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Avanços no controle de ramulária, mancha-alvo e nematoides no algodoeiro no 14º CBA
04 de Setembro de 2024Os resultados mais recentes acerca do controle biológico e químico da ramulária, mancha-alvo e de nematoides em algodoeiro foram mostrados nesta quarta-feira (04), durante a sala temática coordenada pelo fitopatologista da Embrapa Algodão, Fabiano Perina, no 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), promovido pela Associação Brasileira dos Produtores do Algodão (Abrapa). O encontro desta quarta-feira (04) contou com a participação da nematologista do Instituto Goiano de Agricultura (IGA), Laís Fontana, e do consultor da Ceres Consultoria Agronômica, pesquisador Guilherme Ohl. “Esses são principais problemas de doenças que a cultura do algodoeiro enfrenta atualmente no Brasil”, afirma Perina. Para o especialista, esse desafio, especialmente no caso da mancha-alvo, chamou a atenção de todos os produtores de algodão nas últimas safras e exige uma atuação também na parte inferior da planta. “A arquitetura da planta é crucial, assim como a escolha dos talhões e a tecnologia de aplicação. Esses aspectos podem ser fundamentais para enfrentar o problema de maneira mais eficaz”, explica. Com o aumento do cultivo de algodão em regiões mais quentes, há uma expectativa de crescimento na incidência de nematoides e doenças de solo. Isso também aumenta a necessidade de variedades tolerantes ou resistentes a essas condições adversas. Ohl destaca que a resposta rápida é crucial para combater as pragas: “Entre identificar o problema e executar as operações necessárias, o tempo de resposta faz toda a diferença. A fazenda que demora para tomar decisões perde produtividade. Agir o mais rápido possível é fundamental e pode fazer uma grande diferença na lavoura.” Além disso, diversos fatores devem ser considerados na tomada de decisão, incluindo a época de semeadura, o vazio sanitário, a resistência genética, a tolerância das plantas, a rotação de culturas, a fertilidade equilibrada, e os controles biológico e químico. “Esses aspectos são essenciais para desenvolver uma estratégia eficaz de manejo e garantir o cultivo de algodão”, diz. Nematoides Na ocasião, a pesquisadora Laís Fontana apresentou o trabalho desenvolvido pelo IGA a respeito de nematoides. “Os primeiros trabalhos desenvolvidos estão focados no alinhamento de uma metodologia clara e eficaz. Estamos avaliando quais produtos funcionam melhor para fornecer uma resposta mais robusta aos produtores”, informa. No que diz respeito à ramulária e à mancha-alvo, ela explicou que a eficiência dos tratamentos foi reduzida, em grande parte devido às condições climáticas. “Vamos aguardar o próximo ano para avaliar os avanços e a eficácia das estratégias adotadas.”
14° CBA - Pesquisadores falam sobre os desafios no controle da ramulária e mancha-alvo no algodoeiro
04 de Setembro de 2024A ramulária e a mancha-alvo são, atualmente, as principais doenças que afetam o algodoeiro, comprometendo significativamente a produção e a qualidade da fibra. Para discutir a ocorrência e o manejo dessas doenças, o engenheiro agrônomo Rafael Galbieri, pesquisador e coordenador do Departamento de Fitopatologia/Nematologia do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMA), coordenou uma das salas temáticas do 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA) nesta quarta-feira, 4 de setembro. O debate contou com a participação dos professores Sergio H. Brommonschenkel, da Universidade Federal de Viçosa, e Danilo Pinho, da Universidade de Brasília. Eles apresentaram os avanços recentes na compreensão e controle dessas doenças, abordando novas práticas e estratégias para minimizar seus impactos na produção de algodão. “Discutimos as manchas na cultura do algodoeiro, que foram um grande problema na safra atual. Apresentamos detalhadamente questões como diagnóstico, sintomatologia e resposta dos cultivares a essas doenças. Examinamos como as doenças se manifestaram intensamente e apresentamos preparativos e estratégias para reduzir esses problemas na próxima safra. O evento foi muito produtivo, focando em como enfrentar esses desafios”, explica Galbieri. A ramulária, geralmente, aparece nas folhas mais velhas após a emissão das primeiras maçãs. No Brasil, os primeiros sintomas são notados entre o surgimento do primeiro botão floral e o início do florescimento. Em situações de alta severidade, a doença pode levar à desfolha parcial ou total das plantas. Quando a perda de folhas ocorre durante a fase de formação das maçãs, compromete a produção na parte superior da planta, reduzindo a produtividade e provocando a abertura precoce dos capulhos, o que resulta em perda de qualidade da fibra. “O fungo apresenta uma alta variabilidade genética, o que resulta em grande sensibilidade a fungicidas e a presença de materiais resistentes à doença. Discutimos o manejo mais eficaz para controlar esse problema”, explica Pinho. Como a maioria das cultivares em uso não possui resistência completa à ramulária, o manejo adequado se torna uma das principais estratégias para combater o patógeno. Mancha-alvo Caracterizada por lesões nas folhas da planta, com círculos concêntricos de tecido necrosado que lembram um alvo, a mancha-algo ataca diversas plantas, como a soja, que frequentemente é incluída no sistema de rotação de culturas com o algodão, que servem como hospedeiras do fungo. Para Brommonschenkel, o manejo de doenças em sistemas de produção intensiva em ambientes tropicais, como no caso dessas duas culturas, é complexo. “É necessário o monitoramento constante da lavoura. Empregar todas as práticas disponíveis no manejo integrado para controlar o problema, pois a erradicação é extremamente difícil. O uso de plantas de cobertura, produtos químicos e biológicos, aliado às condições climáticas, deve fazer parte de uma estratégia eficiente”, conclui.
14ª CBA debate importância de associar uso de defensivos com controle biológico de pragas
04 de Setembro de 2024Como parte da programação do 14º Congresso Brasileiro do Algodão, especialistas discutiram, na tarde desta quarta-feira (dia 4), o tema Evolução da Endomofauna no Sistema. O hub temático foi coordenado pelo agrônomo e professor da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Geraldo Papa. Também participaram da atividade os professores Jorge Braz Torres, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), e José Bruno Malaquias, da Universidade Federal da Paraíba - Campus de Areia. Entomofauna é o termo utilizado para se referir ao conjunto de espécies de insetos de uma determinada região. O professor Geraldo Papa fez abertura do hub, traçando um histórico do desenvolvimento da cotonicultura no Brasil, a partir da década de 1980, quando a cultura se concentrava ainda nas regiões de São Paulo e Paraná, com menos escala e baixo uso de tecnologia. Desde então, a atividade cresceu, assim como as pragas e doenças que causam prejuízos e perdas, a exemplo do pulgão e, principalmente do bicudo. “Estamos aqui mostrando a evolução tecnológica por qual passa todo o setor produtivo, incluindo a indústria de defensivos que vive um período de grande modernização de seus produtos, introduzindo no mercado inseticidas e acaricidas menos tóxicos”, explica Geraldo Papa. Durante sua palestra Jorge Braz Torres abordou o tema Inimigos naturais no sistema de produção do algodoeiro. “Temos a possibilidade de termos esses animais trabalhando gratuitamente a nosso favor e acabando com pragas que causam doenças ou destroem as plantações", explicou, enfatizando que, por isso, é importante pensar no uso de defensivos que possam conservar a presença desses inimigos naturais. Já José Bruno Malaquias falou sobre Biotecnologias para algodoeiro – evolução e gestão da resistência. Segundo ele, que participa de grupos internacionais de estudos, o Brasil causa grande preocupação no mundo pela resistência, cada vez maior, das pragas a toxinas e plantas geneticamente modificadas (Bt). “Nosso trabalho envolve o uso de modelos computacionais que possam ajudar a criar sistemas que facilitem o combate a pragas e doenças, associando o uso de defensivos ao controle biológico”, disse o professor, destacando que esse equilíbrio é fundamental.
14º debate Inteligência Artificial na produção de algodão
04 de Setembro de 2024Há muito tempo, a Inteligência Artificial (IA) não é novidade no campo, e, menos ainda, na produção de algodão, onde automação e agricultura de precisão são cada dia ferramentas mais frequentes, mas, no segundo dia do Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), o maior evento da cotonicultura do país, que reúne em Fortaleza, até esta quinta-feira (05), mais de 3,5 mil participantes, uma pergunta ecoou na plenária: a IA vai produzir algodão? Para falar sobre o tema, o CBA juntou a futurista pelo Institut For The Future (IFTF), consultora e autora de vários “best sellers” sobre o assunto, Martha Gabriel, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, cuja formação inclui o título de doutora em Computação Aplicada pelo Instituto de Pesquisas Espaciais, e o CEO da StartSe Agro e cofundador da Solubio, uma das gigantes biotechs, do agro brasileiro, Mauricio Schneider. A plenária foi mediada pela jornalista Patrícia Travassos. Em sua palestra, Martha Gabriel destacou a importância de “entender a IA para compreender o mundo”. Segundo ela, as ferramentas tecnológicas têm o poder de ampliar o nível intelectual humano, revelando padrões e insights antes inimagináveis. "Uma pessoa mediana, empoderada por tecnologia, torna-se melhor do que o maior expert humano trabalhando sem tecnologia", afirmou. Para ela, novas métricas e instrumentos serão necessários para medir e navegar neste novo mundo extraordinário. Já Silvia Massruhá defendeu a criação de novos modelos de capacitação técnica e a integração dos setores para manter o Brasil no protagonismo global. Ela ressaltou que a tecnologia não só pode reduzir riscos, mas também atrair a nova geração para o campo, contribuindo para a sucessão rural. "Precisamos de indicadores, métricas e dados assegurados pela pesquisa para melhorar a narrativa da agricultura brasileira", destacou. Maurício Schneider acrescentou que, embora o algodão cultivado em laboratório já exista, é essencial considerar todas as camadas de produção, escala e distribuição. Ele ponderou que as ferramentas tecnológicas, muitas vezes vistas como inacessíveis, são na verdade aliadas poderosas na gestão de riscos, redução de erros e custos. "Não adianta criar um produto em laboratório se não conseguimos escalar, distribuir e desenvolver de forma viável", concluiu. Tanto Martha Gabriel quanto os debatedores reforçaram a importância de “conhecer o problema e fazer a pergunta certa” à Inteligência para obter resultados corretos. Na abertura das discussões a jornalista Patrícia Travassos apresentou a primeira toalha rastreável do mundo, resultado da parceria da marca Döhler com a iniciativa SouABR, da Abrapa. Graças a um QR Code e à tecnologia blockchain, o consumidor pode acompanhar todo o processo de produção, desde a semente até o guarda-roupa.
Estresses abióticos e os impactos na cultura do algodão
04 de Setembro de 2024Um dos grandes desafios do cultivo do algodão na atualidade é lidar com os estresses abióticos que as plantas estão sujeitas, aqueles causados por componentes sem vida de um ecossistema, como a água, gases atmosféricos e radiação solar. Estratégias para solucionar o problema, como mudar a fisiologia da planta, foi um dos assuntos discutidos nesta quarta-feira (04) em um dos hubs do 14° Congresso Brasileiro do Algodão, evento promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que vai até o dia 5, em Fortaleza (CE). Com coordenação do consultor técnico e especialista na cultura do algodoeiro, Ederaldo Chiavegato, o painel contou com a participação virtual da professora do departamento de Bioquímica e Centro de Inovação em Ciências Vegetais da Universidade de Nebraska (EUA), Katarzyna Glowacka. Ela atua na melhoria de culturas, como o milho e a soja, para que sejam resistentes a fatores de estresse, como a seca, excesso de frio, de luz solar ou baixos níveis de nitrogênio. “Fazemos mudanças moleculares nas plantas para ver como se traduzem com o objetivo de aumentar a tolerância a estresses abióticos. Um exemplo disso foi um método de fenotipagem que criamos, pela qual conseguimos ter uma planta que precisa de 11% menos de água, produzindo a mesma massa”, explica Katarzyna. Na sequência, o pesquisador da Embrapa na Área de Ecofisiologia da Soja, José Salvador Simoneti Foloni, tratou sobre a tolerância das plantas a estresses abióticos, citando como exemplo as culturas da soja e do algodão no Cerrado. Ele destacou a grande perda de produtividade que o setor agrícola tem em função de estresses climáticos, como a seca, causada por uma combinação de déficit hídrico e altas temperaturas. Abordou ainda as respostas fisiológicas da planta, adaptação genética e os desafios da biotecnologia e melhoramentos genéticos. “Nós precisamos aumentar o investimento para criação de ferramentas agronômicas que nos ajudem no enfrentamento do estresse abiótico causado pela seca. Isso tem impactado em perdas de produtividade para os agricultores brasileiros. Essas perdas são graves, os prejuízos são gigantescos e a tendência é piorar os problemas nas culturas anuais, como a do algodão”, afirma Foloni.
A eleição americana e as reuniões do FED e do Banco Central dominaram o debate sobre perspectivas da macroeconomia no 14º CBA
04 de Setembro de 2024A expectativa para as próximas reuniões do Federal Reserve (FED) e do Banco Central do Brasil, marcadas para o dia 18, e o desenrolar da eleição presidencial nos Estados Unidos foi o pano de fundo das discussões sobre os cenários macroeconômicos global e doméstico, na manhã desta quarta-feira (4), no 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14ºCBA), realizado em Fortaleza, no Ceará. A Plenária Master dedicada ao tema "Macroeconomia e Tendências do Mercado Financeiro para o Agronegócio", mediada pelo jornalista da CNN, Caio Junqueira, contou com a participação de representantes de importantes instituições financeiras, os economistas-chefes do Banco do Brasil, Marcelo Rebelo, do Rabobank, Maurício Une, e do Banco Cooperativo Sicredi, André Nunes, além do diretor de Agronegócio do Banco Itaú/Unibanco, Pedro Fernandes. A grandes expectativas que afetam o agronegócio, como demandas de preço e questões internas e externas que têm impacto sobre o setor foram destacadas pelo o mediador, que provocou os convidados acerca das perspectivas para a chamada Super Quarta, nome que se dá quando o Banco Central e do FED divulgam suas das taxas de juros no mesmo dia. A estimativa – consenso entre os debatedores – é de que haja uma redução na taxa americana, devido à desaceleração da economia, enquanto, no Brasil, deve ocorrer uma alta, por conta da preocupação com o aumento do índice de inflação, refletindo os momentos distintos das economias dos dois países. A partir desses movimentos, os economistas analisaram os prováveis rumos da taxa de câmbio, que tem grande influência sobre o agronegócio do algodão brasileiro, já que o Brasil se tornou este ano o maior exportador mundial da commodity, com embarques estimados de de 2,8 milhões de toneladas de pluma, na safra 2023/2024. André Nunes, do Sicredi, sinalizou que um Brasil, com economia estabilizada, inflação sob controle e PIB crescente, pode ser muito atrativo para investidores internacionais em busca de alternativas a mercados atualmente menos promissores. “Investidores que em outro momento poderiam procurar o Leste Europeu, diante do conflito na Ucrânia, podem se interessar pelo Brasil como opção natural”, afirmou. Outro ponto destacado pelos economistas foram os possíveis cenários a partir do resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos, com o embate entre os partidos Republicano e Democrata. Segundo a avaliação dos especialistas, considerando uma vitória dos republicanos com Donald Trump, a tendência é de acirramento da guerra comercial com a China, o que poderia resultar em uma maior aproximação do Brasil com o país asiático. “Mas temos que pensar que uma guerra comercial muito acirrada pode ter outros desdobramentos e ser muito prejudicial para a economia global em geral”, enfatizou Marcelo Rebelo, do BB. Os participantes da Plenária também abordaram a desaceleração do crescimento da economia chinesa, cujos índices nas duas últimas décadas tiveram enorme impacto nos mercados mundiais. “Em 2023, o crescimento do consumo das famílias chinesas foi de 10%. Este ano, deve ficar em 6,5% e a tendência para o próximo é alcançar os 5,5%”, colocou Maurício Une, do Rabobank, lembrando que outros fatores devem ser considerados no cenário macroeconômico, como a questão ambiental. “Não podemos esquecer o problema que a seca provocada pelo fenômeno El Niño causou no funcionamento do Canal do Panamá.” Em relação aos combustíveis, outro ponto que tem influência direta sobre o mercado do agronegócio, o diretor do Itaú acredita que não devem ocorrer grandes flutuações. “Vemos hoje que, mesmo com os conflitos no Oriente Médio, o valor do barril do petróleo não tem variado muito e acredito que deve se manter dessa forma, já que existe um desaquecimento global da economia”, argumentou Pedro Fernandes. Ao final, ao traçar suas perspectivas para o mercado do algodão brasileiro a curto e médio prazo, os representantes dos bancos apostam em um momento de investimentos cautelosos, com um cenário muito focado na gestão de riscos, para 2025. Estimam, no entanto, que, se mantido o ritmo atual da economia, haverá grande estímulo ao crescimento do agronegócio e de outros setores da economia.
Painel apresenta ocorrência e manejo de nematoides no algodoeiro
03 de Setembro de 2024Para uma cultura desenvolvida ao longo dos anos, com o uso intensivo de novas tecnologias, a presença de nematoides nas lavouras de algodão tem sido um desafio para os produtores brasileiros. Os altos investimentos em tecnificação contrastam com as perdas ocasionadas por esses parasitas extremamente temidos nas áreas de produção em todo o país. O manejo desses organismos não é fácil, mas, para Rafael Galbieri, coordenador do Departamento de Fitopatologia/Nematologia do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMA), existem alternativas para diminuir a população de nematoides e minimizar os impactos negativos. Elas foram abordadas pelo pesquisador que trouxe os resultados de ensaios realizados para analisar o tema cientificamente. “O investimento em melhoramento genético para produção de cultivares resistentes é uma das saídas para o produtor, assim como o uso de nematicidas com dosagens adequadas”, destacou o coordenador do painel elencando algumas dificuldades no manejo como a alta persistência no solo, a distribuição da ocorrência, sem sintomas claros nas raízes e a sucessão soja/algodoeiro como obstáculos a serem superados. A mesma posição foi defendida por Guilherme Asmus, Engenheiro Agrônomo e pesquisador em Nematologia da Embrapa Agropecuária Oeste, que apresentou dados de 2023 sobre os nematoides mais encontrados nas lavouras. Em primeiro lugar aparece a espécie Pratylenchus, seguida pelas espécies Rotylenchulus e Meloidogyne, nematoides patogênicos do algodoeiro. “Como existem diversas espécies e variedades, identificar a ocorrência de cada um deles ainda é um desafio. Ou seja, há subnotificação e isso é preocupante”, alertou o pesquisador. “Estamos vivendo um novo momento na nematologia por conta da alta capacidade de multiplicação, da agressividade e da ocorrência deles em diversas culturas”, disse Asmus, frisando algodão, soja, melão, abacaxi, feijão e maracujá entre as culturas mais afetadas. Trabalhando há 22 anos com o tema, o Engenheiro Agrônomo e pesquisador da Embrapa Algodão, Nelson Suassuna, fez um histórico sobre as fontes de resistência e os esforços mundiais por melhoramento genético. Entre as ferramentas mais utilizadas para essa finalidade, a avaliação fenotípica, a avaliação em condições de campo e a seleção assistida por marcadores moleculares foram apontadas como as mais importantes pelo pesquisador. “Na melhor das hipóteses e, dando tudo certo, o tempo necessário para a obtenção de uma cultivar de qualidade é de, no mínio, seis anos”, informou Suassuna, enfatizando que, de todos os nematoides identificados nas pesquisas, o produtor deve estar atento à espécie Meloidogyne enterolobii.
Debate aborda estratégicas para mitigação de fibras curtas e seu impacto na cadeia produtiva
03 de Setembro de 2024Uma das principais demandas do mercado internacional para o algodão brasileiro é a melhoria no conteúdo de Fibras Curtas (SFC). Essas fibras, com comprimento inferior a meia polegada (12,7 mm), representam um desafio para as fiações, resultando em perda de matéria-prima e redução da produtividade no processo. Para abordar as percepções do mercado externo sobre o SFC, discutir estratégias de mitigação e analisar o impacto na indústria têxtil, o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA) promoveu um debate com a presença do pesquisador Jean Belot, do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt), e do diretor industrial da Textil União, Samuel Yanase. A discussão ocorreu nesta terça-feira (03) e foi mediada por Marcelo Duarte, diretor de relações internacionais da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), realizadora do evento. “Um dos principais problemas de qualidade, atualmente, relatados por nossos clientes é a fibra curta. Embora tenhamos avançado consideravelmente em termos de micronaire, resistência e comprimento do algodão nos últimos anos, a questão de fibras curtas ainda apresenta desafios significativos”, afirma o diretor da Abrapa. Duarte ressalta que a solução para o problema é complexa e envolve múltiplas frentes: “As demandas passam por genética, manejo e beneficiamento. Identificamos as áreas que precisam de atenção e, com essa compreensão, o setor está pronto para enfrentar o desafio. Nosso objetivo é avançar e abordar cada um desses aspectos para que possamos estabelecer o algodão brasileiro como uma referência, também, no que diz respeito à fibra curta, um dos últimos pontos que precisamos aprimorar para atingir o nível de excelência desejado no mercado internacional”, garante. Para enriquecer a discussão, Yanase apresentou a perspectiva da indústria sobre o impacto da SFC. “Quanto menor o índice de fibras curtas, melhor é o resultado da qualidade da pluma. Quando o índice é alto, a fibra perde resistência, o que obriga a reduzir a velocidade das máquinas, resultando em uma queda significativa na produtividade.” Yanase também enfatizou que o alto índice de fibras curtas afeta o custo de produção, tornando o problema um desafio que impacta toda a cadeia produtiva. Nos últimos anos, o Brasil tem intensificado os investimentos para identificar as principais origens desse problema. As causas podem ser multifacetadas, começando pela escolha inadequada da variedade de algodão, passando pelos tratos culturais e chegando ao manejo no beneficiamento. Diante disso, o IMAmt e a Embrapa, com recursos do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e da Abrapa, desenvolveram um estudo, investigando as origens do problema e sugerindo mudanças e aprimoramentos, desde a escolha das variedades, até o manejo com a cultura na lavoura, na colheita e no beneficiamento. “É possível reduzir o SFC ainda no campo com um manejo adequado, realizado por mão-de-obra especializada. É importante destacar que a boa maturidade da fibra é um dos fatores fundamentais para evitar a fibra curta”, afirma Belot. O pesquisador também ressaltou a importância de monitorar os processos de beneficiamento, ajustando-os à qualidade inicial do algodão em caroço processado, para minimizar a produção de fibras curtas. “Uma das chaves para o sucesso é garantir uma excelente integração entre o campo e a algodoeira”, conclui.