As mudanças econômicas globais e os avanços tecnológicos estão moldando a produção e comercialização do algodão brasileiro. Para entender melhor essas dinâmicas e se preparar para o futuro, o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA) dedicará a manhã de 04 de setembro a dois painéis: “Agronegócio em Transformação: Análises Macroeconômicas e Tendências Financeiras” e “A Inteligência Artificial Vai Produzir Algodão? O Avanço da Agricultura Digital”. Eles reunirão especialistas para discutir as perspectivas de investimentos e o impacto da inovação no setor da fibra. Promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o evento ocorrerá de 03 a 05 de setembro, em Fortaleza.
A primeira plenária, mediada pelo jornalista da rede CNN, Caio Junqueira, apresentará, aos congressistas, pontos de vista sobre como a transformação econômica global e as flutuações do mercado financeiro impactam o setor agrícola, com foco específico no algodão. O Banco do Brasil, Sicredi, Rabobank e Itaú BBA, grandes players no financiamento agrícola, terão destaque, refletindo sobre como suas estratégias financeiras modelam o panorama da produção.
“Na plenária, eu e os principais economistas de quatro dos mais importantes bancos, que trabalham diretamente com o agronegócio brasileiro, vamos falar desde os impactos prováveis para o setor de algodão de temas macro, como taxa de juros, câmbio, e geopolítica mundial até temas específicos para o produtor nacional”, explicou Junqueira.
A discussão também abordará a recente volatilidade nos preços internacionais do algodão e as implicações para o mercado interno, incluindo a produção recorde brasileira e o papel crescente do país nas exportações globais. “A análise das tendências financeiras ajudará a entender como o setor pode se adaptar e prosperar em um cenário econômico em constante mudança”, diz o mediador.
Desafios
Apesar do alto desempenho na produção e na participação global de mercado, o cotonicultor brasileiro também enfrenta desafios a curto e médio prazo, em função da conjuntura mundial da commodity, sobretudo com a queda dos preços em Nova York e a desaceleração econômica mundial. André Francisco Nunes de Nunes, economista-chefe do Sicredi, será um dos painelistas. Ele avalia que, no cenário atual, a necessidade de financiamento do agronegócio na próxima safra deve ser maior.
“Analisando os três fatores, como área plantada, custo de produção e disponibilidade de recursos próprios, que ditam a demanda de crédito rural no Brasil, chegamos a essa conclusão de aumento do financiamento. A área plantada total deve expandir no Brasil em 2024/2025, somada a produtores com menor fôlego de caixa, devido à queda das commodities agrícolas nos últimos anos, e custos de produção, que devem permanecer relativamente estáveis, apontam neste sentido”, analisa.
Para debater sobre investimentos, a plenária contará ainda com a presença de Maurício Une, economista-chefe do Rabobank para a América do Sul, com PhD em Economia pela Queen Mary, University of London; Marcelo Rebelo, economista-chefe do Banco do Brasil e professor de Finanças e Gestão de Negócios no Ibmec; e Pedro Barros Barreto Fernandes, diretor de Agronegócio do Banco Itaú, com ampla experiência em mercado financeiro e formação em Engenharia de Produção pela Poli-USP.
Universo digital
A segunda plenária da quarta-feira (4), mediada pela jornalista Patrícia Travassos, explorará a revolução da agricultura digital. O debate abordará como a inteligência artificial, a análise de dados e a agricultura de precisão estão transformando a produção agrícola. Tecnologias como sensores, drones, robôs e softwares avançados proporcionam o monitoramento detalhado das lavouras, otimizando recursos e elevando a produtividade.
“Nas últimas décadas, temos testemunhado uma transformação significativa na agricultura brasileira, impulsionada pela ciência e pelas novas tecnologias. Hoje, a inteligência de dados orienta a gestão das fazendas, impulsiona a produtividade e previne perdas. Essa evolução atrai novamente os jovens para o campo, conectando-os ao mundo. É fascinante acompanhar essa mudança, especialmente, frente à crise climática, que nos obriga a buscar soluções para o futuro dos alimentos, a preservação ambiental e, claro, a nossa sobrevivência na Terra”, diz Travassos, especialista em inovação. Ela dirige a Prosa Press, produtora audiovisual focada em documentários, e possui uma vasta experiência, tendo dirigido programas como “Projeto Upload” (CNN Brasil Soft) e “Mãe S/A” (TV Globo).
A tecnologia tem avançado de forma significativa, impulsionando o setor do agro para novos patamares, e dentre as novidades, está a Inteligência Artificial (IA), tecnologia que promete ser o início de uma nova era na produção de alimentos.
Nova era
A IA é definida como a capacidade que uma máquina tem para reproduzir competências semelhantes às humanas, tais como raciocínio, aprendizagem, planejamento e até criatividade. Através da coleta e processamento de dados, é possível fazer previsão meteorológica, estimar os preços para comercialização da safra, fazer o monitoramento da lavoura, o diagnóstico de doenças, e incrementar a agricultura de precisão, com a automação de tratores e máquinas que realizam tarefas, sem intervenção humana, dentre outras aplicações.
Para falar sobre esse “admirável mundo novo”, integra o painel, Martha Gabriel, fundadora da Martha Gabriel Consultoria, uma referência no campo das novas tecnologias. Engenheira de formação, ela leciona Inteligência Artificial na pós-graduação da PUC-SP e na plataforma de aprendizagem CrossKnowledge Faculty. Além disso, é colunista nas revistas MIT Sloan Management Brasil e MIT Technology Review Brasil. Martha também integra o Institute For The Future (IFTF), a mais antiga organização educacional e de pesquisa de futuros do mundo, com a missão de “preparar o mundo para criar futuros melhores e mais equitativos”. É, também, autora de vários best-sellers, incluindo “Liderando o Futuro” e “Inteligência Artificial – Do Zero ao Metaverso”.
No painel, também estará presente a presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Silvia Massruhá. Doutora em Computação Aplicada, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Silvia testemunhou, ao longo dos anos como pesquisadora, as transformações tecnológicas na agropecuária, desde a era dos softwares até a digital. Atualmente, ela se dedica ao desenvolvimento de tecnologias para sistemas complexos, como Inteligência Artificial, blockchain e Internet das Coisas (IoT). A plenária é composta ainda por Maurício Schneider CEO da StartSe Agro e cofundador da Solubio, uma das gigantes biotechs do agronegócio brasileiro. Especialista em estratégia e alavancagem de negócios a partir da criação de frameworks modernos capazes de levar os empreendedores e as empresas a um crescimento mais sustentável.