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Safra 2019/2020 promete repetir sucesso de 2018/2019
14 de Fevereiro de 2020

Chegando à metade do ano safra 2019/2020, a expectativa dos produtores, exportadores e especialistas de mercado de algodão é de um bom ciclo para a fibra em produção e produtividade, repetindo a performance do setor em 2018/2019. O Brasil deve colher 2,8 milhões de toneladas e tem o desafio de exportação de 1,95 milhão de toneladas. Estes temas e as incertezas sobre os possíveis impactos do coronavírus e do acordo comercial entre Estados Unidos e China foram discutidos nesta quinta-feira (13/01), em Brasília, no 14º Encontro de Previsão de Safra, promovido pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) e pela Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea). O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Milton Garbugio, e representantes dos diversos estados cotonicultores do Brasil estiveram presentes ao evento, que também avaliou a performance para a soja e o milho no país. A abertura do evento contou com a palavra da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina e do diretor do departamento de Promoção do Agronegócio do Ministério das Relações Exteriores, Alexandre Peña Ghisleni. "Este encontro é muito importante, já que faz um raio X da safra e da conjuntura de mercado, o que pode balizar muitas das nossas decisões, não apenas para o ciclo que está em curso, como para o próximo", considera Garbugio. De acordo com o presidente da Abrapa, após o plantio dentro de uma janela climática favorável, as lavouras estão se desenvolvendo conforme o esperado. Ele destaca os números históricos alcançados nas exportações, com destaque para o mês de janeiro, em que o país embarcou 309 mil toneladas de pluma. "Muito além do que esperávamos", comemora. Recordes Para o presidente da Anea, Henrique Snitcovski, três marcas importantes para o setor de algodão já foram alcançadas nesta safra.  "Só no segundo semestre de 2019, o Brasil bateu um recorde, exportando mais de um milhão de toneladas em seis meses. Durante o segundo semestre do ano passado, em um único mês, também registrou um recorde de 288 mil toneladas. Se a gente acrescentar o volume que foi embarcado em janeiro, tudo o que o Brasil já exportou de julho até janeiro é mais do que o fez em outras safras, no período do ciclo completo, que vai de julho até junho de todo ano", revela. O coronavírus é hoje uma grande discussão do setor, pois a Ásia representa mais de 85% das exportações brasileiras de algodão. De acordo Snitcovski, os embarques brasileiros da pluma até o momento não foram impactados. Demanda global Para o palestrante convidado, Marcos Rubin, a necessidade de reversão da tendência de queda de consumo global de algodão, hoje em torno de 26 milhões de toneladas, será essencial para atenuar possíveis efeitos do vírus sobre o mercado e também do acordo entre Estados Unidos e China. Atualmente, demanda e produção da pluma estão muito parecidas, após seis anos de consumo levemente mais alto. "Seria essencial ter uma demanda aquecida para lidar com uma guerra comercial, mas o cenário agora é de incertezas, principalmente, em relação ao coronavírus. Exportar 1,9 milhões de toneladas em 2020 coroaria um ano de sucesso do setor", diz. "A gente tem constante revisões negativas de expectativa de consumo, muito provavelmente, derivadas da guerra comercial, e do próprio acordo dessa contenda entre Estados Unidos e China, que oferece um certo risco para os volumes de exportação do Brasil.  A China foi um grande parceiro em 2019 e precisa ser também em 2020. Mas para que as exportações sejam performadas, há a questão do coronavírus, para a qual não temos respostas de como isso pode se desenrolar daqui para a frente", pondera. Câmbio Segundo Rubin, o câmbio valorizado está compensando até mesmo quando os preços da commodity estão em torno de 75 centavos de dólar por libra-peso. "Ainda existe estímulo para expansão de área. Uma boa parte do setor de algodão está absorvendo os investimentos que foram feitos nos últimos três anos. Conforme esses investimentos se amortizam, o câmbio se torna um estimulante", diz.

Nem sempre é o que parece
06 de Fevereiro de 2020

Desde que lançou o movimento Sou de Algodão na São Paulo Fashion Week em outubro de 2016, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) estabeleceu e vem ampliando o contato com um elo da cadeia produtiva que, embora seja a razão de todo o trabalho desenvolvido pela cotonicultura, até então, tinha pouca ou nenhuma familiaridade com o processo produtivo da fibra, o consumidor final. Desde a estruturação do movimento, ouvir o cliente final, conhecer seus perfis, hábitos de consumo, causas e, principalmente, suas dúvidas, tem sido o balizador das estratégias da Abrapa para esclarecer a população sobre a fibra, considerada uma das mais inclusivas e sustentáveis dentre todos os seus concorrentes, sejam naturais, artificiais ou sintéticos. O Sou de Algodão foi criado para fomentar o consumo da matéria-prima no mercado interno, valorizando seus diferenciais como sustentabilidade – ambiental, social e econômica – versatilidade, respirabilidade, conforto, o fato de ser antialérgico, dentre outros aspectos. "Um dos equívocos mais comuns que notamos nas nossas conversas com este consumidor final é a confusão entre sustentabilidade e orgânicos, como se um e outro fossem necessariamente a mesma coisa", diz o presidente da Abrapa, Milton Garbugio. Equiparar os sentidos entre sustentabilidade e orgânicos é ainda mais complicado que tentar igualar bananas e laranjas, uma vez que orgânicos se referem a uma técnica de produção que não permite o uso de defensivos ou fertilizantes sintéticos (químicos) no processo, assim como de tecnologias como os transgênicos. Já a sustentabilidade é um conceito, baseado nos pilares ambiental, social e econômico, segundo o qual os recursos utilizados na produção têm de ser pensados de modo a atender à demanda presente e também à das futuras gerações, permitindo, inclusive, a longevidade da atividade produtiva. "As duas palavras não apenas não têm o mesmo significado, como podem levar a conclusões opostas", antecipa o engenheiro agrônomo, doutor em produção vegetal e chefe-geral da Embrapa Algodão, Liv Severino. Um dos exemplos, diz respeito à relação entre as altas produtividades e a área necessária para a produção. "Se a produtividade é alta, a produção por hectare será maior, e menos área de lavouras serão necessárias para atender à demanda de consumo. Isso significa menos impactos ambientais", explica. Fazendo as contas O Brasil tem a maior produtividade em algodão do mundo, quando considerada a produção em sequeiro, que é a que não utiliza irrigação artificial. São, na média, 1,76 mil quilos de pluma (algodão beneficiado) por hectare. De acordo com diretor executivo do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), Alvaro Salles, a média obtida nos projetos de agricultura familiar financiados pelo Fundo de Apoio à Cultura do Algodão (Facual), com a algodão orgânico no Mato Grosso, são de 684 quilos de pluma por hectare. Considerando o consumo de algodão da indústria têxtil no Brasil, que é de 700 mil toneladas, para atender a esta demanda com a atual produtividade das lavouras de algodão brasileiras, são necessários 398 mil hectares. "Se fosse com agricultura orgânica, a gente teria que cultivar 1,03 milhão de hectares, o que causaria impacto ambiental muito maior", afirma Liv Severino. Hoje, o Brasil não apenas atende completamente a necessidade da indústria têxtil em seu território, como exporta o excedente dos seus quase 3 milhões de toneladas de algodão, produzidos na safra 2018/2019, sendo o segundo maior exportador mundial de algodão, atrás apenas dos Estados Unidos. Alvaro Salles destaca ainda um outro impacto negativo da agricultura orgânica. "Considerando que ela não pode usar transgênicos ou pesticidas para eliminar pragas, entre elas, a que devastou a cotonicultura brasileira nos anos de 1980, o bicudo do algodoeiro, o risco fitossanitário tornaria inviável a produção em larga escala". Segundo Salles, o bicudo é um besouro que se alimenta principalmente dos botões florais do algodoeiro, e, por conta disso, derruba a produtividade das lavouras. Pelo modelo orgânico de produção, a única forma de combater o bicudo seria com inimigos naturais, que são poucos, e cata manual seguida de incineração dos botões infestados. "Isso demanda em média 5 pessoas por hectare. Numa fazenda de 100 hectares, seria 20 pessoas. Uma família sozinha não consegue dar conta desse contingente para manter o monitoramento constante", argumenta. Prospectando alternativas Salles afirma que, no estado de Mato Grosso, o IMAmt tem buscado alternativas biológicas para combater pragas e doenças. "Estamos recolhendo amostras de solo, água, plantas e insetos atacados por microorganismos e levando estes materiais para os laboratórios, para isolamento e posterior estudo de viabilidade de utilização, como alternativa ao uso do controle químico", revela. A partir dessa iniciativa, segundo o diretor do IMAmt, foram implantadas duas biofábricas, e uma outra está em início de construção, para fornecimento de produtos biológicos aos produtores. Sobre os transgênicos, Liv Severino da Embrapa acrescenta que são tecnologias que usam princípios naturais, da genética, que reduzem a quantidade necessárias de produtos químicos nas lavouras. Os pesticidas, por sua vez, são seguros quando considerado o manejo e quantidades corretas. "Querer fazer agricultura sem pesticidas é como fazer medicina sem remédios, como antibióticos, anti-inflamatórios e anestesia. "Quem se submeteria a uma cirurgia sem isso?", questiona.

Trade deal e coronavírus na pauta dos cotonicultores brasileiros
19 de Janeiro de 2020

O produtor brasileiro de algodão está atento, mas se mantém positivo em relação aos fatos que dominam o noticiário internacional nos últimos 15 dias, e têm como foco a China. Para a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), ainda é cedo para arriscar um prognóstico acerca dos efeitos, no mercado de algodão, do fim da guerra comercial entre Estados Unidos e China e também da epidemia de coronavírus. Este último derrubou, por três dias seguidos, os preços da commodity na semana passada. Em 2019, o Brasil alcançou a segunda posição no ranking mundial de países exportadores, e a China foi o destino de 34% do total de algodão nacional embarcado. “Hoje é a China quem dá o ritmo do mercado no globo, e, literalmente, um espirro que vem de lá pode chacoalhar a economia mundial. Acreditamos que o trade deal não põe em risco a nossa posição, pois os Estados Unidos terão de ser competitivos para vender para a China na quantidade e qualidade que eles se propõem a comprar. Nossa safra já está plantada. Temos que ficar de olho nas notícias para balizar nossas decisões de plantio para a próxima safra”, afirma o presidente da Abrapa, Milton Garbugio. Ele explica que, nos últimos dois anos, o algodão brasileiro entrou fortemente no mercado chinês, ocupando o vácuo deixado pelos EUA, que, por sua vez, buscaram novas praças. Quanto ao coronavírus, o presidente da Abrapa revela que esta é uma preocupação maior para os cotonicultores atualmente, pelo temor que a epidemia se agrave e alastre. A alta volatilidade marcou a terceira semana de janeiro, quando surgiram as primeiras notícias sobre a epidemia chinesa. Em apenas três dias, os preços em Nova Iorque variaram entre 69,12 e 71,25, fechando a semana em 70,05 centavos de libra-peso. Multilateralismo Em relação ao acordo entre Estados Unidos e China, o que mais preocupa o professor de agronegócio do Insper, Marcos Jank, é o risco de rompimento das conquistas de regulação do mercado mundial alcançadas desde o final da Segunda Guerra, que tinham na OMC o seu principal foro balizador. “Precisamos descobrir se esse acordo é compatível com as regras multilaterais de comércio da OMC. Elas foram assinadas por todos os países. Como é que as duas maiores economias mundiais se propõem a selar um pacto bilateral que pode claramente prejudicar os demais países?”, questiona.  “Passamos da busca do livre-comércio para a guerra comercial.  Agora estamos indo, depois desse acordo, para uma era de comércio administrado”, define. Jank teme que para aumentar as exportações de produtos agrícolas dos EUA para a China de US$16 bilhões em 2019 para US$ 36,5 bilhões em 2020, e US$ 44,5 bilhões em 2021, seja necessário criar canais privilegiados de comércio que não respeitarão a livre concorrência que hoje reina no mercado mundial. Atenção e promoção “A China tem o Brasil como um fornecedor estratégico e importante. Precisamos acompanhar de perto se haverá um movimento ‘mandatário’ que favoreça o algodão americano, considerando que o Brasil esteja competitivo em preço e qualidade no mesmo momento”, avalia o presidente da Anea, Henrique Snitcovski. Segundo ele, é importante lembrar que o algodão americano representou praticamente metade das importações da China antes da guerra comercial. “Por outro lado, a China também aumenta a participação nas importações mundiais, voltando a assumir o posto de maior importador global já na temporada 2018/2019, seguida por Bangladesh e Vietnã”, pondera. Também para o presidente da Anea, a maior preocupação dos mercados hoje está voltada para os possíveis impactos no consumo e movimentação de mercadorias com o coronavírus. “Mais do que nunca, é importante esse esforço das entidades que representam a produção e a exportação da fibra, Abrapa e Anea, junto com o Governo Federal, para promover o produto no mercado asiático”, conclui.

Rentabilidade, sustentabilidade e competitividade do algodão em debate na 78ª Reunião Plenaria do ICAC.
20 de Dezembro de 2019

Como faz desde a sua criação, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) participou este ano da concorrida Reunião Plenária do International Cotton Advisory Committee (ICAC).  Na 78ª edição, o evento foi realizado em Brisbane, na Australia, entre os dias 2 e 6 de dezembro. A associação se fez representar pelo seu ex-presidente, João Luíz Ribas Pessa, e outras lideranças da cotonicultura nacional também estiveram lá, como o presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão, Alexandre Schenkel, o também ex-presidente da Abrapa, Sergio De Marco, o diretor executivo da Ampa, Décio Tocantins, além do consultor da Abrapa e  responsável pela gestão do CSITC  do ICAC, Andrew Macdonald. Ciceroneada pelo governo da Austrália e a indústria têxtil daquele país, a reunião contou com a presença de 307 pessoas, incluindo representantes de 23 governos membros, cinco organizações internacionais e cinco países não membros. Compondo o público, representantes de toda a cadeia produtiva da fibra de 30 países, como produtores, indústria, tradings, fornecedores de insumos e bancos de investimentos. As discussões se deram em torno das rápidas mudanças que ocorrem no ambiente da indústria global de algodão e os desafios que se impõem de continuarem sendo rentáveis, sustentáveis e competitivos. Diversas reuniões aconteceram durante a programação do ICAC, e a Abrapa foi nominalmente convidada a participar de muitas delas, como a do Seep (Social, Environmental and Economic Performance), que ocorreu sob o comando de Allan Williams, da Organização de Pesquisa para o Algodão e Organização para o Desenvolvimento, da Austrália. Este painel organiza o programa Estrutura Delta (Delta Framework), no sentido de estabelecer um programa de pesquisa visando a sustentabilidade, tanto no aspecto ambiental como social. Padronização Dentre outras reuniões atendidas pela Abrapa, a do Commercial Standardization of Instrument Testing of Cotton (CSITC), moderada pelo seu presidente Andrew Macdonald. O CSITC é uma força-tarefa criada em 2003 para a padronização dos equipamentos utilizados para a classificação de algodão. Seu objetivo é controlar a variação de classificação nos diversos equipamentos, capacitar os laboratórios a continuamente monitorar os resultados das classificações, prover os laboratórios com análises detalhadas que os auxiliem a melhorar suas análises e dotar cada equipamento de um Resultado Abrangente de Avaliação (OER – Overall Evaluation Result.). Vários laboratórios brasileiros fazem parte do Round Test do CSITC, que envolve Bremen Institut e o USDA, sob a chancela do ICAC. De acordo com Pessa, neste encontro foram apresentadas as estatísticas das últimas avaliações das classificações. “Pudemos notar que está havendo melhora na acuidade dos dados. Isso, que se percebe no âmbito nacional, com o programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), é também um movimento mundial”, afirmou. Ainda segundo Pessa, Andrew McDonald, como nos encontros anteriores, propôs a adoção da classificação por estatística de vários fardos, considerando a dificuldade de se ter uma classificação coerente do fardo com apenas uma amostra, principalmente no caso do Brasil e seu algodão que não é irrigado. “A colheita da parte superior da planta misturada com a da base, leva a alguma diferença na classificação. Se um lote de fardos for classificado e sua média for processada o resultado seria mais representativo. Este assunto vai continuar a ser debatido mais profundamente na próxima reunião, marcada para março de 2020, em Bremen”, concluiu. Na ocasião também foram feitas várias apresentações que mostram uma ação global visando a viabilidade da implantação da rastreabilidade da fibra, desde a produção até o consumidor final, passando por fiação, tecelagem, confecção e comercialização.

Sessão solene no Senado Federal comemora os 20 anos da Abrapa
13 de Dezembro de 2019

Os 20 anos da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), completados em abril de 2019, e celebrados ao longo de todo o ano através de homenagens diversas, promovidas pelas iniciativas privada e pública, foram lembrados nesta quinta-feira, 12 de dezembro, pelo Senado Federal. A casa promoveu uma sessão solene, requerida pelo senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), em homenagem à fundação da entidade e à retomada da cotonicultura como atividade econômica no país. A cerimônia contou com representantes de diversos elos da cadeia produtiva da fibra, como a indústria, o comércio, a pesquisa e a tecnologia e, dentre outras autoridades, teve presença da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina. Em todos os discursos, a boa performance da cotonicultura nacional foi destacada. Além de quarto maior produtor mundial e segundo maior exportador, atrás apenas dos Estados Unidos, nesta safra, o Brasil passou a deter mais de 20% do mercado global da fibra. Três ciclos atrás, esse percentual era de 7%. Na vida parlamentar há 20 anos, o senador Heinze acompanhou de perto a história da Abrapa, e ressaltou os valores da entidade que, ao seu ver, respondem pelo sucesso não apenas da instituição como da própria cotonicultura. “Cooperação, compromisso com a excelência e a manutenção de uma visão de futuro sustentada mesmo em tempos de grandes dificuldades definem a trajetória da Abrapa”, argumentou. Segundo Heinze, é difícil imaginar que, 20 anos depois da fundação da entidade, o Brasil bateria sucessivos recordes de produção e de produtividade, e se consolidaria como um dos maiores produtores de algodão do mundo, ao lado de países como China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. Retomada sustentável Para o presidente da Abrapa, Milton Garbugio, a retomada da cotonicultura tem papel histórico para a economia brasileira. “Hoje a cadeia produtiva do algodão movimenta mais de US$74 bilhões, gera impostos, emprego e renda no país. Mas nem sempre foi assim. Quando a Abrapa foi criada, éramos o segundo maior importador de algodão do mundo. Hoje somos o segundo exportador. A atividade estava quase extinta. Foi preciso reorganizar, reunir, recriar sob novos paradigmas o modo de produzir”, lembrou Garbugio. O presidente da Abrapa destacou o compromisso dos produtores com a sustentabilidade, a qualidade, a rastreabilidade e a promoção da pluma nacional e internacionalmente. Além da história de contribuição para o desenvolvimento do setor e, consequentemente, do país, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, elogiou o sistema de produção do algodão, que, segundo ela, é altamente sustentável. “O algodão é um produto ambientalmente muito mais correto do que os derivados do petróleo. Além disso, o Brasil é o único país do mundo que consegue fazer, numa mesma área, de três a quatro safras por ano. A África poderá fazer isso no futuro, mas ainda não tem tecnologia para tanto”, disse. Presidente da Comissão de Agricultura do Senado, Soraya Thronicke (PSL-MS), elogiou o trabalho da Abrapa e o associativismo. “Essa organização e vontade de fazer, além da união, para que todos deem, certo é o segredo do sucesso”, concluiu. Na ocasião, a Abrapa entregou para os parlamentares Luis Carlos Heinze e Alceu Moreira, assim como para a ministra Tereza Cristina, uma placa comemorativa em homenagem ao reconhecimento destes à importância da cotonicultura brasileira para a economia do país. Participaram ainda da sessão o presidente da Embrapa, Celso Luiz Moretti, o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Henrique Snitcovski, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Valente Pimentel, o presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), o presidente do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), Haroldo da Cunha, dentre outras autoridades, além dos colaboradores da Abrapa e do IBA.

Reconhecimento oficial
02 de Dezembro de 2019

A Praça dos Três Poderes, em Brasília, foi o palco de um momento especial na manhã deste domingo (1º.). Durante a tradicional cerimônia de substituição da bandeira nacional, gerida pela Marinha do Brasil, foi feita uma homenagem à Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) pelos 20 anos da retomada da cotonicultura no Brasil, país que passou de importador da matéria-prima para ocupar o posto de segundo maior exportador mundial. “É com muito orgulho, honra e felicidade que recebemos hoje essa homenagem porque afinal de contas uma associação ser homenageada num evento como esse de troca da bandeira nacional e o que ela simboliza pro Brasil faz com que nos sintamos muito honrados. Queria agradecer à Marinha por isso. É muito bom que a sociedade brasileira saiba a dimensão do trabalho que a gente está fazendo no campo. Passamos de importadores de algodão para exportadores da fibra e, logo, logo, seremos o primeiro exportador mundial. É só uma questão de tempo. Isso vem do trabalho, da dedicação, da organização, da tecnologia e de acreditar que é possível. Esse exemplo serve para todos os brasileiros e para outros setores da economia”, afirma Júlio Busato, vice-presidente da Abrapa. O evento, aberto ao público em geral, contou com a participação de produtores e principais lideranças do setor, como Marcio Portocarrero, diretor executivo da Abrapa, Haroldo Cunha, presidente do IBA (Instituto Brasileiro do Algodão) e ex-presidente da Abrapa e Carlos Alberto Moresco, presidente da Agopa (Associação Goiana dos Produtores de Algodão), entre outros. Além da cerimônia cívica, que incluiu desfile militar, salva de 21 tiros, banda marcial, Hino Nacional e uma exposição completa sobre a história da Marinha brasileira, os visitantes contaram com serviços comunitários oferecidos pelo GDF, Sesc, Senac, Secretaria de Turismo e Abrapa. Com o tema "O algodão está no seu dia-a-dia", a Abrapa mostrou a importância que o algodão tem na vida das pessoas e que muitas vezes não é percebida. Seja na roupa de cama e banho ou nas cédulas de dinheiro, o algodão tem participação essencial no cotidiano das famílias brasileiras, que puderam conhecer mais sobre este insumo no estande através de fotos das fases do algodão e do movimento “Sou de Algodão”, criado pela associação. Entre as ações disponibilizadas pela Abrapa teve, também, a blitz do algodão. Quem passou pela Esplanada foi abordado para verificar se usava peças em algodão. Os que estavam usando, ganharam chaveiros e sabonetes feitos com o insumo, entre outros brindes. A associação ofereceu também oficina de para confecção de enfeites de natal, em algodão, que puderam ser levados para casa. No espaço, ainda foram distribuídos gratuitamente algodões doces. As crianças não ficaram de fora da programação e participaram de um joguinho para aprenderem sobre os subprodutos do algodão. Como prêmio levaram a camiseta "Sou de Algodãozinho", da Abrapa. Retomada O presidente da Abrapa, Milton Garbugio, manifestou-se sobre a iniciativa. Para ele, o algodão, assim como a bandeira, também é um símbolo nacional. Segundo explica, a fibra é cultivada no Brasil desde antes da chegada dos colonizadores. “Como atividade econômica, a cotonicultura já se desenvolveu em diversas regiões do país. Mas nos anos 80, quase foi erradicada, nos obrigando trazer o produto de fora para abastecer nossa indústria. A retomada, no cerrado, se deu sob novos parâmetros, tendo a sustentabilidade ambiental, social e econômica como a linha-mestra de uma nova história, feita para durar”, concluiu.

Cotonicultura nacional tem ano histórico em 2018/2019
29 de Novembro de 2019

Grandes marcas em produção e produtividade, recordes históricos nas exportações e uma mais forte no mercado chinês definiram o ano o ano-safra 2018/2019 para a cotonicultura brasileira. O país colheu 2,9 milhões de toneladas de algodão, em 1,6 milhões de hectares de lavouras, com produtividade de 1,77 mil quilos de pluma por hectare. Para o ciclo 2019/2020, a estimativa da Câmara Setorial da Cadeia do Algodão e Derivados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é de números ligeiramente mais modestos, com redução de 2,1% de área, 5% a menos no volume, e de 3,3% de decréscimo na produtividade. Na última quarta-feira (27/11), a Câmara realizou a última das quatro reuniões anuais de avaliação de safra, dessa vez, em Cuiabá/MT, na sede da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), com presença de representantes dos dez estados produtores, indústria, exportadores e governo. Apesar de previsões que sugerem manutenção, em 2019/2020, da performance de 2018/2019, os membros da Câmara dizem que os números são grandiosos, e consolidam o papel de grande player do Brasil na configuração atual do mapa global do algodão. “A partir dessa safra, passamos a influenciar preços e mostramos para o mercado que nosso algodão, que já era reconhecido pela qualidade e sustentabilidade, agora também tem escala maior e passa a suprir a indústria ao longo de 12 meses”, defende o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e da Câmara Setorial, Milton Garbugio. Segundo ele, preços menos atrativos na Bolsa de Nova Iorque, no segundo semestre de 2019, “frearam um pouco o ímpeto dos cotonicultores em avançar em área”. O valor da commodity chegou a custar US$0,57, atualmente, está cotado em U$0,67. Exportações Qualidade, volume e, principalmente, constância na oferta também foram destacados pelo presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Henrique Sniticovski, como pontos fortes do Brasil perante os compradores globais. “E, nessa safra, também mostramos que estamos preparados para entregar o nosso algodão na hora certa. Batemos um recorde histórico num único mês, quando embarcamos, em outubro deste ano, 274 mil toneladas de pluma. Antes disso, nossa maior marca havia sido em dezembro de 2018, com 228 mil toneladas”, compara Snitcovski. A guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, iniciada em 2018, e o fato de os chineses voltarem a comprar mais algodão, após um tempo consumindo preferencialmente os próprios estoques, abriram uma grande janela de oportunidades para o algodão brasileiro. “Estamos aumentando nossa participação nesse mercado em relação aos Estados Unidos, que liderava como principal fornecedor. Mas esse incremento se dá também em função da qualidade, sustentabilidade, e, sobretudo, capacidade de embarque que vem superando expectativas”, diz o presidente. Em 2018, o Brasil exportou para a China 436,5 mil toneladas de pluma. “Agora, de julho até outubro de 2019, já embarcamos 155 mil toneladas. Nossa participação no montante do algodão que eles compram saiu de 10% para 30%, e isso é muito significativo”, considera. A China importa no total 2 milhões de toneladas da commodity, e, acredita-se, tem um déficit de três milhões de toneladas para suprir o seu parque industrial. “De julho de 2019 a junho de 2020, 700 mil toneladas do nosso algodão seguirão para lá”, afirma Snitcovski. Ainda segundo a Anea, no segundo semestre de 2019, o Brasil deve embarcar 980 mil toneladas de pluma, e, nos primeiros seis meses de 2020, 900 mil, perfazendo algo em torno de dois milhões de toneladas do algodão colhido na safra recém finalizada. De 2013 até 2018, as exportações brasileiras praticamente triplicaram, saindo de 489 mil toneladas para 1,3 milhões de toneladas. Indústria De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), Fernando Pimentel, a indústria nacional deve fechar o ano sem grandes alterações nas previsões iniciais. “No zero a zero para o setor têxtil ou com uma ligeira queda; alta discreta na confecção e crescimento no varejo na faixa de 1% a 1,5%. Portanto, um ano em que nós não tivemos alegrias já que vamos terminar mais ou menos do mesmo tamanho que começamo”, disse. Para 2020, se nada mudar no cenário, a expectativa do setor industrial é de crescer em torno de 2% a 2,5%, com incremento na faixa de 3,5% para o varejo. Com relação aos empregos, o setor gerou, até outubro, mais de 15 mil postos formais de trabalho. No ano passado, no mesmo período, a Abit constatou uma queda de pouco mais de 2,5 mil postos formais de trabalho. Segundo a associação, não há como garantir que 2019 finalizará com um número positivo nesse aspecto. “Mas, podemos imaginar que é provável que fechemos no zero a zero ou com uma queda relativamente pequena. Já para ano que vem, se nós crescermos os 2% a 2,5%, estimamos um incremento da ordem de 10 mil empregos formais”, afirma Pimentel. Quanto ao consumo de matérias-primas, o algodão continua sendo o principal insumo produzido e processado no país, mas o crescimento das fibras sintéticas continua ocorrendo. “Isso se dá por preços, por tecnologia, processos, enfim uma série de razões. E é por isso que nós realizaremos um evento na ABIT no dia 11 de dezembro, para discutir um pouco esse cenário das fibras na indústria têxtil de confecção, como novas possibilidades advindas da biodiversidade, para tratar de sustentabilidade, e de como o Brasil vai lidar com isso”, anuncia Pimentel.  “O algodão é uma pluma nobre, mas, apesar de ser a segunda maior matéria-prima de consumo no mundo, e de, no Brasil, ser o mais relevante insumo da nossa indústria, vem sendo erodido na sua posição de mercado”, conclui.

Sou de Algodão lança novo manifesto em seu desfile na 46ª Casa de Criadores
28 de Novembro de 2019

Quando nasceu, Sou de Algodão quis apresentar ao mercado os atributos do algodão frente às outras fibras têxteis, principalmente a sintética. Depois, o foco do movimento foi mostrar que o algodão é democrático, inclusivo e que veste a todos os estilos, gêneros e classes. Neste ano, durante a 46ª edição da Casa de Criadores, onde é patrocinador master, Sou de Algodão celebra seus três anos exaltando as origens da moda brasileira e leva para a passarela pessoas reais de todos os elos da cadeia do algodão: produtores, funcionários, trabalhadores, estilistas, influencers, modelos, professores, alunos e  consumidores. Ao todo, o movimento selecionou 23 histórias relacionadas à fibra para desfilar na próxima sexta-feira, dia 29 de novembro, a partir das 20h na Alameda Olga, 197, na Barra Funda. “A intenção é trazer diferentes perfis para contar a trajetória do algodão, do plantio ao consumidor final, mostrando que há muito processos e pessoas envolvidas nas roupas que compramos”, explica Milton Garbugio, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que desfilará com sua própria família na ocasião. Outros destaques da apresentação são: o casal Paranatex que se conheceu enquanto trabalhava na indústria têxtil; a jornalista e apresentadora Maria Cândida; a professora Simone Mina, da Faculdade Santa Marcelina; o estilista Rober Dognani; o jovem estilista austista e autodidata Jackson Salvadeu, de 21 anos, que ganhou os holofotes ao desenhar o vestido usado pela apresentadora Sandra Annenberg no Troféu Domingão - Melhores do Ano 2018; o jornalista de moda Eduardo Viveiros; e; por fim, show da MC Tha. No Desfile Sou de Algodão, 23 estilistas criaram 23 looks de algodão com parceria de 20 tecelagens. No line-up do dia 29, desfilam também: Estamparia Social, projeto patrocinado pelo movimento que trabalha na capacitação e inserção da população egressa do sistema prisional na indústria têxtil, Mateus Cardoso, Dario Mittmann e Rodrigo Evangelista,  vencedores do 1º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores, concurso com estudantes de moda de todo o Brasil idealizado pelo movimento para incentivar o uso da fibra natural entre os novos talentos. Estilistas e tecelagens parceiros Sou de Algodão: Estilistas: Alex Kazuo, Bispo dos Anjos, Cho. Project, Diego Fávaro, Estamparia Social, Estúdio Traça, Felipe Fanaia, Heloisa Faria, Igor Dadona, Jal Vieira, Jorge Feitosa, Ken-gá, Koia, Martins, NotEqual, Projeto PIM, Rafael Caetano, Renata Buzzo, Reptilia, Rober Dognani, Rocio Canvas, Thear eWeider Silveiro. Marcas parceiras: Canatiba, Capricórnio, Cataguases, Cedro Têxtil, Cotton Move, Dalila, Fabril Mascarenhas, G. Vallone, HC Têxtil, ITM Têxtil, Jolitex , Maliber, Nicoletti Textil, Panamericana, Paranatex, Santanense, Santista Jeanswear, Textilfio, Vicunha e Zune Denim. Abrace este movimento! Informações adicionais pelo site www.soudealgodao.com.br e pelas redes sociais @soudealgodao. Sobre o Sou de Algodão É uma iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) para incentivar o uso do algodão por meio de conscientização sobre os seus benefícios à saúde e ao bem-estar, fortalecer a cadeia produtiva em torno desta fibra natural e transformar a commodity em um produto com alto valor agregado. Atualmente, mais de 80% da produção de algodão do Brasil é certificada pelo programa ABR (Algodão Brasileiro Responsável), que assegura a sustentabilidade do algodão, e 70% é licenciada BCI (Better Cotton Initiative), iniciativa presente em mais de 21 países. Esses números fazem do país o campeão mundial de fibra comprovadamente sustentável. Isso significa que a sua produção como atividade econômica levou em consideração parâmetros corretos tanto do ponto de vista ambiental e social quanto econômico.