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Primeiro grupo de produtores certificados ABR obtém certificação RTRS para soja
12 de Dezembro de 2024

A importância da sustentabilidade e a ideia de que a certificação é um diferencial de mercado estão cada vez mais claras. O mais novo avanço neste sentido foi o primeiro grupo de produtores que já contavam com o certificado Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e agora conquistaram o selo RTRS para as lavouras de soja. Os produtores participaram de uma iniciativa da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), em parceria com a Associação Sul-Mato-Grossense do Produtores de Algodão (Ampasul) e a Mesa Global de Soja Responsável (RTRS), após a identificação de que havia exigências semelhantes entre as duas certificações, o que poderia facilitar a adequação aos padrões ABR/BCI e RTRS. Em 2023, a pedido da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), a RTRS elaborou um benchmarking comparativo entre os dois padrões de certificação (ABR e RTRS), com o objetivo de facilitar a auditoria conjunta desses dois selos. O estudo identificou que 72,2% dos indicadores do padrão RTRS já estão contemplados no padrão ABR, o que permitiu otimizar o processo para os produtores que já estavam certificados com ABR obter o selo RTRS. Esta análise comparativo entre ambos padrões de certificação se integra perfeitamente ao contexto da recente certificação conjunta obtida pelos produtores que já possuíam o selo ABR, graças ao esforço conjunto da RTRS, Abrapa, Aprosoja/MS e Ampasul. Reflete, portanto, o sucesso da integração desses padrões e o compromisso com a sustentabilidade. Esse é um passo significativo em direção à certificação em larga escala, que pode ser expandida para outros produtores de soja no Brasil. Dos 108 indicadores estabelecidos pelo Padrão RTRS de Produção de Soja Responsável, 78 (72,2%) já estão contemplados no padrão ABR do algodão e 10 (9,3%) são cumpridos parcialmente. Isso significa que, ao completar apenas os indicadores restantes (30), um produtor certificado ABR também obtém a certificação RTRS para soja. No contexto, Luiza Bruscato, Diretora Executiva Global da RTRS, destaca: “O esforço conjunto entre RTRS, Abrapa, Aprosoja/MS e Ampasul prova que é possível integrar padrões, otimizar processos e gerar impactos significativos no setor agrícola. Esse trabalho colaborativo não só fortalece a relação entre instituições e produtores, como também valoriza as práticas sustentáveis já adotadas, permitindo ampliar e maximizar a oferta de produtos sustentáveis.” Jorge Michelc, presidente da Aprosoja/MS, afirma que a associação quer que cada vez mais os produtores tenham acesso a novos mercados e também adotem modelos mais sustentáveis em suas propriedades rurais, por isso, incentiva que os associados da Aprosoja conheçam o processo de certificação RTRS e implementem as boas práticas no dia a dia no campo, não apenas para agregar valor ao seu produtor, mas para produzir de forma mais sustentável. “Em 2024 já foram certificados produtores por meio desta parceria Aprosoja e Ampasul. Temos mais produtores para certificar e estamos divulgando entre nossos associados os benefícios do processo de certificação”, completa. Em relação ao futuro, este projeto tem dois objetivos principais: consolidar e formalizar a parceria, fortalecendo assim a sinergia entre o ABR e a RTRS. Isso resultará na expansão da certificação RTRS para mais produtores de algodão sustentável que também cultivam soja. Com esse foco, busca-se consolidar a sustentabilidade como um diferencial competitivo essencial, posicionando melhor e criando oportunidades para os produtores locais frente a mercados internacionais com exigências nesse sentido. Produtores certificados ABR-RTRS O projeto piloto no Estado de Mato Grosso do Sul se iniciou em 2024, vindo a certificar 6 fazendas RTRS de 3 produtores neste primeiro ano. Os produtores certificados são: Grupo Schlatter, Darci Agostinho Boff e José Izidoro Corso. No total, eles produziram 78.137 toneladas de soja certificada RTRS e 90.630 toneladas de milho certificado RTRS. “Nós já temos uma parte do algodão certificada pela ABR e BCI (Better Cotton Initiative) e, hoje, nos permite acessar mercados aos quais não poderíamos chegar sem a certificação. Acreditamos que o certificado RTRS para a soja poderia nos trazer um acréscimo de valor do produto da soja também ou tornar a venda mais fácil para as empresas no futuro”, diz Boff, presidente da Ampasul e agricultor. Ele afirma que conquistou a certificação para duas fazendas onde planta soja, uma na cidade de Chapadão do Sul (Mato Grosso do Sul – MS) e outra localizada em Paraíso das Águas (MS). Devido às práticas de sustentabilidade já adotadas nas propriedades rurais, Boff conta que não foram necessárias grandes adequações para conseguir o novo selo, o que indica que outros produtores de algodão sustentável que também cultivem soja podem contar com a mesma oportunidade. Após a experiência positiva com as duas primeiras propriedades rurais, Boff já trabalha para conseguir o selo RTRS em uma terceira fazenda. “Temos outra fazenda em que estamos tentando nos adequar, onde cultivo soja com integração junto à pecuária. Fica em Paraíso das Águas (MS) também, e planto de 1,7 mil a 2 mil hectares”, acrescenta. O agricultor Walter Schlatter, vice-presidente da Ampasul, também faz parte do grupo de novos produtores com o selo RTRS. Ele conta que o processo de certificação da soja foi fluido, justamente por já possuir a certificação do algodão, que leva ao cumprimento de vários dos itens analisados. “Embora o processo de cadeia de custódia exija um nível elevado de controles e relatórios, vejo isso como uma oportunidade para fortalecer a transparência e garantir a integridade dos produtos certificados ao longo de toda a cadeia de suprimento”, comentou. Para Schlatter, estar certificado é sinônimo de qualidade nos processos, compromisso com as pessoas e excelência em sustentabilidade, alinhando-se aos princípios de responsabilidade promovidos pela RTRS. Todos os produtores de algodão no Brasil cultivam soja, seja na mesma área, em rotação de culturas, ou em outras áreas dentro da mesma fazenda. No entanto, nem todos os produtores de soja cultivam algodão. No Brasil, são 2 milhões de hectares de algodão e mais de 40 milhões de hectares de soja plantados. Isso significa que existe um grande potencial para os produtores de algodão que já são certificados e podem conquistar o selo RTRS para a soja. Kriss Corso, diretor do Grupo JCN (do qual José Izidoro Corso é dono), também considerou o processo de certificação fluido, porque o grupo já adota boas práticas de gestão no negócio. “A certificação RTRS reafirmou o compromisso do Grupo JCN em cultivar produtos agrícolas com responsabilidade e sustentabilidade, usando as melhores tecnologias, respeitando o meio ambiente, gerando empregos com condições de trabalho seguras e socialmente adequadas, sempre em conformidade com a legislação vigente”, ressalta. O executivo acredita que a certificação contribui para a abertura de novas fronteiras comerciais para a companhia, e reforça aos parceiros comerciais o compromisso de atuar com responsabilidade e sustentabilidade. Para ele, este diferencial auxilia o consumidor na decisão de compra, o que pode motivar novas certificações em outras propriedades do grupo. “A possibilidade de certificar outras unidades, além das do MS, é grande. O assunto será analisado no próximo planejamento agrícola”, comenta. Esta iniciativa representa um avanço significativo no contexto de um Brasil que produz de forma sustentável. A certificação conjunta obtida graças ao esforço coletivo da RTRS, Abrapa, Aprosoja/MS e Ampasul demonstra não apenas que é possível integrar padrões e otimizar processos, mas também que a colaboração entre instituições e agricultores gera um impacto relevante, beneficiando os produtores e fortalecendo o setor agrícola. Acesso em: https://responsiblesoy.org/primeiro-grupo-produtores-certificados-abr-obtem-certificacao-rtrs-soja?lang=pt-br 

Geopolítica e meio ambiente no radar
12 de Dezembro de 2024

Os avanços e desafios do algodão brasileiro, a busca por novos mercados e a ampliação das exportações, são os destaques no jornal O Globo, desta quinta-feira (12). A matéria traz a cobertura completa do evento Agro Horizonte 2024, realizado ontem (11), em Brasília (DF), que contou com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Alexandre Schenkel, como painelista. Promovido pelas publicações Globo Rural, Valor Econômico e rádio CBN, com patrocínio da Corteva Agriscience, o fórum reuniu o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, lideranças e especialistas para explorar as novas fronteiras da ciência, tecnologia e comércio internacional no agronegócio brasileiro. Confira a matéria completa na versão impressa.

Como o algodão se reinventou e se tornou líder em exportações
12 de Dezembro de 2024

O jornal O Globo traz, na edição impressa desta quinta-feira (12), uma matéria sobre a reinvenção da cotonicultura no Brasil, que passou de país importador para o maior exportador da fibra no mundo. A conquista se deu graças ao aprimoramento da cultura através de certificações socioambientais e grande investimento em tecnologia, com inovações como a rastreabilidade. Confira a matéria completa na versão impressa.

ApexBrasil e EXAME anunciam vencedores do Melhores dos Negócios Internacionais 2024
12 de Dezembro de 2024

São inúmeros os exemplos pelo Brasil de negócios que prosperam, rompem fronteiras, e levam produtos, serviços e inovações mundo afora. Por trás dessas conquistas estão desde pequenos produtores a  grandes empresas que, com o apoio da ApexBrasil, se destacam pela capacidade de internacionalizar os seus negócios e colocam o país em posição de destaque no cenário global. Para reconhecer esse esforço, ApexBrasil e a EXAME anunciaram, na última segunda-feira, 9, no Teatro Bravos, em São Paulo, os grandes vencedores do Prêmio ApexBrasil Melhores dos Negócios Internacionais 2024. Participaram da premiação o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, além de líderes empresariais e especialistas em comércio exterior e investimentos estrangeiros. Durante a cerimônia, Alckmin destacou os bons resultados comerciais do ano. De janeiro a novembro, o país exportou US$ 312,3 bilhões e importou US$ 242,4 bilhões, fechando a balança comercial com um saldo positivo de US$ 69,9 bilhões. “Entre janeiro e novembro batemos recorde e temos tudo para crescer ainda mais”, disse o vice-presidente da República. Alckmin também destacou os recentes acordos comerciais capazes de contribuir para bons resultados, como o Mercosul-União Europeia. “Antes dele, 14% das empresas brasileiras tinham acordo preferencial. Com o acordo com a União Europeia, o valor mais que dobrou, para 30%, e vamos aproveitar essa energia para fazer acordo com o EFTA [Associação Europeia de Comércio Livre], com Emirados Árabes, para avançar ainda mais na integração da economia mundial, gerando emprego, renda e oportunidade.” Prêmio ApexBrasil Melhores dos Negócios Internacionais 2024 O prêmio ApexBrasil Melhores dos Negócios Internacionais 2024 reconheceu iniciativas em quatro grandes categorias: Exportação, Desenvolvimento Sustentável, Investimento Estrangeiro e Promoção e Imagem. Além disso, reforçou o compromisso da ApexBrasil em apoiar empresas brasileiras em seus esforços globais, com soluções adequadas ao perfil e às necessidades de cada negócio, desde o primeiro passo até a expansão das operações. “Há 20 anos, falávamos sobre poucos bilhões em exportação. Hoje, graças ao trabalho de empresários, empresárias e da ousadia dos negócios brasileiros, temos milhares de empresas. Este ano, batemos um recorde: mais de 18 mil empresas apoiadas pela ApexBrasil”, destacou Jorge Viana, presidente da ApexBrasil. “Estamos chegando a centenas de bilhões de dólares em exportação. Estamos chegando a uma era trilionária.” Vencedores e Menções Honrosas Além de levar 16 empresas ao palco (confira, abaixo, a lista de vencedores), em subcategorias como desenvolvimento regional e liderança feminina, e empresas pequenas e grandes que foram destaques da indústria, serviços e agronegócios, o evento premiou aquelas que se destacaram com as melhores performances exportadoras do ano. Receberam seus prêmios das mãos do vice-presidente Alckmin, Celina Hissa, da empresa Catarina Mina, que valoriza a cultura do artesanato cearense em suas confecções, e Joesley Batista, da JBS, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, operando em mais de 20 países. O prêmio contou ainda com duas menções honrosas: a primeira, à startup brasileira Future Climate, representada pelo seu CEO, Fábio Galindo, que tem como propósito apoiar empresas rumo à jornada de descarbonização e atrair investimentos climáticos para acelerar a transição do modelo econômico tradicional para uma economia justa, sustentável e de baixo carbono. “Estamos em um ótimo momento da economia nacional, especialmente quando pensamos no que o mundo está vendo de nós. Voltamos a diminuir o desmatamento, criamos políticas públicas e voltamos a cuidar dos povos originários. Isso é criar narrativas e conceitos como os de ESG, por exemplo. Só os governos e as empresas que criam narrativas se destacam”, afirmou Viana. A segunda menção honrosa foi às produtoras Carmen Lydia Junqueira Meirelles e Raquel Meirelles, da Fazenda Santa Rita do Xicão, no município de São Gonçalo do Sapucaí, em Minas Gerais. Elas ganharam destaque no Cup of Excellence deste ano, principal concurso de qualidade para café especial do mundo – e foram reconhecidas por contribuírem com a valorização da cadeia produtiva do café, além de representarem o protagonismo das mulheres cafeicultoras. Personalidade do ano A noite foi marcada ainda por uma homenagem ao presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, Antônio Jorge Camardelli, eleito a personalidade exportadora do ano.

Agro precisa estar atento às inovações para conquistar mercados
12 de Dezembro de 2024

O agronegócio brasileiro é um caso de sucesso na conquista de mercados internacionais, graças aos fortes investimentos em produção e qualidade nas cadeias agropecuárias nas últimas décadas. No entanto, para ganhar ainda mais espaço, o setor precisa estar preparado para novos desafios geopolíticos e novas demandas ambientais e tecnológicas. Foi uma das conclusões do debate sobre comércio exterior promovido durante o Agro Horizonte, evento sobre inovação no agronegócio, promovido pela Globo Rural em Brasília nesta quarta-feira (11/12). Especialistas analisaram a capacidade do Brasil de destravar mercados para seus produtos agropecuários, especialmente com o incremento da inovação no setor. Marcos Jank, coordenador do centro Insper Agro Global, apresentou um estudo mostrando que a produtividade do agronegócio brasileiro cresceu nos últimos 40 anos, a uma taxa de 2,5% ao ano, índice superior à média global de 1,5% e à dos Estados Unidos, de 1%. “Isso ocorreu durante um cenário de redução da mão de obra no campo. O principal fator para esse crescimento foi a adoção de tecnologias, insumos e genética”, afirmou. Segundo Jank, o crescimento do agro brasileiro desde a década de 1970 ocorreu graças a três ondas de adoção de novas tecnologias e formas de gestão e manejo. No entanto, agora, a quarta onda deverá vir de fora do agro. “São inovações que vão alterar tudo o que estamos fazendo, como inteligência artificial, blockchain, robótica e drones, e temos que estar preparados para adotar essas mudanças”, destacou. A rapidez com que o produtor brasileiro consegue adotar inovações tem sido um fator que ajuda na conquista e manutenção de mercados para. Jank lembrou o caso do “boi China”. “A decisão da China de apenas importar carne de bovinos abatidos até 30 meses revolucionou a pecuária brasileira, a fim de atender a essa demanda”, disse. No entanto, o coordenador do Insper Agro Global destacou a necessidade de o país diversificar os destinos de seus produtos. “A China, que se transformou em um parceiro essencial do agro brasileiro, não cresce mais tanto. Por isso, temos que abrir novos mercados, especialmente no resto da Ásia e na África, onde estão ocorrendo os maiores crescimentos de consumo”, afirmou. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), desde o início de 2023, o Brasil já abriu 285 mercados em 66 países. “Temos feito expansão de mercado levando qualidade sanitária aos demais países”, destacou Júlio Ramos, secretário-adjunto de Relações Internacionais. “Agora, o que fizemos com a China, em termos de conquista de mercado, é o que vislumbramos fazer com os países da África”, afirmou. Ramos destacou que o país está preparado a enfrentar desafios e expandir sua presença agropecuária global, com a promoção da qualidade dos produtos nacionais. “No algodão, por exemplo, o Brasil se tornou o maior exportador do mundo sem que o consumo global aumentasse”, disse. Alexandre Schenkel, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), lembrou que a produtividade do algodão brasileiro hoje é o dobro das lavouras americanas. No entanto, essa eficiência traz problemas: como colocar tanto algodão no mundo? “A velocidade de melhoria da qualidade da nossa fibra também era maior do que a capacidade de conquistar mercado. O que mudou essa situação foi juntar os elos da cadeia e, junto com as tradings, promover nosso produto lá fora, mostrando que temos rastreabilidade e informação sobre a pluma desde a origem”, afirmou Schenkel. Um passo recente que deve ajudar os produtos agrícolas brasileiros a conquistar ainda mais mercados é o acordo de livre comércio entre União Europeia (UE) e Mercosul, anunciado na última semana. Segundo Tatiana Prazeres, secretária de comércio exterior no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o acordo vai possibilitar que o Brasil ganhe acesso a novos países e novas tecnologias, ajudando a inserir melhor os produtos brasileiros em cadeia globais. Apesar do temor de que o acordo sofra oposição de parlamentares europeus e de segmentos do agronegócio da UE, Tatiana acredita que o documento deverá ser assinado até o segundo semestre de 2025. “Ele não precisa ter aprovação unânime. Basta ser aceito por 65% dos países, com 55% da população, e uma maioria no Parlamento Europeu”, explicou. Segundo ela, o texto do documento dá garantias que a questão do meio ambiente e da sustentabilidade não será usada como desculpa para medidas protecionistas de países europeus. “Uma vitória que conseguimos foi a aceitação do uso de dados nacionais para cumprir as legislações sanitárias e comerciais”, destacou.

'Reinvenção' do algodão pôs Brasil no topo das vendas
12 de Dezembro de 2024

Na safra 2023/24, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e tornou-se, pela primeira vez, o maior exportador global de algodão. No ciclo passado, os embarques brasileiros somaram 2,7 milhões de toneladas e os dos EUA, 2,4 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Agricultura americano (USDA, na sigla em inglês). A produção brasileira cresceu 16% na temporada 2023/24, para 3,7 milhões de toneladas, e agora o Brasil já fornece pluma até para a fabricação do algodão egípcio, referência mundial de alta qualidade. O novo status do algodão brasileiro é resultado de uma série de iniciativas, entre elas a definição de um sistema que permite ao consumidor rastrear o algodão nacional até a fazenda de onde saiu o fardo da pluma. A liderança nas exportações é, possivelmente, o aspecto mais visível de um processo que começou muitos anos antes desse feito, quando a cadeia de produção da pluma decidiu se refazer depois dos estragos do bicudo-do-algodão, praga que surgiu no país em 1983 e dizimou grande parte do algodão nacional. Tecnologia e cooperação foram elementos centrais nesses esforços, diz Marcio Portocarrero, diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Em comparação com outras commodities agrícolas, o algodão é uma cultura complexa, cara, que precisa de 180 dias de campo e exige investimentos altos em maquinário. Uma algodoeira, que transforma o algodão bruto em fibras, não sai por menos de R$ 30 milhões. “Fomos um grande produtor, com baixa qualidade”, diz Portocarerro. “Viramos importadores, até que, no fim dos anos 90, investimos em conhecimento e tecnologia. Hoje, exportamos, com alta tecnologia e certificações”. Segundo ele, uma das grandes lições nesses esforços foi a importância de “ouvir, planejar e executar” — buscar referências, em resumo. As diferentes iniciativas que permitiram ao algodão brasileiro conquistar mercado nos últimos anos integram o protocolo Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que estabelece o padrão nacional de certificação socioambiental da cultura. A Abrapa idealizou o protocolo em 2012 a partir da unificação de iniciativas regionais. Um dos pontos centrais do ABR é a parceria com a Better Cotton Initiative (BCI), uma das mais importantes iniciativas globais de sustentabilidade da cultura. Desde 2013, BCI e Abrapa trabalham em cooperação para validar os itens de verificação do protocolo, que são similares aos exigidos pela certificação mundial. A adesão ao ABR é voluntária, mas, com o sucesso da iniciativa, mais de 80% do algodão que o Brasio produz já segue essas diretrizes. Auditorias independentes fazem visitas às fazendas para assegurar que as propriedades seguem as exigências do protocolo. Hoje, é possível rastrear cada fardo de algodão que o Brasil produz, o que assegura que as fazendas produtoras seguem boas práticas ambientais, sociais e de governança e, com isso, tem aberto mercados para a pluma nacional em várias partes do mundo. Por meio de um QR Code, importadores, indústrias têxteis e outros integrantes da cadeia de industrialização da pluma conseguem, por meio de um QR Code, saber exatamente de onde partiu o algodão brasileiro que está nas fábricas de itens como roupas e calçados. Para recompor as lavouras, o Brasil buscou referências nos Estados Unidos e na Austrália e investiu em material genético. “O algodão brasileiro é hoje o melhor do mundo”, afirma Portocarrero. Segundo ele, o país já vendeu todo o volume da safra deste ano, de 3,7 milhões de toneladas, e 40% da colheita prevista para 2025/26. O mercado interno absorve 30% da produção nacional da pluma, e o restante é exportado. A transgenia, que permitiu o desenvolvimento de variedades mais resistentes a pragas e a problemas climáticos, foi um diferencial na recomposição das lavouras nacionais, avalia o dirigente. “No mundo, a produtividade média é de 400 quilos por hectare, e nos Estados Unidos ela chega a 900 quilos. No Brasil, produzimos hoje 1,9 mil quilos por hectare”, relata o dirigente. Tão importante quanto agir para se reorganizar era o segmento relatar seus esforços para quem, em alguns casos, sequer tem ligação com a atividade. Uma das iniciativas nessa frente é a Sou de Algodão, que conecta produtores da pluma, fiações, tecelagens, malharias, confecções, varejistas e também o público final. Ao todo, 1,7 mil marcas já aderiram ao movimento.

Avanços e desafios do algodão brasileiro são destaques no Agro Horizonte Brasília
12 de Dezembro de 2024

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Alexandre Schenkel, participou como painelista do Agro Horizonte 2024, evento promovido pelas publicações Globo Rural, Valor Econômico e rádio CBN, com patrocínio da Corteva Agriscience. Realizado em 11 de dezembro, em Brasília (DF), o fórum reuniu o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, lideranças e especialistas para explorar as novas fronteiras da ciência, tecnologia e comércio internacional no agronegócio brasileiro. Durante as discussões, o algodão brasileiro destacou-se como um dos protagonistas, com ênfase nos avanços que têm impulsionado a competitividade do setor no mercado global e enfrentado seus principais desafios. “O Brasil conquistou o posto de maior exportador global de algodão e deve se manter no próximo ano, com uma projeção de exportação de 2,8 milhões de toneladas para a safra 2024/2025, representando um crescimento de 4,5% em relação ao ciclo anterior. Este desempenho reflete o investimento contínuo em tecnologia, que tem ampliado a produtividade e fortalecido a posição do país como líder mundial no setor”, afirmou Schenkel. Ele reforçou, ainda, que a inovação tecnológica é um dos principais motores desse crescimento. “Máquinas agrícolas mais precisas e engenharia genética avançada têm revolucionado o manejo da lavoura. Esses avanços não apenas garantem maior eficiência, mas também promovem a sustentabilidade, aspectos fundamentais para o sucesso do algodão brasileiro nos mercados globais”, pontuou. Apenas em novembro de 2024, o Brasil exportou 299,5 mil toneladas de algodão, um crescimento de 18% em relação ao mesmo período do ano anterior. Entre os principais mercados de destino estão o Vietnã e o Paquistão, que juntos contribuíram com um aumento de 95,8 mil toneladas no volume exportado. “O Egito, um mercado aberto recentemente, já se consolidou como um destino estratégico, evidenciando a crescente aceitação do algodão brasileiro, inclusive em mercados exigentes”, destacou. O presidente da Abrapa integrou o Painel 2 - Comércio Internacional: destravando mercados e impulsionando o acesso à inovação de ponta, que abordou estratégias para ampliar o acesso do agronegócio brasileiro a novos mercados, além do impacto da inovação na competitividade global. Entre os debatedores estavam também nomes como Marcos Jank, do Insper Agro Global, Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior no MDIC, e Júlio Ramos, secretário-adjunto de Relações Internacionais do Mapa. O painel foi moderado pelo repórter da Globo Rural e Valor Econômico, Rafael Walendorff. O evento contou também com debates sobre temas como edição genômica, inteligência artificial no campo e inovação em técnicas de manejo. Entre os outros painelistas participantes estavam personalidades como a ex-ministra da Agricultura e senadora Tereza Cristina, a vice-presidente da PepsiCo para a América Latina, Suelma Rosa, e o diretor de inovação da SLC Agrícola, Frederico Logemann. Para Alexandre Schenkel, o evento foi uma oportunidade de destacar o papel do algodão brasileiro como referência em qualidade, sustentabilidade e rastreabilidade no mercado internacional. “Participar de um evento como o Agro Horizonte é fundamental para reforçar as estratégias que colocam o Brasil na vanguarda do agronegócio global e discutir as ações necessárias para manter a competitividade de nossos produtos no cenário internacional”, destacou o presidente da Abrapa. O Agro Horizonte tem a proposta de ser o maior encontro anual sobre inovação agropecuária no Brasil, conectando produtores, pesquisadores, representantes do governo e indústrias. Em destaque, estiveram os avanços em ciência e tecnologia, que têm consolidado o Brasil como potência mundial no setor agropecuário, e as perspectivas para o futuro em um cenário de crescente demanda por sustentabilidade e eficiência.

Cotton Brazil e Abrapa levam Prêmio ApexBrasil-Exame na categoria Imagem
10 de Dezembro de 2024

O programa Cotton Brazil, da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), conquistou ontem (9) o Prêmio ApexBrasil-Exame: Melhores dos Negócios Internacionais 2024. A promoção do algodão brasileiro em escala internacional concorreu com mais de 50 organizações na categoria "Imagem". "A premiação é um importante reconhecimento neste ano histórico, em que a Abrapa completou 25 anos de criação e o Brasil se tornou o maior exportador mundial de algodão. Estamos muito honrados", afirmou o presidente da associação, Alexandre Schenkel. O Prêmio ApexBrasil-Exame é realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e pelo portal Exame. Criado em 2019, o Cotton Brazil é realizado em parceria com a ApexBrasil e com apoio da Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea). Seu principal objetivo é posicionar o algodão brasileiro no competitivo mercado mundial de algodão. O programa prioriza dez países que, juntos, respondem por 90,7% do volume importado mundialmente: Bangladesh, China, Coreia do Sul, Egito, Índia, Indonésia, Paquistão, Tailândia e Vietnã. Os trabalhos são realizados a partir do escritório de representação da Abrapa em Singapura, ligado à diretoria de Relações Internacionais da associação. Além de missões comerciais, eventos, inteligência de mercado e comunicação integrada, o Cotton Brazil mantém uma rede de relacionamento com adidos agrícolas brasileiros do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e diplomatas e embaixadores ligados ao Ministério das Relações Internacionais (MRE). No ano comercial 2023/2024, que terminou em julho, o Brasil exportou 2,7 milhões de toneladas de algodão (28% do total exportado em todo o globo). Com isso, o País assumiu a liderança no ranking mundial, ampliando em 85% a marca do ano comercial passado.