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Brasil e China alinham protocolos de qualidade do algodão

Governos chinês e brasileiro trocaram informações sobre sistemas de inspeção em reunião promovida pela Abrapa

19 de Outubro de 2021

Brasil e China deram mais um importante passo no fortalecimento das relações comerciais entre a indústria têxtil chinesa e os cotonicultores brasileiros. A convite da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), técnicos governamentais dos dois países trocaram informações sobre os sistemas de controle de qualidade adotados em cada nação,em reunião realizada nesta segunda-feira (18).



O encontro virtual teve, como principal objetivo, alinhar de informações sobre procedimentos de análise de qualidade de algodão, para facilitar o comércio, eliminar burocracias e valorizar o produto brasileiro no seu principal mercado.


Participaram da reunião técnicos do departamento de Inspeção e Supervisão de Algodão Importado da Alfândega da China em Qingdao e do Laboratório Central Estatal de Algodão Importado (State Key Testing Laboratory of Import Cotton, SKTLIC). A China National Cotton Exchange (CNCE), entidade setorial chinesa que recentemente formalizou parceria institucional com a Abrapa, também esteve presente.



Diretores e técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), cotonicultores ligados à Abrapa e a Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea) compuseram a equipe brasileira na reunião. O evento foi realizado pelo programa Cotton Brazil, iniciativa da Abrapa, com apoio da Anea e da Apex Brasil, que visa promover o algodão brasileiro no mercado asiático.



Wang Ming, representante da Alfândega localizada na zona de livre comércio de Qingdao, apresentou as legislações que regram os protocolos de aferição de qualidade dos produtos importados e mostrou os principais procedimentos cumpridos. Qingdao responde por 60% do volume total de algodão importado pela China.  "Nos últimos cinco anos, a qualidade do algodão brasileiro evoluiu. De 2017 para cá, os índices de conformidade têm ficado em torno de 90% e percebemos que é uma fibra com boa uniformidade. Além disso, constatamos alto nível de aderência entre os indicadores brasileiros e os que aferimos na nossa própria inspeção", observou Wang.



A percepção de que o algodão brasileiro está em melhoria contínua é explicada pelos investimentos do setor em qualidade. "Analisamos 100% dos fardos produzidos no Brasil em modernos laboratórios e, a partir da safra 21/22, os resultados poderão ser conferidos pelo celular, via QR Code. Isso inclui os 81% de toda a nossa produção certificados pelo programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR)", explicou o presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato.



Gestor de Qualidade da Abrapa, Edson Mizoguchi apresentou como funciona e os principais resultados do programa de qualidade da associação, o Standard Brasil (SBRHVI), ancorado em critérios internacionais de classificação e controle. "Somente no ciclo 2020/21, analisamos 7.087.200 fardos de algodão, e a cada ano aprimoramos nossos processos. Estamos no caminho certo da excelência", avaliou.



Glauco Bertoldo, diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov) do Mapa, antecipou que as análises de qualidade ganharão ainda mais força. O algodão será o primeiro produto agrícola a ser incluído no ainda inédito sistema oficial de certificação voluntária desenvolvido pelo ministério.  "Iremos começar pela cadeia produtiva do algodão devido ao grau de organização e ao sistema da Abrapa, que certifica produtores e algodoeiras. É uma produção feita com responsabilidade e transparência. A nossa certificação com certeza irá atender os rigorosos critérios do governo chinês, que convidamos desde já para conhecer in loco nosso sistema", afirmou Bertoldo.



O detalhamento do Programa de Certificação Oficial do Algodão Brasileiro foi realizado por Hugo Caruso, coordenador geral de qualidade vegetal do Mapa. Dados de origem e das diferentes etapas de produção – da lavoura à usina beneficiadora da pluma, indo até cada fardo a ser exportado – poderão ser acessados, em tempo real, pelos compradores e auditores do produto. "O certificado poderá ser feito tanto impresso como em via digital, conforme a preferência do governo chinês", observou Bertoldo.



Principal destino do algodão brasileiro, a China absorveu 30% da fibra   exportada na temporada 20/21, e a tendência é de que o comércio exterior entre os dois países continue a crescer. Nos últimos quatro anos, o Brasil multiplicou o volume de algodão embarcado para a China em oito vezes, passando de 79 mil toneladas no ciclo 2017/18 para 721 mil toneladas na temporada 2020/21. Como resultado desse crescimento nas vendas, hoje o Brasil é o segundo maior fornecedor da pluma para a indústria chinesa, alcançando market share de 26% em 2021, atrás apenas dos Estados Unidos.

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