se restringe aos produtores, donos dos empreendimentos agrícolas. Ela alcança todas as pessoas envolvidas na produção nas fazendas. Mas quando esse pacto com a sustentabilidade acontece, os benefícios se estendem para muitas pessoas, e para além do algodão. A cotonicultura, da forma como é empreendida no Brasil nos últimos 20 anos, faz parte de uma matriz produtiva variada. Não existe monocultura: quem planta algodão no Centro Oeste do Brasil também produz soja, e, muito provavelmente, milho, milheto, sorgo e outros, em sistema de rotação. As boas práticas agrícolas, gerenciais, sociais e ambientais repercutem, portanto, em todo o negócio da fazenda. Tamanho desafio não poderia ser baseado em modismos ou tendências, e, sim, na consciência de que somente o pensar e agir sustentáveis podem garantir uma cotonicultura próspera. E que os recursos para a empreender estarão também disponíveis para as gerações de hoje e de amanhã.

Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa
17 de Abril de 2020

​ALGODÃO PELO MUNDO #14 17/Abr/20 Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa com as principais notícias do mundo do algodão no seu WhatsApp 📉 Algodão em NY - Os contratos de algodão negociados na Bolsa de NY (ICE) tiveram uma semana de pequena variação.  Os preços da pluma caíram 2,9% esta semana.  O contrato Dez/2020, referência para a safra nacional 19/20 fechou a semana com pequena queda de 1,8%, a 54,96 c/lp.  O mercado segue pautado pela maior recessão global desde a grande depressão da década de 1930 (segundo o FMI) porém com mudança gradual de foco: aos poucos, temas como o número de casos e mortes pela Covid-19 começam a dar espaço a especulações sobre o início da reabertura das principais economias do ocidente. 🇺🇸 Plantio - Na próxima segunda-feira (20), o USDA divulgará relatório sobre o progresso do plantio para a safra 2020. Recentemente, registros de importantes chuvas no Sudeste americano melhoraram as condições de plantio.  Entretanto, os produtores já perceberam a mensagem do mercado por menos área plantada.   Apesar do USDA ter divulgado recentemente uma pesquisa mostrando que a área plantada de algodão no país será praticamente a mesma do ano passado, é quase um consenso que a área deve se reduzir esta safra. 🇺🇸 Subsídios - Considerando a grave crise enfrentada pelo setor têxtil global devido à Covid-19, o USDA deve anunciar uma ajuda adicional para o setor do algodão americano em um pacote agrícola que deve ser lançado em breve. O USDA irá anunciar a alocação dos US$ 6 bilhões restantes em sua conta da Commodity Credit Corp.(CCC), mais os US$ 9,5 bilhões que o Congresso incluiu no recente pacote para compensar os efeitos econômicos da Covid-19 (total de US$ 2 trilhões) conhecido como Lei CARES. O projeto de lei ainda disponibilizou US$ 14 bilhões adicionais para a conta do CCC, que estarão disponíveis a partir de julho. 🇮🇳 India - Esta semana o governo da Índia, maior produtor e segundo maior consumidor de algodão do mundo, estendeu seu bloqueio nacional (shutdown) por conta da Covid-19 até 3 de maio.  O plantio de algodão na Índia começa com o início das chuvas das monções em junho, mas nas lavouras irrigadas o plantio começa no início de maio.  As medidas de contenção do Covid-19 podem reduzir a produção nacional este ano. 🇨🇳 China - A China reportou uma queda sem precedentes de 6,8% no Produto Interno Bruto do primeiro trimestre de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019.  No setor têxtil, algumas fiações e confecções que fecharam entre janeiro e meados de março estão voltando a funcionar mas ainda em ritmo menor que no mesmo período em anos anteriores principalmente devido à reduzida demanda. 👕 Setor Têxtil - Pesquisa da OIT (Organização Internacional do Trabalho) com diversas indústrias têxteis mundiais destaca que 54% das fábricas pesquisadas esperam uma redução de suas receitas em 20% em 2020 e 58% dos fabricantes estão dispostos a redirecionar a produção para produtos de combate à Covid-19 (máscaras faciais, toalhas, roupas de cama e aventais para pacientes). 🇧🇩 Bangladesh - Indústrias têxteis de Bangladesh afirmaram que os varejistas de moda (empresas importadoras européias e americanas principalmente) cancelaram ou suspenderam mais de US$ 3 bilhões em pedidos devido ao surto de Covid-19, embora algumas tenham renegociado.  Os dados são da Associação de Fabricantes e Exportadores de Roupas de Bangladesh, segundo maior importador de algodão do mundo. 🇧🇷 Comercialização - O Imea divulgou na segunda-feira (13/04) os dados de comercialização da pluma de algodão em Mato Grosso, referentes ao mês de março. Segundo os dados, a safra 19/20 atingiu 76,64% da produção vendida, +0,95 p.p., ante o que foi visto em fevereiro. Já para a safra 20/21, as vendas avançaram 2,21 p.p., alcançando 29,77% da produção total. 🚢 🇺🇸 Exportações – As vendas de algodão 19/20 da semana foram fortemente negativas semana passada, desta vez em 41,6 mil toneladas, devido a cancelamentos motivados pela crise de Covid-19.  Os maiores cancelamentos foram principalmente de Vietnã, China e Paquistão.  As exportações da semana, por outro lado foram significativas: 70,7 mil toneladas. 🚢 🇧🇷 Exportações - O Brasil exportou 20,5 mil toneladas na segunda semana de Abril.  O total exportado nos primeiros 7 dias úteis de abril/20 foi de 32,2 mil tons.  Se for mantida esta média, o volume exportado em abril deverá ultrapassar 90 mil toneladas. 📉📈 Preços - A tabela abaixo ⬇ mostra os últimos movimentos de preços, índices e câmbio que impactam o mercado de algodão.

SBRHVI: qualidade, transparência e credibilidade.
15 de Abril de 2020

Se negociações comerciais sempre podem gerar discordâncias, imagine um produto que tem preço regulado em bolsa, pouca margem para negociação, e que parte da sua qualidade nem pode ser percebida sem ajuda de instrumentos especiais. Assim é o algodão. A pluma que a gente vê é muito mais que brancura e maciez. Ela, por exemplo, tem um gradiente de tons de brancos e de amarelos, espessuras e tamanhos distintos de fibra, características diversas de resistência e resiliência que ajudam ou atrapalham na hora de transformar a matéria-prima em fios e tecidos. E, por conta de tudo isso, aplicabilidades e preços diferentes para cada tipo do produto. No final das contas, quem compra e quem vende quer pagar ou receber o justo pela mercadoria. Para criar um ambiente mais harmônico, dirimindo o desencontro entre expectativa e realidade, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) elegeu a qualidade nos resultados de classificação instrumental de fibra como uma prioridade. Esse tipo de análise hoje é recorrente em todo o mundo e usa, majoritariamente, uma tecnologia chamada High Volume Instrument (HVI). Ela é capaz de chegar mais longe que o olho humano na classificação de algodão, mesmo sem susbstituí-lo totalmente, porque analisa também as chamadas características intrínsecas da fibra, atribuindo a elas um índice. O HVI, portanto, é um instrumento de precisão, com índices numéricos, o que, sendo uma linguagem universal, já deveria por fim a boa parte dos impasses sobre classificação nas transações. Mas, para que isso possa acontecer, é preciso ter certeza de que as máquinas são fiéis à realidade e confiáveis nos resultados que entregam. Em 2016, a Abrapa criou o programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), lançado para o mundo em Liverpool, como um compromisso da associação com a transparência e a credibilidade nos resultados de todas as análises realizadas no Brasil, feitas pelos laboratórios que atendem aos cotonicultores nacionais. O SBRHVI HVI baseia-se em três pilares integrados, não apenas entre si, como também com outros programas e sistemas da Abrapa. Isto os torna ainda mais eficazes e "inteligentes". Esses pilares são: 1º Pilar - Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA). Trata-se de um moderno e bem equipado laboratório central que parametrizou a classificação no Brasil e está padronizando, checando e rechecando os resultados das análises e, ano a ano, dá o direcionamento a todos os demais, para que trabalhem em sintonia na aferição de resultados. O CBRA está situado em Brasília, no mesmo prédio da Abrapa e do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA). Em 2018, após cumprir um longo passo a passo, entre entrou para o seleto rol dos laboratórios certificados internacionalmente pelo ICA Bremen. O centro analisa 0,5% de todas as amostras testadas nos laboratórios participantes (atualmente, em 2020, ele são 11), garantindo a padronização dos processos de classificação. Esta estrutura desenvolve quatro programas: Programa Algodão CBRA de Checagem Programa Algodão de Reteste. Programa Algodão Brasileiro de Verificação Interna Programa Interlaboratorial Brasileiro 2º Pilar - Banco de Dados da Qualidade do Algodão Brasileiro. É o centro de inteligência do SBRHVI. Ele armazena os dados de análise e classificação do algodão produzido no país e é integrado ao Sistema Nacional de Dados do Algodão (Sinda), ao Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e ao Sistema Abrapa de Identificação (SAI). Com isso, as informações nas etiquetas com código de barras de rastreamento dos fardos, que fazem parte do SAI, agora, contém também os dados de análise da fibra. 3º Pilar - Orientação aos laboratórios participantes. O conceito do SBRHVI passa pela parametrização e a padronização dos processos, estruturas e equipamentos para garantir confiabilidade de resultados. Por isso, difundir informação, gerar conhecimento, dar suporte, treinar os profissionais que trabalham nos laboratórios que atendem aos cotonicultores brasileiros, assim como realizar visitas técnicas a estes, colabora para que todos trabalhem no mesmo padrão de qualidade, em sintonia com o CBRA. O SBRHVI é mais uma prova de que o pensamento estratégico e a busca constante da Abrapa por qualidade e credibilidade têm sido a chave para levar o algodão brasileiro ainda mais longe.

Cotonicultores versus Coronavírus
13 de Abril de 2020

Enquanto se esforçam para garantir abastecimento, cotonicultores brasileiros dão as mãos na prevenção e combate à Covid 19 em suas regiões. Um dos grandes medos dos brasileiros, principalmente, nos primeiros dias de quarentena, era o desabastecimento nos supermercados. O temor não se concretizou. Nos campos, produtores e trabalhadores rurais estão se esforçando ao máximo para encontrar meios para continuar uma tarefa que não pode ser interrompida e, ao mesmo tempo, diminuir riscos de contágio, na lavoura e no escritório: home office, para quem pode trabalhar à distância, e rodízio nas tarefas de campo foram algumas das soluções implementadas. O impacto de uma situação jamais vista está atingindo de forma diferente os dez estados cotonicultores, porque, num país continental como o Brasil, ainda que a produção da fibra esteja concentrada na região Centro Oeste, cada local tem seu próprio ritmo e calendário. Mato Grosso, por exemplo, acaba de plantar a segunda safra (2020); São Paulo já começou a colher o algodão da safra 2019/2020, e a Bahia já se prepara para a colheita. Enquanto isso, os mesmos produtores rurais e profissionais que cuidam do cultivo da pluma, atuam também nas outras culturas, como a soja e o milho. No Brasil, fazendas de algodão, necessariamente, produzem alimentos para pessoas, e insumos para a nutrição animal. Essa diversidade na produção é a base do modelo brasileiro de cotonicultura sustentável. Solidariedade que vai além Entendendo que o momento é de emergência e que evitar um colapso no sistema de saúde é uma necessidade, os cotonicultores não apenas estão tentando se adaptar, como vão além, dando sua contribuição para combater a covid-19. Eles também estão ajudando a preparar hospitais nas comunidades em que atuam, com a doação de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e de aparelhos utilizados nos centros de terapia intensiva. Mato Grosso Um esforço coletivo está sendo feito pela Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), e diversos associados, para prevenção e controle do novo coronavírus, em Mato Grosso. Dentre outras ações, a Ampa está importando, diretamente da China, 920 mil máscaras de proteção e outros materiais utilizados pelos profissionais de saúde. Foram adquiridos dois mil escudos faciais, quatro mil roupas protetivas e cinco mil óculos de segurança. Parte dessas aquisições já estão a caminho do Brasil, em diversos lotes. A associação recolheu todas as máscaras que havia nas algodoeiras e as doou para os hospitais. Entre as várias empresas do agro que estão fazendo a sua parte no estado, a Scheffer doou 34 respiradores hospitalares para auxiliar prefeituras municipais no atendimento aos casos de coronavírus; o Grupo Amaggi anunciou a doação de 50 mil cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade social, e o grupo O Telhar, também instalado em Mato Grosso, doou 500 máscaras para a secretaria municipal de saúde de Santo Antônio do Leste. Bahia Os produtores rurais baianos, por meio da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), vêm empreendendo uma série de ações para prevenir e combater a doença. A entidade destinou R$ 500 mil para a compra de insumos e EPIs, doados às secretarias de saúde dos municípios ligados à atividade agrícola na região, como Baianópolis, Barreiras, Correntina, Cocos, Jaborandi, Formosa do Rio Preto, Luís Eduardo Magalhães, Riachão das Neves, São Desidério e Wanderley. Além dos EPIs, a associação entregou álcool gel, toalhas e lençóis descartáveis, e também vai destinar em torno de R$ 100 mil para aquisição de toalhas 100% algodão, que serão entregues ao Governo do Estado, para os hospitais e unidades hospitalares em toda a Bahia. A Abapa também vai investir cerca de R$ 370 mil na aquisição de equipamentos e insumos para a instalação de um laboratório de testagem para Covid-19 pela Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). O laboratório, depois de passada a fase da pandemia, será utilizado pela UFOB para a identificação e testes de outras doenças e patologias, como dengue, chicungunya e zika. Goiás Em Goiás, a Associação Goiana de Produtores de Algodão (Agopa), o Instituto Goiano de Agricultura (IGA) e o Fundo de Incentivo à Cultura do Algodão em Goiás (Fialgo) fizeram repasse de recursos ao Governo do Estado para combate ao coronavírus. Através da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), eles doaram R$ 100 mil para a compra e importação de equipamentos e insumos para o combate à pandemia. Diversos produtores rurais goianos também têm se mobilizado para ajudar por conta própria, com recursos que estão sendo destinados a prefeituras, creches e outras instituições que necessitam de apoio, em suas regiões de atuação. Mato Grosso do Sul A Associação Sul-Matogrossense dos Produtores de Algodão (Ampasul) mobilizou seus associados e doou dez respiradores para hospitais do estado. Sete desses equipamentos foram doações diretas por cotonicultores. Para viabilizar a doação dos aparelhos, a Ampasul se uniu ao projeto Mãos Solidárias. A entidade cedeu, diretamente aos hospitais de Chapadão do Sul e Costa Rica, 60 macacões de isolamento e duas mil luvas de procedimentos, para minimizar os efeitos da Covid-19.

Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa com as principais notícias do mundo do algodão no seu WhatsApp
10 de Abril de 2020

⬆️ Algodão em NY - Os contratos de algodão negociados na Bolsa de NY (ICE) tiveram uma semana de ganhos.  Os preços da pluma subiram 8,8% esta semana graças a uma visão mais otimista do mercado com relação à crise do Covid-19, acordo entre Rússia e Arábia Saudita e também pelo anúncio que o Federal Reserve injetará mais US$ 2,3 trilhões no pacote de estímulo para a economia americana.  O contrato Dez/2020, referência para a safra nacional 19/20 fechou a última semana com alta de 9,5%, a 55,96 c/lp. 📊 Oferta e Demanda 1 - O relatório de estimativas de oferta e demanda mundial de abril de 2020 (WASDE) foi divulgado esta semana pelo USDA.   Conforme esperado, as previsões de oferta e demanda de algodão para o ano comercial 2019/20 foram ajustadas para refletir os efeitos econômicos globais da pandemia de Covid-19.  Os números projetam menor consumo e exportações e estoques finais mais altos. 📊Oferta e Demanda 2 - Em termos de consumo global, o USDA projeta uma queda de 8% em relação ao ano anterior (de 26,2 para 24,1 milhões de toneladas), com grandes reduções em todos os grandes consumidores mundiais. Estoques globais deverão ser maiores ao final deste ano comercial: relação estoque/uso global irá de 67% (18/19) para 82% (19/20).  Detalhes dos dados divulgados pelo USDA, em português e em toneladas, encontram-se no relatório em anexo. 📊 Oferta e Demanda 3 - O International Cotton Advisory Committee (ICAC) divulgou sua projeção para o consumo global de algodão em 19/20 um pouco acima do que prevê o USDA: 24,6 milhões de toneladas. ⛽ Petróleo – Arábia Saudita e Rússia anunciaram esta semana que encerraram a guerra de preços do petróleo, concordando em reduzir a produção junto com outros membros da aliança Opep+, em um esforço para poupar o mercado de um colapso causado pela pandemia de Covid-19. 🚜 Produção 20/21 - Segundo o ICAC, embora os impactos do Covid-19 sejam maiores no consumo de algodão do que na produção, é provável que as intenções de plantio nos países do hemisfério norte (que estão iniciando plantio em breve) permaneçam pressionadas pela queda dos preços e pela possível concorrência por culturas alimentares em um cenário de crise. Além disso medidas de lockdown para retardar a disseminação do Covid-19 podem afetar as cadeias de suprimentos de sementes e insumos para a temporada 2020/21. 🚢 🇺🇸 Exportações – As vendas de algodão 19/20 da semana foram negativas na semana passada em 1.180 toneladas, devido a cancelamentos principalmente da China, mas também da Indonésia, Paquistão e Coréia do Sul, entre outros.  As exportações da semana, por outro lado foram recordes para o ano comercial: 110 mil toneladas. 🚢 🇧🇷 Exportações 1 - No mês de março, o Vietnã foi o maior destino das exportações do Brasil, desbancando a China pelo segundo mês consecutivo.  Em seguida vieram Indonésia, Turquia e Bangladesh. Na primeira semana de Abril o Brasil exportou 11.700 toneladas de pluma.  Este número representa o resultado de apenas três dias úteis. 🚢 🇧🇷 Exportações 2 - O ranking dos 10 maiores destinos do algodão brasileiro entre agosto de 2019 e março de 2020 traz a China em primeiro lugar (32% do total), seguida do Vietnã (15%), Bangladesh (12%), Paquistão (11%) e Indonésia (10%). 📉📈 Preços - A tabela abaixo ⬇ mostra os últimos movimentos de preços, índices e câmbio que impactam o mercado de algodão.

Algodão na TV
03 de Abril de 2020

Nos dias 26, 27 e 30 de março, o algodão, em especial, o algodão do Brasil, foi o tema do quadro "Opinião do Colunista", no Jornal Terra Viva, da emissora de TV Terra Viva, do Grupo Bandeirantes. O espaço é assinado pelo renomado cientista Evaristo de Miranda, chefe geral da Embrapa Territorial, Engenheiro Agrônomo, pesquisador, com mestrado e doutorado em ecologia pela Universidade de Montpellier (França) e uma biografia que acumula centenas de trabalhos publicados no Brasil e exterior, além da autoria de 45 livros, alguns deles, publicados em diversas línguas. Miranda iniciou a série falando sobre a guinada da cotonicultura brasileira entre o final dos anos 80 e os dias de hoje, em que o país deixou de ser um grande importador da pluma para se tornar o segundo maior exportador mundial. Diversos fatores respondem pela quase extinção da atividade econômica algodoeira, no apagar das luzes do século XX, a começar pelo aparecimento no Brasil do bicudo do algodoeiro, em 1983, que viria a se tornar a pior praga da cotonicultura, até problemas decorrentes da prática corrente à época da monocultura e as conjunturas política e econômica, que causaram um grande choque na indústria têxtil nacional. Esse quadro foi revertido com a transferência da atividade para o centro-oeste brasileiro, a organização e a união dos produtores, e, como consequência disso, a adoção de um pensamento sustentável, que fez o país não apenas atender plenamente ao seu consumo interno, como se tornar um grande player no mercado mundial, atingindo altas produtividades na lavoura, sendo reconhecido pela sustentabilidade - social, ambiental e econômica-, da sua fibra. A sustentabilidade, por sua vez, é o tema da segunda coluna sobre o algodão, no quadro de Evaristo de Miranda. Ele detalha o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) da Abrapa, operacionalizado pelas suas associações estaduais, que, embora seja nacional, já tem chamado atenção dos compradores no mundo, uma vez que ele atua em parceria (benchmark), no Brasil, com a mais renomada instituição internacional de licenciamento de fibra sustentável, a ONG suíça Better Cotton Initiative (BCI). Embora a BCI dê o respaldo internacional ao ABR, a iniciativa brasileira supera em muito a internacional em matéria de exigência de cumprimento de requisitos de boas práticas nas fazendas de algodão. Miranda afirma que "Além dos 25 indicadores internacionais da BCI, o ABR tem mais 153 indicadores próprios, totalizando 178 indicadores de sustentabilidade". No texto que acompanha a coluna, disponível no site www.tvterraviva.band.uol.br, os internautas têm acesso a esses critérios e suas abordagens. Eles são divididos em  (1) contrato de trabalho; (2) proibição de trabalho infantil; (3) proibição de trabalho análogo a escravo ou em condições degradantes ou indignas; (4) liberdade de associação sindical; (5) proibição de discriminação de pessoas; (6) segurança, saúde ocupacional e meio ambiente do trabalho; (7) desempenho ambiental; (8) boas práticas agrícolas. As colunas especiais sobre o algodão de Evaristo de Miranda no canal Terra Viva se encerram com uma abordagem sobre transgênicos e sua relação direta com o aumento de produtividade e a diminuição dos impactos ambientais. O chefe da Embrapa Territorial vai à gênese do algodoeiro no mundo, a história do início do seu cultivo pela humanidade, até as tecnologias que permitiram o aumento de produtividade para o suprimento da demanda crescente pela fibra, decorrente

Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa
03 de Abril de 2020

📉 Algodão em NY - Esta foi mais uma semana ruim para os contratos de algodão negociados na Bolsa de NY (ICE).  Os preços da pluma caíram 5,3% na semana, rompendo a barreira dos US$ 0,50/libra-peso.  Maio/20 fechou em US$c 49,99/lp nesta quinta.  A queda acumulada dos preços da pluma em 2020 é de 27,7%.  O contrato Dez/2020, referência para a safra nacional 19/20, fechou a última semana com queda de 6,4%, a USc 51,12/lp.  Os problemas econômicos globais causados pela Covid-19 são a principal causa de queda das cotações. 🇺🇸 Estimativa de Área 1 - A partir de abril, as atenções se voltam para as projeções de área plantada e produção nos EUA e nos demais países do hemisfério norte.  Muitos se recordam que, durante o USDA Agricultural Outlook Forum em fevereiro, o economista-chefe do USDA, Rob Johansson, projetou a área plantada de algodão no país, na próxima safra (20/21), em 12,5 milhões de acres (5,06 milhões de hectares), 9% a menos que 19/20, quando foram plantados 13,74 milhões de acres (5,54 milhões de hectares). 🇺🇸 Estimativa de Área 2 - Entretanto, para a surpresa geral, o relatório Prospective Plantings do USDA, de 31 de março, estimou em 13,70 milhões de acres a área a ser plantada no país este ano – SOMENTE 0,3%  a menos que 2019.  Em seis estados - Flórida, Kansas, Missouri, Novo México, Oklahoma e Texas – a área projetada para 2020 é maior que no ano passado. Entretanto, como estes dados foram coletados no início de março, ainda é esperada uma redução, devido aos preços atuais. 🇮🇳 Índia - A Índia reduziu os royalties que os produtores pagam por biotecnologia, pela terceira vez em quatro anos.  O governo do primeiro-ministro Narendra Modi decidiu reduzir os royalties pagos pelas empresas de sementes indianas à Monsanto por seu algodão geneticamente modificado, em 49% a 20 rúpias por um pacote de 450 gramas. Segundo o governo, os agricultores indianos adotaram algodão BT, resistentes a lagartas, mas isso não impediu as infestações, como da lagarta rosada do algodão. 🇮🇳 Índia 2 - O plantio de algodão na Índia, o maior produtor mundial da fibra, começa com o início das chuvas das monções em junho, embora as lavouras irrigadas possam começar no início de maio.  As monções (fenômeno climático que provoca fortes chuvas) são fundamentais para determinar a produção de algodão, pois a fibra é cultivada principalmente em áreas de sequeiro no país. 🇨🇳 BCI - A Better Cotton Initiative (BCI) anunciou a suspensão de todas as suas atividades na região de Xinjiang, na China, após contínuas acusações de trabalho forçado na região.  Esta região responde por aproximadamente 80% de toda produção Chinesa de algodão e agora não poderá ter a certificação do BCI.  Com isso, o Brasil, que já participava com cerca de 1/3 de todo algodão certificado BCI do mundo, deve aumentar sua fatia. 📊 Oferta e Demanda - Na próxima semana, o USDA divulgará o relatório de estimativa de oferta e demanda mundial de abril/2020 (WASDE).  É esperado que este relatório já reflita os efeitos da Covid-19 nas suas projeções de demanda mundial de algodão. 🚢 🇺🇸 Exportações – As vendas de algodão americano 19/20 na semana caíram bastante.  Foram vendidas 33,4 mil toneladas, 47% menos que o volume da semana anterior.  Já os números de exportação foram muito bons. Foram exportadas 90,9 mil toneladas de algodão (+4% que semana anterior). 🚢 🇧🇷 Exportações - O Brasil exportou 140,7 mil toneladas no mês de março.  Este foi um número recorde para o mês de março no país.  Com isso, o total exportado da safra chega a 1,7 milhões de toneladas, faltando três meses para o fim da temporada. 📉📈 Preços - A tabela abaixo ⬇ mostra os últimos movimentos de preços, índices e câmbio que impactam o mercado de algodão.

De “sequeiro” a rastreável
30 de Março de 2020

​Resultados de um pensamento sustentável, que vem se fortalecendo nos últimos 18 dos seus 20 anos, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) falou nesta sexta-feira (27) sobre rastreabilidade, Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e Sou de Algodão no webinar A Água na Moda. O evento virtual reuniu, em média, 250 pessoas online por painel para discutir o uso sustentável dos recursos hídricos na cadeia produtiva têxtil. Cotonicultores, representantes da indústria, do comércio, do terceiro setor e formadores de opinião participaram das discussões e puderam conhecer mais sobre a produção da principal matéria-prima da moda, e as práticas que fazem do Brasil o país campeão em sustentabilidade certificada na cotonicultura. Na oportunidade, também mostrou o recém lançado 3º Manifesto Sou de Algodão, que tem como tema "o movimento que cultiva a moda responsável do Brasil". O evento foi promovido pelo movimento Ecoera, liderado pela especialista em sustentabilidade Chiara Gadaleta, em parceria com as empresas Guardiãs da Água, que engajam a iniciativa A Moda pela Água. Inicialmente, ele estava previsto para acontecer presencialmente, no último dia 20, em São Paulo. A mudança de formato foi a solução encontrada para a realização, mesmo em meio ao isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavirus. "Um momento em que o uso da água está ainda mais em evidência, quando a ordem é lavar as mãos e a gente lembra que 35 milhões de pessoas não têm acesso à água potável no Brasil", disse Gadaleta. Ao longo dos diversos painéis do webinar, iniciativas para reutilização de resíduos da indústria, cases de sucesso no terceiro setor e das próprias empresas e ainda os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) estiveram em evidência. Silmara Ferraresi, assessora da presidência da Abrapa e gestora do movimento Sou de Algodão, apresentou o exemplo dos cotonicultores que hoje recuperam nascentes no cerrado baiano, através da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa). "Com investimento dos cotonicultores, o projeto recuperou 55 nascentes de água, diagnosticou outras 87 e identificou mais 210 para futuras ações de preservação, em dez municípios daquela região", explicou. Silmara Ferraresi destacou que a cotonicultura no Brasil é quase totalmente (92%) praticada sem uso de irrigação. "Ou seja, com água da chuva. E mais de 80% dela é certificada pelo programa ABR, que trata das boas práticas sustentáveis na fazenda e do qual constam 178 itens de verificação, auditados por empresas de terceira parte", disse, ressaltando que, através do movimento Sou de Algodão, a entidade passou a comunicar para os demais elos da cadeia e para o consumidor final que o algodão brasileiro é uma fibra sustentável, democrática e inclusiva. O diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, falou sobre as pegadas do algodão desde a lavoura até o momento em que é entregue à algodoeira, e, em breve até a porta da fiação. A rastreabilidade da fibra é um compromisso da Abrapa, possível graças ao sistema que integra todas as informações sobre a produção da matéria-prima no país, o SAI. O sistema foca em identidade e rastreabilidade, com dados sobre origem, safra, classificação e sustentabilidade. Uma etiqueta de código de barras que segue em cada fardo funciona como um RG do algodão. "Entregamos todas essas informaçõespara que o comprador possa saber, exatamente, de onde veio aquele algodão e todas as suas caraterísticas", diz Portocarrero. De acordo com o diretor, até o final de 2020, a rastreabilidade deve chegar até as algodoeiras. "A partir daí, a fiação e, na sequência, a tecelagem vão somar essas informações às suas próprias certificações de rastreabilidade e entregarão à confecção o registro da história dessa cadeia produtiva. Estes, por sua vez, poderão fazer o mesmo, para levar ao consumidor final um produto 100% rastreável. Imaginar isso em 100% da cadeia deixa de ser um sonho para virar realidade", diz. Portocarrero citou o posicionamento de grandes marcas e grifes internacionais que já se comprometeram publicamente a só consumir algodão comprovadamente sustentável, em um curto espaço de tempo. "Vamos dar ao consumidor final a oportunidade de conhecer a história daquela peça antes de tomar a decisão de comprá-la", finalizou.