Brasil avalia exportar algodão ao Irã e fazer permuta com item de adubo
Representantes dos produtores rurais de algodão do Brasil se reuniram com empresários da indústria têxtil do Irã nesta quinta-feira (25) para discutir uma possível parceria entre os dois países. Com uma indústria em franca expansão, o país do Oriente Médio pode se tornar um comprador assíduo do produto, que hoje em dia é quase todo exportado para o mercado asiático.
De acordo com a Associação Brasileira dos dos Produtores de Algodão (Abrapa), atualmente não existe exportação direta de algodão do Brasil para o Irã, mas se a parceria for estabelecida, será possível enviar até 120 mil toneladas de algodão por ano para o Irã.
O Brasil é o quarto maior produtor mundial de algodão, atrás da Índia, China e Estados Unidos. Em 2021, ocupou a posição de segundo maior exportador mundial do produto. O Irã, atualmente, compra algodão de países como o Uzbequistão e Índia. Outros grandes produtores de algodão, como a China e os Estados Unidos, não exportam algodão para o Irã.
Permuta entre algodão e item para fertilizante Segundo a Abrapa, as exportações brasileiras para o Irã hoje atualmente se ancoram, principalmente, em soja em grão, farelo de soja e milho. Esse comércio movimenta, por ano, cerca de US$ 1,05 bilhão e pode ajudar na aproximação dos cotonicultores.
"Isso porque no Brasil, quem cultiva algodão também cultiva soja e milho porque faz uma sucessão de culturas ao longo do ano", declarou Júlio Cézar Busato, presidente da Abrapa. "O agricultor que está exportando grãos para o Irã [soja e milho] também pode embarcar pluma, principalmente se inserirmos nessa negociação a uréia."
Desde 2019, o Brasil importa ureia do Irã, insumo que é utilizado na fabricação de fertilizantes. Em 2021, os iranianos forneceram 4,5% do volume total de ureia importada pelo país e, em 2020, foram o quarto maior fornecedor do insumo para o Brasil. "A operação de barter [permuta em que o agricultor adquire um insumo e paga com uma commodity] entre ureia e algodão é uma opção real para ampliarmos o comércio bilateral", afirmou o embaixador do Brasil em Teerã, Laudemar Gonçalvez de Aguiar Neto.
UOL – Por Viviane Taguchi - 27.11.2021