Confirmando a expectativa dos organizadores, a 14ª edição do Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA) superou em número todas as anteriores. Realizado entre os dias 03 e 05 de setembro, em Fortaleza, no Ceará, o evento promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de algodão (Abrapa) contabilizou mais de 4,2 mil participantes, um aumento de, aproximadamente, 20% ante o apurado no 13º CBA, que aconteceu em 2022, em Salvador. Ao todo, foram 3,3 mil inscritos de 25 estados brasileiros e 20 países. E a área de exposição, em metragem, o aumento foi ainda mais expressivo, 7 mil metros quadrados contra 4,8 mil da anterior, um incremento de cerca de 46%. Dentre os 62 patrocinadores presentes, mais de 40% eram estreantes. Com o tema “Construindo história rumo ao protagonismo mundial”, o congresso celebrou os 25 anos de fundação da Abrapa, e a mais recente conquista do setor, a liderança do Brasil no ranking dos maiores exportadores globais, atingida em julho. De acordo com a Abrapa, o 15º CBA acontecerá em 2026, mas a data e a cidade sede ainda serão definidos.
“Esse crescimento em público e área atestam a adesão do produtor e de toda a cadeia produtiva do algodão ao congresso. Por traz de tudo isso, tem muito trabalho de organização e curadoria, durante os dois anos que antecederam o evento. Prova disso é que nem bem terminamos o 14º CBA e já vamos começar a pensar no próximo”, explica Alexandre Schenkel, para quem o Congresso é um foro fundamental para a cotonicultura brasileira.
“O Brasil assumiu sua posição de grande player e a ciência, com muito investimento em pesquisa e desenvolvimento, está na base dessa escalada. Mas a cada edição do CBA, a Abrapa tem aberto o leque de abordagens, indo além dos temas agronômicos para discutir as novas tecnologias, economia, tendências, marketing e muitos outros, para uma atividade que não para de evoluir”, afirma o presidente, destacando que o congresso também propicia as redes de contato, por ser realizado durante três dias, em um só lugar. “Conhecimento, oferta e demanda, tudo ao mesmo tempo. E eu agradeço a cada uma das pessoas que trabalhou e que compareceu ao evento, em especial aos nossos patrocinadores - veteranos e estreantes – por acreditar e seguir conosco”, finaliza.
Flavio Dalcin Mata, diretor executivo (CEO) e fundador da AgriConnection, uma das novas patrocinadoras do evento, expressou sua satisfação com a participação. "Foi uma honra para nós integrarmos esta edição histórica do congresso. Reconhecemos a importância do evento para o setor e a qualidade do público presente. Estreamos na categoria Cota Ouro, e as expectativas foram superadas. Nosso time comercial iniciou excelentes conversas e algumas grandes negociações que nos deixam otimistas. Agradecemos à Abrapa e ao CBA pela parceria”, comenta Mata.
Programação diversificada
O congresso reuniu 114 palestrantes de destaque nacional e internacional, em diversas áreas de atuação. A programação científica incluiu 6 plenárias. As salas temáticas, foram divididas em hubs dispostos, simultaneamente, em um espaço hexagonal. Os 19 hubs foram organizados no formato de “palestras silenciosas”, nas quais os participantes usaram fones de ouvido para acompanhar as apresentações e tinham a liberdade de transitar entre os temas de acordo com seus interesses.
As salas temáticas abordaram uma ampla gama de tópicos, incluindo manejo de pragas, agricultura regenerativa, práticas de baixo carbono e agronômicas, escolha de variedades e tecnologia no beneficiamento para maximizar a qualidade da fibra, dentre outros. Já nas plenárias master, o CBA, mais uma vez, foi além dos temas técnicos, para debater os grandes temas da atualidade, desde a conjuntura econômica global, as variações climáticas e os avanços tecnológicos que estão moldando a produção e comercialização do algodão, até estratégias para fomentar o consumo da fibra, dentro e fora do Brasil. A imagem, o branding e a reputação da fibra também mereceram destaque.
Seis workshops encerraram a parte técnica do congresso, com o último deles dedicado à presença feminina na cotonicultura. A atividade destacou a importância da diversidade e inclusão no setor, ressaltando como a participação das mulheres é fundamental para o crescimento e inovação na indústria do algodão.
Trabalhos científicos
Os 288 trabalhos científicos apresentados no 14º CBA refletiram a excelência da pesquisa nacional, mostrando a diversidade e a inovação da ciência brasileira. "Na minha avaliação, e na de muitos membros da Comissão Científica, o Congresso foi um grande sucesso, tanto em termos de organização quanto de programação técnica e científica. Conseguimos aprimorar o conteúdo em relação ao evento anterior, adaptando-o às preocupações atuais dos produtores de algodão e dos profissionais da área”, diz Jean Belot, pesquisador do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) e coordenador-geral da Comissão Científica.
Para ele, com um público tão diversificado, foi desafiador criar uma programação que atendesse a todos os interesses. “No entanto, esperamos que a maioria dos congressistas retorne às suas atividades com novos conhecimentos e insights valiosos sobre a cadeia produtiva do algodão. Esta edição foi um marco para o nosso congresso”, finaliza o pesquisador.