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 Aspectos físicos, químicos e biológicos do solo na “lupa” do 14º CBA
03 de Setembro de 2024

O hub “Perfil e fertilidade de solo como estratégia para minimizar consequências da variabilidade climática” abordou um dos eixos de discussão do 14° Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), a fisiologia do algodoeiro. Com coordenação de Fernando Lamas, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, o painel reuniu três especialistas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) para falar sobre a importância de entender o perfil do solo e como corrigi-lo, para que ele esteja apto a enfrentar as adversidades, como as variações climáticas, cada vez mais comuns nas lavouras de todo o mundo. “Qualquer fato que venha a interferir na atividade fisiológica do algodoeiro pode resultar em queda da produtividade ou impacto negativo na qualidade da fibra”, explica Lamas. Para Álvaro Vilela Resende, da Embrapa Milho e Sorgo, o solo ideal é aquele que apresenta sinergia entre química, física e biologia, tendo a matéria orgânica como a “liga” dessa tríade.  “A gente está vivenciando um novo patamar de gerenciamento agrícola. No caso do manejo de solo, é preciso uma visão global de como integrar as características químicas, físicas e biológicas, através do manejo para utilizar o potencial produtivo de forma sustentável e com alta rentabilidade”, afirma o palestrante. Na sequência, o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Júlio Cesar Salton, abordou a qualidade física do solo. Para ele, a capacidade do “sistema solo” de proporcionar condições para as plantas enfrentar as adversidades climáticas, como a ocorrência de veranicos, está na cobertura permanente da superfície, que terá uma boa estrutura, graças à maior taxa de infiltração da água, dentre outros fatores.  “Essa qualidade física é resultado de um processo que não ocorre de um dia para outro. É uma construção ao longo do tempo. O elemento fundamental para que se verifique a qualidade física do solo é a entrada de carbono, através de plantas e raízes que vão levar matéria orgânica à terra. Isso vai proporcionar, ao longo do tempo, as condições desejadas”, explica Salton. Ieda Mendes, da Rede Embrapa de Bioanálise de Solos (BioAS), finalizou o debate falando sobre a saúde do solo como ponto fundamental para a produtividade da lavoura. “Solos biologicamente ativos são mais produtivos e mais resilientes. Toleram melhor as mudanças climáticas. E para manter os solos biologicamente ativos e produtivos temos que adotar sistemas de manejo que estejam mais alinhados com a natureza”, conclui Mendes.

O Futuro da Agricultura Irrigada no Cultivo do Algodão em foco no 14º Congresso Brasileiro do Algodão
03 de Setembro de 2024

Em um cenário de desequilíbrio climático global, a agricultura irrigada vem ganhando destaque como uma estratégia para o agronegócio brasileiro. O papel da agricultura irrigada no Brasil, especialmente no cultivo do algodão, foi debatido por especialistas renomados no 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), realizado em Fortaleza/CE, pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). O engenheiro agrícola Everardo Mantovani, o produtor Irrigante Celestino Zanela e o mestre em Irrigação, Igor Santos, compartilharam suas perspectivas baseadas em pesquisas, experiências e práticas de campo, destacando os aspectos econômicos, sociais e ambientais da irrigação como uma ferramenta para potencializar a produção agrícola no Brasil. Eles enfatizaram que a irrigação oferece maior segurança, eficiência tecnológica e resultados superiores, representando uma oportunidade no clima tropical brasileiro. Everaldo Mantovani revelou que mais de 60% do algodão mundial é irrigado, mas, no Brasil, o percentual é de apenas 8,1%, sendo 2,6% no Mato Grosso, 24,2% na Bahia e 14,7% nos demais estados. Mantovani destacou que o sistema de irrigação não apenas melhora a estabilidade da produção, mas também contribui para a mitigação do efeito estufa, otimiza os recursos e fortalece a segurança alimentar tanto no Brasil, quanto globalmente. Igor Santos, pesquisador e entusiasta do sistema, apresentou ferramentas tecnológicas para análise e monitoramento da umidade do solo, enfatizando a necessidade de profissionalizar a irrigação. Segundo ele, não adianta apenas irrigar, mas "irrigar bem" é fundamental, pois envolve um planejamento detalhado e execução precisa, adaptada às características específicas de cada área. O coordenador da sala, Celestino Zanella, encerrou o debate destacando que a agricultura irrigada é o caminho para o desenvolvimento em diversas regiões do Brasil. “Em áreas com precipitação pluviométrica irregular, a irrigação permite manter padrões consistentes de produtividade ano após ano, além de viabilizar a rotação de culturas”, concluiu.

Especialistas apresentam cases de sucesso de Controladoria e Gestão de Negócios no primeiro dia do 14º CBA
03 de Setembro de 2024

Controladoria e gestão para perpetuar os negócios e a importância disso para garantir a remuneração do produtor foi o centro das discussões no hub temático coordenado pelo administrador Arlindo Moura, presidente do Conselho de Administração da Santa Colomba Agropecuária e ex-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), durante a programação do primeiro dia do 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), que acontece de hoje (03) até quinta-feira (05), em Fortaleza/CE.  Também participaram do debate o agrônomo Rodrigo Rodrigues, diretor da Consultoria Falconi, e Ivo Brum, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da SLC Agrícola S.A. "O combustível que perpetua o negócio é o lucro. Esse lucro é a diferença entre a receita e as despesas. Tendo boa gestão e controle, o produtor vai assegurar o lucro e alcançar o melhor desempenho de seu negócio ", destacou Arlindo Moura. Durante o hub, foram apresentados dois cases de sucesso que ilustram como a gestão estratégica pode transformar negócios no setor agrícola. O agrônomo Rodrigo Rodrigues, a partir da experiência da Falconi, demonstrou como processos eficientes podem ajudar a mitigar riscos e aproveitar oportunidades. "A gestão é a capacidade de alcançar resultados e repeti-los. É ir elevando a barra e melhorando seu desempenho”, colocou Rodrigues. Ele destacou pontos que norteiam a atuação da Falconi, como governança estruturada, estratégia definida, diretrizes estabelecidas, estrutura e processos eficientes, dentre outros. Em seguida, Ivo Brum compartilhou o modelo de gestão que tem permitido à SLC crescer e consolidar-se como uma das maiores do setor no mundo. Brum destacou as práticas de governança e a visão estratégica que sustentam o desenvolvimento da companhia. "O importante é entender que o crescimento de uma empresa é um processo evolutivo. A empresa vai acompanhando o que o mercado quer e vai se adaptando", ressaltou, enfatizando o planejamento e a gestão de riscos como fatores estratégicos para os bons resultados.

Pesquisadores orientam sobre o manejo de pragas do sistema produtivo no 14º CBA
03 de Setembro de 2024

Ácaro, mosca-branca, tripes e a lagarta spodoptera frugiperda. Para além do bicudo, as pragas que mais ameaçam a produtividade das lavouras de algodão estiveram em pauta hoje na programação do 14o Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA).  No hub Manejo de pragas do sistema produtivo, pesquisadores em entomologia forneceram aos produtores do setor uma série de informações úteis para a proteção de suas safras a partir dos resultados de pesquisas atuais. Com um trabalho focado no manejo de ácaros e da mosca-branca no cerrado, o biólogo e entomologista do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), Jacob Crosarial Netto, enfatizou o avanço destas pragas na lavoura, provocado, entre outras coisas, pelas mudanças nas condições climáticas. “Há dez anos, estas eram pragas de baixa relevância; hoje, apesar deste ácaro não gostar de umidade, temos visto alta população do inseto, mesmo em climas chuvosos”, relata o pesquisador, que é mestre e doutor em Agronomia – Entomologia Agrícola pela Universidade Estadual Paulista (FCAV/UNESP – Jaboticabal). Na sequência, a pesquisadora na área de Entomologia da Fundação de Apoio a Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso – Fundação Mato Grosso, Lucia Vivian, abordou o manejo biotecnológico da lagarta spodoptera fugiverda nas culturas de soja, milho e algodão. “Esta praga tem uma plasticidade muito grande e que se adapta a diferentes condições ambientais e paisagens”, afirmou a pesquisadora, ao enfatizar uma série de cuidados que devem ser adotados no manejo. “Não é uma questão só de escolher o produto certo, mas ter cuidado com a tecnologia de aplicação, entre outras estratégias, para ter um controle mais efetivo da praga”, destacou. Já o professor Marco Tamai, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), enfocou os problemas com os tripes nas lavouras baianas, enfatizando desde a fisiologia do inseto até orientações para a avaliação e monitoramento, adoção de cultivares e pulverização do algodão, entre outros fatores, também com ênfase em resultados de pesquisa e orientações para o manejo. “O treinamento das equipes responsáveis pelo monitoramento, por exemplo, é fundamental para obter informações de qualidade do campo”, sinalizou o pesquisador.

Desafios climáticos inicia painéis de conteúdo técnico do 14º CBA desta terça-feira
03 de Setembro de 2024

Os desafios climáticos para a produção do algodão brasileiro: da fisiologia da planta à dinâmica das pragas foram amplamente discutidos durante palestra que abriu os conteúdos técnicos desta terça-feira (03), do 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA). Promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o encontro reuniu os pesquisadores Odair Fernandes, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (FCAV/Unesp), e Cornelio Zolin, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Agrossilvilpastoril, além do consultor Ederaldo Chiavegato para abordar como intempéries podem impactar a produtividade e a sustentabilidade da cultura da fibra no país. Mediado pela pesquisadora da Embrapa, Ana Luiza Borin, o painel abordou a produção agrícola, o desenvolvimento do algodoeiro e a dinâmica das pragas, considerando os desafios climáticos. “A agricultura é uma grande indústria a céu aberto, e discutimos como monitoramos e buscamos minimizar os riscos e impactos das mudanças climáticas nas lavouras de algodão. Fizemos uma 'viagem no tempo', apresentando dados históricos, atuais e projeções futuras para enfrentar esses desafios. Também analisamos o comportamento da fibra de algodão frente às alterações de temperatura e à redução da precipitação. Além disso, exploramos as tecnologias disponíveis e como podemos utilizar essas soluções integradas para mitigar os impactos das mudanças climáticas”, explicou Borin. Para Cornélio Zolin, a adaptabilidade é crucial para a atividade agrícola, e o uso de técnicas conservacionistas é fundamental para aumentar a resiliência das práticas rurais. "Adaptar nossa fazenda a situações que estão se tornando cada vez mais frequentes é essencial", destaca Zolin. Ele observa que, embora muitas variáveis no campo possam ser controladas, o clima não está entre elas. "É crucial ter clareza de que podemos controlar quase todos os fatores dentro da fazenda, exceto o clima. Se não podemos controlar esse fator, devemos adaptar nossas práticas para lidar com sua dinâmica e alcançar sucesso no sistema produtivo", explica. Ele apresentou um estudo sobre o aumento significativo da temperatura no Cerrado, principal bioma do algodão brasileiro. Com o aumento das temperaturas, a fibra de algodão não atinge seu potencial produtivo ideal em condições de calor intenso. "A raiz torna-se um novo foco de investimento, uma vez que a fase de pré-florescimento é particularmente sensível ao estresse térmico", explica Chiavegato. De acordo com o estudo apresentado, para cada aumento de 1ºC na temperatura, há uma redução de 100 kg/ha na produção de algodão. Outro desafio destacado pelo consultor é o micronaire, um índice que mede a finura e a maturidade da pluma após o beneficiamento. É uma característica intrínseca do algodão que afeta diretamente a qualidade do produto e sua aceitação nos mercados mais exigentes do mundo. Além de impactar o desenvolvimento do algodoeiro, as flutuações nas temperaturas e nos regimes de chuvas afetam diretamente o desenvolvimento de pragas e doenças. Segundo Fernandes, é essencial adotar um manejo integrado e eficiente para minimizar as perdas na produção. “O aumento da temperatura pode levar a um crescimento da população de pragas, mudanças em seu comportamento, surtos de vetores e maior sobrevivência durante o inverno. Por isso, é crucial monitorar de forma adequada, implementar sistemas inteligentes de monitoramento, utilizar modelos preditivos e aplicar biossumos”, conclui o pesquisador.

Protagonistas da cotonicultura nacional debatem desafios, oportunidades e experiências no 14º CBA
03 de Setembro de 2024

Em pouco mais de duas décadas, o Brasil se consolidou como grande player no mercado mundial do algodão e, como resultado, hoje ocupa a liderança das exportações da fibra, na safra 2023/2024. Para entender o significado desse protagonismo, o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), juntou expoentes da cotonicultura brasileira, na manhã desta terça-feira (03). Os desafios e oportunidades da produção foram debatidos por representantes de importantes grupos agrícolas, como SLC, Amaggi, Scheffer, Horita e GMS, sob a mediação do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Investimentos em produtividade, rastreabilidade, qualidade e sustentabilidade foram apontados como os lastros do algodão brasileiro, cuja imagem também representa a credibilidade internacional alcançada pelos produtores. E o que fazer para manter esse protagonismo? Essa resposta foi dada pelo mediador da plenária, e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. “Ninguém faz nada sem gente e é fundamental olhar e ouvir esses heróis que fazem o algodão brasileiro. Além das quatro bases já citadas para a consolidação dessa rota de crescimento, eu acrescento a constância. Temos que marcar nossa presença no mercado, em volume, qualidade e quantidade. Para isso, reduzir custos, investir em ciência e tecnologia tornarão o algodão brasileiro imbatível”. A similaridade das histórias de famílias humildes, superação de desafios e tomada de decisões inspirou o público. Para Blairo Maggi, do Grupo Amaggi, cuja família começou sua história com o algodão no Rio Grande do Sul, passando pelo Paraná até chegar ao Mato Grosso, a cotonicultura foi um sonho construído com obstinação. “A minha mãe, quando saiu de sua terra de origem, disse ao meu pai que jamais andaria para trás porque os sonhos estão sempre a nossa frente. Então, aprendi que devemos deixar nossa mente sonhar para fazer acontecer”. Com vasta experiência em acordos internacionais, o empresário, que também foi governador, senador e ministro, enfatizou que o grande desafio é conhecer o setor. Filho de pequenos agricultores também do sul do país, Carlos Alberto Moresco, do Grupo GMS, iniciou sua produção com 12 hectares de terra e hoje, com sete mil hectares arrendados, e diz que as oportunidades estão surgindo. “Estou engajado no segmento e faço meu negócio progredir, unindo pesquisa, tecnologia e novos conhecimentos”. Bastante ligado ao associativismo, ele, que é presidente da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa) diz que é importante interagir com as instituições. “No futuro, nossa obrigação é melhorar, atuando em conformidade com as associações estaduais que valorizam o nosso trabalho, fortalecem a cadeia produtiva e também conhecem o segmento. Temos que ensinar para as próximas gerações que, juntos, podemos superar qualquer desafio”, pontuou Moresco. Guilherme Scheffer, do Grupo Scheffer, faz parte da segunda geração de uma família gaúcha que se reergueu e se reinventou, enfrentando as dificuldades da produção de algodão em Sapezal, com 150 hectares. “Buscamos profissionalização, organização e, graças ao algodão, a gente cresceu. Devemos nossas vidas a essa cultura que não é para amadores”. Defensor da agricultura regenerativa, o empresário entende que o conceito ainda não foi muito bem captado pelo consumidor final, mas, os produtores devem investir. “Ter uma visão holística do negócio proporciona um pacote de melhorias, por isso, a agricultura regenerativa entrega muito mais. A prática nos ajuda a produzir mais com menos, regenerando e mantendo o sistema de produção. Então, é preciso conhecer sobre o tema e combater a desinformação”, avaliou Scheffer. Segundo Aurélio Pavinato, da SLC Agrícola, a história pavimenta o futuro, por isso ele se orgulha de ter enfrentado os desafios impostos pela vida, como abdicar de algumas benesses para realizar o sonho do algodão. “Ter um sonho, estabelecer estratégias e se ver crescer faz diferença em muitas vidas”. Ele enxerga o algodão como um tema complexo, mas desafiador em função das questões ambientais. “As necessidades dos países e faixas econômicas da sociedade possuem interesses diferentes com relação aos sistemas produtivos. Precisamos de um sistema ambiental, econômico e social que seja sustentável, motivar a todos e ainda fazer nosso marketing para ser modelo de tudo isso. Não precisamos mais derrubar árvores para atender à demanda de alimentos ou de biocombustíveis”, disse. Walter Horita, do Grupo Horita, plantou café, hortaliças e soja antes de incluir o algodão em sua matriz produtiva. “Temos uma eficiência financeira maior com o algodão, com um custo elevado e que requer uma estrutura de capital mais robusta”. Para ele, a qualificação da mão de obra rural tem acompanhado a evolução da agricultura e os jovens estão percebendo as oportunidades de trabalho no campo. Entre os principais desafios, Horita destacou as barreiras agrícolas impostas pelos países ricos. “Atacar nosso sistema de produção, criticando nosso algodão por questões socioambientais exige dos produtores um esforço extra. Ainda assim, seguiremos em frente”, finalizou Horita. Outro ponto destacado por todos os painelistas foi o cuidado com a imagem do Brasil no mercado internacional.  “Nossa propaganda é nossa qualidade. A reputação que temos no mundo todo é reflexo de um intenso trabalho para alcançar um produto de valor, competitivo e sustentável. Trouxemos todos esses líderes aqui porque, em suas trajetórias, eles sonharam, decidiram, erraram, acertaram e venceram.

14º CBA - Protagonismo duradouro: quais os caminhos para o Brasil manter a liderança?
03 de Setembro de 2024

Nomes de peso do trade do algodão estiveram reunidos nesta terça-feira (03), em plenária do 14° Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), intitulada “O algodão brasileiro em foco: perspectivas do mercado internacional”. Diante da recente conquista do Brasil como líder do ranking mundial das exportações da fibra, a pauta do encontro foi o protagonismo e as estratégias para consolidação do país como um dos principais players do segmento. Para o diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, o protagonismo do Brasil no mercado global do algodão é fruto de 25 anos de muito trabalho. “O país se reinventou na produção de algodão. Hoje somos líderes e essa liderança nos traz muita responsabilidade, porque não temos mais que seguir os outros e sim mostrar os caminhos. Agora, precisamos entender o momento de mudar a maneira como produzimos, melhorar nossa gestão agrícola e incentivar a demanda. Estamos aprendendo, a duras penas, que nossos concorrentes são principalmente a indústria de combustíveis fósseis e a indústria de celulose. Temos que enfatizar o que o algodão brasileiro tem de bom”, afirma Duarte. Para o analista de mercado americano Ron Lawson, o principal desafio do Brasil está no aumento da demanda. “A produção aqui não é o problema. Vocês conseguem plantar algodão muito bem. O problema está na demanda. Não há interesse por parte das empresas de vestuário em comprar e, por isso, elas esperam os preços caírem, e os especuladores conseguem puxar esse preço para baixo. Estes, sim, são a maior barreira que vocês têm que superar. Meu conselho é que não fiquem parados e renunciem ao seu potencial de lucro. Não é a espécie mais forte ou mais inteligente que vence e sim aquela que tem a melhor capacidade de se adaptar às mudanças”, avalia Lawson. Christian Schindler, da International Textile Manufacturers Federation (ITMF) trouxe uma visão da indústria têxtil sobre os motivos que levaram à queda na demanda. “Nosso problema foi a demanda nos últimos 18 meses. O ano de 2022 foi excelente para a nossa cadeia, que ganhou muito lucro. Mas a mudança aconteceu de maneira muito rápida, por vários motivos que contribuíram para esse cenário atual. Destaco a retração da economia na China, questões geopolíticas com os conflitos no mundo, gerando alto custo de logística e elevação da taxa de juros”, disse Schindler. E acrescentou que há pouca demanda da indústria, que acumulou estoque da fibra em 2022 e só voltarão a demandar quando os níveis desse estoque caírem. Natural Eric Trachtenberg, do International Cotton Advisory Committee (ICAC), acredita que o caminho para o Brasil melhorar a demanda a longo prazo está nas vantagens que o algodão traz. “O algodão é uma fibra natural, biodegradável, com potencial para a reduzir pobreza e conflitos, especialmente na África; traz o empoderamento feminino,  já que 43% dos produtores de algodão são mulheres; colabora com a redução de impacto nas mudanças climáticas, pois a fibra sequestra carbono; e a cultura pode se adaptar a condições secas, crescendo onde outras culturas não conseguem se estabelecer”, cita o representante do ICAAC, organização intergovernamental que ele define como as “Nações Unidas do Algodão”. Segundo Trachtenberg, a longo prazo, existem desafios a serem superados. O algodão custa mais do que os sintéticos, preferidos pelo fast fashion e roupas casuais para o trabalho em casa; por ser um produto natural, seu fornecimento pode variar a depender do clima e ainda há uma má reputação atribuída à cultura como grande consumidora de água. Freio de mão Posto os desafios, a estratégia para a consolidação do Brasil como protagonista no mercado da cotonicultura mundial a curto prazo está na combinação da redução dos custos com a produção e o aproveitamento das oportunidades de mercado. “A situação não é fácil. Esse ano está um pouco mais complicado porque a China puxou o freio de mão e diminuiu as compras. Parte do trade comprou seu algodão e a outra parte precisa ser vendida em meio a uma demanda restrita. Contudo, o importante é aproveitar as oportunidades de mercado para vender nosso algodão. Temos preço e temos qualidade. Essa é a estratégia a curto prazo”, acredita Miguel Faus, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea). Para o Presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel, a redução dos custos com a produção é primordial nesse momento. “O produtor tem que estar atento à redução de custos para produzir a nova safra sem perder a qualidade. Precisamos fazer a coisa certa, mas vencendo esse desafio de reduzir os custos na lavoura. Esperamos que 2025 seja um ano melhor para realizarmos mais vendas”, conclui.

Fávaro assinou termo de reconhecimento aos programas ABR e ABR-UBA
03 de Setembro de 2024

Durante a abertura do 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, por intermédio da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Responsável, Irrigação e Cooperativismo, assinou um termo de reconhecimento ao programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e ao programa Algodão Brasileiro Responsável para Unidades de Beneficiamento (ABR-UBA), entregando-o ao presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Alexandre Schenkel. O reconhecimento se baseia na portaria nº 337 do Mapa, de 08 de novembro de 2021, que estabelece requisitos mínimos de boas práticas agrícolas. O ABR está presente em mais de 80% da safra e, a partir de agora, o cotonicultor certificado pela iniciativa terá redução de juros em suas operações bancárias. “Todos os produtores que têm a certificação ABR terão um desconto de 0,5% dos juros dos seus custeios e investimentos do Plano Safra”, detalhou o ministro. Para Schenkel, este reconhecimento atesta o compromisso dos cotonicultores brasileiros com a sustentabilidade – ambiental, social e econômica. “Nós entendemos que a sustentabilidade é o único caminho para fazer crescer e perdurar a produção de algodão no país”, concluiu Schenkel. O ABR integra o pilar da Sustentabilidade, um dos quatro compromissos da Abrapa, que incluem ainda a Rastreabilidade, Qualidade e Promoção. O reconhecimento foi publicado no Diário Oficial da União no dia 08 de julho de 2024.