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Previsão de produção de algodão sobe para 2,82 milhões de toneladas

​Cenário mundial gera incertezas quanto à safra 22/23

22 de Março de 2022

Previsão de produção de algodão sobe para 2,82 milhões de toneladas

A estimativa de produção de algodão na safra 21/22 subiu para 2,82 milhões de toneladas, crescimento de 19,6% em relação ao ciclo anterior. Em dezembro/21, a previsão era de 2,71 milhões de toneladas. A atualização foi apresentada pela Abrapa e pelas associações estaduais nesta terça-feira (22), durante a 66ª Reunião Ordináriada Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (CSAD/Mapa).

O aumento da produção é resultado da recuperação de 15,2% na área plantada, que chegou a 1,579 milhão de hectares, e da alta produtividade. De acordo com o terceiro levantamento da safra 21/22, realizado no início deste mês, a previsão de produtividade é de 1.785 Kg/hectare -a segunda maior da história -,3,8% acima do obtido no ciclo anterior. O recorde ocorreu na temporada 19/20, quando as lavouras brasileiras atingiram a média de 1.802 kg por hectare.

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Exportações

 

A Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea) apresentou dados atualizados da atual temporada de embarques, iniciada em julho de 2021. Até fevereiro deste ano, foram exportadas 1.258 milhão de toneladas da pluma. Segundo o presidente da entidade, Miguel Faus, a estimativa é chegar a 1.742 milhão de toneladas até o final do ciclo.Os principais clientes da fibra brasileira seguem sendo China (32,7%), Vietnã (16,2%), Turquia (13%), Bangladesh (10,1%), Paquistão (9,9%), e Indonésia (8,5%).

 

Faus destaca a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a elevação da inflação mundial e a volatilidade da cotação do petróleo como fatores de preocupação. Além da alta nos preços dos fertilizantes e defensivos, há temor quanto à disponibilidade de insumos para a safra 22/23 e o agravamento da crise logística registrada em 2021, com escassez de contêineres.

 

Entre os fatores de alerta, a Anea aponta a previsão de crescimento de 20% da safra 2022 dos Estados Unidos – pode ser menos, em razão da seca no West Texas. Também chama a atenção para o fato de que a Austrália oferecerá algodão no segundo semestre, concorrendo com o produto brasileiro, com previsão de safras cheias em 2023 e 2024.

 

Preço Mínimo

 

A atualização do preço mínimo do algodão, especialmente em razão da disparada nos preços dos fertilizantes e de outros insumos, também entrou em pauta na reunião da Câmara. A proposta do setor é atualizar o atual valor de R$ 82,60/@de plumapara R$ 122.  "O cenário mundial mudou completamente. A conjuntura atual não permite que seja menos que isso", avaliou o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero. "A atualização do preço mínimo é uma medida de precaução, de recomposição de custo, para que possamos manter nosso ritmo de crescimento", pontuou.

 

O presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato destacou que a safra atual está garantida, mas é imprevisível o que pode acontecer no próximo ciclo em razão do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. "É uma incógnita. A gente sabe como as guerras começam, mas não sabemos como terminam", afirmou. "Precisamos atualizar o preço mínimo todos os anos, porque um dia poderemos precisar e ele é a base de tudo", ressaltou.

 

Nematóides

Outro tema tratado pela Câmara Setorial da CadiaProduova de Algodão e Derivados foi a ameaça dos nematoides à cotonicultura brasileira. Existem 3 espécies de nematoides que causam perdas na ordem de 10% na produção do algodão do Brasil: (Meloidogyneincognita, Rotylenchulusreniformis e Pratylenchusbrachyurus). O algodoeiro caracteriza-se como a cultura mais suscetível/intolerante para o R. reniformis e há  poucos produtos registrados para esse alvo, inviabilizando a produção em determinadas situações.

 

Além dessas espécies, recentemente foi identificada a ocorrência do Aphelenchoidesbesseyi, mesmo causador da "vaca loca II na soja", e do Meloidogyneenterolobii, contra os quais ainda não há resistência genética e controle biológico. Diante disso, os cotonicultores pedem a priorização do registro de nematicidas químicos para a cultura do algodoeiro, com a finalização dos registros em andamento para M. incógnita, priorização dos registros para R. reniformis e, imediatamente, termos ativos registrados para Aphelenchoidesbesseyi.

 

Missão Vendedores

 

O presidente da Abrapa aproveitou a reunião para fazer um relato dos encontros realizados com compradores do Paquistão e da Turquia entre fevereiro e março deste ano, na primeira Missão Vendedores realizada desde o começo da pandemia. Após a promoção de um evento em Dubai para cerca de 100 empresários paquistaneses,  a comitiva brasileira, formada por cotonicultores e exportadores, visitou as principais indústrias têxteis turcas. A missão foi realizada em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Anea.

 

Patrícia Morinaga, associada da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), integrou a comitiva. "A viagem foi muito produtiva. Com essa aproximação vamos quebrando barreiras, mostrando que, mesmo com custo de produção mais alto, nossa intenção é manter a área e ser um grande fornecedor mundial", avaliou.

 

O presidente da Anea, destacou a presença de produtores como o grande diferencial dos eventos realizados. "As fiações se sentiram prestigiadas e viram a importância que os cotonicultores brasileiros dão para a qualidade do algodão que está sendo enviado para o mercado externo", afirmou Miguel Faus, destacando o crescente aumento de exportações para Paquistão e Turquia. "Estão investindo muito em novas fiações, temos um potencial enormepara o futuro", frisou.

 

Para Júlio Busato, a missão foi altamente positivo. "Os americanos têm escritórios nessas regiões, mas não conseguem fazer a aproximação que fizemos e estabelecer essa relação quase de amizade com os clientes . Queremos fazer mais viagens dessas e trazer os compradores para conhecer nossas lavouras", concluiu o presidente da Abrapa,

 

A próxima reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados está prevista para acontecer no dia 22 de junho.

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