Com o objetivo de subsidiar sua agenda de pesquisa e ações estratégicas, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia convidou a Abrapa para apresentar as tendências e demandas da cadeia produtiva do algodão. O encontro virtual, realizado nesta quinta-feira (13), reuniu pesquisadores e integrantes do comitê local de propriedade intelectual e do comitê técnico da unidade.
"Nosso objetivo é ver o que podemos fazer juntos para agregar maior valor e renda à agricultura brasileira", afirmou Maria Cléria Valadares Inglis, chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
O presidente da Abrapa, Júlio Busato, lembrou que graças a parcerias com instituições como a Embrapa e universidades públicas e privadas, o Brasil tem hoje a maior produtividade de algodão não irrigado do mundo, é o quarto maior produtor e o segundo maior exportador da pluma. Ainda há, no entanto, diversos desafios pela frente, especialmente no controle de pragas e doenças.
"O maior desafio é tentar achar uma planta resistente ao nosso grande arqui-inimigo, que é o bicudo algodoeiro", relatou Busato. O foco dos produtores é o controle preventivo, uma vez que o potencial de perda da praga é de 100%. A lagarta Spodoptera frugiperta, com potencial de perda de 40 a 60%, também preocupa os cotonicultores. Do complexo de doenças fúngicas, a Ramulária é a prioridade, mas a pressão de Mancha-Alvo e Alternária tem aumentado consideravelmente nas lavouras de algodão e há poucas variedades com bons níveis de tolerância.
Outras dificuldades a serem enfrentadas são a falta de variedades com tolerância à déficit hídrico e a nematóides, o controle de plantas daninhas e a efetiva destruição de soqueiras. O presidente da Abrapa mencionou, ainda, que as tecnologias (OGM) em algodão aprovadas no Brasil seguem basicamente as características de tolerância a herbicidas e resistência às lagartas. "Precisamos de cultivares que tenham bom potencial produtivo, resistência a pragas e excelência em qualidade da fibra", sintetizou.
Como tendências do setor produtivo, Busato destacou novas soluções através de Técnicas Inovadoras de Melhoramento de Precisão (TIMPs) e maior utilização de ferramentas de precisão, digitais e de inteligência artificial, principalmente na aplicação de insumos. Também citou novas soluções em tecnologias limpas, principalmente relacionadas à redução da aplicação de defensivos e fertilizantes; quantificação do carbono no sistema de produção do algodão e precificação desse ativo; e novas soluções em controle biológico, com ampliação do portfólio de alternativas, maiores índices de eficiência e forte crescimento do modelo On Farm.
Segundo Maria Cléria Valadares Inglis, as informações servirão de base para a formulação de propostas que tenham impacto efetivo na cotonicultura. "Esperamos poder realmente solucionar algumas das grandes questões da cadeia de produção do algodão", concluiu a chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.