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“Brasil deve liderar a defesa do algodão frente às fibras sintéticas”
02 de Julho de 2025Mais do que disputar a liderança nas exportações de pluma, caberá ao Brasil liderar a defesa do algodão como a fibra preferencial no mercado têxtil mundial. A missão foi proposta pelo vice-presidente da Louis Dreyfus Company (LDC), Joe Nicosia, hoje (01) durante o simpósio “The Cotton Market Outlook”, realizado durante o XXII ANEA Cotton Dinner, em São Paulo (SP). Falando a produtores, exportadores, industriais, pesquisadores e empresários do setor têxtil brasileiro e mundial, Nicosia mostrou dados, estatísticas e projeções para argumentar que o “jogo mudou”. “Ao invés de brigarmos entre nós, países, pela participação de mercado, devemos aumentar o bolo geral, pois assim todos crescem”, sugeriu. Importante voz do setor nos Estados Unidos, Nicosia enfatizou que a redução da participação do algodão na matriz têxtil mundial preocupa muito mais os cotonicultores norte-americanos que a disputa pela liderança nas exportações. “O Brasil é o líder hoje e continuará sendo nos próximos anos, pois a produção está crescendo enquanto mais ninguém evolui. A nossa chamada aqui é ‘se você não pode derrotá-lo, junte-se a ele’, pois o desafio é outro”, afirmou o executivo. Com a oferta de pluma garantida pelo Brasil e pela Austrália, a escassez de fornecimento do hemisfério Norte deixou de ser um problema. Porém, há pelo menos duas décadas o consumo de algodão não cresce, embora o mercado têxtil e de moda, sim. “O Brasil age como uma âncora, tirando a ansiedade do mercado. O problema disso é que a demanda por algodão não aumenta”, analisou Joe Nicosia. A conjuntura econômica mundial não contribui para uma mudança de cenário. A previsão de boas safras domésticas indica que a China importará menos algodão. A inflação começa a perder força, mas ainda pesa no bolso do consumidor final. Os conflitos armados continuam escalando e a recente guerra de tarifas dos Estados Unidos gera instabilidade ainda maior à economia. “Acompanhar o dólar e a política tarifária é fundamental, mas existe algo ainda mais importante: a concorrência com as fibras sintéticas. Esse é o verdadeiro desafio”, enfatizou o vice-presidente da LDC. “Precisamos de um trabalho de defesa do algodão diante do avanço dos microplásticos, e vejo o Brasil com o grande papel de líder de mercado e marqueteiro mundial, advogando o algodão como a melhor escolha”, pontuou Nicosia. De acordo com ele, o trabalho envolve ações legislativas e regulatórias. “A presença de microplásticos no nosso organismo é uma questão de saúde pública, e faz sentido que haja incentivo fiscal dos governos para estimular o consumo de fibras naturais”, defendeu o norte-americano. As ideias de Nicosia foram bem recebidas pelo presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Gustavo Piccoli. “É uma questão racional: ninguém quer se vestir com produtos fósseis. Além de mais sustentável, o algodão gera bem-estar social e distribui riqueza”, observou. Piccoli explicou que o Brasil tem como continuar ofertando algodão para abastecer o mundo, mas precisa unir ainda mais a cadeia produtiva têxtil nacional e internacional para o próximo passo: “buscar políticas públicas que incentivam o uso da fibra natural”. Diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte contextualizou o papel do algodão nos esforços mundiais de descarbonização da economia e de uma produção agropecuária mais sustentável. “Melhoramos a qualidade e a quantidade das safras e, de 2019 para cá, entramos na primeira divisão do mercado mundial de algodão. Mas o jogo mudou. O adversário, agora, é a fibra de origem fóssil. Precisamos fortalecer o uso do algodão como fibra natural e mais sustentável, de forma prioritária, assim como ocorreu com o etanol, por exemplo, na matriz de combustíveis”. Cotton Brazil – A palestra de Joe Nicosia ocorreu durante a programação técnica do XXII ANEA Cotton Dinner, realizado em São Paulo (SP) pela Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea). Este é o quarto ano consecutivo em que o simpósio sobre mercado internacional é promovido pelo Cotton Brazil, iniciativa da Abrapa para representar em escala global a cadeia produtiva do algodão brasileiro. A Anea é uma das parceiras da iniciativa, além da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
Com previsão de aumento no volume produzido, colheita da nova safra de algodão começou no Brasil
01 de Julho de 2025Abrapa divulgou na tarde desta segunda-feira, 30/06, o Relatório de Safra de junho de 2025com atualização das previsões e dados sobre início da colheita em todo Brasil. Volume colhido aumenta enquanto a produtividade por hectare cai O relatório apresentado demonstrou que aumento previsto da área plantada se dá pela expansão de 10,2% em relação ao ciclo 2023/2024, chegando a 2,143 milhões de hectares. A estimativa da Abrapa é um pouco mais otimista que a divulgada pela Conab em junho/25, que indicou um aumento de área de 7,1%. Até 26 de junho de 2025, 3,7% da área plantada no país já havia sido colhida. Em decorrência de desafios climáticos específicos de cada região, as lavouras consolidaram uma produtividade inferior ao registrado em 2024, com média de campo estimada em 299,4 arroba de algodão em caroço, queda de 2,0% em relação a 2024, que teve 305,6 toneladas produzidas por hectare. Em Mato Grosso, responsável por 70% da produção nacional da pluma, 80% das lavouras estão em processo de maturação. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) projeta produtividade média de 297 arrobas por hectare de algodão em capulho. A Bahia, segundo maior produtor do país, e o Goiás, registraram aproximadamente 10% da safra colhida. Paraná e São Paulo são os estados que mais avançaram com a colheita, apresentando respectivamente, 90% e 76,5% de áreas colhidas. Para acessar o relatório completo acesse: link
Com o início da colheita no Brasil, Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados realiza segunda reunião de 2025
30 de Junho de 2025Na tarde desta segunda-feira, 30 de junho, a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados se reuniu em São Paulo para avaliar os resultados do setor cotonicultor e planejar os próximos passos. Na ocasião, a Abrapa apresentou o Relatório de Safra do segundo semestre, com a atualização das previsões e dados sobre o início da colheita em todo o Brasil. Além da apresentação da Abrapa, o evento contou com exposições voltadas à produção interna, às exportações e ao consumo de algodão no Brasil e no mundo. Para o Presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli, “a Câmara Setorial do Algodão é um instrumento muito importante para que o setor algodoeiro possa se unir e propor ao governo federal soluções de mercado justas e viáveis, que garantam o crescimento da cotonicultura no país”. A reunião faz parte da programação do XXII ANEA Cotton Dinner Golf & Tournament, tradicional evento anual que agrega os principais representantes do mercado de algodão brasileiro. Volume colhido aumenta, enquanto produtividade por hectare recua Gustavo Piccoli apresentou o relatório que confirma o crescimento anual da produção, impulsionado pela expansão de 10,2% na área plantada em relação ao ciclo 2023/24, alcançando 2,143 milhões de hectares. Até 26 de junho de 2025, 3,7% da área cultivada no país já havia sido colhida. As lavouras apresentam produtividade inferior à registrada em 2024, com média estimada de 299,4 arrobas de algodão em caroço por hectare — uma queda de 2,0% em relação ao ano anterior, cuja produtividade foi de 305,6 arrobas por hectare. Em Mato Grosso, responsável por 70% da produção nacional de pluma, 80% das lavouras encontram-se em fase de maturação. O presidente da Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (AMPA), Orcival Guimarães, relatou que, num primeiro momento, o clima favoreceu a produção no estado. Porém, afirmou que ainda é cedo para avaliar os impactos da chuva da última semana sobre a qualidade da produção e eventuais atrasos na colheita. Na Bahia, segundo maior estado produtor do país, cerca de 10% da safra já foi colhida. No entanto, a presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Alessandra Zanotto, afirmou que a seca prolongada impactou negativamente o volume produzido no estado. Cenário internacional e o algodão brasileiro Durante o evento, o CEO da ECOM Trading, Antônio Esteve, foi convidado para fazer um panorama sobre a sustentabilidade econômica do algodão, destacando que a maior preocupação dos cotonicultores em todo o mundo é a perda de espaço da pluma para o poliéster e outras fibras sintéticas. “Houve uma queda de aproximadamente 6% no consumo per capita de algodão entre 2001 e 2024, o que representa uma perda crescente de mercado para a fibra descontínua de poliéster, conhecida como PSF”, comentou. Para ele, o Brasil, como líder em exportações e grande produtor da fibra natural, deve assumir o protagonismo no combate ao uso de fibras sintéticas. Outro ponto levantado por Esteve foi a qualidade do algodão nacional, principalmente no que tange o problema relacionado aos contaminantes. De acordo com o Diretor Executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, “A questão levantada por Esteve é válida e a resposta que a Abrapa está dando é a realização de workshops e cursos para junto ao produtor, podermos melhorar a qualidade da fibra brasileira”. O presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Miguel Faus, apresentou as perspectivas do algodão brasileiro no comércio internacional. Segundo ele, em 2024, a China comprou uma quantidade considerável de algodão com o intuito de reforçar seus estoques, mas essa tendência não deve se repetir em 2025. Apesar da China continuar sendo o maior comprador da pluma brasileira, o volume importado passou de 1,2 milhões de toneladas nos 11 primeiros meses da safra 2023/24 para 484 mil toneladas no mesmo período de 2024/25. Para Faus, o trabalho realizado pelo programa Cotton Brazil na diversificação do mercado internacional é essencial para que o Brasil se mantenha como o maior exportador mundial. Faus também comentou os dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). De acordo com o órgão, o Brasil continuará liderando as exportações globais de algodão no atual ano comercial, mantendo-se como o terceiro maior produtor mundial, atrás apenas da China e da Índia. O diretor executivo do International Cotton Advisory Committee (ICAC), Eric Trachtenberg, também participou do evento e anunciou que, em 2026, o ICAC realizará a Cúpula Global de Têxteis, com o objetivo de atrair investimentos para os países membros. Segundo ele, “o trabalho conjunto dos produtores de fibra natural tem sido notado pela indústria e pelos legisladores. Mas podemos fazer ainda mais, lembrando ao consumidor que o algodão é um bem público”. Mercado doméstico A indústria têxtil brasileira segue avançando em ritmo lento, com previsão de expansão da produção de apenas 2,6% em 2025. De acordo com o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, a competitividade com a indústria internacional tem dificultado o crescimento do setor no Brasil. Mesmo com o aumento na produção nacional de algodão, o consumo interno ainda não demonstra força suficiente para alavancar a indústria. Pimentel também relembrou a meta compartilhada pela Abit e o setor cotonicultor de aumentar o consumo da fibra pela indústria brasileira em 1 milhão de toneladas por ano. Para isso, ressaltou a necessidade de expandir a indústria nacional,garantir o crescimento econômico de cerca de 3% ao ano, recuperar a participação no mercado interno, ter a preferência do consumidor por algodão nacional e ampliar as exportações de produtos têxteis manufaturados. Homenagem Na ocasião, o presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli, prestou homenagem a Alexandre Schenkel, presidente do Instituto Brasileiro do Algodão, pelo trabalho realizado durante sua gestão à frente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados no biênio 2023/2024. “Essa é uma homenagem de todos os produtores brasileiros pelo trabalho que você desenvolveu à frente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão. É admirável o seu empenho em prol do setor algodoeiro do Brasil, especialmente no que diz respeito às ações governamentais e às políticas públicas voltadas ao algodão.”
Preço do algodão em baixa ameaça o lucro dos produtores brasileiros
27 de Junho de 2025A colheita de algodão da safra 2024/25 já começou no Brasil, e se as perspectivas de produção são positivas, o cenário para os preços não anima os agricultores. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta que a produção de algodão em pluma deve alcançar 3,9 milhões de toneladas na atual temporada. Se confirmado, será o segundo recorde consecutivo, e aumento de 5,5% na comparação com o ciclo 2023/24. Os preços, no entanto, estão cada vez menores. Na bolsa de Nova York, que baliza as cotações no Brasil, os valores já caíram 12,2% nos últimos 12 meses, segundo o Valor Data. Ontem (26/6), os contratos para entrega em dezembro foram negociados a 68,80 centavos de dólar por libra-peso — um ano antes, estavam em 77 centavos de dólar a libra-peso. Em junho de 2023, os preços atingiam 82 centavos de dólar a libra-peso. Com esse cenário, o cotonicultor pode se deparar com redução de rentabilidade. Esse é o caso de Carlos Alberto Moresco, produtor de algodão em Luziânia (GO). “Neste ano, a margem está apertada e há o risco até mesmo de ficar no ‘zero a zero’, pois eu peguei um período de 42 dias sem chuva. Inicialmente eu esperava um rendimento de 340 arrobas [por hectare], mas agora a colheita deve render 260 arrobas. Hoje, para conseguir ter uma boa margem, é preciso produzir mais arrobas por hectare”, disse. Moresco afirmou que não vê perspectiva de mudança para o cenário de mercado. Como o algodão é uma das commodities mais sensíveis aos fatores macroeconômicos, como a alta da inflação, o momento atual impede uma reação nos preços. De acordo com Marcio Portocarrero, diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o consumo da pluma está estagnado há 12 anos. Nesse período, as fibras sintéticas acabaram ocupando espaço no mercado. “Num momento em que as principais economias mundiais passam por dificuldades, a indústria têxtil olha muito para a questão do preço, e não para um produto de alto valor agregado, como são as fibras naturais”, observou o dirigente. Pery Pedro, analista independente de mercado, lembrou que as cotações do algodão entraram em uma curva decrescente em abril do ano passado, a última vez em que o preço na bolsa americana ficou acima dos 80 centavos de dólar a libra-peso. Para ele, esse é o valor que remuneraria grande parte dos produtores brasileiros. Cenário macro A desvalorização da pluma vem sendo potencializada pela guerra comercial e pelos conflitos armados, como a guerra entre Irã e Israel. Mesmo que as turbulências no Oriente Médio estejam sustentando o petróleo, o analista não vê espaço para o algodão reagir positivamente. Em geral, quando o preço do petróleo sobe muito, os tecidos sintéticos ficam mais caros, o que pode aumentar a demanda por fibras naturais, feitas de algodão. Mas essa correlação não deve ocorrer desta vez, avaliou Pedro. Mesmo com a depreciação da pluma, Marcio Portocarrero, da Abrapa, disse que não vê redução de área para o ciclo 2025/26. Em sua avaliação, haverá manutenção dos mais de 2 milhões de hectares cultivados nesta safra. Ele afirmou, no entanto, que somente os agricultores que estão há mais tempo na atividade deverão se sobressair. “Quem já investe na cultura vai continuar com seu planejamento da safra. Mas, para quem deseja entrar na atividade agora, terá que esperar um cenário de preços melhor. É importante trabalhar em ações contínuas de qualidade e sustentabilidade do nosso produto, pois em algum momento essa dificuldade vai passar e devemos estar prontos para atender os compromissos com os nossos principais clientes”, disse.
Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa - 27/06/2025
27 de Junho de 2025Destaque da Semana - Após atingir a mínima de dez semanas a 66,67 c/lp em 18 de junho, o contrato Dez/25 se recuperou de forma consistente e voltou à faixa de 67–70 c/lp, que tem prevalecido desde abril. Isso mostra a limitação dos movimentos de preço em Nova York nos últimos meses. Conflitos armados e tarifários tem sido os principais fatores impactando o mercado. Algodão em NY -O contrato Out/25 fechou nesta quinta 12/jun cotado a 68,14 U$c/lp (+3,1% vs. 19/jun). O contrato Dez/25 fechou em *68,80 U$c/lp& (+3,2% vs. 19/jun). Basis Ásia - Basis médio do algodão brasileiro posto Leste da Ásia: 838 pts para embarque Jul/Ago-25 (Middling 1-1/8" (31-3-36), fonte Cotlook 26/jun/25). Altistas 1 - Cessar-fogo entre Israel e Irã trouxe alívio aos mercados. Os mercados acionários globais se mantiveram firmes e até subiram, reduzindo a aversão ao risco e favorecendo ativos como o algodão. Petróleo e dólar americano caíram. Altistas 2 - O anúncio esta semana, ainda sem detalhes, de um acordo comercial entre EUA e China, é positivo, mas as tarifas de 30% vigentes atualmente para exportações Chinesas para os EUA ainda inviabilizam grande parte das exportações de têxteis Chineses para lá. Altistas 3 - O relatório de área plantada de algodão nos EUA será divulgado na segunda-feira (30/6), e o mercado espera um número na faixa inferior, em torno de 9,8 milhões de acres. Se confirmada, essa redução pode indicar uma oferta futura mais apertada, o que pode sustentar os preços no mercado. Altistas 4 - Em seu último relatório, o USDA estimou a área plantada este ano em 9,9 milhões de acres, uma queda de 12% em relação a 2024. Isso representa o menor nível desde 2015 . Baixistas 1 - O presidente do Federal Reserve (Fed) dos EUA manteve as taxas de juros inalteradas, refletindo preocupação com a inflação gerada pela guerra tarifária internacional, especialmente no atual contexto de incertezas sobre acordos internacionais. Baixistas 2 - As tarifas dos EUA continuam sendo o principal obstáculo para qualquer melhora ampla ou duradoura no sentimento dos negócios. Atualmente, a suspensão das chamadas tarifas recíprocas, anunciada em 2 de abril, está programada para terminar em 9 de julho. Baixistas 3 - Eventuais prorrogações de prazo não resolverão as queixas sobre confusão e incerteza em todos os países exportadores, e as empresas continuarão sem condições claras para tomar decisões além do curto prazo. Evento - Quem não poderá estar presente no ANEA Cotton Dinner deste ano poderá acompanhar online a palestra de Joe Nicosia, da Louis Dreyfus, com o tema "The Cotton Market Outlook”, Terça 01/jul, a partir de 8:30 (Brasília), com análises exclusivas sobre o mercado global de algodão. Inscrições gratuitas: https://bit.ly/JoeNicosia. Informações -Receba informações exclusivas sobre o mercado de algodão participando do Canal do Cotton Brazil clicando aqui https://bit.ly/Canal-CottonBrazil. Oferta 2025/26 – A Cotlook revisou a estimativa da produção global de algodão em 2025/26 para 25,97 milhões tons (+300 mil tons). O forte aumento da produção na China ajudou a compensar a queda prevista na safra dos EUA. Demanda 2025/26 - O consumo mundial de pluma foi estimado pela Cotlook em 24,8 milhões tons para 2025/26. EUA 1 - O plantio de algodão nos EUA está próximo do fim, com 92% da área prevista plantada até 22/jun, segundo o USDA. O número fica ligeiramente abaixo da média histórica de 95% para o período. EUA 2 - Há forte intenção dos agricultores de plantar, mesmo diante de desafios climáticos. No Midsouth (sul médio dos EUA), muitos produtores tentaram replantar áreas danificadas, mas continuaram enfrentando problemas com chuvas. EUA 3 - O Mississipi plantou apenas 78% da área prevista, contra 98% normalmente nesta época do ano. Isso pode indicar perdas de produtividade ou área abandonada, caso as condições não melhorem rapidamente. EUA 4 - Agricultores texanos foram beneficiados por algumas chuvas, mas enfrentaram ventos fortes, o que prejudicou operações de campo e pode impactar o estabelecimento da lavoura China 1 - As importações chinesas de algodão em maio caíram para o nível mais baixo em anos ( 34.500 tons ), com o Brasil liderando como principal fornecedor (40%), à frente de EUA (24%) e Turquia (19%). China 2 - O volume acumulado nos primeiros dez meses de 2025 na China caiu para 1,05 milhão tons (vs 2,9 milhões/2024), O Brasil respondeu por 45% do total (41% em 2024), Austrália por 23% (contra 9%) e EUA 18% (contra 34%). China 3 - Há boatos na China sobre emissão de quotas de importação de algodão. O órgão estatal NDRC teve reunião esta semana. China 4 - Não houve uma conclusão oficial na reunião de hoje da NDRC (Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China). Segundo os oficiais, eles não consideram que este seja o momento adequado para tomar decisões sobre cotas de importação ou leilões de algodão dos estoques de reserva. Por isso, optaram por manter o diálogo aberto, sem definir nenhuma ação imediata. Paquistão - O plantio está quase concluído no Paquistão, atingindo 89% das metas iniciais em Punjab e 65% em Sindh. A previsão é de uma redução de 7% na produção em relação ao ano passado. Índia - A safra de algodão na Índia avança com o progresso das monções, cobrindo a maior parte das regiões produtoras. As fiações seguem atentas a um possível novo acordo comercial entre Índia e EUA. Turquia - A safra turca tem previsão para cair para 800 mil tons (ante 850 mil tons em 2024/25) devido à menor área plantada. O clima atual é favorável, mas os riscos climáticos podem afetar a produtividade nos próximos meses. Exportações - As exportações brasileiras de algodão somaram 99,9 mil tons até a terceira semana de junho. A média diária de embarque é 11% menor que no mesmo período em 2024. Colheita 2024/25 - Até ontem (26), foram colhidos no estado da BA 10%, GO 10,58%, MA 5%, MG 27%, MS 3,6%, PI 16,8%, PR 90% e SP 76,5%. Total Brasil: 3,67%. Preços - Consulte tabela abaixo ⬇ Quadro de cotações para 26-06 Este boletim é produzido pelo Cotton Brazil - cottonbrazil@cottonbrazil.com
Assembleia da Abrapa reúne lideranças do algodão para traçar rumos estratégicos do setor
26 de Junho de 2025Em um momento decisivo para o setor algodoeiro, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) promoveu nesta terça-feira, 24/06, a 1ª Assembleia Geral Extraordinária do Conselho de Representantes da Abrapa para debater os principais desafios e prioridades da cotonicultura nacional. O encontro contou com a presença de lideranças do setor e representantes das associações de produtores, com uma pauta marcada por temas como qualidade da pluma, sustentabilidade e articulação internacional. Para o Presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli, a realização da assembleia foi oportuna para o setor alinhar suas principais pautas e expectativas. “Na reunião nós discutimos temas que serão definidores para que o Brasil continue sendo o maior exportador de algodão do mundo e para demandar toda a produção do algodão brasileiro”, avaliou Piccoli. Foco na qualidade desde o campo Um dos principais eixos da reunião foi o fortalecimento do controle de qualidade da fibra. A Abrapa pretende ampliar a geração de estatísticas da safra 2024/25, promovendo maior transparência e disponibilização dos dados para o mercado e para fins técnicos. A entidade também vai intensificar os investimentos em treinamento de equipes e medidas de prevenção a problemas como a pegajosidade da fibra e a infestação por mosca branca. “O objetivo é atuar de forma antecipada para garantir que a pluma brasileira atenda aos padrões exigidos pelos mercados mais rigorosos do mundo”, afirmou o Diretor Executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero. Sustentabilidade como ativo estratégico A pauta ambiental ganhou protagonismo nas discussões, com o compromisso de fortalecer o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) em seis temas estratégicos: saúde e bem-estar do trabalhador, manejo integrado de pragas e solo, adaptação às mudanças climáticas, gestão hídrica, desenvolvimento regional e conservação da biodiversidade. A continuidade da parceria com a Better Cotton foi considerada estratégica para continuar a atender a demanda crescente dos mercados internacionais pela fibra sustentável. Governança e tecnologia: um novo comitê para fortalecer o setor Durante a reunião foi aprovada a criação do Comitê de Governança do Manejo da Resistência, que reunirá produtores ao lado de instituições como o Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), o Instituto Goiano de Agricultura (IGA), a Fundação Chapadão e outras entidades do setor algodoeiro. O comitê atuará na articulação com o poder público para dar credibilidade e peso técnico às pautas relacionadas à eficiência produtiva, qualidade da fibra e custos de royalties ligados ao uso de tecnologias no campo. Promoção do algodão brasileiro As ações de promoção do algodão brasileiro também avançam. O programa Cotton Brazil, vitrine do setor para o mercado externo, anunciou que irá realizar missões com compradores e stakeholders internacionais em estados como Mato Grosso, Bahia e Goiás. Com forte presença de clientes asiáticos, o Diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, prepara a uma nova agenda internacional com foco nos mercados do Oriente Médio e da Ásia, com eventos previstos em Dubai e participação na ITMA, uma das maiores feiras da indústria têxtil asiática, que ocorrerá em Singapura. A Diretora de Relações Institucionais da Abrapa, Silmara Ferraresi, responsável pelo movimento Sou de Algodão, que promove a fibra brasileira para o consumidor final, apresentou a campanha “Brasilidades”, que traz à tona todos os aspectos da cultura e moda brasileiras associadas ao algodão, buscando aproximar o uso da fibra ao dia a dia do consumidor. Ferraresi também falou sobre a próxima edição da Cotton Trip, de que levará influenciadores, jornalistas, representantes da indústria e setor público para conhecer todo o processo da produção de algodão na Fazenda Pamplona, do Grupo SLC, uma das maiores produtoras de algodão de Goiás.
Sou de Algodão marca presença no IFAMA 2025
25 de Junho de 2025Nesta quarta-feira (25), o movimento Sou de Algodão esteve representado no IFAMA 2025 - 35ª edição da World Agribusiness Conference, realizada em Ribeirão Preto (SP). Como parte da programação, o painel “Do Campo ao Tecido: Tendências de Consumo até 2050” reuniu especialistas para discutir como as exigências por sustentabilidade, rastreabilidade e ética na origem dos produtos estão moldando o futuro do agronegócio global. Com a moderação de Roberto Fava Scare, fundador da Harven Agribusiness School e também da empresa de consultoria Markestrat Agribusiness, Luciano Thomé e Castro, sócio-fundador e diretor da Markestrat e coordenador estratégico do Sou de Algodão, foi um dos participantes da sessão, que debateu os impactos dos novos comportamentos de consumo na transformação da cadeia. Em sua apresentação, Luciano compartilhou o case do movimento, mostrando como a construção de uma narrativa transparente e conectada ao consumidor tem sido fundamental na valorização do algodão brasileiro. Além de Luciano, participaram do painel o canadense Dr. Sylvain Charlebois, professor na Universidade de Dalhousie e diretor sênior do Agri-Food Analytics Lab., e Carlos Pellicer, ex-diretor global de estratégia e inovação da UPL e presidente do Café Mió. “Não basta apenas produzir com responsabilidade. Precisamos comunicar, envolver e gerar pertencimento. Iniciativas como o Sou de Algodão precisam ter um propósito claro e uma visão de longo prazo. Quase nove anos depois do lançamento do movimento, vemos como essa construção consistente começa a dar frutos reais, impactando toda a cadeia. Conectar o produtor ao consumidor final, com transparência e engajamento, é o que nos torna relevantes e agentes transformadores”, citou Luciano Thomé e Castro. Além disso, ele ressaltou a importância dos pilares estratégicos de engajamento do movimento - educação do consumidor, promoção e negócios -, e apresentou ações realizadas, como parcerias com universidades e marcas de moda, experiências imersivas no campo e a atuação nas redes sociais, que aproximam o público final da realidade da produção da fibra nacional. O painel integrou a programação do IFAMA 2025, evento internacional que reúne líderes, acadêmicos e profissionais do agronegócio para discutir os rumos do setor em um cenário cada vez mais guiado por transparência, inovação e responsabilidade socioambiental. Além de palestras e painéis, a conferência buscou promover a adoção de novas tecnologias e práticas entre os participantes, evidenciando o papel do Brasil como líder na produção de fibras e alimentos. Abrace este movimento: Site: www.soudealgodao.com.br Facebook, Instagram, Youtube, LinkedIn e Pinterest: @soudealgodao TikTok: @soudealgodao_
Abrapa destaca protagonismo do produtor brasileiro na preservação ambiental durante Better Cotton Conference
24 de Junho de 2025A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) destacou na edição deste ano da Better Cotton Conference a dupla função social do cotonicultor brasileiro: produzir fibras e alimentos e, ao mesmo tempo, preservar áreas de vegetação nativa no país. O evento, realizado pela Better Cotton Initiative em Izmir, Turquia, aconteceu entre os dias 18 e 19 de junho. A mensagem foi o eixo central da apresentação feita pelo diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, na tarde desta quarta (18), durante o painel “O papel dos agricultores: Restaurando ecossistemas para um futuro resiliente”. Ele mostrou, em números, a contribuição do cotonicultor brasileiro tanto em âmbito econômico como ambiental. O diretor da Abrapa também destacou que todas as fazendas certificadas pelo programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) são anualmente monitoradas por certificadoras independentes de terceira parte. O ABR é uma certificação socioambiental que opera em benchmarking com o selo Better Cotton. Além disso, traders e parceiros comerciais internacionais acompanham de perto as práticas adotadas no campo pelas fazendas brasileiras, reforçando a confiança no algodão produzido no país. Esse compromisso com a sustentabilidade e a transparência ajuda a explicar a posição de destaque do Brasil no mercado global: o país é hoje o maior exportador de algodão e o terceiro maior produtor mundial. O setor apresenta um alto índice de rastreabilidade e responsabilidade socioambiental, com 84% de toda a produção nacional certificada pelo programa ABR e pela Better Cotton, seguindo as melhores práticas de sustentabilidade. Outro diferencial é o modelo produtivo: cerca de 92% da área de cultivo de algodão no Brasil é conduzida em regime de sequeiro, o que significa maior eficiência no uso da água. Código florestal brasileiro é um dos mais robustos do mundo Durante o painel, Duarte também apresentou o cenário regulatório brasileiro. Pelo Código Florestal, os produtores de algodão no Brasil destinam no mínimo 20% da área de suas propriedades à preservação da vegetação nativa, seguindo uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo. Em Mato Grosso, principal estado produtor, esse percentual é ainda maior: chega a quase 40% de área preservada nas unidades agrícolas. “O modelo brasileiro de cultivo do algodão é caracterizado por uma grande eficiência produtiva, alta produtividade e responsabilidade ambiental. Nossa safra é produzida em 0,2% do território brasileiro e seguimos rigorosas diretrizes de preservação ambiental, graças a políticas públicas sólidas e ao investimento privado do produtor”, argumentou Duarte. Entre 1981 e 2025, a área plantada com algodão caiu 49% no país, enquanto a produtividade saltou em 1.200% e a produção total aumentou 557%, de acordo com dados da Conab. Atualmente, mais de 10 milhões de empregos diretos e indiretos são gerados na cadeia produtiva do algodão e indústria têxtil. Além do cumprimento das exigências legais, produtores brasileiros de algodão desenvolvem ações voluntárias que reforçam o compromisso com a sustentabilidade. São projetos voltados à restauração da vegetação nativa, preservação ambiental e adoção de práticas de agricultura regenerativa, que vão além do que é determinado pelas políticas públicas. Exemplos dessas boas práticas foram apresentados pela Abrapa na Better Cotton Conference, com a participação de representantes de fazendas como Agro Penido, SLC, Amaggi e Scheffer. “O produtor brasileiro de algodão é um aliado estratégico na agenda ambiental brasileira e global. O futuro da agricultura está em equilibrar produção, rentabilidade e preservação. E o Brasil tem muito a compartilhar nesse caminho”, afirmou o diretor da Abrapa. Better Cotton A Better Cotton Conference é o evento anual da Better Cotton Initiative e tem objetivo de fomentar um futuro mais sustentável para o algodão mundial. O vínculo entre Abrapa e Better Cotton começou em 2013, quando as duas organizações começaram a atuar em benchmarking em seus programas de certificação socioambiental (ABR e Better Cotton).