A coleção “Experiências”, do estilista Lucas Caslú, trouxe a mistura de fotografias, embalagens, suas próprias roupas, retalhos e acessórios para construir peças assimétricas e cheias de criatividade. E foi essa junção que garantiu ao estudante de moda o título de campeão do 3º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores, realizado na noite de sábado (07/12), na capital paulista. A conquista também garantiu a vaga de estreante no line-up oficial do maior evento de moda autoral do Brasil e um prêmio no valor de R$30 mil. A professora Suely Moreira Borges Calafiori, orientadora do trabalho, foi premiada com R$10 mil em formato de bolsa destinada à pesquisa sobre algodão.
O segundo lugar ficou com Fernanda Bastos, da Faculdade Estácio do Pará (FAP), e o terceiro foi para Vitoria Antunes, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de Porto Alegre. Ambas foram premiadas com produtos das tecelagens parceiras do movimento Sou de Algodão.
Lucas é um acumulador assumido e sua coleção é um reflexo disso
A definição dos vencedores ocorreu após avaliação de uma banca de jurados formada por 10 profissionais do segmento da moda: o consultor de moda Arlindo Grund, a editora-chefe da Capricho Andréa Martinelli, a fotógrafa Cássia Tabatini, o estilista Dario Mittmann, a estilista Day Molina, o estilista Gui Amorim, o editor de moda da Bazaar Guilherme de Beauharnais, a estilista Isa Silva, a jornalista e diretora de redação da L'Officiel Hommes Patrícia Favalle e a CEO das Edições Globo Condé Nast Paula Mageste.
O estudante vencedor do 3º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores afirmou que o resultado é uma sensação indescritível. “Essa foi a minha terceira inscrição. No primeiro ano, submeti um projeto, mas não fui aprovado. Para mim, nunca foi um problema perder; nunca me senti mal por isso. Acho que só o fato de estar tentando já é uma conquista e tanto para me sentir realizado. Na segunda tentativa, também não fui aprovado, mas meus amigos foram, e eu continuei super feliz por eles. Então, na terceira vez, me inscrevi novamente e fiquei surpreso por ter sido aprovado. As coisas começaram a acontecer. E agora, sou o vencedor. Estou muito feliz e muito surpreso. É tudo muito novo para mim”, comemora.
Segundo e terceiros lugares representaram a locomoção hidroviária e a biodiversidade
A coleção da Fernanda Bastos, segunda colocada, levou o tema “Na esquina do Rio”, inspirado na forma da locomoção hidroviária, mais especificamente no trajeto Macapá/AP — Belém/PA. “É sobre as estradas da Bacia Amazônica, seus inúmeros rios e tudo o que foi visto durante minha travessia constante para estudar Design de Moda”, explica. A coleção possui looks que representam o mapa dessa estrada, composto de bordados em máquina de costura, feitos em fios de barbante e macramê, com texturas de malha e resíduos de cortes de brim.
Já Vitoria Antunes, que ficou em terceiro lugar, levou para a passarela o “Sapiens Caribal”. “A coleção é a construção de uma narrativa tangível e literal na busca da sensibilização sobre a função individual real e ativa, enquanto coletivo social, dito civilizado, e a urgência de um olhar mais gentil para a nossa biodiversidade. As cores presentes nas peças retratam as áreas dos biomas: vermelho, laranja, amarelo e azul, sobretudo, com destaque ao vermelho, que, pela psicologia, denota a intensidade, a força e o perigo cabíveis à mensagem que a estudante deseja passar”, explica.
Os demais finalistas foram: Júlia Theophilo, do Instituto Federal de Brasília (IFB); Artur Leovegildo, da Universidade Federal do Cariri (UFCA); Natália Ferreira, da Universidade Salvador (Unifacs); Bruno Babildri, da Universidade da Amazônia (Unama); João Freitas, da Universidade Anhembi Morumbi/RJ; Laura Diniz e Yohanna Oliveira, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio); Nanda Oliveira e Queren Santos, da UniSenaiPR.
“O Desafio teve, pela primeira vez, uma final com todas as regiões do Brasil. Hoje, temos um pódio formado com representantes de três regiões diferentes, inclusive da região Norte - que, no ano passado, não conseguimos ter na final. É uma alegria imensa poder dar voz e visibilidade para nomes tão talentosos e para a diversidade da moda brasileira. E é melhor ainda termos o nosso algodão como viabilizador disso”, comemora Silmara Ferraresi, diretora de relações institucionais da Abrapa e gestora do movimento Sou de Algodão.
André Hidalgo, diretor da Casa de Criadores, entregou os troféus aos vencedores junto com Silmara e, diz que ter uma final com candidatos de todas as regiões do Brasil celebra a nossa diversidade e a riqueza. “Nós conseguimos dar oportunidade a estudantes que representam o futuro do setor. O Desafio, acima de tudo, é uma forma de revelar novos profissionais”, finaliza André.
Sobre Sou de Algodão
Movimento criado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em 2016, para despertar uma consciência coletiva em torno da moda e do consumo responsável. Para isso, a iniciativa une e valoriza os profissionais da cadeia produtiva e têxtil, dialogando com o consumidor final com ações, conteúdo e parcerias com marcas e empresas. Outro propósito é informar e democratizar o Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que segue rigorosos critérios ambientais, sociais e econômicos e certifica 82% de toda a produção nacional de algodão.