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Mudanças na classificação do algodão são aprovadas em conferência com a presença da Abrapa

28 de Junho de 2024

De 25 a 27 de junho, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) acompanhou a 30ª Conferência Universal de Padrões realizada pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em Memphis, Tennessee. Neste evento, que marcou cem anos de utilização dos padrões, foram aprovadas mudanças significativas na classificação do algodão. Uma delas foi a adoção da tabela de HVI (High Volume Instrument) do USDA como padrão universal, incorporando a correlação entre Rd, +b e o color grade, refletindo uma modernização necessária devido às dificuldades crescentes na montagem das caixas padrão, que têm referência de 1986 e se deterioraram com o tempo.


Para o representante da Abrapa, o especialista em qualidade de algodão, Deninson Lima, que atua no Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA), pertencente à entidade, essas mudanças visam não apenas padronizar os métodos de avaliação do algodão globalmente, mas também adaptar-se às transformações contínuas na tecnologia e nas práticas agrícolas ao redor do mundo.


“A medida é benéfica para todos, pois visa a padronização mundial. Isso é especialmente importante porque está se tornando cada vez mais desafiador estabelecer caixas padrão, devido aos avanços tecnológicos e às mudanças nas técnicas de produção do algodão, que evoluem a cada safra”, afirmou.


Baseado nessas caixas atualizadas aprovadas na conferência, os laboratórios que as adquiriram receberão novas embalagens baseadas no novo padrão estabelecido. Geralmente, elas têm uma validade de um ano.


Segundo Gretchen Deatherage, diretora da Divisão de Normalização e Engenharia do USDA, a conferência transcorreu conforme o planejado, com a participação de um grupo significativo de representantes. “Ela é importante para manter os padrões atualizados conforme as demandas da indústria e abordar novas necessidades que surgem ao longo do tempo. A segunda proposta é um marco importante, especialmente para o mercado, e é necessária para a padronização global”, disse. Ela também destacou a importância da Abrapa se tornar signatária, por sua liderança no setor de algodão brasileiro.


 

Polêmica


No entanto, a adoção da tabela do USDA para a classificação do algodão gerou controvérsias durante o Congresso. Desde 2000, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos não realiza mais a classificação visual da pluma, exceto para contaminantes; agora, todo o processo é realizado utilizando essa tabela, deixando de lado as caixas de referência.


Com isso, são utilizadas as análises HVI correlacionadas com Rd (reflectance difference), que mede a brancura da fibra de algodão, +b (yellow-blue axis), que indica a quantidade de amarelo ou azul presente na fibra, e o color grade, que é classificação geral da cor do algodão. Esses parâmetros são importantes para os compradores e vendedores de algodão, pois ajudam a determinar a qualidade da fibra.


“A partir de agora, o grande desafio será entender como a adoção da tabela oficial do USDA impactará na qualidade dos resultados”, analisou o especialista brasileiro. Atualmente, apenas a empresa Uster utiliza a mesma metodologia. Os demais fabricantes de instrumentos que analisam o algodão não expõem a que utilizam. Com a oficialização do padrão, eles precisarão se adaptar para assegurar que seus métodos estejam alinhados ou demonstrar que suas análises mantenham uma correlação equivalente.


“No Brasil, os laboratórios habilitados no Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI) já utilizam os equipamentos da Uster, o que será uma vantagem. Mas é importante considerar qual será o impacto dessa mudança na comercialização final do algodão. E isso só vamos ver o resultado na próxima safra”, completou Deninson Lima.

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