A Associação dos Produtores de Algodão do Estado do Ceará (Apaece) acaba de se tornar a mais nova integrante da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). A entrada marca um passo decisivo na consolidação do algodão cearense como uma força emergente no cenário nacional, após décadas de retração dessa cultura no estado que já foi o terceiro maior produtor do país.
Fundada em 2020 e com sede em Quixeramobim, no sertão central cearense, a Apaece nasceu com a clara missão de recuperar a cotonicultura no estado de forma estruturada, inclusiva e sustentável. Hoje, já colhe os primeiros frutos de um trabalho técnico e coletivo que une pequenos, médios e grandes produtores, universidades, governos e entidades do setor produtivo.
Segundo a direção da entidade, o ingresso na Abrapa é um marco estratégico. “Precisávamos de um padrinho forte, com experiência, respaldo institucional e voz ativa no setor. Ninguém melhor que a Abrapa para nos oferecer esse guarda-chuva qualificado e nos ajudar a encurtar caminhos”, afirmou o Presidente da Apaece, Marcos Montenegro. “Fomos analisados, testados e, agora, acolhidos. Honraremos essa confiança com trabalho e resultados”.
Um trabalho coletivo que se fortalece
A Apaece é uma associação mista, com a participação de produtores, pessoas físicas e também entidades jurídicas, como associações regionais localizadas nas regiões do Cariri e de Tauá. Ao todo, a organização atua em sete regiões do estado, com um sistema descentralizado de gestão, produção e comercialização.
Desde o início, a produção foi pensada de forma estratégica. A primeira safra, em 2020, teve caráter experimental, focada na agricultura familiar e com forte apoio técnico. Hoje, o Ceará já conta com entre 2 mil e 2,5 mil hectares cultivados, divididos entre produtores convencionais, agroecológicos e orgânicos.
Três pilares que sustentam o futuro
A atuação da Apaece se estrutura sobre três pilares: sustentabilidade, tecnologia e qualidade. Os três caminham juntos e com igual importância. Dentro deles, estão iniciativas ligadas a boas práticas agrícolas, uso racional de recursos, integração de novas tecnologias adaptadas ao semiárido e compromisso com a rastreabilidade e a excelência da fibra.
O algodão agroecológico e orgânico produzido por agricultores familiares já começou a romper fronteiras, e hoje, parte dessa produção é exportada para a França, em um nicho de mercado que valoriza a origem sustentável e o impacto social da produção.
Com a Abrapa, de olho no mundo
Ao ingressar na Abrapa, a Apaece pretende acelerar sua curva de desenvolvimento. A associação vê na troca de conhecimento, na inserção em programas nacionais e no acesso a padrões técnicos mais avançados uma ponte para elevar o patamar do algodão cearense. A filiação também fortalece o discurso institucional da entidade junto a órgãos públicos, investidores e organismos internacionais.
“A Abrapa é referência mundial. Estar ao lado dela nos ajuda a planejar melhor, evitar erros já cometidos em outros estados e a levar nosso algodão para onde ele merece: o mundo”, diz o presidente da Apaece.
Entre os próximos passos da entidade está a construção de um centro de referência do algodão, e um laboratório de análise de fibras com tecnologia HVI, padrão internacional para medição da qualidade da pluma
Além disso, a Apaece quer expandir os programas de capacitação técnica, ampliar o acesso a insumos, consolidar o Fundo de Apoio à Cotonicultura e, sobretudo, reocupar o lugar histórico que o algodão cearense já teve na economia nacional.
O ouro branco do século XXI
A vocação histórica do Ceará para o algodão está sendo resgatada com estratégia, ciência e visão de futuro. “Nossa visão futura é criar uma cadeia do algodão estruturada, atendendo o nosso mercado local, gerando emprego, gerando renda, fazer do algodão o nosso ouro branco novamente, sendo mais uma opção de receita para o nosso estado, para que ele volte a protagonizar esse espaço que sempre foi dele.”, afirmou o vice-presidente da Apaece, Airton Carneiro.
Montenegro ressaltou que Ceará tem aptidão para a cultura do algodão e que é parte da missão da Apaece fazer a cotonicultura voltar a prosperar no estado, “Devido a pujança que o algodão já propiciou no passado, o terceiro estado de maior produção no Brasil, essa cultura faz parte de nossa história. Estamos no rumo certo e preparados para tal missão.”
Com o apoio da Abrapa, a Apaece se une as outras 10 associações de produtores, que juntas representam 99% de todo algodão produzido no Brasil.