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Combate ao bicudo, sementes resistentes e extensor de pivô: novidades no Congresso do Algodão 
09 de Setembro de 2024

A cada dois anos, produtores, empresas e players do segmento do algodão se reúnem no Congresso Brasileiro de Algodão (CBA). Uma das características desse evento é o número de lançamentos e novidades voltadas para a cultura que costuma atrair os cotonicultores. Neste ano, foram 60 empresas expondo produtos, tecnologias ou apenas se posicionado para esse público. Por isso, o Agro Estadão foi atrás das principais inovações lançadas durante o 14º CBA. São desde defensivos agrícolas até plataformas voltadas para agricultura digital e de precisão. Biotecnologia para sementes As multinacionais Bayer e BASF já têm linhas com variedades resistentes a diferentes pragas e herbicidas. Porém, elas resolveram ampliar a oferta e trouxeram como uma das grandes novidades produtos que são resistentes aos defensivos aplicados na fase pré-emergente – antes do algodão aparecer a olho nu no campo. No caso da Basf, o lançamento foi o Sistema Seletio, conceituado como “um sistema de manejo de plantas daninhas”. As variedades de algodão com essa tecnologia prometem resistência ao herbicida Durance S, que é aplicado nesta etapa de pré-emergência da planta. Além disso, o Sistema Seletio também contém as tecnologias de resistência aos herbicidas à base de glifosato e de glufosinato, assim como a inclusão de proteínas que impedem ações de lagartas. Ambas inovações já estavam presentes em outras variedades comercializadas pela empresa. O gerente sênior de Marketing de Cultivo Algodão da Basf, Warley Palota, acrescenta que o Sistema Seletio traz a novidade de ser resistente ao ataque de nematoides do tipo rotylenchus, além de ser eficaz contra o tipo galha. “A resistência a nematoides pode aumentar entre 15% e 20% a produtividade se for plantado em uma área com histórico desses microrganismos”, diz Palota ao Agro Estadão. De acordo com a empresa, o produto estará disponível no portfólio da Fibermax e, inicialmente, deve contar com até três variedades. A tecnologia promete aumentar a produtividade em 3% a 5%. A Bayer apresentou o Bollgard 3 XtendFlex, a terceira geração da família Bollgard no Brasil. A tecnologia incorpora a resistência ao glufosinato e ao dicamba, além de manter a tolerância ao glifosato. O dicamba é usado para dessecação do terreno antes do plantio e o glufosinato de amônia tem a finalidade de controlar as plantas daninhas nas fases em que o algodão já está mais desenvolvido. “De forma geral, o manejo de plantas daninhas é hoje a grande dificuldade do agricultor”, afirma o líder de Produto de Soja e Algodão da divisão agrícola da Bayer no Brasil, Fernando Prudente. Ele também comenta que a tecnologia mantém as proteções contra seis tipos de lagartas, o que já era observado na geração anterior do Bollgard. O resultado é um acréscimo na produtividade, segundo Prudente. “Os nossos estudos mostram um incremento de produtividade de onze arrobas por hectare”, diz. A expectativa da empresa é ofertar ao mercado seis variedades de algodão ainda nesta safra. Defensivos, biodefensivos e inibidores Fungos, insetos e plantas daninhas são responsáveis por perdas na produtividade. Por isso, as empresas também estão apostando em novos produtos para combater essas adversidades do plantio. Azugro: solução contra plantas daninhas apresentada pela FMC Agrícola. O produto é a base de um princípio ativo novo, o bixlozone. Segundo o gerente de Algodão da FMC, Fabio Lemos, o produto é para uso pré-emergente e com um bom controle especialmente para o capim pé de galinha. “Hoje, o pé de galinha é o principal problema do cotonicultor no manejo das plantas daninhas”, complementa. Além do algodão, esse princípio ativo também pode ser utilizado nas culturas de arroz, trigo e tabaco. Sponta: inseticida desenvolvido pela Syngenta tem foco no combate ao bicudo do algodão. A praga que praticamente dizimou a cultura na década de 1980 ainda requer atenção. Além do bicudo, o produto tem atuação contra ácaros e tripes. O princípio ativo plinazolim também é novo no Brasil. “A recomendação é trabalhar em baterias. São três aplicações de 80 ml por hectare na fase de 70 a 100 dias [do algodão]. Com isso, a gente pega a mesma geração de bicudo trabalhando assim até o conceito de resistência”, diz Rafael Borba, gerente de Marketing do Algodão da Syngenta. Attila: novidade da Bayer para o enfrentamento do mofo branco. O fungicida é focado no controle desse fungo na cultura do algodão. Possui o princípio ativo fluoripam e é indicado principalmente para áreas irrigadas ou que tenham alta umidade. Vinquo: outro lançamento da Basf, o inseticida é para controle do pulgão, que pode ser um problema para a produtividade e qualidade do algodão. Isso porque os pulgões, além de sugarem a seiva da planta, também excretam substâncias açucaradas que depois podem originar a fumagina, ou algodão doce, na pluma. No processamento da fibra, isso pode ocasionar prejuízos, por isso, empresas não compram esse algodão. Segundo a Basf, o Vinquo tem o princípio ativo afidopiropeno, uma molécula nova e que não há relato de insetos resistentes a ela. KBT Redox: o nome vem de Redução das Espécies Oxidativas de Oxigênio, isso porque o produto não é um fisioativador que ajuda na mitigação das altas temperaturas. Como pontua o gerente de portfólio da Kimberlit, Bruno Neves, “com temperaturas altas, a planta reduz a fotossíntese, que consequentemente reduz o desenvolvimento e produtividade da planta”. Em testes, o produto alcançou redução entre 1,3ºC e 1,8ºC na folha da planta e é indicado para diminuir o estresse térmico da lavoura. Dissara: bioinseticida da Bionat, a solução tem foco no controle de lagartas. É formado por um mix de bacilos (bactéria) com metarhizium (fungo). É recomendado para combate da lagarta da soja, lagarta falsa medideira, lagarta helicoverpa, lagarta do cartucho, lagarta preta e lagarta das folhas. Um diferencial é a ação contra diferentes fases do inseto, sejam eles pequenos ou grandes. Agricultura irrigada e digital Apesar de corresponder a cerca de 8% de tudo que é plantado no Brasil, o algodão irrigado tem crescido em áreas como o oeste da Bahia. O diretor comercial e de marketing da Lindsay, Cristiano Trevizam, ressalta que mesmo sendo uma inovação dentro da cultura, muitos produtores têm procurado implementar a irrigação para trazer mais estabilidade de produção. A empresa apresentou no Congresso  a novidade Custom Corner, que é uma espécie de pivô central estendido. “Além de fazer o círculo, esse pivô tem na extremidade dele uma extensão que amplia em até 25% a área irrigada”, reforçou. Basicamente, ele alcança áreas chamadas de calcinhas – termo utilizado para nomear as áreas que ficam fora do círculo do pivô central. “O pivô sai de uma geometria circular pura, para um layout quase que quadrado, irrigando a área plena do produtor”, complementa Trevizam. Além disso, a Lindsay também apresentou um sistema de gestão hídrica para a irrigação. Esse monitoramento e aplicação de água é feito pelo Sistema FieldNet, que praticamente automatiza a irrigação utilizando o GPS. Na área de agricultura digital, outras empresas também mostram as novidades: Plantio em taxa variável: o algodão terá um plantio de precisão dentro do xarvio, plataforma da BASF. Com o mapeamento do solo e a escolha da variedade, o sistema gera uma recomendação de plantio com distribuição diferente de semente em um mesmo talhão. Segundo o gerente da multinacional, Warley Palota, isso tem um incremento de 6% a 8% na produtividade. O sistema já estava operacional para outras culturas, como soja e milho, e agora passa a ser aplicada para o algodão. Cropwise e Perfect Flight: a Syngenta também anunciou novidades na sua plataforma de agricultura digital. Agora, os produtores poderão adquirir o serviço de pulverização aérea monitorada. A parceria com a startup Perfect Flight foi divulgada durante o evento e foi o que abriu o campo desse serviço. O que vem por aí? Algumas empresas também anteciparam o que deve ter no mercado nos próximos anos. É o caso do tymirium, uma nova molécula desenvolvida pela Syngenta e que está em fase de registro. Como explica o gerente de Marketing de Produto para Tratamento de Sementes da empresa, Leonardo Cavada, a novidade vai resguardar as sementes contra nematoides e patógenos de solos. “No algodão, a gente tem um desafio tremendo que é o estabelecimento de cultura”. Além disso, o gerente comentou que será a “primeira vez que teremos um tratamento de semente trazendo controle também para doenças foliares”. A expectativa é ter o produto já na safra 2025/2026. Quem também divulgou produtos em fase de registro foi a Corteva. O primeiro é o fluazaindolizine, um nematicida para controle dos gêneros Rotylenchulus e Meloidogyne. A substância também promete ter um alto nível de seletividade, o que pode ser incluído em manejos com biológicos. O segundo é um fungicida à base de florylpicoxamida. A molécula é tida como inovadora pela empresa e tem um bom resultado contra a ramulária. Ambos ainda não tem previsão de lançamento. *Jornalista viajou a Fortaleza (CE) a convite da Abrapa Fonte: https://agro.estadao.com.br/inovacao/combate-ao-bicudo-sementes-resistentes-e-extensor-de-pivo-novidades-no-congresso-do-algodao

Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa
06 de Setembro de 2024

Destaque da Semana - Esta semana ocorreu com muito sucesso o 14º Congresso Brasileiro do Algodão em Fortaleza-CE. No mercado, as cotações oscilaram em torno de 70 U$c/lp, fechando em leve baixa na semana até ontem. Apesar de termos o relatório mensal do USDA na próxima semana (12/set), as atenções estão na macroeconomia. Algodão em NY - O contrato Dez/24 fechou nesta quinta 05/09 cotado a 69,44 U$c/lp (-0,7% vs. 29/ago). O contrato Dez/25 fechou em 70,95 U$c/lp (-0,5% vs. 29/ago). Basis Ásia - O Basis médio do algodão brasileiro posto Leste da Ásia é de 769 pts para embarque Out/Nov-24 (Middling 1-1/8" (31-3-36), fonte Cotlook 05/set/24). Altistas 1 - Devido ao clima, a safra de algodão do Paquistão será menor que o esperado e isso deve gerar maior demanda por importação. Altistas 2 - Na Índia, fortes chuvas também têm prejudicado a safra local, atrasando a colheita – o que aumenta o interesse por algodão importado. Altistas 3 - Além disso, a Cotton Corporation of India (CCI) planeja comprar até 2,6 milhões tons de algodão com preço mínimo bem acima dos valores de mercado – reforçando o interesse das fiações por algodão importado, mais barato. Baixistas 1 - Com as chuvas recentes, as condições das lavouras nos EUA melhoraram na última semana. Baixistas 2 - No relatório de vendas do USDA de hoje (6), de novo foi notada a ausência da China, que tem freado suas compras (do Brasil também) até agora. A cota de 200 mil tons anunciada em julho ainda não foi liberada para as indústrias. Baixistas 3 - A demanda em toda a cadeia continua fraca em grande parte do globo, sendo essa certamente a maior preocupação da cadeia em todo o mundo. EUA 1 - As lavouras classificadas com condições “boas a excelentes” nos EUA passaram de 40% para 44% nesta semana. Já os talhões “ruins a muito ruins” caíram de 28% para 24%. EUA 2 - A divulgação do próximo relatório do USDA de Oferta e Demanda, na próxima quinta (12), tem gerado expectativa sobre uma possível revisão na safra dos EUA. Bangladesh - Nesta semana, confecções bengalesas foram palco de vários protestos por vagas de empregos. Polícia e exército foram acionados e cerca de 150 fábricas fecharam as portas. Paquistão 1 - No fim de semana, o ciclone Asna levou chuvas fortes para regiões produtoras. Muitos campos ficaram alagados e houve infestação de pragas. Paquistão 2 - Com a colheita e o beneficiamento interrompidos devido ao clima, algodoeiras fecharam ou reduziram a escala de produção. Índia 1 - O USDA atualizou os números da safra indiana prevendo 11,8 mil ha de área plantada no ciclo 2024/25. A produção foi projetada em 5,2 milhões tons, com importações de 260 mil tons e exportações de 440 mil tons. Índia 2 - As fortes chuvas, entretanto, podem mudar esse cenário. Regiões produtoras (como Gujarat e Maharashtra) registram perdas de até 70%, e já se fala em uma queda de 10% a 15% na safra 2024/25. Turquia - Inflação e juros altos podem ser os fatores da desaceleração do mercado turco. A baixa demanda tem gerado pessimismo. Observadores informam que as fábricas têxteis operam com no máximo 65% da capacidade. Indonésia - Alerta na indústria indonésia. Em agosto, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) foi de 48,9 pontos – abaixo de jul/24 e dos 50 pontos que indicam contração na atividade. A última queda na atividade industrial no país foi em ago/21. Austrália – O Abares aumentou para 1 milhão tons a estimativa de produção de algodão da safra 2024/25. Se confirmada, será uma redução de 7% em relação ao ciclo 2023/24. Agenda - Nesta semana, o Cotton Brazil participa do Congresso Mundial da Indústria Têxtil (ITMF) no Uzbequistão. Em seguida, a Abrapa segue para seminários e reuniões com governo e empresas na Índia, um dos mercados foco do programa. Exportações - As exportações brasileiras de algodão somaram 111,7 mil tons em agosto/24, alta de 7,1% com relação ao mesmo mês de 2023. Agosto é o primeiro mês do ano comercial 2024/2025. Colheita 2023/24 - Até ontem (05/09), foram colhidos no estado da BA (89,86%), GO (90,93%), MA (93%), MG (89%), MS (100%), MT (97%), PI (83,8%), PR (100%) e SP (99%). Total Brasil: 95,53%. Beneficiamento 2023/24 - Até ontem (05/09), foram beneficiados no estado da BA (60%), GO (54,56%), MA (40%), MG (66%), MS (54%), MT (34%), PI (29,68%), PR (100%) e SP (98%). Total Brasil: 40,30%. Preços - Consulte tabela abaixo ⬇ Tabela (2) Este boletim é produzido pelo Cotton Brazil, iniciativa que representa a cadeia produtiva do algodão brasileiro em escala global. Contato: cottonbrazil@cottonbrazil.com

14° CBA encerra com painel dedicado à liderança feminina no agronegócio
05 de Setembro de 2024

O último dia do 14° Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), foi dedicado a “elas”. Dez mulheres, cada uma com sua trajetória, estiveram reunidas na tarde desta quinta-feira (05) no workshop “Fortalecendo a presença feminina na indústria do algodão” para falar sobre uma paixão em comum a todas: a cotonicultura. O primeiro painel teve a coordenação da vice-presidente da Abapa, Alessandra Zanotto Costa, que falou sobre a importância da liderança feminina no Brasil. “As mulheres têm se destacado em posições de comando, influenciando positivamente com a sensibilidade e a capacidade de comunicação, essenciais para o sucesso do setor a longo prazo”, afirmou. Exemplo de representatividade e liderança, a economista e ex-ministra do trabalho Dorothea Werneck deu sequência ao encontro abordando a equidade de gênero e a diversidade nas organizações. Ela destacou a importância de as mulheres não terem medo e valorizarem suas ideias dentro das organizações. “O medo imobiliza. Precisamos é agir. Se não deu certo, pedimos desculpas e fazemos de outro jeito. Não temos que ter medo de errar. Valorizem suas ideias, tenham opinião”, disse. Na sequência, a cofundadora da Cotton Diaries e consultora de sustentabilidade, Marzia Lanfranchi, falou sobre o papel da mulher no setor de algodão através de sua própria história. Ela contou que, aos 28 anos, quando tinha acabado de fundar a Cotton Diaries, participou de sua primeira conferência na cotonicultura. “Quando entrei na sala, olhei à minha volta e havia, sobretudo, homens brancos com mais de 50 anos, usando ternos pretos. Fiquei nervosa porque, apesar de eu ter qualificação, sabia que nenhum deles era como eu. Coloquei um vestido e sapatos pretos para me encaixar naquela situação. Minha apresentação foi diferente porque trouxe uma abordagem envolvendo o lado humano da cotonicultura. Ao final, percebi que, por detrás daqueles ternos, havia sorrisos. Fui muito parabenizada e pensei: essa é a minha entrada na cotonicultura. Mas, logo depois, tive o desprazer de ouvir de um homem que eu deveria ao menos estar usando salto alto para instigar o desejo dos homens. Aquilo acabou com minha autoconfiança. Hoje aprendi que devemos ter menos ego, orgulho, formalidade e mais parceria, empatia, humor e representatividade. É por isso que estou aqui hoje”, disse. A representatividade feminina também foi o foco da apresentação da diretora do Rural Banking, divisão agrícola do Rabobank no Brasil e na América do Sul, Pollyana Saraiva. Ela abordou a importância da presença feminina para o Brasil e, em específico, para o agronegócio brasileiro, sobretudo no que diz respeito à sucessão nas famílias empresárias dentro das porteiras das fazendas. “Acredito que estamos passando por um momento de transformação no setor. Mas as mulheres ainda precisam estar mais à frente da tomada de decisões da família junto ao banco, sendo incentivadas a participar cada vez mais do agronegócio”, afirma. Compartilhou da mesma opinião a vice-presidente de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da Syngenta para a América Latina, Grazielle Parenti. Com mais de 30 anos de experiência e alta representatividade na Indústria de alimentos e do agronegócio, com passagens pela BRF, Diageo e Mondelez, a executiva apontou a importância de uma boa sucessão dentro de uma família empresária, pois o risco de não dar certo é grande. “Acredito muito na participação feminina na área de governança, pois elas querem que a família continue harmônica e prospere”, diz. Vice-presidente da Mallory Eletroportáteis, membro fundadora do grupo Mulheres do Brasil e líder do núcleo Fortaleza, Annette de Castro trouxe sua grande experiência como executiva para afirmar que as mulheres precisam agir. “Há 50 anos, fundei uma fábrica na qual tínhamos 5 mil mulheres trabalhando. Tivemos que contratar psicólogos para os homens porque as esposas estavam empregadas e eles não. Penso que temos que andar com velocidade, mas manter o que temos dentro da alma, e isso as mulheres conseguem fazer com facilidade porque possuem empatia”, acredita. O segundo painel, “Cultivando o Futuro: O Papel das Mulheres na Produção de Algodão”, foi mediado pela gestora do projeto setorial Cotton Brazil na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Rafaela Albuquerque. “O incentivo à inclusão de mais mulheres em cargos de liderança traz novas perspectivas para o setor, uma vez que a diversidade de gênero é associada a uma maior capacidade de resolver problemas de maneira criativa e eficaz”, afirmou. Kim Hanna, da ICA Women in Cotton, abriu o debate com participação online, abordando a liderança feminina no mercado internacional e a importância das conexões globais entre mulheres atuantes no setor. “A diversidade de gênero é muito importante porque todo mundo merece ser promovido e receber um salário justo de acordo com suas capacidades”. Integrou o painel, também, Ingrid Zabaleta, assistente executiva regional da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), que destacou o desenvolvimento no setor do algodão através da igualdade de gênero aliada à sustentabilidade. A produtora rural Geni Schenkel, do movimento Agroligadas, fechou a programação falando sobre o sucesso da iniciativa, que completou seis anos. “A Agroligadas busca conectar mulheres de diversos setores a fim de inspirar uma nova visão sobre o agro através da educação e da criação de conteúdo. Conseguimos construir uma comunidade que gera conexão, trocamos conhecimentos e inspiramos lideranças femininas no setor”, conclui.

Workshop sobre nutrição do algodoeiro no 14º CBA
05 de Setembro de 2024

No último dia (05/09) do 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a sala “Nutrição do Algodoeiro" atraiu um público diversificado de produtores, estudantes e empresários, ávidos por discussões técnicas e práticas sobre o manejo da cultura. Esse workshop foi um dos seis realizados simultaneamente e abordou tópicos relativos a solo, plantas e conceitos estratégicos de manejo do algodão. Na parte teórica da oficina, três especialistas renomados compartilharam seus conhecimentos. Álvaro Vilela Resende, doutor em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), destacou a importância de resgatar conceitos básicos de fertilidade do solo e alertou sobre os riscos de seguir fórmulas prontas. “A química do solo possui nuances que não mudam. Precisamos despertar o senso crítico e evitar a passividade diante das situações que exigem estratégias específicas”, ressaltou Resende. Com uma apresentação dinâmica e interativa, Evandro Fagan, professor do Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM), abordou o manejo adequado de nutrientes e fertilizantes, explicando como essas práticas podem influenciar o crescimento da planta, minimizar estresses ambientais e melhorar a produtividade. “O conhecimento é o insumo mais caro na agricultura. Precisamos entender que a nutrição complementa o que as raízes não absorvem, e para isso, devemos ampliar nosso entendimento e empenho”. O ponto de vista de Marquel Jonas Holzschuh, coordenador de Solos e Pesquisa do Setor de Planejamento Agrícola da SLC Agrícola, sobre a necessidade de adaptação do manejo do solo às diferentes condições regionais do Brasil foi apresentado na sala. “Cada um tem uma forma de fazer, mas a ideia é trazer questionamentos e reflexões para esse workshop. Qual o solo ideal, qual a condição ideal de fertilidade para essa cultura? Existem diferentes maneiras de fazer um plano adequado, a partir das estratégias e condições de cada produtor”, pontua, Marquel. Prática Na segunda etapa do workshop, os participantes foram desafiados a elaborar planos de adubação e correção de solo para o algodoeiro, baseados em quatro cases reais. Segundo o coordenador da sala, Leandro Zancanaro, o objetivo foi permitir que os presentes aplicassem os conhecimentos teóricos em simulações práticas. “No campo é preciso ter todo esse conjunto de informações. A análise do solo, por exemplo, é apenas uma ferramenta e nossa intenção não é dizer o que é certo ou errado, tudo tem fundamento na pesquisa. Mesmo com pontos de vistas diferentes, só é preciso respeitar os conceitos agronômicos e respeitar a ciência”, reflete Zancanaro no encerramento da dinâmica. Congressista de Palmas, Tocantis, Luís Paulo Benício, foi um dos participantes a apresentar sugestões de plano de adubação e achou a oportunidade inovadora. “Os congressos normalmente são repetitivos, mas esse foi muito importante, porque nos da a oportunidade de estar em contato com outros profissionais, de discutir ideias, aprender e, também compartilhar aprendizados. Então, para mim, foi muito construtivo. É um momento de expor as ideias e pensar se estamos no rumo certo”, refletiu Benício.

14º CBA - Avanços e desafios na utilização de ferramentas biológicas na agricultura
05 de Setembro de 2024

O uso de ferramentas biológicas na agricultura foi o foco do Workshop 5, realizado na tarde desta quinta-feira (05), durante o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA). Sob a coordenação do professor Thiago Gilio, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), o encontro reuniu quatro especialistas que discutiram os desafios e oportunidades associados à adoção de insumos biológicos. O debate destacou a importância crescente dessas tecnologias no setor agrícola, revelando tanto as barreiras a serem superadas quanto o potencial promissor para a inovação no cultivo agrícola. “Preparamos o encontro para ser o mais provocativo possível, apresentando uma visão geral sobre o uso de biológicos e bioinsumos e atualizações técnicas e oportunidades que abrangem desde a prospecção, produção, aplicação e interações até formas de avaliar seus efeitos em diferentes sistemas produtivos ao longo do tempo,” explica Thiago Gilio. Entre os principais desafios apresentados estão a identificação de microrganismos eficazes, a produção em larga escala mantendo a qualidade, o transporte, o desenvolvimento de métodos eficientes de aplicação no campo, a adaptação a diferentes condições climáticas, o domínio de conhecimento de regulamentações complexas e o entendimento da interação desses microrganismos. “Apesar dos obstáculos, também existem oportunidades promissoras no avanço desses estudos”, garante Gilio. Fabiano Perina, pesquisador da Embrapa Algodão, abriu a programação, com o tema “Biológicos no controle de doenças e nematóides em algodoeiro”. Atualmente, faz pesquisas sobre o manejo e diagnóstico de doenças e nematóides e sistemas de produção de algodão. “O Brasil se destaca como o maior produtor e consumidor mundial de insumos biológicos, uma posição reforçada pelo vasto tamanho de suas áreas cultivadas, a capacidade de realizar até três safras em algumas culturas e o ambiente tropical favorável. Atualmente, 34% das áreas cultivadas no Brasil são tratadas com produtos biológicos. Na safra de 2023, o uso desses insumos cresceu mais de 35%.”, apontou o pesquisador. No cultivo do algodão, por exemplo, 64% da área total foi protegida com produtos biológicos em 2022. No Oeste da Bahia, 70% das fazendas utilizam biológicos, um dado fornecido voluntariamente, que reflete a adesão dos produtores aos bioinsumos. O professor associado da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Galdino Andrade Filho, apresentou os compostos secundários de microrganismos, interações e potenciais usos na agricultura. “Mostramos a avaliação do potencial de colonização de microrriza em casa de vegetação”, diz. Ela é um tipo de associação simbiótica não patogênica entre fungos, benéficos e específicos do solo, e raízes de plantas superiores. Na sequência, a líder do grupo de pesquisa em Biodiversidade e Biotecnologia Agrícola, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Martha Viviana Celly Torres traçou um panorama do uso de bioinsumos de base microbiana no norte de Mato Grosso. “ As ferramentas biológicas podem melhorar a saúde do solo, aumentando a biodiversidade microbiana, mas precisamos entender seu contexto e fazer o monitoramento a cada safra em diferentes sistemas produtivos” ressalta. Para encerrar a programação, a sócia fundadora da GoGenetic e CEO da Start-up GoSolos, Vânia Pankievicz, abordou a metagenômica como ferramenta para a utilização e aplicação de bioinsumos. Tais insumos são fundamentais para o processo de desenvolvimento das plantas, sendo benéficos para evitar pragas e estimular seu crescimento. Por isso, a seleção de quais substâncias serão usadas deve ser feita de forma minuciosa. “É muito importante termos certeza de que aquela bactéria, aquele fungo que está sendo aplicado na lavoura, é realmente a espécie esperada e possui as características que deve ter”, conclui.

Workshop explora novidades em tecnologia no campo para o manejo do algodão
05 de Setembro de 2024

Drones, aeronaves, nano satélites e robôs fazem cada vez mais parte da rotina do produtor rural. No último dia do 14º Congresso Brasileiro de Algodão, a plateia do evento pôde aprender mais sobre os desafios e oportunidades que as tecnologias emergentes estão trazendo para o campo em um workshop conduzido como um bate-papo descontraído e interativo com especialistas do Brasil e exterior. Coordenador do workshop, o pesquisador da Embrapa Instrumentação, Lúcio André de Castro Jorge, forneceu uma visão geral de facilidades oferecidas pelas ferramentas para captura de dados no campo – e dos cuidados que os cotonicultores devem ter para utilizá-las. “O produtor tem na palma da mão hoje uma grande quantidade de dados, mas para que estes dados possam ajudar a gente a tomar decisão, é preciso pensar no tratamento e escolher adequadamente os sensores”, alertou. Na sequência, o engenheiro agrônomo Eugênio Schroder, da Rededrones, formada por empresas de prestação de serviço na área, focou em dicas práticas para o uso dos drones em atividades agrícolas. “Nos últimos anos, os drones evoluíram demais e os motivos para utilizá-los são vários: são equipamentos mais democráticos e ecléticos, muito precisos e que permitem dispensar a necessidade do trabalhador dentro do talhão tratado”, argumentou. Já Bruno Pavão, chefe de operações robóticas da Solinftec, traçou um panorama do desenvolvimento robótico voltado para o manejo do algodão. ”A plataforma robótica é só um instrumento de navegação e o principal objetivo de utilizá-la com Inteligência Artificial deve ser criar estratégia de manejo. O uso precisa ser operacionalmente viável, ter qualidade de resultados e análise de multicamadas, porque o bem mais valioso da tecnologia é a tomada de decisão”, defendeu. Ao final, o diretor do Texas A&M AgriLife Research and Extension Center’s Weslaco and Corpus Christi, nos Estados Unidos, professor Juan Landivar falou sobre agricultura digital para gestão de culturas e previsões de produtividade. “Temos excelentes oportunidades, mas os desafios são grandes: a crescente disponibilidade de dados representa uma oportunidade enorme para aumentar a resiliência e a eficiência da produção agrícola numa escala inimaginável, mas o grande desafio é pensar criticamente esses dados e utilizá-los para fazer escolhas com sabedoria”, ressaltou o professor.

14º CBA - Novas tecnologias e monitoramento auxiliam o controle de ervas daninhas
05 de Setembro de 2024

Um dos grandes desafios enfrentados pelos cotonicultores é o manejo de plantas daninhas no sistema de produção. Por isso, Workshop 1, da 14ª edição do Congresso Brasileiro do Algodão (CBA) abordou este tema com a participação de uma equipe de especialistas: Anderson Cavenaghi, mestre e doutor em proteção de plantas pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu-SP, e Fernando Adegas, pesquisador da Embrapa Soja, sob a coordenação de Edson Andrade, pesquisador do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt). Os palestrantes apresentaram cenários e estimularam debates sobre as plantas daninhas, que podem causar perdas de até 90% na produtividade e outros impactos negativos na qualidade do algodão. Durante o workshop, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer as tecnologias mais recentes e as técnicas mais atuais para otimizar o controle dessas plantas daninhas, que complicam as práticas de manejo, servem como hospedeiras para outras pragas e, em se tratando do algodão, afetam diretamente a qualidade do produto. Anderson Cavenaghi abriu o encontro com a palestra “Plantas Daninhas Resistentes a Herbicidas no Cerrado”, abordando os principais desafios enfrentados pelos produtores de algodão no manejo de plantas resistentes a herbicidas, como o Capim-Pé-de-Galinha e o Caruru, além de plantas de difícil controle, como a Vassourinha de Botão, dentre outras. “Para todas as dificuldades encontradas com as ervas daninhas, a principal ação é o monitoramento das lavouras e pensar em mais alternativas de manejo do sistema”. Em seguida, Fernando Adegas abordou o tema “Importância do Uso de Pré-emergentes no Sistema Soja/Algodão” para potencializar a eficiência de controle no campo. “O uso de herbicidas pré-emergentes tem se tornado cada vez mais essencial. Eles não apenas permitem o início da lavoura sem a competição de plantas daninhas, mas também servem como uma estratégia eficaz para diversificar os mecanismos de ação dos herbicidas. Essa abordagem contribui para retardar o desenvolvimento de resistência em plantas daninhas e aprimora a eficácia geral do manejo ao longo do ciclo da lavoura”, explicou. Ministrada pelo coordenador da sala, Edson Andrade, a palestra “Novas tecnologias transgênicas na cultura do algodão” encerrou o encontro, respondendo aos participantes o que esperar dessas ferramentas tecnológicas na cultura do algodão. Andrade tratou não apenas dos lançamentos da safra, mas principalmente, abordou as tecnologias transgênicas Seletio TwinLink Plus (STP) e Bollgard 3XTendFlex (B3XF). “Essas tecnologias, cada uma com suas particularidades, serão ferramentas importantes e, junto com o monitoramento, são o futuro para auxiliar no manejo de plantas daninhas”, finalizou o especialista.

Workshop promovido pelo 14º CBA apresentou inovações tecnológicas para agricultura familiar do algodão
05 de Setembro de 2024

Entre as atividades que movimentaram o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), nesta quinta-feira (5), em Fortaleza, se destacou o workshop "A Produção da de Algodão na Agricultura Familiar". O objetivo foi oferecer informações sobre inovações tecnológicas, sociais e metodológicas implementadas por diferentes instituições que atuam em todos os elos da cadeia do algodão, com um recorte para a produção orgânica em pequenas áreas de agricultura familiar. O workshop também levou informações sobre a cooperação internacional oferecida pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), em associação com organismos internacionais. A atividade foi coordenadora de Cooperação Sul-Sul Trilateral com Organismos Internacionais da ABC, Cecília Malagutti, e teve a participação da chefe da Embrapa Algodão, Nair Helena Arriel; do presidente da Associação dos Produtores do Estado do Ceará - território Cariri (Apace), Francisco Juscelino Sampaio, e do presidente da Associação de Produtores de Algodão (Apaece) e Sindicato do Óleo do Estado do Ceará, Airton Carneiro. Também participaram do workshop a assistente executiva no Fundo das nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) para o Projeto +Algodão, desenvolvido com o governo brasileiro, Ingrid Zabaleta, e a representante da Comissão Técnica da Rede Borborema de Agroecologia, Maria Amália Marques, que atua com produtores familiares orgânicos da Paraíba. Ingrid abordou a cooperação entre os países, enquanto Maria Amália tratou da certificação e da comercialização. "O CBA é uma oportunidade para que países parceiros que trabalham em cooperação Sul-Sul, sejam da África ou da América Latina possam conhecer as inovações tecnológicas desenvolvidas pelo Brasil, por meio de suas várias instituições. Também é uma oportunidade para que haja um contato direto entre pesquisadores, técnicos e gente do campo", destacou Cecília Malagutti. Segundo a chefe da Embrapa Algodão, pouco mais de 20 países no mundo produzem algodão orgânico. No Brasil,  existem cerca de 21 mil famílias atuando nesse tipo de plantio. " Viemos aqui mostrar como a pesquisa, desenvolvimento e inovação podem contribuir para o avanço dessa produção orgânica", colocou Nair Arriel. O presidente da Apace falou sobre a retomada do algodão no Ceará, que já teve uma produção significativa no país.  "Depois de 30, voltamos a plantar algodão no Cariri. Queremos mostrar como essa revitalização da cultura está sendo feita", disse Juscelino Sampaio. Por sua vez, Airton Carneiro, da Apaece, apresentou o trabalho que é feito nas demais regiões do estado.