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Brasil busca expandir mercado nacional e internacional de algodão
22 de Agosto de 2024Um motivo de orgulho para o agronegócio nacional. O Brasil se tornou o maior exportador de algodão do mundo neste ano. Só que não para por aí: o nosso país é também referência global em produção de algodão responsável e agora, busca expandir ainda mais os mercados nacional e internacional. https://www.youtube.com/watch?v=vRlwTufFNgw
Um time de peso, do Brasil e do exterior, vai discutir as estratégias para a construção de uma “marca” sólida para o algodão brasileiro
22 de Agosto de 2024Fomentar o consumo de algodão no Brasil e no mundo requer investimento na percepção do produto no mercado e no fortalecimento de uma “marca” alinhada com as agendas da atualidade. Estes temas estarão em debate no14° Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), que ocorrerá de 03 a 05 de setembro, em Fortaleza (CE). O evento, promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), convidou especialistas nacionais e internacionais para fechar a programação das plenárias, no último dia da programação, quinta-feira, 05, com os painéis “Estratégias globais no mercado têxtil: conectando com o consumidor final” e “Branding e algodão brasileiro: como fortalecer a marca no mercado”. Maior exportador e o terceiro maior produtor da fibra no mundo, com previsão de colher 3,67 milhões de toneladas de pluma na safra 2023/2024, a tarefa para produtores e indústria começa dentro de casa, já que, do montante colhido e beneficiado, somente cerca de 720 mil toneladas irão abastecer pela indústria nacional. O país produz cinco vezes mais do que consome, e o excedente tem que cruzar as fronteiras e encontrar seu comprador, que, majoritariamente, está na Ásia. Para isso, é preciso estratégia. E o papel da indústria neste desafio, será abordado no primeiro painel, cuja mediação ficará a cargo da famosa jornalista Maria Prata, ela mesma uma “grife”, quando se pensa em conteúdos, sobretudo de moda. Representando a indústria nacional, estarão o diretor superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, e o presidente da Vicunha Têxtil, Marcos De Marchi. Já os consultores Giuseppe Gherzi e Marzia Lanfranchi, trarão os pontos de vista internacionais à discussão. O nome Gherzi é uma referência mundial. A empresa suíça foi a primeira consultoria no globo, em 1929, a focar a indústria têxtil internacional. Em seu portfólio de clientes estão marcas como Fila, Hugo Boss, Versace, Ermenegildo Zegna, dentre outros. Já a italiana Marzia Lanfranchi é conhecida por seu trabalho na moda e é cofundadora da plataforma "Cotton Diaries", que visa contar histórias sobre a cadeia de fornecimento de algodão sustentável. Estratégia integrada Para Fernando Pimentel, a pergunta que se coloca é: como a indústria têxtil pode aumentar a demanda interna pelo algodão, em um mercado competitivo, com um consumidor final cada vez mais exigente? O presidente da Abit ressalta a importância de uma estratégia integrada, que leve em consideração o elo na última ponta da cadeia. “A indústria precisa se conectar ao consumidor, mostrando que produz de forma responsável em termos sociais, ambientais e de governança. Isso se dá através da realização de eventos, informações claras e a promoção de um ecossistema que funcione de maneira coordenada e integrada, com objetivos claros de atender ao consumidor sem sacrificar o meio ambiente, empregando de forma digna e correta, mantendo uma governança clara com compliance adequado, e utilizando energia limpa em uma economia de baixo carbono”, afirma. Ele destaca, ainda, a necessidade de um entendimento profundo das mudanças no consumo de fibras. “Internamente, ainda enfrentamos grandes desafios, como a concorrência desequilibrada com países asiáticos e a mudança nas preferências do consumidor, que tem optado cada vez mais por fibras sintéticas em detrimento do algodão”, diz o executivo, enfatizando a importância da conexão entre os elos da cadeia produtiva, da lavoura ao varejo. Marca forte Para fisgar o coração e a mente do consumidor, é preciso fazer do algodão mais do que uma commodity, uma “marca”, que traga embarcados propósitos, valores, anseios e os atributos necessários para ganhar a preferência do público no ponto de venda. Tudo isso está condensado no termo branding, palavra que junto com “reputação”, estará no centro do segundo painel, que terá como mediadora a diretora de Relações Institucionais da Abrapa, Silmara Ferraresi. Debatendo, estarão alguns dos mais expressivos nomes em suas áreas, dentro e fora do Brasil, como é o caso de João Branco, reputado pela revista Forbes como um dos 10 melhores profissionais de marketing do país, e a digital gravada na audaciosa estratégia do abrasileiramento da marca do McDonald’s (Méqui). Além de Branco, integrará o painel o especialista sênior em política internacional e comunicações de reputação, baseado em Bruxelas, na Bélgica, George Candon, e Luis Fernando Samper, da 4.0 Brands, na Colômbia. A consultoria de Samper implementa estratégias coletivas de diferenciação, como Indicações Geográficas (IGs), em diversos produtos agrícolas, como o apreciado café colombiano. É da empresa a estratégia por trás da famosa marca dos cafeicultores daquele país, Juan Valdez. Para a Silmara Ferraresi, este painel será um grand finale de uma edição muito especial do 14º CBA. “Estamos num ano de expressivas conquistas, inclusive no mercado internacional. A Abrapa completa 25 anos, e um longo trabalho foi desenvolvido até aqui, na consolidação de um produto de qualidade, sustentável e rastreável e cada vez mais respeitado”, diz. Segundo Ferraresi, o próprio congresso é a prova disso. “O CBA é, originalmente, um evento técnico-científico que foi essencial para a alavancagem da cotonicultura brasileira. Hoje, ele ampliou o leque de abordagens, a ponto de podermos dizer que, uma vez que já fizemos o básico, agora vamos mais longe, vamos vender nossa imagem, nos tornar ainda mais desejáveis no mercado”, afirma. Silmara conclui dizendo que ter tantos profissionais de peso a um só tempo em um mesmo lugar, no Brasil, pensando a cotonicultura é “uma oportunidade rara e imperdível”.
14º CBA - Imagem forte e foco no consumidor
21 de Agosto de 2024Fomentar o consumo de algodão no Brasil e no mundo requer investimento na percepção do produto no mercado e no fortalecimento de uma “marca” alinhada com as agendas da atualidade. Estes temas estarão em debate no14° Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), que ocorrerá de 03 a 05 de setembro, em Fortaleza (CE). O evento, promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), convidou especialistas nacionais e internacionais para fechar a programação das plenárias, no último dia da programação, quinta-feira, 05, com os painéis “Estratégias globais no mercado têxtil: conectando com o consumidor final” e “Branding e algodão brasileiro: como fortalecer a marca no mercado”. Maior exportador e o terceiro maior produtor da fibra no mundo, com previsão de colher 3,67 milhões de toneladas de pluma na safra 2023/2024, a tarefa para produtores e indústria começa dentro de casa, já que, do montante colhido e beneficiado, somente cerca de 720 mil toneladas irão abastecer pela indústria nacional. O país produz cinco vezes mais do que consome, e o excedente tem que cruzar as fronteiras e encontrar seu comprador, que, majoritariamente, está na Ásia. Para isso, é preciso estratégia. E o papel da indústria neste desafio, será abordado no primeiro painel, cuja mediação ficará a cargo da famosa jornalista Maria Prata, ela mesma uma “grife”, quando se pensa em conteúdos, sobretudo de moda. Representando a indústria nacional, estarão o diretor superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, e o presidente da Vicunha Têxtil, Marcos De Marchi. Já os consultores Giuseppe Gherzi e Marzia Lanfranchi, trarão os pontos de vista internacionais à discussão. O nome Gherzi é uma referência mundial. A empresa suíça foi a primeira consultoria no globo, em 1929, a focar a indústria têxtil internacional. Em seu portfólio de clientes estão marcas como Fila, Hugo Boss, Versace, Ermenegildo Zegna, dentre outros. Já a italiana Marzia Lanfranchi é conhecida por seu trabalho na moda e é cofundadora da plataforma "Cotton Diaries", que visa contar histórias sobre a cadeia de fornecimento de algodão sustentável. Estratégia integrada Para Fernando Pimentel, a pergunta que se coloca é: como a indústria têxtil pode aumentar a demanda interna pelo algodão, em um mercado competitivo, com um consumidor final cada vez mais exigente? O presidente da Abit ressalta a importância de uma estratégia integrada, que leve em consideração o elo na última ponta da cadeia. “A indústria precisa se conectar ao consumidor, mostrando que produz de forma responsável em termos sociais, ambientais e de governança. Isso se dá através da realização de eventos, informações claras e a promoção de um ecossistema que funcione de maneira coordenada e integrada, com objetivos claros de atender ao consumidor sem sacrificar o meio ambiente, empregando de forma digna e correta, mantendo uma governança clara com compliance adequado, e utilizando energia limpa em uma economia de baixo carbono”, afirma. Ele destaca, ainda, a necessidade de um entendimento profundo das mudanças no consumo de fibras. “Internamente, ainda enfrentamos grandes desafios, como a concorrência desequilibrada com países asiáticos e a mudança nas preferências do consumidor, que tem optado cada vez mais por fibras sintéticas em detrimento do algodão”, diz o executivo, enfatizando a importância da conexão entre os elos da cadeia produtiva, da lavoura ao varejo. Marca forte Para fisgar o coração e a mente do consumidor, é preciso fazer do algodão mais do que uma commodity, uma “marca”, que traga embarcados propósitos, valores, anseios e os atributos necessários para ganhar a preferência do público no ponto de venda. Tudo isso está condensado no termo branding, palavra que junto com “reputação”, estará no centro do segundo painel, que terá como mediadora a diretora de Relações Institucionais da Abrapa, Silmara Ferraresi. Debatendo, estarão alguns dos mais expressivos nomes em suas áreas, dentro e fora do Brasil, como é o caso de João Branco, reputado pela revista Forbes como um dos 10 melhores profissionais de marketing do país, e a digital gravada na audaciosa estratégia do abrasileiramento da marca do McDonald’s (Méqui). Além de Branco, integrará o painel o especialista sênior em política internacional e comunicações de reputação, baseado em Bruxelas, na Bélgica, George Candon, e Luis Fernando Samper, da 4.0 Brands, na Colômbia. A consultoria de Samper implementa estratégias coletivas de diferenciação, como Indicações Geográficas (IGs), em diversos produtos agrícolas, como o apreciado café colombiano. É da empresa a estratégia por trás da famosa marca dos cafeicultores daquele país, Juan Valdez. Para a Silmara Ferraresi, este painel será um grand finale de uma edição muito especial do 14º CBA. “Estamos num ano de expressivas conquistas, inclusive no mercado internacional. A Abrapa completa 25 anos, e um longo trabalho foi desenvolvido até aqui, na consolidação de um produto de qualidade, sustentável e rastreável e cada vez mais respeitado”, diz. Segundo Ferraresi, o próprio congresso é a prova disso. “O CBA é, originalmente, um evento técnico-científico que foi essencial para a alavancagem da cotonicultura brasileira. Hoje, ele ampliou o leque de abordagens, a ponto de podermos dizer que, uma vez que já fizemos o básico, agora vamos mais longe, vamos vender nossa imagem, nos tornar ainda mais desejáveis no mercado”, afirma. Silmara conclui dizendo que ter tantos profissionais de peso a um só tempo em um mesmo lugar, no Brasil, pensando a cotonicultura é “uma oportunidade rara e imperdível”.
Algodão brasileiro avança no Egito, a terra da pluma de alta qualidade
21 de Agosto de 2024A temporada 2023/24 pode ser um novo divisor de águas para a cotonicultura brasileira. O país não só conquistou o título de maior exportador mundial de algodão, meta que o setor só esperava atingir em 2030, mas também alcançou um cliente de alto gabarito que pode ajudar ainda mais na estratégia de divulgação da qualidade da pluma brasileira. Com mercado aberto em janeiro de 2023 e negócios iniciados há cerca de 10 meses, o Egito já é o nono destino das exportações brasileiras. O volume não é expressivo. Foram 17,9 mil toneladas neste ciclo, com receita de US$ 32,7 milhões. A China, o maior cliente, comprou mais de 1,3 milhão de toneladas de algodão brasileiro. Mas a chancela egípcia é um diferencial dos produtores brasileiros em relação aos outros grandes exportadores mundiais. Famoso pela referência da qualidade do “algodão egípcio”, uma fibra extralonga, o Egito procura no Brasil um parceiro confiável e duradouro para o fornecimento da pluma a longo prazo, já que a produção local não tem como se expandir. Com o interesse dos industriais egípcios pelo algodão brasileiro em alta, a demanda deve dobrar no ciclo 2024/25, “com espaço para crescer muito mais”, estima a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). “O algodão do Egito tem uma das melhores qualidades do mundo. Agora, eles estão agregando e fazendo um blend com o algodão brasileiro. Se a maior referência em qualidade do mundo gosta do algodão brasileiro, significa que estamos no caminho certo na questão de qualidade”, afirmou Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa, durante uma visita organizada pela entidade à Fazenda Pamplona, da SLC Agrícola, em Cristalina (GO). A propriedade cultiva mais de 8 mil hectares de algodão e está em fase final de colheita. Os cotonicultores brasileiros já visitaram empresas egípcias para “costurar” melhor esses laços comerciais nos últimos meses. Segundo Schenkel, o resultado das exportações ao Egito é significativo. O mercado pode ser uma vitrine importante para a consolidação do Brasil no cenário mundial. “Eles [egípcios] estão procurando parceiros, porque a indústria deles está crescendo, querem parceiros seguros e estratégicos para serem fornecedores nos próximos anos com algodão de qualidade e responsabilidade”, disse. O cenário de produção no Brasil evoluiu nos últimos 25 anos, período em que o país saiu de segundo maior importador de algodão — após o bicudo quase dizimar a produção nacional — para maior exportador mundial da pluma, posto alcançado após o embarque de 2,68 milhões de toneladas entre agosto de 2023 e julho de 2024. Tudo isso em um área menor que a cultivada até os anos 1980. Os produtores brasileiros sabem que a manutenção do país no primeiro lugar do ranking de exportadores da pluma depende de vários fatores do mercado. Mas primeiras estimativas apontam para a consolidação brasileira na liderança em 2024/25. Relatório da Abrapa divulgado na semana passada diz que, “para a nova safra, as projeções indicam que o Brasil vai se manter como primeiro colocado no ranking”. Para o período comercial de 2024/2025, a projeção é de um aumento de 6,7% nas exportações, para 2,86 milhões de toneladas, segundo a Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea). O Departamento de Agricultura americano (USDA) estima embarques de 2,72 milhões de toneladas. A safra atingiu a metade da colheita e deverá ser novamente recorde, com 3,67 milhões de toneladas da pluma, impulsionado pela alta de 19,5% da área neste ciclo, para 1,99 milhão de hectares. Para Schenkel, muito além de disputar e vencer a concorrência com outros países produtores, a estratégia é promover e incentivar o consumo de algodão no mundo. A indústria têxtil global tem impulsionado sua produção, mas baseada em fibras sintéticas, espaço que os cotonicultores querem ocupar novamente. “O principal objetivo é motivar que se use algodão. Assim, vamos aumentar a participação no mercado. Podemos aproveitar a eficiência que temos no Brasil e aumentar produção e exportação. Temos que incentivar o uso de algodão no mundo”, disse. “Temos uma das melhores fibras do mundo para atender indústrias têxteis e temos responsabilidade social e ambiental nas fazendas”. O cultivo de algodão ocupa apenas 0,2% do território brasileiro, observou o diretor-executivo da Abrapa, Márcio Portocarrero. Mais de 80% da produção nacional (2,55 milhões de toneladas) é certificada para boas práticas socioambientais nacionais, com o programa ABR (Algodão Brasileiro Responsável), e pela Better Cotton Initiative (BCI), a principal chancela internacional para o segmento. Atualmente, 374 fazendas têm a certificação ABR. São 183 itens avaliados nas propriedades. O Brasil também é o maior exportador de algodão certificado pela BCI. Foram 1,98 milhão de toneladas embarcadas na temporada 2023/24. Boa parte da produção abastece a indústria nacional (720 mil toneladas), que é a sétima maior do planeta e a maior produtora de jeans. Segundo Portocarrero, além de abastecer o mercado têxtil, as lavouras de algodão impactam na produção de alimentos e na geração de empregos. Mais da metade do volume colhido é caroço, que vira farelo para ração animal e óleo, usado para fabricação de biocombustíveis e para alimentação. “O óleo é usado para a alta culinária, sem deixar traço ou sabor na comida”, disse. A fibrilha, extraída do processamento do caroço, é usada para confecção de tapetes e até papel moeda.
Algodão: indústria promove rastreabilidade da cadeia produtiva
21 de Agosto de 2024A Döhler, empresa têxtil de Santa Catarina com mais de 140 anos de história, lançou neste mês as primeiras toalhas 100% algodão com rastreabilidade completa e certificação de boas práticas socioambientais na produção da fibra. Um QR Code fixado na etiqueta do produto permite ao consumidor final escanear o item, com uso de um smartphone, e acessar todas as informações sobre o algodão usado para a confecção da peça, com tecnologia blockchain para garantir a segurança e a integridade dos dados. De maneira geral, as toalhas representam 60% do faturamento anual da Döhler. Na primeira fase da parceria com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) serão produzidas 73,8 mil toalhas com rastreamento via QR Code, com expectativa de chegar a 100 mil até agosto de 2025, segundo Marco Aurélio Braga, head de Marketing e Comunicação da Döhler. “Para nós, esse processo de rastrear a toalha foi relativamente fácil. Monitoramos toda a cadeia, desde a fiação, confecção e distribuição para o varejo”, disse Braga, acrescentando que a aceitação do produto por redes varejistas foi “muito boa” neste primeiro momento. O consumidor que adquirir a toalha poderá ver que a matéria-prima utilizada foi produzida em duas fazendas de Mato Grosso, certificadas pelo programa ABR — Algodão Brasileiro Responsável —, de boas práticas, criado pela Abrapa. O conjunto de dados mostra o caminho que a pluma percorreu por unidade de beneficiamento, fiação, tecelagem e confecção, até chegar ao varejo. A previsão é usar 100 fardos de algodão e 18,9 toneladas de fios nessa ação. O primeiro lote contou com 1,1 mil metros de tecido e 675 peças rastreáveis. Outras 24 mil estão em produção. A têxtil catarinense se juntou a outras empresas que já integravam o programa Sou ABR, como C&A, Renner, Reserva e Youcom. Até 2023, já foram 160 mil peças comercializadas nesse sistema. “O consumidor final é o mais exigente em sustentabilidade e responsabilidade da produção. Temos o papel de mostrar que o algodão brasileiro é o mais responsável do mundo e aproveitar a rastreabilidade que vai do talhão até as grandes marcas”, afirmou o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel. Na safra 2022/23, 72 fazendas participaram do programa, que já utilizou mais de 21 mil fardos de algodão, 2,2 mil toneladas de fios, 38,8 mil metros de tecidos e 92,4 mil quilos de malhas que chegaram aos consumidores finais. O objetivo da iniciativa é dar maior visibilidade às práticas do setor. “Os produtores há tempos cobravam que possuiam as boas práticas, mas isso não chegava ao conhecimento do consumidor final”, afirmou Silmara Ferraresi, diretora de Relações Institucionais da Abrapa. As boas práticas não geram prêmio sobre os preços do algodão, segundo ela. Mas a executiva avalia que o uso da tecnologia trará reconhecimento maior das ações sustentáveis na cadeia. A rastreabilidade completa, até o consumidor final, é uma evolução de outro programa da Abrapa, o Sou de Algodão. A campanha começou em 2016 com 10 apoiadores, entre eles a Döhler, e agora já reúne 1,6 mil marcas de moda e vestuário que ajudam a promover a pluma nacional nas suas peças e fomentam o consumo da fibra produzida de forma responsável.
Sou de Algodão encerra a Cotton Trip 2024
21 de Agosto de 2024O Sou de Algodão, iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), finalizou a 4ª edição da Cotton Trip, no dia 16 de agosto, sexta-feira. Foram seis dias de experiência, sendo a maior edição até agora, em locais como as fazendas Pamplona e Samambaia, ambas em Cristalina/GO, suas respectivas UBAs, o escritório da Abrapa e o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA). Foram grupos que, juntos, somaram cerca de 200 pessoas, incluindo desde estilistas e imprensa nacional, até fiações, malharias, tecelagens, confecções, apoiadores do movimento, embaixadas e representantes do Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC). “A 4ª Cotton Trip foi uma edição muito importante para nós, porque conseguimos reunir representantes de toda a cadeia do algodão em uma experiência transformadora. O engajamento e a troca de conhecimentos que presenciamos aqui demonstram o compromisso e a força do setor em avançar com inovação e responsabilidade. Estamos muito satisfeitos com os resultados e animados para ver os frutos desse encontro”, comemora Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa. O roteiro do evento começou com a visita à fazenda, onde os participantes puderam conhecer o processo de colheita e as melhores práticas de produção. Em seguida, na usina de beneficiamento, conheceram a primeira etapa de industrialização, onde a pluma se transforma em fardos identificados e se tornam rastreáveis pelo Sistema Abrapa de Identificação (SAI) e inicia-se o processo de análise de qualidade. No período da tarde, para encerrar o ciclo, todos voltaram a Brasília, na sede da Abrapa, para conhecer o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA) e saber mais sobre todos os programas de sustentabilidade, rastreabilidade, qualidade e promoção da fibra. A agenda da Cotton Trip foi estruturada para atender os públicos segmentados a cada dia: empresas associadas ao Santa Catarina Moda e Cultura (06); estilistas parceiros do movimento Sou de Algodão, stylists e produtores de moda (07); marcas parceiras dos segmentos de confecção e malharia (08); fiações e tecelagens (09); imprensa de moda, agro, sustentabilidade e negócios (15); e entidades governamentais (16). Confira alguns depoimentos de quem marcou presença na Cotton Trip Marco Aurélio Braga - Head de Comunicação e Marketing da Döhler, marca parceira de Sou de Algodão A marca parceira esteve presente no dia 15, junto com a imprensa, para divulgar o lançamento da primeira toalha rastreável do Brasil, por meio do Programa SouABR. Em alguns momentos da viagem, o representante conversou com alguns jornalistas e mostrou a peça junto com o QR Code. Os convidados ganharam uma toalha em um kit especial. "Uma experiência incrível, um momento de conhecer a cadeia produtiva do algodão e todo o seu potencial para o mercado têxtil brasileiro. Uma imersão para aprender tudo sobre a produção, tecnologias inovadoras e os projetos sustentáveis”, comenta Marco Aurélio. Yakini Rodrigues - stylist, figurinista e curadora de projetos especiais “Estar imersa em um dia intenso, repleto de aprendizado, rodeada de pessoas que também buscam devolver o melhor para as próximas gerações, reforça que vale a pena, mesmo diante de imprevistos. O processo de ponta a ponta, da produção ao consumidor final, também me faz ter certeza que toda a cadeia deve ser respeitada e celebrada, são muitas pessoas no processo para fazer acontecer. O coletivo sempre será a melhor opção”. Caroline Menis, jornalista do FashionCast “Quando pensamos em moda sustentável e nacional, nem imaginamos o quão minucioso é o trabalho por trás de cada desenvolvimento para chegar no produto final, em nós, consumidores. Muito feliz em poder ter feito parte disso e aprendido ainda mais sobre essa cadeia incrível de sustentabilidade e transparência, me deixa orgulhosa como brasileira e como jornalista de moda. Esse é o futuro da moda”. Fabiana Arrabal - Head of Buying da Aramis, marca parceira de Sou de Algodão “Sempre ouvi falar que a Cotton Trip era especial, um divisor de águas. Mas até esse ano, nunca tinha tido oportunidade de participar da viagem. Todas as minhas expectativas foram superadas! É um dia que vai ficar pra sempre na minha memória! Ambiente acolhedor, equipe preparada, fazenda linda, tudo organizado. Só tenho elogios! Estar cada vez mais próxima da cadeia do algodão desde o dia 1 traz muita responsabilidade e embasamento para tomarmos decisões melhores! Amei a experiência!”. Fernanda Rickmann, gestora de projetos do Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC), apoio institucional do Sou de Algodão “Mais uma viagem do SCMC ao Cerrado, desta vez em Goiás a convite da Sou de Algodão, e ter a oportunidade de realizar a nossa 4ª missão na temporada da colheita dentro da programação da Sou de Algodão foi fantástico, levando a experiência a outro patamar. É sempre valioso conhecer o campo, os processos e iniciativas do algodão responsável, e ter acesso aos protagonistas que fazem acontecer nos enche de orgulho”. Carlos Goulart, secretário de Defesa Agropecuária no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) “Em um dia de campo promovido pela Abrapa, nos foi mostrado todo o esforço exercido na produção responsável de algodão. É uma extraordinária oportunidade para vermos todo o trabalho, qualificação de produção e investimento de produtores brasileiros na produção de algodão, do plantio à colheita. É um ano excepcional, um ano em que nós comemoramos a maior produção de algodão e a maior exportação mundial; nós passamos os Estados Unidos nesta safra. É um motivo de orgulho. Então, parabéns Abrapa, parabéns aos produtores de algodão, contem com o apoio do Ministério da Agricultura”.
Como o algodão brasileiro tem tomado conta da moda mundial
21 de Agosto de 2024Não é segredo que a moda nacional tem o algodão como um dos principais insumos, graças à abundância, qualidade e programas que incentivam o uso. No cenário mundial, não é diferente, e o algodão brasileiro emerge como uma matéria-prima cada vez mais desejada e consumida pela indústria internacional. Algodão brasileiro no mundo Dados revelam que, neste ano, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos na produção de algodão, ocupando a terceira posição mundial, atrás apenas da China e da Índia. Quando se fala da exportação, contudo, a indústria nacional já ocupa a primeira posição no cenário global, após um crescimento de 1,45 para 2,70 milhões de toneladas, entre 2023 e 2024. Em números gerais, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), de todo o algodão exportado mundialmente, 44% vem do Brasil. A estimativa indica a dominância da matéria-prima brasileira na moda mundial, principal setor para o qual o material é destinado. Alexandre Pedro Schenkel, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), compartilha com a coluna a importância de um trabalho cuidadoso e bem-feito, devido à grandeza que o mercado brasileiro alcançou. “O algodão é um produto que demora o ano inteiro para ser produzido. Até a entrega ao consumidor final, temos uma grande responsabilidade. É uma cadeia completa na qual trabalhamos”, afirma Schenkel. Da praga ao topo Até o início dos anos 1990, a cultura do algodão já ocupava uma enorme porção do território brasileiro, mas a quantidade de produção, de fato, não traduzia essa imensidão. Isso se devia ao fato de que o trabalho era majoritariamente manual, sem uso significativo de máquinas. Foi em 1996, contudo, que tudo mudou após a chegada de uma parasita que infestou as plantações. O bicudo-do-algodoeiro destruiu safras e poderia significar o fim da produção no Brasil. A reviravolta se deu em como os profissionais encararam a situação: “Foi um cenário ruim na época, mas obrigou os produtores a buscarem a tecnologia. Saíram pelo mundo para ver o que os norte-americanos, os australianos estavam fazendo, e, assim, superamos eles”, conta Marcio Portocarrero, diretor executivo da Abrapa. Desde a crise, a produção nacional vive números que se superam a cada ano, por meio do uso de áreas consideravelmente menores do que nas décadas anteriores, graças à tecnologia. Em 1980, o algodão era cultivado em mais de 4 mil hectares no Brasil. A pluma confeccionada, no entanto, não ia muito além das 500 toneladas anuais. Em 2024, são menos de 2 mil hectares, com uma concepção que deve passar de 3.500 toneladas, de acordo com projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Qualidade e rastreabilidade O Brasil é, atualmente, o maior fornecedor de algodão responsável do mundo, de acordo com o Textile Exchange 2023. As associações nacionais tomam um cuidado especial com a responsabilidade de produção, segundo Silmara Ferraresi, diretora de relações institucionais da Abrapa e gestora do movimento Sou de Algodão. “Não importa seu lugar na cadeia produtiva, você sempre será também o consumidor final”, garante a executiva. A longa cadeia de produção de algodão é a segunda que mais gera empregos no Brasil. Ela é composta por uma série de profissionais, que vão desde os fornecedores de insumos e produtores de algodão até a área de fiação, estamparia, malharia, confecção, comércio e consumidor final, entre outros. Para fiscalizar as etapas de produção, a Abrapa criou a certificação Algodão Brasileiro Responsável (ABR), na qual os pilares ambiental, social e econômico são essenciais para a garantia do selo. Na safra 2022/23, o ABR representou 82% de toda a produção brasileira, um crescimento de 28% em relação ao ciclo anterior. Outro destaque é que 92% foi cultivada em regime de sequeiro, apenas com água de chuva. Em 2004, a Abrapa implementou um sistema próprio de identificação que permite o rastreamento do algodão, desde o campo até o produto final. Nas etiquetas das roupas e produtos feitos com o material, são disponibilizados QR Codes, para que, rapidamente, o consumidor consiga ver as certificações e os detalhes de produção. A medida é importante para a sustentabilidade, ao evitar que a produção contribua em grande escala para a degradação dos biomas brasileiros. De acordo com uma investigação da ONG Earthsight, publicada neste ano, grandes marcas, como a espanhola Zara e a sueca H&M, estão envolvidas no desmatamento e em diferentes tipos de violação na Amazônia e no Cerrado, por meio do algodão obtido no país. A história do algodão brasileiro transformou o país da segunda colocação para a de maior exportador mundial. É uma cadeia essencial para a economia e para a indústria da moda, em que o consumidor final tem acesso a certificações e rastreabilidade.
Algodão e agricultura regenerativa: fazenda adota medidas que aumentam a produtividade
21 de Agosto de 2024Com mais de 25 mil hectares de área plantada entre primeira e segunda safras, a Fazenda Pamplona, na zona rural de Cristalina (GO), a aproximadamente 70 quilômetros de Brasília (DF), viu sua produtividade aumentar de forma constante nos últimos anos. Pamplona é uma das 22 fazendas da SLC Agrícola e tem como principais culturas o algodão e a soja. Somente o algodão representou 40% dos R$ 7,23 bilhões de receita da empresa em 2023. Dos mais de 650 mil hectares de área plantada, 29% são destinados à pluma. Em termos de produtividade, a empresa prevê um salto de 1.489 quilos por hectare na safra 2021/2022 para 1.977 quilos por hectares projetados para a safra 2023/2024 (+32,7%). Uma das respostas para esse ganho de produtividade ao longo do tempo é a adoção de práticas relacionadas à agricultura regenerativa. De acordo com Beatriz Ramos, coordenadora de Produção da Fazenda Pamplona, fatores como o clima também influenciam diretamente no aumento da produtividade. “Há cinco anos, a gente não trabalhava tão intensamente com todos esses pilares [da agricultura regenerativa], e hoje a gente vê um avanço linear. Mas tem uma dependência de como vai o clima”, conta Ramos. Em termos de comparação, a média histórica de produtividade da Pamplona é de 128 a 130 arrobas de algodão por hectare e a projeção é que neste ano a propriedade alcance 170 arrobas. A coordenadora da fazenda explica que são diversos os pontos que embasam a prática regenerativa. Porém, ela destaca os quatro principais. Conservação do solo “Pensamos nele como o principal ponto que a gente precisa regenerar, que a gente precisa dar vida”, afirma Ramos. Entre as práticas adotadas está a rotação de culturas. Uma área que recebeu algodão em um ano, no outro terá soja e assim sucessivamente, além de outras culturas no meio dessas safras. Essa segunda safra pode ser uma cultura como milho, por exemplo, ou uma cultura de cobertura (veja abaixo). Outra prática é o não revolvimento do solo. Uso de biológicos Em todo o conglomerado, o uso de defensivos biológicos vem crescendo. Na safra 2020/2021, 11,4% das aplicações feitas nas áreas plantadas da SLC eram de produtos naturais, já na safra 2023/2024, o número foi de 15,5%. Somente na Fazenda Pamplona, o uso chega a 20% e a propriedade foi a primeira da empresa a ter uma biofábrica para produção de fungos e bactérias com esse objetivo. Aplicação seletiva “Ajuda muito nessa prática [da agricultura regenerativa], porque ao invés de eu fazer uma aplicação em uma área total para controlar uma coisinha que está só aqui ou ali, uma planta daninha, por exemplo, eu vou diretamente no problema aplicando o produto somente onde realmente precisa aplicar através de uma inteligência de uma máquina”, explica Ramos. Uso racional da água Apesar do algodão plantado na Pamplona não ser irrigado, o monitoramento constante da quantidade de água usada também é apontado como um dos pilares da agricultura regenerativa da empresa. “Irrigar só quando precisa irrigar e não ter desperdício”, pontua a coordenadora. Quais as vantagens das culturas de cobertura de solo para o algodão? Antes de elencar os benefícios dessa prática, Ramos esclarece que o solo recebe uma espécie de tratamento vip dentro da preparação e do planejamento da safra. Uma análise das necessidades de cada parte da propriedade é feita e a partir disso são escolhidas as melhores formas de agir. Basicamente, o manejo atual utiliza quatro tipos de culturas que podem ser plantadas em mix também: trigo mourisco, nabo, milheto e braquiária. Segundo a coordenadora, “dependendo do que se tem na área, a opção é por uma outra cultura. Por exemplo, o milheto cicla bastante potássio”. Na visão dela, algumas das vantagens para o algodão são: Evitar perda de microrganismos por aquecimento – a palhada que é feita posteriormente diminui o efeito da radiação solar direta no solo, o que conserva mais os microrganismos do local; Retorno de nutrientes perdidos – algumas dessas culturas funcionam como cicladoras de nutrientes, ou seja, devido às raízes profundas, elas captam nutrientes das camadas mais inferiores do solo e trazem de volta à superfície. Depois que essa cobertura é cortada e decomposta, os nutrientes voltam a ficar disponíveis nas camadas superiores do solo; Interação com microrganismos – existem nematóides e fungos que se beneficiam em detrimento do algodão ou da soja, por isso, um revezamento entre culturas distintas ajuda a mitigar a proliferação desses microrganismos. Criação de poros no solo – de forma geral, essas plantas possuem um alto nível de raízes, auxiliando no processo de escarificação do solo. Na prática, depois que a parte aérea da planta é cortada, as raízes são decompostas, porém os espaços criados por elas permanecem e dão lugar a poros no solo. Isso ajuda na infiltração de água e na aeração do terreno. Ainda segundo Ramos, esse ciclo de inclusão dessas culturas dentro de um sistema de rotação acontece após o plantio da soja. “Planta soja em outubro, colhe em fevereiro, planta cobertura em março ou abril e depois planta algodão em novembro”, explica. *Jornalista viajou a convite da Abrapa Fonte: https://agro.estadao.com.br/sustentabilidade/algodao-e-agricultura-regenerativa-fazenda-adota-medidas-que-aumentam-a-produtividade