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Trabalhos científicos são premiados e fomentam conhecimento no último dia do 14º CBA
05 de Setembro de 2024

A razão do Congresso Brasileiro do Algodão sempre foi fomentar conhecimento. E mesmo hoje, com um variado leque de outros temas discutidos, como tendências de mercado e macroeconomia, a ciência continua sendo o coração do evento. Dos 288 trabalhos científicos apresentados, 12 foram premiados na manhã desta quinta-feira (05), durante o 14º CBA. Divididos em oito categorias, os trabalhos versaram sobre Produção Vegetal, Agricultura Digital, Controle de Pragas, Colheita, Beneficiamento e Qualidade, além de Fitopatologia, Matologia, Socioeconomia e Biotecnologia. Os premiados da terceira à quinta colocação receberam um tablet Samsung. A segunda colocação levou para casa um notebook e o primeiro lugar recebeu uma bolsa de pesquisa no valor de R$ 10 mil. Para o coordenador da Comissão Científica do CBA, Jean Bellot, o aprimoramento da produção do algodão no Brasil é reflexo do elevado nível das diversas pesquisas desenvolvidas no mundo acadêmico em todo o país. “Melhoramos em volume e qualidade em relação aos trabalhos científicos. Essa premiação vem incentivar ainda mais esse aspecto, estimulando desde o jovem até o pesquisador sênior a seguir com a pesquisa científica em benefício da produção do algodão”, disse Bellot, lembrando que a participação de professores de universidades e institutos federais vem sendo cada vez mais estimulada no CBA, seja na graduação ou pós-graduação. “Afinal, o crescimento de uma cadeia produtiva forte também depende de boas pesquisas fundamentadas”. Na categoria estudante de graduação, a vencedora foi Giovanna Maniezzo de Mattos, com o trabalho “Fracionamento físico e estoque de carbono de um solo arenoso sob diferentes sistemas de preparo e plantas de cobertura”. Além do prêmio, ela ganhou uma inscrição com passagem e hospedagem para o período do CBA. Na categoria estudante de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, o vencedor foi Deivid Sacon, com o trabalho “Etiologia das manchas foliares atípicas na cultura do algodoeiro”. Na categoria professor orientador, o vencedor foi Fábio Rafael Écher que foi premiado com uma bolsa de pesquisa no valor de R$ 15 mil. A segunda colocação foi ocupada por Antonia Mirian Nogueira de Moura Guerra, que ganhou uma bolsa no valor de R$ 10 mil. Ambos os prêmios, para orientar alunos de graduação e pós graduação lato sensu e stricto sensu na área de algodão para a safra 2024/2025. Veja a lista dos premiados neste 14º Congresso Brasileiro do Algodão: 1ª lugar Área 7 – Larissa Pereira Riberio Teodoro , com o título “Diversidade microbiológica de solo cultivado com algodão no Cerrado brasileiro”. 2ª lugar Área 1 – Alexandre Cunha , com o título “Altas produtividades de algodoeiros cultivados sob SPD, em solo argiloso após 14 anos sem revolvimento”. 3ª lugar Área 3 – João Paulo Saraiva Morais, com o título “Qualidade da fibra de algodão cultivado em diferentes sistemas de produção no Cerrado”. 4ª lugar Área 8 – Lidiane Eicheld, com o título “Dinâmica e intensidade da transmissão de preços de algodão em pluma no Brasil: a maior dependência do mercado externo”. 5ª lugar Área 6 – Sidnei Douglas Cavalieri, com o título “Resistência de Eleusine indica (L.) gaert aos herbicidas inibidores da ACCASE e EPSPS em municípios do Médio-Norte Mato-Grossense”. 6ª lugar – Carlos Alberto Domingues da Silva, com o título “Seletividade fisiológica de inseticidas a Bracon vulgaris (Hymenoptera: braconidae), parasitose do bicudo-do-algodoeiro. 7ª lugar – Guilherme Lafourcade Asmus, com o título “Patogenicidade comparada de Meloidogyne enterolobii e M. incógnita a cultivares de algodoeiro”. 8ª lugar – Paulo Eduardo Teodoro, como o título “Balanço de carbono de solo cultivado com algodão no Cerrado brasileiro”. A Comissão Científica do 14° CBA,  coordenada pelo pesquisador Jean Belot (IMAmt), é composta por Ana Luiza Borin (Embrapa Arroz e Feijão), Cezar Augusto Tumelero Busato (Associação Baiana dos Produtores de Algodão-Abapa), Fernando Lamas (Embrapa Agropecuária Oeste), Lucas Daltrozo (Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão- Ampa), Lucia Vivan (Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso), Odilon Reny Ribeiro Ferreira Silva (Embrapa Algodão), Rafael Galbieri (Instituto Mato-Grossense do Algodão), Thiago Gilio (Universidade Federal do MT) e Wanderley Oishi (Associação Goiana dos Produtores de Algodão – Agopa).

14º CBA - Construção de uma “marca” sólida para o algodão brasileiro é o desafio que encerra congresso histórico em Fortaleza
05 de Setembro de 2024

O 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), o maior evento da cotonicultura nacional, fechou o ciclo de plenárias com chave de ouro, nesta quinta-feira (05), em Fortaleza (CE). O painel final destacou o potencial do algodão para se reinventar de uma simples commodity para uma “marca” poderosa capaz de conquistar mentes e corações. Reunindo profissionais de renome, como João Branco, considerado pela Forbes um dos 10 melhores profissionais de marketing do Brasil, George Candon, especialista em política internacional e reputação, e Luis Fernando Samper, da 4.0 Brands, que está por trás da famosa marca dos cafeicultores colombianos, Juan Valdez, o debate mostrou como a pluma nacional pode se alinhar com os valores e expectativas dos consumidores modernos, marcando um novo capítulo para o algodão no cenário global. Conduzido pela diretora de Relações Institucionais da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Silmara Ferraresi, o painel abordou o conceito de branding e a construção de uma reputação sólida para a fibra nacional. “Construímos uma trajetória significativa, com programas que realmente funcionam, como prestações de serviços para organizar o setor e reposicionar o algodão brasileiro de maneira diferenciada, tanto no mercado interno quanto externo. Ao alcançarmos 25 anos. É natural que nossa atenção se volte para qualidade e sustentabilidade, além da promoção da nossa fibra”, afirma a executiva. Ela destaca a criação do movimento Sou de Algodão, criado em 2016, como estratégia de promoção da pluma no mercado interno, através do diálogo com os elos mais a jusante da cadeia produtiva, como os agentes de moda, o varejo e o consumidor final,  além do Cotton Brazil, iniciativa implementada em 2020, que alia Abrapa, Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), visando a promoção da fibra nacional no mercado externo, com foco em dez países-chave, sobretudo, na Ásia. “Não podíamos encerrar o evento sem discutir nosso futuro em termos de posicionamento de marca. É crucial analisar como podemos melhorar a posição do algodão brasileiro e quais valores podemos agregar”, salientou Silmara. Cliente em foco João Branco desafiou os congressistas a refletir sobre quem realmente compra e usa o algodão que eles produzem. "Você conhece, de verdade, quem consome o que você fornece?" Ele destacou a importância de entender o comportamento dos clientes, enfatizando que eles estão cada vez mais preocupados com marcas que oferecem algo além de preço, sem empurrar produtos. O publicitário compartilhou sua experiência de mais de 20 anos no marketing, incluindo seus nove anos à frente do marketing do McDonald's no Brasil, época em que a marca foi popularmente chamada de "Méqui". “A empresa perdeu a preferência de marca do público adolescente no Brasil. Percebemos que não tínhamos mudado nossa forma de comunicação”, explica apresentando exemplos anteriores de peças de comunicação da marca, que eram descoladas da realidade, e mais afastavam que causavam identificação. “Para reverter isso, tivemos que admitir um erro, que foi fazer marketing demais. Existe uma nova geração de clientes chegando no mercado, que não aguenta mais isso.” Para construir a reputação da marca “algodão brasileiro”, Branco ofereceu dicas: mantenha consistência e constância em suas ações e estabeleça um relacionamento genuíno com os clientes, mostrando que você se importa com eles. “Seja uma marca autêntica e verdadeira. Faça da sua marca uma amiga, não apenas mais um vendedor”, ressaltou. O case de sucesso do café colombiano foi a base da apresentação de Luis Samper, que destacou as três fases cruciais na construção da marca. "O café da Colômbia começou a se destacar nos anos 60, e era produzido majoritariamente por pequenos agricultores. Para posicioná-lo, precisávamos entender o contexto, a qualidade do produto, a interação entre o genótipo e o ambiente, além da colheita e seus impactos", explica. Na segunda fase, concentrou-se na construção do posicionamento de origem, identificando o perfil dos consumidores interessados em um café diferenciado. Foi então que surgiu o icônico personagem Juan Valdez, um senhor com uma mula, que simbolizava as dificuldades da plantação de café. "Ele se tornou um ingrediente fundamental da marca, ajudando a comunicar a mensagem de que este era um produto raro e difícil de ser colhido, justificando seu valor premium para os consumidores", conta. Nos anos 2000, o mercado de café passou por uma transformação significativa com a chegada da Starbucks, que redefiniu as regras do jogo. "Para enfrentar esse desafio, foi criada a rede de cafeterias Juan Valdez. Desenvolvemos uma arquitetura de marca sólida, que agora conta com cerca de 600 cafeterias”, afirma. Reputação é repetição Para George Candon, antes de defender a reputação de uma marca, é essencial construí-la do zero, o que exige autenticidade e um entendimento profundo de quem você é, qual é o seu propósito e o legado que deixará para as futuras gerações. "A reputação não se limita às ações realizadas, mas também à percepção de que elas estão sendo executadas. O que fazemos e por que fazemos deve ser comunicado de forma consistente e repetida, com uma voz única. Reputação é construída sobre confiança, credibilidade e intimidade. Quando há egocentrismo, ela enfraquece. Devemos questionar: acreditamos no interlocutor? Se só nos concentrarmos em nossas próprias preocupações, não avançaremos", alerta. O painelista disse que, principalmente na Europa, as informações não são claras a respeito do algodão brasileiro. “Para criar uma direção estratégica é necessário saber quem são os interlocutores, para engajá-los a longo prazo. Além disso, trazer os diferentes stakeholders para conhecer as fazendas de algodão no Brasil, é um grande diferencial nesse processo”, finaliza.

Abrapa e ABIT assinam compromisso para alavancar consumo interno de algodão
05 de Setembro de 2024

Como criar sinergia entre cotonicultores, indústria, varejo e cliente final para alavancar o consumo da fibra de algodão? A resposta a esta pergunta ganhou destaque no último dia do 14o Congresso Brasileiro de Algodão. A plenária “Estratégias globais do mercado têxtil: conectando com o consumidor final” mobilizou o debate sobre o tema entre especialistas internacionais e empresários brasileiros, além de ter trazido uma novidade de peso: o anúncio de um compromisso assinado entre as associações brasileiras de Produtores de Algodão (Abrapa) e da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) de elevar o consumo interno de algodão para um milhão de toneladas anuais. Líder de um grupo de empresas de consultoria internacional que tem entre os seus clientes marcas como Hugo Boss e Versace, Giuseppe Gherzi fez um panorama sobre tendências de ponta do mercado têxtil e de fibras a nível internacional, ressaltando o grande potencial do Brasil.  “Há 25 anos, um amigo me disse que o Brasil se tornaria o número 1, porque o povo brasileiro é resiliente e inovador e está se desenvolvendo rapidamente. Hoje, o país é líder em exportação de algodão, e, como estratégia de curto prazo, para vocês, é ataque total: aproveitar o cenário internacional para abrir espaço no mercado; já na estratégia de longo prazo, é preciso visar a inovação, com manutenção de qualidade e preços constantes”, vaticinou Gherzi. Após a apresentação do consultor, foi promovido um debate mediado pela jornalista Maria Prata, com a participação do próprio Gherzi, da consultora italiana Marzia Lanfranchi, do presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, do diretor-presidente das Lojas Renner S.A, Fábio Adegas, e do presidente da Vicunha Têxtil, Marcos De Marchi. Co-fundadora da plataforma “Cotton Diaries”, Marzia Lanfranchi ressaltou a importância do diálogo com as marcas e a exploração do diferencial oferecido pela cadeia produtiva do algodão. “A conexão humana do algodão é incrível, e a oportunidade que nós temos aqui é de estabelecer um canal com as marcas em torno do potencial que essa narrativa oferece, uma história de sustentabilidade, conectada com ciência e dados reais”, ressaltou Marzia. “O algodão brasileiro é um orgulho, temos um produto de ouro nas mãos, realmente sustentável: é isso que o consumidor quer e que o planeta precisa”, referendou Fábio Adegas, da Renner. O presidente da Vicunha Têxtil, Marcos De Marchi, por sua vez, ressaltou as propriedades únicas do algodão, em termos de toque e conforto, e as largas oportunidades que existem para o algodão brasileiro, a despeito do domínio das fibras sintéticas. “O que nós temos que mostrar ao mundo é que o nosso algodão é sustentável, que a nossa produção não ocupa áreas de comida e também buscar acordos internacionais para tornar o produto têxtil mais competitivo”, resumiu De Marchi. Anúncio – Após a plenária, o presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), Fernando Pimentel, e o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Alexandre Schenkel, assinaram um documento, anunciando o compromisso conjunto de elevar o consumo interno de algodão para um milhão de toneladas anuais. Considerada um marco histórico para a cadeia produtiva do algodão brasileira, a meta representa um avanço significativo em relação às atuais 700 mil toneladas, demonstrando a confiança das duas entidades no potencial de crescimento e desenvolvimento do setor. Para Pimentel, a iniciativa demonstra o fortalecimento de uma visão sistêmica da cadeia produtiva. “A própria iniciativa desse congresso mostra essa capacidade de conexão, de coesão. Vamos coordenar esforços e acelerar a execução dos nossos planos: temos um país muito competitivo na área agrícola e tem que transportar essa competitividade para a indústria”. Já o presidente da Abrapa finalizou a plenária com uma perspectiva otimista.  “Nos anos 1970, quando Pelé venceu a Copa do Mundo usando camisa de algodão, o Brasil disputava a terceira divisão do mercado, como importador de algodão. Nos anos seguintes, construímos uma nova era do algodão brasileiro, chegando à segunda divisão. Agora nós queremos ser cada vez mais protagonistas. Em 2030, vamos ser não só os maiores como os melhores fornecedores de algodão do mundo, com sustentabilidade e responsabilidade”, afirmou Schenkel.

O solo como aliado na sustentabilidade: impactos e práticas para um algodão de Baixo Carbono
04 de Setembro de 2024

O solo, elemento vital para a agricultura e o clima, se destaca como o maior reservatório de carbono do sistema terrestre. Esse foi o ponto de partida da fala do pesquisador da Embrapa, Alexandre Ferreira, ao abrir o painel "Modelos de Sistema de Produção para Algodoeiro: Impactos no Perfil e Estoque de Carbono no Solo", durante o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), que acontece na capital cearense até essa quinta-feira (05/09). O debate trouxe a importância de um manejo do solo que não só sustente a agricultura, mas que também mitigue os efeitos das mudanças climáticas Em sua apresentação, Ferreira destacou um desafio global crescente: a cada 13 anos, haverá um bilhão de novas pessoas a mais no mundo, aumentando a demanda por alimentos e consequentemente, as emissões de gases de efeito estufa. Já o coordenador de pesquisa da SLC Agrícola, Fábio Ono, apresentou exemplos práticos de talhões comerciais acompanhados pela SLC em mais de 20 fazendas pelo Brasil, demonstrando como a gestão eficiente do solo pode resultar em ganhos de produtividade e sustentabilidade. Por sua vez, o   pesquisador Junior Cesar Avanzi trouxe à tona a importância de analisar o perfil do solo em profundidade e ressaltou que a avaliação das camadas abaixo de 20 centímetros é crucial. “É preciso entender a disponibilidade de água, a distribuição de partículas por tamanho e, principalmente, o acúmulo de carbono. O manejo em profundidade é essencial para alcançarmos produtividades mais elevadas", enfatizou. Em sua apresentação, Alexandre Cunha, também da Embrapa, mostrou estudos de longa duração que apontam como os sistemas de produção podem contribuir para uma agricultura de baixo carbono, integrando práticas modernas e sustentáveis. “A melhoria da qualidade do solo é atribuída ao seu manejo mais conservacionista, a exemplo do sistema de plantio direto”, refletiu Cunha nas considerações finais do debate.

14º CBA - Melhoramento genético do algodoeiro garante qualidade e produtividade
04 de Setembro de 2024

O melhoramento genético do algodoeiro é um processo que busca incrementar a produtividade, a qualidade da fibra e a resistência da planta a doenças e pragas. Pode ser feito de forma natural, via cruzamento, ou por manipulação genética. As técnicas disponíveis no mercado e suas aplicações na lavoura foram o foco do debate desta quarta (04) no hub “Os desafios e as novas ferramentas para melhorar as cultivares de algodão”, que integra o 14° Congresso Brasileiro do Algodão, promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que acontece até esta quinta (05), em Fortaleza (CE). O coordenador do encontro foi o gerente de tecnologia para os programas de melhoramento da BASF na América Latina, Murilo Maeda. Ele falou sobre a evolução das ferramentas de fenotipagem por sensores. Segundo Maeda, a fenotipagem - processo de observar e quantificar as características físicas e bioquímicas das plantas – é essencial para o entendimento da sua performance, bem como para a seleção por características de interesse. “A fenotipagem veio para ajudar a gente a fazer a seleção de materiais com base nas características de interesse demandadas pelo mercado”, diz Maeda.  Já o pesquisador e coordenador do Programa de Melhoramento Genético do Algodoeiro da Embrapa, Camilo de Lelis Morello, falou sobre a solução dos desafios por meio do melhoramento genético clássico do algodoeiro. O palestrante destacou a importância da amostragem correta, da fidelidade dos dados; sobre os adventos das ferramentas moleculares, a fenotipagem e a importância dos equipamentos que são usados na experimentação no plantio e na colheita. “Nós precisamos de todos estes dados para tomadas de decisão no processo de melhoramento”, explica Morello. Por fim, o melhorista em genética molecular em algodão na Tropical Melhoramento & Genética (TMG), Pedro Henrique Araujo Diniz, falou sobre a seleção genômica para o melhoramento do algodoeiro. Essa seleção é uma ferramenta que permite identificar os indivíduos superiores com base nas suas características genéticas. “Isolamos o fator genético de indivíduos através de marcadores moleculares para identificar aqueles com melhor mérito genético com o objetivo de desenvolver espécies resistentes a doenças, com qualidade da fibra superior e altos níveis de produtividade”, afirma Diniz.

14º CBA debate a evolução da colheita e do beneficiamento e seu impacto na comercialização da fibra
04 de Setembro de 2024

Na tarde desta quarta-feira (4), o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA) promoveu um debate sobre a evolução da colheita e do beneficiamento e seu impacto na qualidade da fibra. Sob a coordenação do sócio-diretor da Cotimes do Brasil, Jean-Luc D. Chanselme, o hub temático contou com a participação do engenheiro agrícola Paulo Otávio, que discutiu as características das fibras de importância comercial e os potenciais impactos dos processos de colheita e beneficiamento, e do engenheiro mecânico Jonas Nobre, que abordou a evolução das práticas de colheita mecânica. Paulo Otávio ressaltou o impacto do clima na colheita do algodão. "Há uma perda de cor e brilho após uma sequência de chuvas. Por isso, é importante proteger o produto. Existem estratégias como o uso de lonas e a colocação da colheita em lugares mais altos para proteger da água", explicou. Chanselme destacou em sua apresentação uma tendência observada no país de colheitas mais úmidas, por serem realizadas fora do horário recomendado, e a necessidade de lidar com essa questão. "A secagem e a pré-limpeza têm efeitos mútuos cumulativos. São etapas fundamentais para a produtividade e a qualidade do algodão", enfatizou. Especialista em comercialização de algodão, Jonas Nobre abordou temas como produção e consumo, critérios de classificação, ágios e deságios, e impacto econômico. Ele chamou a atenção para o fato de que as regras para venda nos mercados internacionais estão cada vez mais rígidas. “A tendência é que a análise visual da fibra seja substituída por máquinas calibradas com base no algodão americano. Isso pode representar perdas para os produtores brasileiros. Precisamos estar atentos a isso e investir na qualidade do nosso produto”.

Desafios e soluções para a qualidade da fibra em foco da mesa temática no 14º CBA
04 de Setembro de 2024

A busca por melhorias em qualidade foi foco de mesa temática desta quarta-feira (04/09), durante o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA). O evento, organizado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), está acontecendo até 05 de setembro no Centro de Eventos de Fortaleza (CE). Coordenada pelo especialista em têxteis, Edmilson Santos, a discussão contou com as contribuições do agrônomo Fabio Echer e do especialista Jean Belot. O tema principal girou em torno das soluções para melhorar a qualidade da fibra do algodão brasileiro, com ênfase nas práticas de beneficiamento capazes de mitigar problemas relacionados à qualidade final. Com mais de 25 anos de experiência no setor, Edmilson Santos destacou que a presença de fibras curtas acarreta um impacto significativo no custo de produção da indústria têxtil, além de afetar a eficiência operacional. "Essas fibras resultam em um tecido mais áspero, propenso à formação de ‘bolinhas´ durante o processo de lavagem, o que compromete a qualidade do produto", explicou. O engenheiro agrônomo, Jean Belot apresentou resultados de ensaios e pesquisas. Ele ressaltou a importância de maximizar o potencial da planta antes da colheita, destacando que 38,6% dos fardos analisados estão abaixo do parâmetro desejado. "Queremos um material com o mínimo de deságio possível", afirmou Belot. O pesquisador chamou a atenção para os cuidados na interpretação dos dados das salas de classificação. "Não adianta produzir uma fibra de qualidade se não tomarmos medidas para evitar a contaminação", enfatizou. O agrônomo Fabio Echer trouxe ao CBA um paralelo entre produtividade e qualidade, discutindo a fisiologia da formação da fibra, o impacto dos estresses nas características da fibra e as práticas de manejo necessárias para otimizar o desempenho da planta.

Cases de sucesso e projetos na área de sustentabilidade ganham espaço no 14º CBA
04 de Setembro de 2024

Em tempos de mudanças climáticas, o tema da sustentabilidade nunca foi tão essencial para o cotonicultor. Na agenda desta terça (04) do 14o Congresso Brasileiro de Algodão, o público pôde aprender com as histórias de sucesso de profissionais que investem no equilíbrio entre produtividade e preservação, além de conhecer projetos e pesquisas que vêm auxiliando a impulsionar este tipo de produção no país. Na primeira parte do debate – coordenada pelo engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Fernando Lamas -, produtores e especialistas de diversas regiões do país demostraram um consenso sobre a viabilidade de apostar na diversificação de culturas – com inclusão de plantas de cobertura e a rotação de culturas em sistema de plantio direto. Para o engenheiro agrônomo Evaldo Takisawa, pioneiro na consultoria agrícola para o algodoeiro em Mato Grosso, o primeiro passo é refletir sobre o conceito de sustentabilidade. “Ser sustentável é mandatório hoje, é pensar no nosso legado para o futuro, no uso eficiente que fazemos do solo e da água e também em equidade, nas condições oferecidas aos trabalhadores”, ressaltou o especialista, ao defender um conceito amplo para a rotação de culturas. “É preciso sair da zona do conforto e abraçar a complexidade, para não fatigarmos o sistema e deixarmos um legado negativo para as próximas gerações”, alertou. Um exemplo prático dessa aposta foi trazido pelo produtor rural do Distrito Federal Willian Matté, sócio proprietário do Grupo MeC.  “Nós pensamos a atividade agrícola de uma forma cíclica, integrada e sistêmica, porque sem diversidade produtiva o sistema entra em exaustão e surgem os problemas com doenças e pressão alta das pragas”, opinou o produtor, ao mostrar os resultados obtidos pela sua empresa com um modelo que inclui não só uma grande variedade de culturas como uma integração entre agricultura e pecuária. Uma perspectiva semelhante foi defendida pelo consultor técnico Ricardo Atarassi, que atua na Fazenda Sete Povos, no Oeste da Bahia. Atarasse falou sobre as vantagens da inserção do algodoeiro no sistema de produção, nos pontos de vista agronômico,  econômico e social.  “Uma cultura a mais faz a cultura mais eficiente. Na nossa região, há produtores que trabalham praticamente com monocultura e nós vemos que em algum momento isso acarreta um problema crônico para a produção”, reforça. Já na segunda parte do debate, ganharam espaço resultados de estudos e iniciativas para a promoção do algodão sustentável no Brasil.  Membro do comitê da Embrapa para gestão do portfólio de Projetos em Mudança Climática e pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa do Arroz e Feijão da Embrapa na área de Sistemas de Produção Sustentáveis, Beata Madari fez uma análise sobre estimativas de emissão de gases de efeito estufa e balanço de carbono. “Um solo mais saudável e um sistema mais eficiente resultam em mitigação das emissões de gases de efeito estufa, o que é bom também para a rentabilidade”, ressaltou Beata. A diretora de ESG, Comunicação e Compliance da Amaggi, Juliana Lopes, apresentou um panorama sobre as estratégias de sustentabilidade adotadas pela empresa. “Nosso compromisso é com uma agricultura de baixo carbono, voltada para a biodiversidade e redução de impactos climáticos, com base numa agricultura regenerativa, mas essa proposta precisa ecoar no dia-a-dia dos produtores: é preciso uma mudança de cultura de pensamento”, afirmou Juliana. Já o coordenador da mesa, o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Marcio Portocarrero, falou sobre estratégias como a certificação ABR – Algodão Brasileiro Responsável, da Abrapa, e o licenciamento BC (Better Cotton), uma certificação internacional adotada por grandes marcas globais. “As cadeias de valor têm dado um recado muito sério para o setor produtivo em relação à preocupação com sustentabilidade, e nós estamos mostrando que estamos preparados para isso: somos líderes mundiais em produção de algodão certificado, queremos avançar ainda mais e temos 82% dos nossos produtores dispostos a aceitar o desafio”, concluiu Portocarrero.