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Novo portal reúne mais de 200 bases de dados da agropecuária brasileira
26 de Maio de 2021

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou, nesta terça-feira (25), o portal do Observatório da Agropecuária Brasileira. A plataforma reúne mais de 200 bases de dados sobre safra agrícola, previsão climática e crédito rural, entre outros.  O serviço pode ser acessado por qualquer interessado e visa fortalecer e aprimorar a integração, a gestão, o acesso e o monitoramento de informações de interesse estratégico para a agropecuária. Desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Lavras (Ufla), o sistema de Business Intelligence busca, também, oferecer soluções inovadoras de tecnologia da informação e comunicação, de modo a subsidiar processos de tomada de decisão dos setores público e privado, do terceiro setor e da sociedade. De acordo com o Ministério da Agricultura, o Observatório da Agropecuária Brasileira tem a missão de transformar dados em informações assertivas e oferecer uma grande capacidade de integração e análise dessas informações numéricas, gráficas, cartográficas e geoespaciais das diversas cadeias produtivas do agronegócio. A plataforma disponibiliza dados do Mapa e de suas empresas vinculadas: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),  Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e Serviço Florestal Brasileiro (SFB). Também integram o Observatório registros do Banco Central do Brasil (Bacen), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), Universidade Federal de Lavras (UFLA) e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Acesse http://observatorio.agropecuaria.inmet.gov.br/

Cotonicultores argentinos buscam modelo brasileiro para reorganizar o setor
26 de Maio de 2021

A trajetória dos cotonicultores brasileiros é exemplo para a estruturação da cadeia produtiva dos países vizinhos.  Em reunião com a Associação Argentina dos Produtores de Algodão (AAPA), nesta quarta-feira (26), a Abrapa mostrou como a organização dos produtores em associações levou o Brasil da posição de grande importador, nos anos 90, para segundo maior exportador e quarto maior produtor mundial da pluma. No passado, a produção Argentina de algodão foi superior à brasileira. A realidade, hoje, é bem diferente. Enquanto o Brasil obteve 3 milhões de toneladas na safra 2019/2020,  os argentinos produziram 335 mil toneladas da pluma.  Criada há menos de dois anos, a AAPA busca a experiência brasileira para promover a expansão da cultura e defender os interesses dos cotonicultores locais. A aproximação é vista pelo presidente da Abrapa, Júlio Busato, como uma oportunidade para troca de informações e experiências. "Temos alguns problemas em comum e podemos tirar proveito de coisas que estamos fazendo", afirmou na abertura do encontro virtual. O diretor executivo da associação, Marcio Portocarrero, apresentou dados da evolução do setor nas últimas décadas e explicou o papel da Abrapa e das associações estaduais nesse processo. Criada em 1999, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão vem atuando no planejamento e na coordenação de projetos estruturantes e de interesse dos cotonicultores.  As ações são executadas com o apoio das associações estaduais, responsáveis pelo relacionamento direto com os produtores. "O diálogo com o governo, por meio da Câmara Setorial do Algodão, tem sido muito importante", destacou. O combate ao bicudo algodoeiro foi apontado como prioridade dos cotonicultores brasileiros. Em parceria com a Embrapa, a associação pesquisa uma variedade resistente à praga. "Podemos trabalhar juntos em estratégias para buscar soluções", propôs Portocarrero, alertando para o potencial de perda do bicudo, de 100% da produção. Citou, ainda, a experiência brasileira de controle biológico de pragas e doenças, por meio de cinco biofábricas das associações estaduais e do incentivo ao modelo on farm. "Há cerca de cinco anos, estamos investindo muitíssimo na substituição de químicos por biológicos. Temos um compromisso em melhorar a forma de produção e nos tornarmos mais eficientes e competitivos", frisou. Como tendências da cadeia produtiva do algodão no Brasil, o diretor executivo da Abrapa mencionou o uso de ferramentas de precisão e inteligência digital e artificial, principalmente na aplicação de insumos, a busca por tecnologias limpas e a quantificação de carbono no sistema produtivo. Também destacou a maior transparência na rastreabilidade do algodão, desde o produtor até o consumidor final, com ênfase nas boas práticas em todas as etapas da cadeia produtiva. Hector Linke, presidente da Associação Argentina dos Produtores de Algodão (AAPA), agradeceu as informações e manifestou interesse em trabalhar em parceria com os cotonicultores brasileiros. "Queremos seguir os passos do Brasil, estar associados e trabalhar em conjunto para que o algodão cresça na Argentina como vocês cresceram", afirmou Linke. Além de outros representantes da (AAPA), a reunião contou com a presença de Carlos Almiroty, presidente da Câmara de Algodão Argentina, e Mauricio Tcach, do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina.

Abrapa e Syngenta debatem desafios da produção brasileira de algodão
24 de Maio de 2021

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) se uniu à Syngenta, parceira do programa Sou de Algodão, para a realização de um debate virtual sobre o cenário atual da cultura e as expectativas para o futuro do mercado. O chamado Cotton Connection reuniu, na última sexta-feira (21), diversos especialistas em torno do tema  "das lavouras brasileiras para o mundo". O panorama mundial é de forte demanda por algodão, com expectativa de crescimento no próximo ano.  Os pacotes de resgate e a retomada da atividade econômica em diversos países fizeram com que os preços na bolsa de Nova York saltassem de 45 cents/libra, no ano passado, para 95 cents/libra.  Para o analista de mercado Pedro Dejneka, sócio da MD Commodities, a questão a ser debatida é como os cotonicultores brasileiros se posicionarão neste cenário. A previsão para a safra americana é de 3,7 milhões de toneladas, o que tem mantido os preços em torno de 80 cents/libra. Caso o clima favoreça, porém, Dejeneka alerta que a produção dos Estados Unidos pode chegar a 4,2 milhões, com estoque final acima de 1 milhão, o que derrubaria as cotações.  "Se voltar a chover com mais regularidade no Texas, vai ser muito difícil sustentar preços nos níveis que estão. Podemos, facilmente, ficar abaixo de 75 cents em dezembro/21, o que levaria dezembro/22 para a casa dos 65 cents/libra", ponderou. O analista ressaltou, ainda, que a cotação atual, entre 80 e 90 cents/libra, está muito próxima do topo histórico, o que representa uma excelente oportunidade de trava. "O mercado de commodities está extremamente volátil. Estejam cientes disso e trabalhem sua gestão de risco e preservem seu fluxo de caixa", aconselhou. "É preciso ter coragem para agir de forma flexível e agressiva, mas com cautela para preservar a sustentabilidade do seu negócio", concluiu. A produção brasileira de algodão dobrou nos últimos quatro anos, chegando a 3 milhões de toneladas na safra 2019/2020. Mas ainda há muito espaço para crescer, assegurou o presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato. Para isso, segundo ele, é necessário melhorar a rentabilidade da pluma brasileira. "Na Ásia, em média, vendemos o algodão brasileiro entre 400 e 450 pontos abaixo dos nossos colegas americanos", afirmou. Na prática, isso significa que o Brasil está deixando de ganhar R$ 1 bilhão por ano. "Temos qualidade, rastreabilidade e estamos dando um show em sustentabilidade, mas agora entramos numa briga de "cachorro-grande" e os produtores têm que fazer o dever de casa", disse Busato. A missão é conquistar maior confiabilidade e credibilidade do algodão brasileiro, por meio de cresscente qualidade e transparência de todo o setor. "Não adianta um produtor, por maior que seja, melhorar sozinho a qualidade do seu algodão. Temos que fazer isso juntos", enfatizou. Para promover a pluma brasileira no exterior e caminhar rumo ao topo do ranking mundial de exportadores, a Abrapa lançou, em 2020, o projeto Cotton Brazil, em parceria com o governo brasileiro e as tradings. As ações são focadas na indústria, especialmente a asiática, destino de 99% das exportações brasileiras de algodão. Marcelo Duarte, representante da Abrapa em Singapura, falou sobre a importância de se compreender as peculiaridades de cada mercado e trabalhar a percepção da fibra brasileira.  "Pesquisas mostram que a imagem do Brasil ainda é aquém da qualidade do algodão que produzimos", conta. Segundo ele, a característica mais valorizada pelos compradores é comprimento de fibra e, neste quesito, a pluma brasileira é muito superior à norte-americana – nossa principal concorrente. Além da qualidade, os clientes asiáticos valorizam uniformidade dos lotes, agilidade de entrega e transparência nas informações de lotes e fardos. "Este último ponto é onde o Brasil mais perde para os Estados Unidos, está relacionado à confiança e temos que melhorar para conseguir uma melhor remuneração", avalia Duarte. O mercado doméstico também é prioritário para a Abrapa. O Brasil continua sendo o maior cliente do algodão brasileiro, com um consumo de aproximadamente 700 mil toneladas por safra. As ações de promoção no mercado interno são desenvolvidas por meio do projeto Sou de Algodão. Silmara Ferraresi, assessora da presidência da Abrapa e gestora do movimento, contou que a iniciativa foi lançada em 2016 para conversar diretamente com o consumidor final e incentivar a moda responsável e o consumo consciente.  O projeto já conta com cerca de 550 parceiros de toda a cadeia têxtil. "Queremos agregar alto valor ao algodão brasileiro. A gente não vende necessariamente só commodity quando o consumidor final entende e procura pelo que você entrega, e nós entregamos algodão com qualidade, rastreado, certificado e produzido de forma responsável", pontuou. Antonio Carrere, diretor de Planejamento Estratégico da John Deere, reiterou que o consumidor quer produtos sustentáveis e rastreabilidade. Ele elogiou o trabalho que vem sendo feito pelos produtores brasileiros, na busca pelas melhores tecnologias ao redor do mundo. "Uma grande oportunidade para os produtores se tornarem ainda mais produtivos, eficientes e rentáveis é via geração de dados", afirmou, frisando a necessidade do Brasil avançar na conectividade do campo. Walter Horita, presidente do Grupo Horita, destacou a visão de futuro e o planejamento do setor, conduzido pela Abrapa com grande engajamento dos produtores.  "Tudo veio acontecendo ao seu tempo. Não poderíamos avançar em projetos de promoção sem antes avançar na produção", afirmou. Horita acredita que, em cinco anos, o Brasil se tornará o maior exportador mundial de algodão. "Se o mercado permitir, vamos passar os Estados Unidos e talvez, também, nos tornar o terceiro maior produtor de algodão do mundo. Para isso, basta um acréscimo de 500 a 700 mil hectares de acréscimo na área brasileira, o que é muito fácil acontecer", completou. Na avaliação de Matthias Koenig, diretor de negócios da plataforma Nutrade da Syngenta, o sucesso da cotonicultura brasileira no mundo depende da produtividade e da qualidade da lavoura e da reputação do nosso sistema de produção. "Para acelerar essa jornada é preciso parceiros com vontade de assumir riscos e investir", disse. Neste sentido, a Syngenta reafirmou seu compromisso com o crescimento do setor algodoeiro. "Somos incansáveis no desenvolvimento de novas tecnologias, para ajudar o produtor brasileiro nessa caminhada e podermos ganhar dos Estados Unidos em todo os quesitos de qualidade", afirmou o diretor Comercial da empresa, Luciano Daher. Cotton Connection Como grande parte dos segmentos, a cotonicultura foi fortemente afetada pela pandemia de Covid-19. O primeiro impacto foi a queda na demanda e, consequentemente, nos preços da commodity. Toda a cadeia precisou se reorganizar e se adequar ao novo cenário. Nesse contexto, surgiu a ideia do Cotton Connection: um fórum para as principais lideranças do algodão debaterem desafios e perspectivas do setor. O sucesso da primeira edição levou a Syngenta a incorporar o evento ao calendário anual da empresa.

Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa com as principais notícias do mundo do algodão
21 de Maio de 2021

ALGODÃO PELO MUNDO #20/2021 - Algodão em NY - O spread invertido entre jul/21 e Dez/21 desapareceu com Jul/21 fechando ontem em 81,53 U$c/lp, queda de 4,1%, enquanto Dez/21, referência para a nova safra brasileira, fechou em 81,99 U$c/lp, queda de 1,6% nos últimos 7 dias. - Preços - O preço do algodão brasileiro Middling 1-1/8" (31-3-36) posto Ásia fechou ontem cotado a 91,25 U$c/lp (-450 pts na semana) para embarque em Jun-Jul/21 e 92,75 U$c/lp (-325 pts) para embarque em Out-Nov/21. - Baixistas 1 - Choveu no Texas e os últimos boletins meteorológicos indicam chance moderada de chuva na próxima semana. Entretanto, apesar dessas chuvas, a situação de seca ainda é crítica na região. - Baixistas 2 - O contrato Jul/21, pressionado pela proximidade de sua expiração e inversão em relação a Dez/21 foi o que mais caiu: 10% nessas duas semanas. Opções de Julho vencem em 11/Jun e entrega se inicia 24/Jun. - Altistas 1 - Compradores privados Chineses, mesmo sem a alocação oficial da nova cota de importação, já se movimentam no mercado, confiantes de que a oficialização dos limites por importador deve ocorrer em breve, informou a Cotlook. - Altistas 2 - O balanço de oferta e demanda nos EUA continua apertado. Semana passada, o USDA divulgou relatório mensal com aumento na previsão de exportações do país, o que se confirmou nesta semana com bons números de embarques semanais. - Plantio 1 - Os EUA já semearam 38% da área prevista. No Paquistão, o plantio deve terminar no final do mês, enquanto na Índia a expectativa é em relação à chegada das monções na virada do mês, que permitirão plantio em áreas de sequeiro. - Plantio 2 - Com o plantio na reta final, China Cotton Association divulgou que o país deve semear este ano 2,9 milhões de hectares com a fibra, 9.4% a menos que a estimativa do USDA. A principal região produtora do país, Xinjiang, tem tido clima adverso nesta safra: muito vento e frio. - China 1 - O governo Chinês está silencioso em relação à importação de algodão para recompor as reservas estatais. Segundo a Cotlook, rumores de mercado indicam que a reserva estatal fará leilões de venda de estoques velhos em breve. - China 2 - O governo Chinês divulgou dados preliminares de importação no mês de Abril. Segundo a Alfândega Chinesa, o país importou 230 mil tons de algodão e 230 mil tons de fio de algodão no mês passado. - China 3 - Desde Ago/20, a China já importou 2,3 milhões de tons de algodão (+86% que período anterior) e 1,7 milhões de tons de fio de algodão (+21% que período anterior). - Índia 1 - Apesar da enorme crise sanitária enfrentada pelo país devido à Covid-19, os impactos no consumo de algodão pelas fiações do segundo maior consumidor do mundo têm sido pequenos, por enquanto. - Índia 2 - Entretanto, a indústria de confecções tem enfrentado grandes desafios nesta segunda onda. Em abril, 72% das indústrias de roupas na Índia tiveram pedidos de compra cancelados e 75% pretendem reduzir equipes, segundo a CMAI, entidade local. - Vietnã 1 - Segundo maior mercado para o algodão Brasileiro, o Vietnã exportou US$ 9,5 bilhões de vestuário têxtil de jan/20 a abr/20. Somente em abril, somaram US$ 3 bilhões, recorde para o mês. - Vietnã 2 - O setor continua em franca expansão no país, com destaque para o investimento de US$ 500 milhões do grupo chinês Texhong em uma fiação cuja 1ª fase entra em operação neste ano. - Exportações - Segundo o Ministério da Economia, foram exportadas 22,5 mil tons de algodão na segunda semana de maio, totalizando 48,4 mil tons nas duas primeiras semanas do mês. Este boletim é produzido pelo Cotton Brazil, programa da Abrapa. Contato: cottonbrazil@cottonbrazil.com - Preços - Consulte tabela abaixo

Abrapa acompanha largada da colheita da safra 20/21
21 de Maio de 2021

O presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato, esteve esta semana em Campos de Holambra/SP, para acompanhar o início da colheita da safra 2020/2021 no país e conversar com cotonicultores da região. A visita faz parte de um giro pelos estados produtores da fibra. Em reunião com a Associação Paulista dos Produtores de Algodão (Appa), Busato falou sobre os projetos desenvolvidos pela Abrapa na busca de mercados e na valorização da pluma brasileira – como o Cotton Brazil e o Sou de Algodão. Também destacou a importância da adesão ao programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), para maior credibilidade às análises de classificação feitas pelos laboratórios brasileiros. "Para conquistar mercado e valorizar a pluma brasileira, os produtores precisam fazer o dever de casa e trabalhar em prol da qualidade, da transparência e da credibilidade", afirma Busato, elogiando a união dos cotonicultores paulistas, que trabalham em sistema de cooperativa. "Isso tem ajudado muito no crescimento do setor", avalia. De acordo com presidente da Appa, Peter Derks, a aproximação com a Abrapa é um incentivo para o aumento da produção de algodão no estado, ainda pequena em razão da grande competição pela área com culturas, como cana e laranja.  Outra questão é predomínio do algodão safra, o que significa que a pluma concorre com soja e milho. "A preocupação dos produtores é com a remuneração e o algodão tem altos e baixos", pontua. "Depois da visita,  são mais pessoas sabendo o que vem sendo feito pelo setor e falando para as outras, isso é muito proveitoso para a cotonicultura da região", avalia Derks.

Colheita do algodão: setor vive cenário positivo
21 de Maio de 2021

O início da colheita da safra 20/21 de algodão e o aquecimento da demanda foram alguns dos assuntos abordados pelo presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato, em entrevista ao Canal Terra Viva, nesta quinta-feira (20). Busato explicou que a previsão de uma produção 20% inferior à do ciclo anterior se deve à redução da área plantada, em razão da baixa cotação da pluma no período de plantio. O bom momento do mercado deve se refletir na retomada do crescimento na próxima safra. Assista: https://youtu.be/hVU0xLnsR-Y Canal Terra Viva, 20.05.2021

Abrapa e Mapa acertam detalhes para criação de uma certificação oficial da fibra
21 de Maio de 2021

A implementação do Programa de Certificação de Conformidade Oficial do Algodão Brasileiro está na reta final. O assunto foi tema de reunião da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, nesta quinta-feira (20).  Participaram o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, José Guilherme Tollstadius Leal, e o Diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal, Glauco Bertoldo. Durante o encontro, foram tratados os últimos detalhes do projeto de estruturação de uma certificação oficial por parte do Ministério da Agricultura, que permitirá a consolidação da boa imagem do algodão brasileiro no mercado internacional.  Essa será uma garantia de identidade, qualidade e segurança dos resultados das análises do algodão realizadas pela rede de laboratórios privados, sob supervisão da Abrapa, através do programa Standard Brasil HVI (SBRHVI). Segundo Júlio Busato, presidente da Abrapa, a certificação oficial proporcionará ainda maior confiabilidade ao programa de qualidade do algodão brasileiro, consolidado há quatro anos a partir da implantação de um moderno e bem equipado laboratório central - o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA) -, responsável pela orientação aos laboratórios e checagem das análises de classificação. "A certificação atenderá às exigências dos mercados interno e externo e garantirá a credibilidade necessária para que o algodão brasileiro seja reconhecido como um dos melhores do mundo, levando junto a certificação/licenciamento socio-ambiental dos programas ABR/BCI e o sistema de rastreabilidade (SAI) que já garante a identificação de todos os fardos de algodão produzidos pelos cotonicultores brasileiros", avalia. O Ministério da Agricultura deve publicar, nos próximos dias, portaria instituindo a certificação.

Abelhas nunca saem de moda
20 de Maio de 2021

Elas ajudam a produzir o algodão que você veste A visita de abelhas e outros polinizadores podem incrementar em até 20% a produção das lavouras de algodão, uma das principais matérias-primas da indústria da moda. É por causa da relevância desses insetos para o setor algodoeiro que a Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) faz questão de celebrar o Dia Mundial das Abelhas (20 de maio) em parceria com a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.). O cultivo do algodão não é totalmente dependente da polinização realizada por insetos. A reprodução da planta pode acontecer por autopolinização (autogamia), mas também com a ajuda do vento (anemofilia) e até pela ação do homem (manualmente). Porém, há anos, pesquisas científicas (veja abaixo) vêm demonstrando que as abelhas podem ser aliadas dos cotonicultores, prestando um serviço de polinização cruzada, que contribuiu para uma maior rentabilidade dos cultivos de algumas variedades de algodão. Um estudo realizado no Mato Grosso, entre 2011 e 2012, mostrou que áreas de algodoeiros localizados a menos de 200 metros de fragmentos de mata – onde as abelhas constroem seus ninhos – tiveram mais porcentagem de fibra (+2%), número de sementes (+18%) e produtividade (+18,4% de Kg de fibra/ha). O estudo mostrou que, além da abelha-africanizada (Apis mellifera), inúmeras outras espécies de abelhas nativas visitam as plantas do algodoeiro. Ou seja, trabalhando de graça, as abelhas podem elevar a produção, a rentabilidade e o lucro dos produtores. E, de quebra, os cotonicultores colaboram para a sustentabilidade e a conservação do meio ambiente, já que as flores do algodão alimentam e fortalecem as populações de abelhas no entorno das áreas agrícolas. Ademais, a existência desses insetos contribui para a conservação de toda a biodiversidade local. Os principais polinizadores Duas espécies de abelhas são apontadas como as melhores polinizadoras do algodoeiro: as mamangavas do chão (Bombus spp.) e mamangavas de toco (Xylocopa spp.). Porém, elas visitam as flores com menor frequência do que outras espécies de abelhas, como a abelha-africanizada (Apis mellifera), a mais abundante. Outros visitantes florais do algodoeiro são a abelha-irapuá (Trigona spinipes), Gaesischia sp., Ptilothrix plumata e Diadasina sp. (espécies que não possuem um nome popular). Como atrair as abelhas É possível ajudar as abelhas a realizarem o seu trabalho – e lucrar com isso. A Rede de Pesquisa dos Polinizadores do Algodoeiro no Brasil (PoAL) aponta algumas dicas úteis aos produtores: Conservar a vegetação natural próxima às áreas cultivadas, para dar abrigo e alimento às abelhas (néctar e pólen) durante maior período do ano, e a outros animais que ajudam a controlar as pragas do algodoeiro e plantas que cultivamos; Ter plantios consorciados com outras culturas, o que aumenta a oferta de alimentos para abelhas e insetos que ajudam no controle natural das pragas; Utilizar técnicas alternativas para o controle de pragas como as caldas naturais, catação de botões florais atacados por bicudo e lagarta e Manejo Integrado de Pragas (MIP). Assim, é preciso usar menos produtos químicos que também matam os insetos úteis; Fazer plantio direto (sem revolvimento do solo) para favorecer as abelhas que constroem ninhos no solo; Recompor as áreas próximas as plantações de algodão com espécies nativas que forneçam alimentos às abelhas e outros polinizadores. Parceria em prol das abelhas A Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) tem consciência do importante papel dos polinizadores para a produção de algodão e da necessidade de conservação dessa fauna. Por essa razão, desde 2016 é uma das apoiadoras da Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.), que atua com a missão de promover o conhecimento científico sobre abelhas e outros polinizadores e na conscientização da população e de agricultores sobre a importância de se conservar a biodiversidade. Referências: Klein AM et al. (2020) A Polinização Agrícola por Insetos no Brasil. Um Guia para Fazendeiros, Agricultores, Extensionistas, Políticos e Conservacionistas. Albert-Ludwigs University Freiburg, Nature Conservation and Landscape Ecology. Pires C. S. S., Pires V.C., Rodrigues W. et al. (2015) Plano de manejo para polinizadores em áreas de algodoeiro consorciado no Nordeste do Brasil. Rio de Janeiro: Funbio. 40p., Brazil Pires C.S.S., Silveira F.A., Cardoso C.F. et al. (2014) Selection of bee species for environmental risk assessment of gm cotton in the Brazilian Cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira Rodrigues A.W., Torezani K.R.S., Pires V.C., Arantes R.C.C., Pires C.S.S. e Silveira F.A. et al. (2013) Projeto Polinizadores do Algodoeiro no Brasil. Brasília, DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Stephens S. G. (1956) The Composition Of An Open Pollinated Segregating Cotton Population. Amer. Nat. 90(850): 25 - 39. McGregor, S.E. 1976.  Insect Pollination of Cultivated Crop Plants.Agric.  Handbook  496: 171-190.