notícias

07 de outubro - Dia Mundial do Algodão
07 de Outubro de 2024

O algodão está tão parte da vida de cada um de nós, que às vezes nem nos damos conta de que, para que ele esteja logo ali, na calça jeans, na camisa, no lençol, na almofada e até na maionese, uma quantidade enorme de pessoas se esforça para isso, nos mais diversos elos da cadeia produtiva da fibra. No mundo, estima-se que 100 milhões de famílias estejam envolvidas ao longo dos seus muitos elos. No Brasil, o 3º maior produtor de algodão dentre os cerca de 100 países que o cultivam, somente nas fazendas certificadas ABR, na safra passada, são cerca de 38 mil pessoas diretas, ou, indo além, 38 mil famílias. Falar em família tem tudo a ver quando se trata da produção de algodão. Em toda parte, a atividade é majoritariamente empreendida por grupos familiares.  Para alguns deles, a tradição remonta há muitas gerações, e não são poucos o que esperam ver esse bastão, ou melhor, “novelo”, se estender a perder de vista no futuro. Por isso, em 2024, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) escolheu o tema “A fibra de todas as gerações” como mote da campanha nacional para o Dia Mundial do Algodão do Algodão, celebrado, desde 2020, em 07 de outubro. Grupo Pinesso – algodão de pai para filho e para sempre Neto de agricultores italianos, que passaram o ofício ao seu pai, o produtor Gilson Pinesso ainda guarda na memória as lembranças da colheita, em um tempo em que todo o processo era feito à mão. “Eram os anos de 1970, e meu pai plantava algodão no município de Engenheiro Beltrão, no Norte do Paraná. Colher o algodão era parte dos meus deveres e dos meus dois irmãos, durante a safra, todos os dias, depois da escola. Nós éramos três meninos e duas meninas, que ficavam encarregadas de ajudar nossa mãe no serviço de casa”, lembra com saudade. Hoje, Gilson Pinesso, economista por formação e agricultor por paixão, planta algodão em Marcelândia, no estado de Mato Grosso, e já conta com auxílio de dois dos seus quatro filhos, Jefferson, o mais velho, engenheiro agrônomo, e Stephanie, administradora de empresas, que é a diretora financeira. “Jefferson é o meu fiel escudeiro para tudo o que é ligado à agricultura e à pecuária. Já Stephanie trouxe para o negócio da família sua experiência dentro e fora do Brasil. Morou na China e na Nova Zelândia, e trabalhou num grande banco francês”, conta. Essa é a geração que hoje está com o “novelo”, mas, a caminho, dois pequenos Pinessos já dão mostras de que vão assumi-lo em alguns anos: os gêmeos Matheus e Miguel, que, em breve, completam seis anos. “Eles são novinhos, mas já estão apaixonados pelo agro. Adoram ir para a lavoura e já foram até para o Congresso Brasileiro do Algodão”, diverte-se Pinesso.  “Nós trabalhamos e vivemos perto da natureza. O algodão é uma coisa maravilhosa. Uma camisa de algodão se degrada na terra rapidamente. Não polui o ambiente. Volta para a natureza de onde veio. Eu vejo meus filhos envolvidos no processo, e isso me deixa feliz e orgulhoso”, derrete-se o pai. TBM - Do capulho à usina, da usina ao fio, e do fio à malha Bezerra de Menezes é um nome tão imbricado ao algodão, quanto os fios e malhas que a família produz. A tradição com a fibra começou com o plantio, nos anos de 1940, no Ceará, quando o estado ainda figurava no ranking dos maiores produtores nacionais, nos tempos em que o bicudo ainda não havia chegado ao Brasil e empurrado a cultura para o centro-oeste do país. Mas a arte de transformar a fibra começou aos poucos. Da plantação, atividade que ficou no passado, veio a usina de descaroçamento, adquirida por volta de 1946, quando o patriarca José Bezerra de Menezes faleceu, e a família, com as suas economias, comprou a primeira de nove usinas que chegaram a ter entre Ceará, Piauí e Goiás. O filho mais novo de José, Ivan – que se tornaria o fundador da TBM – foi o administrador da usina. Era na usina que o pequeno Ivan - neto de José - gostava de brincar, na tulha de algodão, de subir até o alto da montanha de pluma e sentir o cheiro da fibra. Cheiro de infância que ainda hoje marca seus dias, à frente da TBM, empresa que possui quatro plantas industriais para produção de fios e malhas, onde trabalham cerca de 1,8 mil pessoas. “Era tudo diferente. Desde o algodão em si, que era uma cultura perene, até a comercialização. Não esqueço de meu pai tratando com os ‘fregueses’, pequenos agricultores que levavam a produção para descaroçar. Ele era muito querido pelo jeito como os tratava, e eles também gostavam de minha família e de mim, traziam sempre presentes, ovos, frutas, e até pequenos animais, sabendo que eu adorava bichos”, recorda. Em 1979, Ivan, o pai, fez um projeto para montar uma fiação. Com a chegada do bicudo, em 1983, a família se concentrou nesta indústria, parando com as atividades de descaroçamento. Ivan, o filho, já tinha 28 anos, um diploma em Direito e suas próprias empresas na área de construção civil, quando o pai o convidou para chegar mais junto no negócio da família, a fiação. “Fui o único a entrar. Tenho mais três irmãs”, conta. Hoje, Ivan, o pai, tem 92 anos. O filho, com 60 anos recém completados e o mesmo fôlego de empreendedor, há dez vem preparando a sucessão, planejada para 2024. Quem vai dar conta do novelo, desta vez, será um outro Ivan, o neto, formado em Administração de Empresas, que está pronto para assumir o comando, aos 30 anos de idade. “O Ivan (neto), trouxe para a empresa uma gestão muito mais moderna, participativa, e dinâmica e com muitas ferramentas novas de gestão. Eu me sinto muito orgulhoso, feliz e gratificado por ter um filho com aptidão para o negócio, para levar adiante a tradição da família. É muito bom fazer um sucessor”, comemora. Se depender de filhos trabalhando com o algodão, o fio dessa meada ainda tem muito a crescer. Luca, também filho de Ivan (filho), tem 20 anos e também já se prepara para entrar de vez para o time da TBM, na área de tecnologia e novos negócios. Ele mora nos Estados Unidos e estuda Economia e Empreendedorismo. Cataguases - Cinco gerações e o algodão no DNA O algodão é, literalmente, o “pano de fundo” para a longa trajetória da família Peixoto na indústria têxtil nacional. Essa é uma história de cinco gerações, que já ultrapassa um século e começa com o tataravô de Tiago Inácio Peixoto, hoje diretor presidente e diretor comercial da Cataguases. Segundo Tiago, seu tataravô, Manuel Inácio Peixoto, era um imigrante português que chegou ao Brasil ainda jovem, e, não se sabe por quê, escolheu para fincar raízes a região de Cataguases, na Zona da Mata de Minas Gerais, onde começou a prosperar como comerciante. Em 1911, veio a oportunidade de comprar uma pequena indústria de fiação e tecelagem instalada na cidade, que estava em dificuldades, e a rebatizou de “Manuel Inácio Peixoto e Filhos”. Segundo Tiago, desde o começo, a visão empreendedora do tataravô foi fundamental. Ele logo envolveu seus filhos no negócio, criando uma estrutura familiar que foi essencial para o sucesso da empresa. Após sua morte, foi a segunda geração que assumiu o comando, com o nome Indústrias Irmãos Peixoto. “Porém, meu bisavô, que fazia parte dessa geração, decidiu seguir um caminho diferente. Ele vendeu sua participação na sociedade com os irmãos e, em 1936, fundou a Companhia Industrial Cataguases, que é a empresa que eu e minha família continuamos a liderar até hoje”, narra Tiago. Mas, num revés da vida, seu bisavô faleceu ainda muito jovem, e de forma inesperada. Coube ao avô de Tiago tocar os negócios, ao lado de sua mãe viúva, Francisca. “Ela era uma verdadeira ‘mulher de fibra’”, Orgulha-se Tiago. Carinhosamente chamada de Chica, Francisca desempenhou um papel essencial na continuidade do negócio familiar, e hoje o Instituto de responsabilidade social da Cataguases leva o seu nome. “Foi com essa união entre meu avô e a mãe dele, Chica, que a Cataguases entrou em um período de grande crescimento nas décadas de 60 e 70. Durante esse tempo, a empresa Irmãos Peixoto, que deu origem à nossa jornada, começou a passar por dificuldades, e meu avô enxergou uma oportunidade de resgatar as raízes da nossa família. Ele negociou a compra da empresa e, até o final dos anos 1990, a Cataguases e a Irmãos Peixoto operaram como indústrias distintas. No início dos anos 2000, sob a liderança do meu pai, decidimos unificar as duas empresas em um único CNPJ, e a Companhia Industrial Cataguases prevaleceu como a empresa que conhecemos hoje”. Neste outubro de 2024, a Cataguases completará 88 anos de história com esse nome. “Mas, se contarmos desde o início da nossa trajetória, estamos falando de mais de 113 anos de atuação na indústria têxtil”, calcula. Segundo Tiago, em todos esses anos, o algodão sempre teve um papel central na atividade familiar. “Desde que me entendo por gente, lembro-me de ouvir meu pai falar sobre como o algodão é essencial para o que fazemos. Nos anos de 1980 e 1990, enfrentávamos muita dificuldade para encontrar pluma de qualidade aqui no Brasil. Precisávamos de uma fibra mais longa e resistente para os nossos tecidos, que são leves e exigem um padrão de excelência elevado. Felizmente, essa realidade mudou bastante, e hoje o Brasil é um dos maiores produtores de algodão de qualidade no mundo, o que nos enche de orgulho de fazer parte dessa cadeia produtiva. Hoje, a Cataguases emprega cerca de 1,5 mil colaboradores e exporta mais de 20% da produção para países da América Latina, além de atender a grandes redes de moda brasileiras como Renner, C&A, Riachuelo, e marcas do Grupo Soma. “Temos orgulho da nossa trajetória, e da nossa história com o algodão, que é, verdadeiramente, o nosso DNA. O algodão faz parte da nossa essência, e a nossa missão é continuar a transformar essa matéria-prima em produtos de alta qualidade, como fizemos por mais de um século”, finaliza Tiago. Emphasis - duas gerações de um sonho em azul índigo Trinta e cinco anos depois, com uma produção de 650 mil peças por mês e um consumo anual de 10 milhões de metros de tecido, fica até difícil para Gabriele Ghiselini imaginar que a Emphasis, uma das mais robustas confecções de roupas de denim e sarja do país, começou como um pequeno negócio caseiro, de costura e pequenos consertos, em Sorocaba, no interior de São Paulo, como uma fonte de renda extra, para sua família, que estava para crescer. “A Emphasis nasceu em 1989, com minha mãe, Cristina, e minha avó paterna, Lucimar. Minha mãe estava grávida de mim, com 26 anos, na época, e precisava trabalhar”, conta a, hoje, diretora administrativa da companhia, que há 24 anos foi transferida para Votorantim, com estrutura verticalizada, desde a criação, até o acabamento das peças.  O algodão, base do denim e da sarja, faz parte dessa história, como uma escolha visionária das duas empreendedoras iniciais, já que o jeans, por sua natureza, é um tecido mais complexo de se trabalhar. A iniciativa deu tão certo, que a demanda não tardou a aumentar. Cristina e Lucimar logo se tornaram uma facção de um fornecedor e as portas foram se abrindo, mas nunca imaginaram que o pequeno negócio escalaria tanto.  “Elas não sabiam sequer o que eram máquinas de travete, overlock ou interlock.  Faziam costura caseira. Então, foram se informando, comprando os equipamentos, aprendendo a manusear, tanto que a gente fala que, na empresa, minha mãe era a mecânica, a costureira, e até do transporte, ela cuidava”, diz Gabriela, lembrando que, antes de fundar a Emphasis, Cristina era líder de produção numa metalúrgica. Segundo Gabriele, a grande virada se deu quando, há cerca de 30 anos, a C&A bateu à porta. “Eles ofereceram alguns pedidos e viramos fornecedores. Crescemos junto com a C&A. No início, havia um representante entre a multinacional e a nossa pequena empresa familiar, mas chegou um momento em que começamos a tratar com eles diretamente. Com o sucesso, até meu pai, que, na época, era gerente de uma empresa de construção civil, pediu o desligamento, para trabalhar integralmente, com a minha mãe”, narra Gabriele. Atualmente, seu pai, Valdir Ghiselini, continua na empresa e a mãe se dedica aos trabalhos sociais. “Mas, estamos num processo de sucessão familiar, no qual os filhos, eu e o Paulo, estamos fazendo, aos poucos, a transição para assumirmos a administração da companhia. Sei que vai ser muito difícil, para meu pai, a sucessão, mas, a gente sabe que ele precisa descansar, curtir os netos”, afirma. A C&A continua sendo o principal cliente, mas a Emphasis trabalha também com a Riachuelo, as Pernambucanas e as Lojas Torra. A empresa tem uma marca própria, a Volts, e atualmente emprega três mil famílias, direta e indiretamente. "O algodão é parte importante da nossa vida. Através dele conquistamos tudo o que temos e empregamos tanta gente", declara Gabriele. AG Surveyors - De geração em geração, um fio que não se parte Por muitos anos, Adriana Freitas lidava com – como ela mesma diz – “a fibra oposta”, em parceria com a mãe, num negócio de aluguel de trajes de festas e vestidos de noiva. Mas a fibra natural estava sempre bem ao seu lado, já que Carlos, ou Carlinhos Freitas, como o chamavam os amigos do mundo do algodão, trabalhava, há mais de 20 anos no ramo de inspeção e certificação de embarques da pluma, até fundar a AG Surveyors, referência nesse tipo de serviços no Brasil. Em 2015, Carlinhos foi diagnosticado com um câncer raro, e Adriana entendeu que seria muito difícil fazê-lo diminuir o ritmo e cuidar da própria saúde. “Falei para ele: já que você não desacelera, eu vou trabalhar com você”, lembra. No início, esse ‘trabalho’ na AG consistia, basicamente, em cuidar da alimentação e da medicação de Carlinhos. “Eu não entendia nada de algodão, mas logo me apaixonei também. Devagarzinho, a gente foi identificando onde eu poderia ajudar. Fui achando as áreas de que gostava. Fiquei na Administração, no Financeiro. Então, larguei o meu outro ramo de vez para apoiá-lo. Para ele, também foi muito bom. O Carlos me incluía em tudo. A gente curtia muito estar juntos, na empresa, nas reuniões e nos eventos do algodão. Deu super certo”, diz. Já a filha Giovanna, desde pequenininha, já ouviu o “chamado” da fibra. “Meu pai dizia que quando a gente era picado pelo bichinho do algodão, não saía mais dele”, rememora Giovanna, que hoje, aos 24 anos, atua no comercial da empresa e tem também foco em operações no destino. “Foi um caminho natural, trabalhar com algodão, e, aqui, na AG. Antes, eu vinha só para observar mesmo. Para entender como tudo funcionava. Daí, comecei a executar um pouquinho algumas funções, a ajudar onde eu podia, a ficar mais do lado do meu pai, acompanhando-o nas reuniões, só como ouvinte”, conta. “Foi bem legal porque eu pude, obviamente, passar mais tempo com ele e aprender muito sobre essa parte comercial, vendo o jeito como ele sempre lidou com os clientes, o que, de fato, sempre foi um tratamento diferenciado, na minha visão”, complementa. O gosto pelo algodão e as contingências do destino permitiram à família Freitas intensificar um convívio com Carlinhos que, infelizmente, seria interrompido. Em janeiro de 2024, ele faleceu, mas, hoje, Adriana e a filha Giovanna levam adiante o legado de Carlos Freitas. Em breve, provavelmente, mais um Freitas vai ajudar a levar a puxar o fio desse novelo, João Vítor, que agora está com 13 anos. “Esse, com certeza, já está ‘contaminado’ pelo mesmo amor pelo algodão, que está na família. Seja na AG Surveyors ou nas muitas empresas pelas quais Carlos passou, ele contribuiu para o algodão brasileiro, e tenho certeza de que está muito feliz em saber que estamos levando essa paixão adiante”, finaliza Adriana.

Rede Bicudo Brasil divulga relatório sobre eficiência de inseticidas no controle do bicudo-do-algodoeiro
04 de Outubro de 2024

A Rede Bicudo Brasil divulgou o relatório com os resultados dos estudos feitos nas principais regiões produtoras de algodão do país, na safra 2023/2024, sobre o uso de inseticidas no controle do bicudo-do-algodoeiro. A praga é a principal preocupação para a cotonicultura brasileira, em razão do seu alto potencial destrutivo pois ataca a maça do algodoeiro. Quando não é controlada, ela limita a produtividade da cultura e deprecia a qualidade da fibra, ocasionando prejuízos econômicos significativos. Para a pesquisa, foram realizadas ao menos cinco pulverizações sequenciais espaçadas em cinco dias uma da outra. As avaliações iniciaram após a segunda pulverização, em um intervalo de três a cinco dias após a aplicação dos princípios ativos. Como resultado, os experimentos mostraram que não houve destaque para um padrão único de controle. Porém, permitiu concluir que dentre os produtos testados, o Isocicloseram foi aquele que teve maior frequência de casos de controle satisfatório, seguido pelo Malationa. A análise, que tem como principal objetivo orientar o produtor rural na tomada de decisão na compra e utilização de inseticidas para combater o bicudo-do-algodoeiro, contou esse ano com a participação de nove instituições de pesquisa brasileiras, duas a mais que a edição anterior. Integram o grupo, agora, a FAMIVA, de Ribeirão Preto (SP), e a Fundação Chapadão, de Chapadão do Sul (MS), além das instituições veteranas, baseadas nos municípios de Luís Eduardo Magalhães (BA), Dourados (MS), Rondonópolis (MT), Montividiu (GO), e Campo Verde (MT). Segundo o gestor de Sustentabilidade da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Fábio Carneiro, estes experimentos são importantes para o setor porque revelam como está funcionando o controle do bicudo em cada região do país. “Temos uma organização nacional desses experimentos em diversas regiões do Brasil. Todos utilizando o mesmo padrão e metodologia, para conseguirmos verificar quais são os produtos que estão sendo eficientes no controle do bicudo. Essa organização da rede bicudo é fundamental para a sustentabilidade do algodão brasileiro”, explica Carneiro. A organização enfatiza que, os inseticidas não são a única ferramenta possível para conter a praga. O produtor também deve seguir as boas práticas agrícolas para um manejo integrado do bicudo-do-algodoeiro, com monitoramento contínuo, inclusive das pesquisas científicas, a fim de verificar a eficácia dos produtos químicos disponíveis no mercado, detectando possíveis perdas de eficiência de uma safra para a outra. Rede Bicudo Brasil A Rede surgiu a partir da necessidade de os produtores terem informações confiáveis sobre a eficiência dos inseticidas no combate ao bicudo-do-algodoeiro. Segundo um dos idealizadores da organização e, também produtor, consultor e pesquisador, Celito Breda, antes, quando não havia uma orientação nacional, as perdas eram grandes. “O produtor tinha o custo do produto, da aplicação e, ainda, o prejuízo na lavoura. É importante fazermos pesquisas em rede porque o cotonicultor tem na mão dados confiáveis e isentos sobre o que funciona ou não. E se hoje funciona e daqui três anos, de repente, caiu a eficiência, ele precisa ter um dado altamente confiável”, acredita Breda. A Rede Bicudo Brasil é formada pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Círculo Verde Assessoria Agronômica e Pesquisa, Fundação Bahia, Ide Consultoria Agrícola e Pesquisa, Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Ferst Pesquisa e Tecnologia, Fundação Mato Grosso, Instituto Goiano de Agricultura (IGA), Instituto Mato-Grossense de Algodão (IMA MT), FAMIVA e Fundação Chapadão, com apoio técnico da Embrapa.   O estudo completo, por região, pode ser acessado no site da Abrapa (www.abrapa.com.br) ou através do link: https://abrapa.com.br/wp-content/uploads/2024/10/Rede-Bicudo-Brasil-Safra-2023.2024.pdf

Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa
04 de Outubro de 2024

Destaque da Semana 1 - Apesar do furacão Helene atingir regiões produtoras dos EUA com força, o mercado oscilou pouco. A notícia altista foi neutralizada pela fraca demanda e agravamento do conflito no Oriente Médio. Destaque da Semana 2 - A China está celebrando o feriado de Dia Nacional esta semana. Este é um dos maiores feriados nacionais e o país para em feriado durante toda a semana. Destaque da Semana 3 - Semana que vem, 07/Out será o Dia Mundial do Algodão. Criada pela OMC e FAO para celebrar a importância do algodão para o mundo, a celebração anual promove a conscientização sobre os benefícios da fibra: natural, biodegradável, sustentável, confortável, circular. Algodão em NY - O contrato Dez/24 fechou nesta quinta 03/10 cotado a 72,73 U$c/lp (-0.4% vs 26/9). O contrato Dez/25 fechou em 73,37 U$c/lp (+0,7% vs 26/9). Basis Ásia - O Basis médio do algodão brasileiro no posto Leste da Ásia é 810 pts para embarque Out/Nov-24 (Middling 1-1/8" (31-3-36), fonte Cotlook 3/out/24). Altistas 1 - Ainda no embalo dos estímulos anunciados pelo governo Chinês, a Bolsa de Xangai fechou no último dia de pregão antes do feriado 23% mais alta que 3 semanas atrás. Altistas 2 - O furacão Helene atingiu regiões produtoras, principalmente Geórgia e as Carolinas nos EUA. Os danos às colheitas são estimados entre 50 e 150 mil tons de algodão, com prejuízos também de qualidade. Altistas 3 - Os preços do petróleo aumentaram em mais de 9% esta semana devido ao agravamento da crise no Oriente Médio. O principal concorrente do algodão, poliéster, é feito a partir de petróleo. Baixistas 1 - O dólar norte-americano está se fortalecendo como um ativo seguro em meio às tensões no Oriente Médio. Baixistas 2 - As vendas e exportações de algodão reportadas pelo USDA continuam fracas, apesar de um leve aumento, com a China ainda devendo muito como compradora. Baixistas 3 - O relatório semanal do USDA mostrou que as vendas líquidas de algodão para 2024/2025 aumentaram 9%, para 95.800 fardos, em relação à semana anterior, mas ainda estão 26% abaixo da média das quatro semanas anteriores. China 1 - Investidores globais estão se preparando para apostar novamente na China, em uma mudança significativa de sentimento impulsionada pelos esforços de Pequim para reverter a desaceleração econômica. China 2 - O beneficiamento de algodão já começou, mas ainda em pequena escala na China. A colheita deve se intensificar após o retorno do feriado do Dia Nacional na semana que vem. EUA 1 - As condições das lavouras se deterioraram após o furacão Helene. A classificação de "bom a excelente" caiu para 31%, -6pp em relação à semana passada. EUA 2 - Os trabalhadores dos portos e operadores portuários dos EUA chegaram a um acordo provisório na noite de quinta-feira que suspende a greve de três dias que fechou os portos na Costa Leste e na Costa do Golfo. Vietnã - No Vietnã, as compras das fiações foram lentas, com apenas as que tinham urgência entrando no mercado. Paquistão - Confirmando uma safra menor esta ano, a Associação de Algodoeiras do Paquistão informou que até 30/9 as entregas de algodão em caroço estão 59% abaixo do ano passado. Bangladesh - A situação política está mais estável em Bangladesh, mas a demanda por algodão desacelerou ligeiramente nesta semana, devido à redução de pedidos e dificuldades na abertura de Cartas de Crédito. Exportações - O fechamento das exportações de setembro será divulgado pelo MDIC nesta tarde (04/10 às 15h). Colheita 2023/24 - Até ontem (03/10), foram concluídas as colheitas dos estados da BA, MA, MG, MS, MT, PI, PR e SP. Apenas MG (99,48%) ainda tem áreas a serem finalizadas. Total Brasil: 99,99% Beneficiamento 2023/24 - Até ontem (03/10), foram beneficiados nos estados da BA (79%), GO (72,36%), MA (75%), MG (80%), MS (84%), MT (53%), PI (57,34%), PR (100%) e SP (100%). Total Brasil: 59,39%. Preços - Consulte tabela abaixo ⬇ Tabela 04.10 Este boletim é produzido pelo Cotton Brazil, iniciativa que representa a cadeia produtiva do algodão brasileiro em escala global. Contato: cottonbrazil@cottonbrazil.com

Dia Mundial do Algodão: a fibra de todas as gerações
04 de Outubro de 2024

No dia 7 de outubro, é comemorado o Dia Mundial do Algodão. Desde 2019, instituído durante um evento promovido pela Organização Mundial do Comércio (OMC), a data celebra a importância da fibra natural, que é um dos maiores motores do setor agrícola e um pilar fundamental da economia global. Por isso, o movimento Sou de Algodão, iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), lançou a campanha “a fibra de todas as gerações”. “O algodão nos conecta do passado até o futuro, é só reparar: nossa história começa nas plantações, passa pela casa de todas as famílias brasileiras e vai criando memórias afetivas que duram para sempre. É assim, com os pés na terra e os olhos no amanhã, que construímos um legado tão resistente quanto a nossa matéria-prima. A fibra brasileira é a ligação atemporal entre quem valoriza o passado, vive o presente e acredita no poder do futuro”, diz o manifesto da campanha. O algodão brasileiro O cultivo no País começou no período colonial, ganhando importância econômica a partir do século XVIII, com a exportação para a Europa. Durante o século XX, a produção se modernizou, principalmente no cerrado brasileiro, tornando-se um dos maiores produtores mundiais. Neste cenário, a Abrapa foi criada. Há 25 anos, a instituição vem trabalhando para promover a qualidade, a sustentabilidade e a rastreabilidade da fibra. Esses são os três principais pilares do trabalho desenvolvido junto com suas nove entidades estaduais associadas que atuam em todo o território nacional. “O nosso propósito é garantir e incrementar a rentabilidade do setor por meio da organização dos seus agentes”, explica Alexandre Pedro Schenkel, presidente da  Abrapa. Graças a esse trabalho, atualmente, o Brasil é o principal fornecedor de algodão responsável, o maior exportador e terceiro maior produtor. Além disso, 92% do cultivo é realizado em regime de sequeiro e 82% da produção tem certificação ABR (sigla para Algodão Brasileiro Responsável). A rastreabilidade Assim como dito no manifesto da campanha, o algodão percorre um longo caminho, passando por diversos elos, até chegar ao consumidor final. Por esse motivo, a Abrapa investe boa parte do seu trabalho em rastreabilidade, para que todos possam saber os passos percorridos e as pessoas envolvidas em cada processo. O primeiro passo nessa área foi a criação do SAI (Sistema Abrapa de Identificação), lançado em 2004. O sistema permite que cada fardo produzido no Brasil tenha uma etiqueta com um código de barras exclusivo, o que facilita a verificação da origem e do compromisso com a sustentabilidade. E a mais recente novidade, criada em 2021, é o SouABR, lançado por meio do movimento Sou de Algodão. Esse é o primeiro programa de rastreabilidade de ponta a ponta da cadeia têxtil, entregando para o consumidor final o caminho percorrido da semente ao guarda-roupa, graças a um QR Code que fica na etiqueta da peça. "A rastreabilidade nessa cadeia é fundamental para garantir transparência e responsabilidade em todas as etapas de produção. Ela permite que consumidores façam escolhas mais conscientes, sabendo a origem de suas peças e o impacto socioambiental envolvido. Além disso, é um diferencial competitivo para as marcas que buscam se destacar em um mercado cada vez mais exigente e alinhado com práticas sustentáveis”, explica Silmara Ferraresi, diretora de relações institucionais da Abrapa e gestora do movimento Sou de Algodão. A fibra nacional na moda É por causa dessa moda exigente que a matéria-prima tem um papel fundamental no mercado nacional, já que é uma das mais utilizadas na indústria têxtil do país. Para que os elos da cadeia e os consumidores conheçam cada vez mais os benefícios do algodão, a Abrapa criou, em 2016, o movimento Sou de Algodão, que visa promover a moda responsável e o consumo consciente. As principais características que encontramos sobre o algodão é o conforto, mas ele também se alinha com as demandas contemporâneas por uma moda mais transparente. Segundo dados do Instituto Locomotiva, de um estudo feito em 2021, cerca de 86% da população brasileira se interessa por sustentabilidade e 75% consideram que as empresas de vestuário deveriam se preocupar com esse tema e tê-lo como pauta permanente. Por isso, 15% das pessoas estão dispostas a pagar a mais por produtos de marca com posicionamento sustentável e 60% deixariam de consumir de empresas que apresentam problemas éticos. “Nossa fibra entrega transparência, rastreabilidade, qualidade, versatilidade e responsabilidade, dentre outros atributos que justificam ser o principal fornecedor para a indústria têxtil brasileira e o sétimo maior do mundo. Ainda em escala mundial, nós representamos 22% de todas as fibras, mas, quando falamos em fibras naturais, o algodão corresponde a 79% do abastecimento”, explica Silmara. O trabalho da Abrapa e do Sou de Algodão ajuda, cada vez mais, na conscientização dos consumidores, ressaltando a importância de escolher produtos que não só oferecem conforto e qualidade, mas também respeitam o meio ambiente e as condições de trabalho. “À medida que a indústria têxtil evolui, a valorização do algodão, como matéria-prima essencial, fortalece a economia nacional e promove uma moda mais responsável, alinhada às expectativas de um público cada vez mais exigente e consciente. É hora de abraçar essa mudança e vestir a responsabilidade com orgulho”, finaliza Alexandre.

Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa
27 de Setembro de 2024

Destaque da Semana 1 - As cotações subiram no início da semana com notícias de furacão e redução da taxa de juros nos EUA, além do pacote de incentivos da China. As cotações chegaram perto dos 75 cents e o mercado terminou a semana estável. Destaque da Semana 2 - De acordo com a Cotlook, o volume de algodão brasileiro nas mãos das tradings foi reduzido para uma quantidade gerenciável, o que ajuda no fortalecimento do basis do Brasil. Algodão em NY - O contrato Dez/24 fechou nesta quinta 26/09 cotado a 73,02 U$c/lp (estável vs. 19/set). O contrato Dez/25 fechou em 72,84 U$c/lp (+0,3% vs. 19/set). Basis Ásia - O Basis médio do algodão brasileiro no posto Leste da Ásia é 830 pts para embarque Out/Nov-24 (Middling 1-1/8" (31-3-36), fonte Cotlook 26/set/24). Altistas 1 - Os mercados acionários dos EUA atingiram novas máximas históricas, enquanto os mercados chineses se recuperaram em mais de 10%, ainda sob efeito do Fed. Altistas 2 - Na China, o mercado de ações teve sua melhor semana desde 2008, com o novo pacote de estímulo do governo. Altistas 3 - O Banco Popular da China introduziu medidas para aumentar a liquidez, apoiar o mercado imobiliário e incentivar o crescimento do mercado de ações. Altistas 4 - Essas são as maiores medidas de estímulo na China desde a pandemia de COVID-19, visando tirar a economia da deflação e atingir a meta de crescimento do governo. Baixistas 1 - No relatório de vendas e embarques semanais dos EUA, os números decepcionaram, com os piores desta safra tanto para vendas quanto embarques. Baixistas 2 - A atividade no mercado físico seguiu lenta na última semana, com as compras das fiações em ritmo menor, inclusive por parte do Paquistão, onde o mercado estava mais ativo. Baixistas 3 - Os preços do petróleo caíram mais de 5% esta semana. Essa queda torna o poliéster mais barato, o que pode exercer pressão descendente sobre a demanda por algodão. China 1 - O Governo da China anunciou hoje a cota de importação de algodão TRQ em 894 mil tons para 2025, com 33% reservados para empresas estatais. China 2 - A distribuição restante será baseada no tamanho da empresa e no desempenho anterior. O processo de alocação não é totalmente transparente. Os pedidos serão aceitos entre 15/out e 30/out. A data de alocação não foi divulgada. China 2 - Os preços no mercado de futuros de algodão de Zhengzhou voltaram a subir durante a semana. O contrato de janeiro fechou no seu nível mais alto desde o final de julho nesta semana. EUA 1 - Na semana, 37% das lavouras estavam em condições “boas a excelentes” – abaixo dos 39% da semana anterior e da média de 41,6% de cinco anos atrás. O índice de plantas “ruins a muito ruins” aumentou 7 pp, chegando a 33%. EUA 2 - Atenção voltada ao furacão Helene, já atingiu a costa da Flórida como um furacão de categoria 4 e agora é uma tempestade tropical. As colheitas de algodão provavelmente serão interrompidas em vários estados. EUA 2 - O Cotlook atualizou seus números prevendo redução de 129 mil tons a previsão de safra dos EUA devido à queda nas estimativas do USDA, ao furacão Francine e à chegada da tempestade Helene. Bangladesh - Com o atendimento a 18 exigências feitas pelos trabalhadores, a tendência é de que o trabalho nas indústrias têxteis bengalesas volte ao ritmo normal. Hoje, as fiações operam com 65/70% da capacidade. Logística - A francesa CMA CGM, 3a maior operadora de navios de contêineres do mundo, comprou a Santos Brasil, proprietária do maior terminal de contêineres do Porto de Santos. A transação movimentou R$ 6,3 bilhões. Alerta - Relatório da fundação Changing Markets mostra que fibras sintéticas derivadas de combustíveis fósseis geram 35% dos microplásticos encontrados nos oceanos, causando danos à saúde humana. Exportações - As exportações brasileiras de algodão somaram 121,9 mil tons até a 3ª semana de setembro. A média diária de embarque é 12,9% menor que a registrada no mesmo mês de 2023. Colheita 2023/24 - Até ontem (26/09), a colheita foi concluída nos estados da BA, MA, MG, MS, MT, PI, PR e SP. Somente MG (98,75%) ainda tem áreas a serem finalizadas. Total Brasil: 99,98%. Beneficiamento 2023/24 - Até ontem (26/09), foram beneficiados no estado da BA (76%), GO (68,55%), MA (60%), MG (75%), MS (69%), MT (48%), PI (53,33%), PR (100%) e SP (100%). Total Brasil: 54,73%. Preços - Consulte tabela abaixo ⬇ tabela 27.09 Este boletim é produzido pelo Cotton Brazil, iniciativa que representa a cadeia produtiva do algodão brasileiro em escala global. Contato: cottonbrazil@cottonbrazil.com

CBRA confirma excelência em auditoria do Sistema de Gestão de Qualidade
27 de Setembro de 2024

O Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA), vinculado à Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), teve sucesso na auditoria interna do Sistema de Gestão de Qualidade (SGQ), realizada de 23 a 26 de setembro. O resultado confirma a solidez do SGQ e a competência técnica do CBRA na execução de ensaios e na produção de material de referência para o Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI). Essa conquista reafirma o compromisso do CBRA com a qualidade e a excelência nos serviços prestados ao setor. Além de ser obrigatória, a auditoria também avaliou os requisitos da norma ABNT NBR ISO/IEC 17025:2017. Edson Mizoguchi, gestor do Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI) da Abrapa, destaca a importância desse processo para avaliar a evolução do sistema e identificar oportunidades de aprimoramento. "Convidamos um auditor externo experiente, que sempre agrega valor à nossa avaliação. É fundamental ressaltar o alto nível de conformidade alcançado pela nossa equipe, o que demonstra a consolidação e o amadurecimento do nosso processo, além da motivação do time", afirma Mizoguchi. Como resultado, o auditor identificou mais oportunidades de melhoria do que não conformidades. "A avaliação abrangeu tanto a parte técnica quanto a gestão documental. O auditor parabenizou nosso sistema de gestão e reconheceu a alta competência técnica da equipe. Valorizamos muito a qualidade dos resultados e a evidência dos processos. Esse feedback positivo ressalta o compromisso contínuo do centro com a excelência e a busca por aprimoramento constante”, avalia Deninson Lima, especialista em análise de pluma no CBRA. Localizado no mesmo prédio da Abrapa, em Brasília, o laboratório central é um dos pilares do Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI). Os demais são Banco da Qualidade do Algodão Brasileiro e a aplicação do protocolo de Verificação e Diagnóstico de Conformidade do Laboratório (VDCL).

CNT Entrevista: Alexandre Schenkel
26 de Setembro de 2024

O presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel, concedeu uma entrevista à jornalista Carina Godoi no programa CNT Entrevista, da Rede CNT. Durante a conversa, ele abordou as perspectivas otimistas para a safra de algodão 2024/2025, com uma produção projetada de quase 3,97 milhões de toneladas. Também foram discutidos o futuro das exportações do algodão brasileiro, a celebração dos 25 anos da Abrapa, um marco significativo na história da entidade, entre outros destaques da cotonicultura nacional. Para mais detalhes, confira o link: https://youtu.be/Q7mAGiIvkc4?si=UjAH7bR4BNMajZeC

Qualidade aprimorada da fibra confere novos mercados ao algodão e Brasil se estabelece como líder global
25 de Setembro de 2024

Porto Alegre, 24 de setembro de 2024 – A cotonicultura brasileira tem registrado avanços impulsionados por biotecnologias que visam aprimorar a produtividade e enfrentar os desafios do campo. Os constantes investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento resultam em um desempenho expressivo que pode conferir ao Brasil o posto de maior produtor mundial. Na safra 2023/2024, por exemplo, a colheita chegou a mais de 3,7 milhões de toneladas de algodão, conforme dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).Além disso, o país se tornou, pela primeira vez na história, o maior exportador de algodão do mundo, superando os Estados Unidos. Esse crescimento reflete não apenas a capacidade produtiva, mas também as inovações implementadas nos últimos anos, como o melhoramento genético, que confere resistência a pragas, doenças e maior adaptabilidade às condições climáticas adversas. “O Melhoramento genético tem permitido que o Brasil não apenas amplie sua produtividade, mas também melhore a qualidade da fibra, um fator essencial para consolidar nossa posição no mercado internacional”, afirma Eduardo Kawakami, head de P&D na TMG -Tropical Melhoramento & Genética, empresa brasileira de soluções genéticas para algodão, soja e milho, que trabalha para entregar inovação ao campo. Para o especialista, essas inovações ajudam a fidelizar relações que já consomem nossos produtos e abrir novos espaços em outros países. O Egito, tradicional pela reputação da qualidade da fibra do algodão, abriu seu mercado de algodão em pluma para as exportações brasileiras em 2023. Atualmente, a expectativa é de que a demanda dobre no ciclo 2024/25, segundo a Abrapa. “A qualidade da fibra é um dos nossos grandes diferenciais. Um manejo adequado e processos eficientes de beneficiamento também são fundamentais para manter essa qualidade, mas o melhoramento genético é parte intrínseca desse processo”, acrescenta. Mercado cotonicultor ainda enfrenta desafios Apesar dos avanços, o mercado cotonicultor brasileiro ainda enfrenta desafios, especialmente relacionados ao bicudo-do-algodoeiro. Considerada a principal praga da cultura do algodão, tem um alto poder destrutivo, limitando o potencial máximo de produção da planta e depreciando a qualidade da fibra. A Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) revelou que a temporada 2023/24 registrou a pior média populacional em 12 anos, com 8,97 bicudos por armadilha por semana. O controle dessa praga não é simples e exige esforços contínuos em P&D. Kawakami explica que a biotecnologia, embora seja promissora, é um processo de médio a longo prazo, podendo levar de 10 a 12 anos para apresentar soluções disponíveis para o mercado. Quando se trata de melhoramento genético, o desafio é ainda maior, podendo demandar de 15 ou mais anos. “Estamos falando de um atributo que não temos em nosso banco genético e, de forma geral, o mercado ainda não tem também. Precisamos, então, buscar biotecnologias para incorporar essas características no algodão. Isso envolve desafios significativos, que vão desde encontrar a solução ideal até garantir que ela seja efetiva no combate ao bicudo e segura para o meio ambiente,” destaca.      Um dos desafios específicos é o manejo chamado de “destruição de soqueira”, que envolve a eliminação dos restos de algodão após a colheita para evitar que o bicudo encontre alimento durante o intervalo entre safras. Há também a necessidade de uma integração mais eficiente entre cultivos, como a soja, para reduzir o impacto da praga. “Estamos buscando desenvolver cultivares de soja que se encaixem nessas biotecnologias e ajudem a promover um controle maior. Acredito que já temos algumas opções promissoras que poderão beneficiar os produtores, como é o caso da soja resistente ao herbicida 2,4D”, afirma o profissional.