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Cases de sucesso e projetos na área de sustentabilidade ganham espaço no 14º CBA

04 de Setembro de 2024

Em tempos de mudanças climáticas, o tema da sustentabilidade nunca foi tão essencial para o cotonicultor. Na agenda desta terça (04) do 14o Congresso Brasileiro de Algodão, o público pôde aprender com as histórias de sucesso de profissionais que investem no equilíbrio entre produtividade e preservação, além de conhecer projetos e pesquisas que vêm auxiliando a impulsionar este tipo de produção no país.


Na primeira parte do debate – coordenada pelo engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Fernando Lamas -, produtores e especialistas de diversas regiões do país demostraram um consenso sobre a viabilidade de apostar na diversificação de culturas – com inclusão de plantas de cobertura e a rotação de culturas em sistema de plantio direto.


Para o engenheiro agrônomo Evaldo Takisawa, pioneiro na consultoria agrícola para o algodoeiro em Mato Grosso, o primeiro passo é refletir sobre o conceito de sustentabilidade. “Ser sustentável é mandatório hoje, é pensar no nosso legado para o futuro, no uso eficiente que fazemos do solo e da água e também em equidade, nas condições oferecidas aos trabalhadores”, ressaltou o especialista, ao defender um conceito amplo para a rotação de culturas. “É preciso sair da zona do conforto e abraçar a complexidade, para não fatigarmos o sistema e deixarmos um legado negativo para as próximas gerações”, alertou.


Um exemplo prático dessa aposta foi trazido pelo produtor rural do Distrito Federal Willian Matté, sócio proprietário do Grupo MeC.  “Nós pensamos a atividade agrícola de uma forma cíclica, integrada e sistêmica, porque sem diversidade produtiva o sistema entra em exaustão e surgem os problemas com doenças e pressão alta das pragas”, opinou o produtor, ao mostrar os resultados obtidos pela sua empresa com um modelo que inclui não só uma grande variedade de culturas como uma integração entre agricultura e pecuária.


Uma perspectiva semelhante foi defendida pelo consultor técnico Ricardo Atarassi, que atua na Fazenda Sete Povos, no Oeste da Bahia. Atarasse falou sobre as vantagens da inserção do algodoeiro no sistema de produção, nos pontos de vista agronômico,  econômico e social.  “Uma cultura a mais faz a cultura mais eficiente. Na nossa região, há produtores que trabalham praticamente com monocultura e nós vemos que em algum momento isso acarreta um problema crônico para a produção”, reforça.


Já na segunda parte do debate, ganharam espaço resultados de estudos e iniciativas para a promoção do algodão sustentável no Brasil.  Membro do comitê da Embrapa para gestão do portfólio de Projetos em Mudança Climática e pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa do Arroz e Feijão da Embrapa na área de Sistemas de Produção Sustentáveis, Beata Madari fez uma análise sobre estimativas de emissão de gases de efeito estufa e balanço de carbono. “Um solo mais saudável e um sistema mais eficiente resultam em mitigação das emissões de gases de efeito estufa, o que é bom também para a rentabilidade”, ressaltou Beata.


A diretora de ESG, Comunicação e Compliance da Amaggi, Juliana Lopes, apresentou um panorama sobre as estratégias de sustentabilidade adotadas pela empresa. “Nosso compromisso é com uma agricultura de baixo carbono, voltada para a biodiversidade e redução de impactos climáticos, com base numa agricultura regenerativa, mas essa proposta precisa ecoar no dia-a-dia dos produtores: é preciso uma mudança de cultura de pensamento”, afirmou Juliana.


Já o coordenador da mesa, o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Marcio Portocarrero, falou sobre estratégias como a certificação ABR – Algodão Brasileiro Responsável, da Abrapa, e o licenciamento BC (Better Cotton), uma certificação internacional adotada por grandes marcas globais.


“As cadeias de valor têm dado um recado muito sério para o setor produtivo em relação à preocupação com sustentabilidade, e nós estamos mostrando que estamos preparados para isso: somos líderes mundiais em produção de algodão certificado, queremos avançar ainda mais e temos 82% dos nossos produtores dispostos a aceitar o desafio”, concluiu Portocarrero.

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