A busca por uma produção responsável da pluma se mostra cada vez mais atual e atende a algumas das mais prementes demandas do mercado global, no que tange à geração de resíduos e à sustentabilidade. Atenta a essa mudança, a cotonicultura brasileira em pouco menos de duas décadas se transformou. Para mostrar a evolução, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) detalhou aos congressistas que participaram da Conferência Anual da International Textil e Manufacturers Federation (ITMF), o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), protocolo brasileiro de certificação socioambiental, durante a plenária sobre a fibra, que reuniu especialistas, players da indústria de fiação e têxtil, trade e produtores, nesta semana, em Davos (Suíça).
A implantação do programa ABR que avalia o cumprimento das leis brasileiras na área de meio ambiente e trabalhista, como as boas práticas agrícolas e uso racional de insumos pelas fazendas participantes, impressionou o público pela riqueza de detalhes e pelo conceito de melhoria continuada nos processos. Segundo o diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, que palestrou no evento, o ABR estimula, na prática, a eficiência na produção, o investimento em qualidade da fibra e rastreabilidade da pluma cultivada no País. Duarte mostrou como a adoção do programa ABR fez com que o Brasil se destacasse na produção responsável em larga escala. "O ABR é um componente fundamental da trajetória de sucesso da produção brasileira de algodão. Em menos de duas décadas, 84% da safra brasileira é certificada pelo protocolo ABR", ressaltou. Isso significa que a fibra do País é produzida com responsabilidade, baseada nos pilares social, ambiental e econômico.
O painel sobre o algodão, no qual a Abrapa participou, contou ainda com a presença de Stephanie Silber, da Bremen Cotton Exchange (Alemanha), que falou sobre "O mundo atual do algodão", e de Marc Lewkowitz, da Supima (Estados Unidos), cujo tema foi "Reconstruindo valor através da autenticidade". A conferência deste ano, teve como tema "Mudanças Climáticas e uma Cadeia de Valor Têxtil Global Sustentável". O intuito foi chamar a atenção para os desafios de curto e médio prazo a serem vencidos pelo setor.
Para o presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato, participar da ITMF foi uma oportunidade da cotonicultura brasileira discorrer sobre como se dá a produção de algodão, com ênfase no cultivo responsável. "Fomos o único País produtor de algodão presente no evento, que reuniu as indústrias têxteis, de fiação e grandes marcas em operação ao redor do mundo", destacou, acrescentando que o objetivo de informar o mercado sobre como e em que condições se dá a produção da pluma no Brasil foi alcançada. O evento, na Suíça, se realizou entre 18 e 20 de setembro.