A Döhler, empresa têxtil de Santa Catarina com mais de 140 anos de história, lançou neste mês as primeiras toalhas 100% algodão com rastreabilidade completa e certificação de boas práticas socioambientais na produção da fibra.
Um QR Code fixado na etiqueta do produto permite ao consumidor final escanear o item, com uso de um smartphone, e acessar todas as informações sobre o algodão usado para a confecção da peça, com tecnologia blockchain para garantir a segurança e a integridade dos dados.
De maneira geral, as toalhas representam 60% do faturamento anual da Döhler. Na primeira fase da parceria com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) serão produzidas 73,8 mil toalhas com rastreamento via QR Code, com expectativa de chegar a 100 mil até agosto de 2025, segundo Marco Aurélio Braga, head de Marketing e Comunicação da Döhler.
“Para nós, esse processo de rastrear a toalha foi relativamente fácil. Monitoramos toda a cadeia, desde a fiação, confecção e distribuição para o varejo”, disse Braga, acrescentando que a aceitação do produto por redes varejistas foi “muito boa” neste primeiro momento.
O consumidor que adquirir a toalha poderá ver que a matéria-prima utilizada foi produzida em duas fazendas de Mato Grosso, certificadas pelo programa ABR — Algodão Brasileiro Responsável —, de boas práticas, criado pela Abrapa. O conjunto de dados mostra o caminho que a pluma percorreu por unidade de beneficiamento, fiação, tecelagem e confecção, até chegar ao varejo.
A previsão é usar 100 fardos de algodão e 18,9 toneladas de fios nessa ação. O primeiro lote contou com 1,1 mil metros de tecido e 675 peças rastreáveis. Outras 24 mil estão em produção.
A têxtil catarinense se juntou a outras empresas que já integravam o programa Sou ABR, como C&A, Renner, Reserva e Youcom. Até 2023, já foram 160 mil peças comercializadas nesse sistema.
“O consumidor final é o mais exigente em sustentabilidade e responsabilidade da produção. Temos o papel de mostrar que o algodão brasileiro é o mais responsável do mundo e aproveitar a rastreabilidade que vai do talhão até as grandes marcas”, afirmou o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel.
Na safra 2022/23, 72 fazendas participaram do programa, que já utilizou mais de 21 mil fardos de algodão, 2,2 mil toneladas de fios, 38,8 mil metros de tecidos e 92,4 mil quilos de malhas que chegaram aos consumidores finais.
O objetivo da iniciativa é dar maior visibilidade às práticas do setor. “Os produtores há tempos cobravam que possuiam as boas práticas, mas isso não chegava ao conhecimento do consumidor final”, afirmou Silmara Ferraresi, diretora de Relações Institucionais da Abrapa.
As boas práticas não geram prêmio sobre os preços do algodão, segundo ela. Mas a executiva avalia que o uso da tecnologia trará reconhecimento maior das ações sustentáveis na cadeia.
A rastreabilidade completa, até o consumidor final, é uma evolução de outro programa da Abrapa, o Sou de Algodão. A campanha começou em 2016 com 10 apoiadores, entre eles a Döhler, e agora já reúne 1,6 mil marcas de moda e vestuário que ajudam a promover a pluma nacional nas suas peças e fomentam o consumo da fibra produzida de forma responsável.