O algodão, como fibra natural, reciclável e biodegradável, deve ser valorizado para que o futuro da indústria têxtil e da moda seja mais responsável. Essa foi a mensagem defendida pelo Brasil durante a Textile Exchange Conference, que ocorreu nesta semana em Pasadena (Califórnia).
A delegação brasileira no evento foi formada por representantes da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e da Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa). A Textile Exchange é uma organização global sem fins lucrativos que fomenta boas práticas para reduzir impactos sobre o clima e a natureza.
Um dos pontos altos do evento foi a mesa redonda global do algodão, que ocorreu na segunda (28) e que foi acompanhada pela delegação brasileira. Entre os assuntos, as iniciativas mais recentes da Textile Exchange, do International Cotton Advisory Committee (ICAC) e de outras organizações mundiais que fomentam o uso de fibras preferenciais.
O termo ‘algodão preferencial’ (pCotton) foi criado pela Textile Exchange para identificar a pluma produzida com mais responsabilidade ecológica e/ou social que o convencional. Atualmente, há 18 programas mundiais de cultivo de fibras preferenciais identificados pela organização – incluindo lã e outros produtos.
O programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), padrão nacional de certificação socioambiental do algodão, está na lista de pCotton da Textile Exchange. “Nosso intuito é estimular a produção de mais fibras preferenciais no mundo, como é o caso do ABR. Nossa presença em eventos como este nos permite participar mais ativamente das discussões mundiais em torno do assunto”, observou Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa.
Claire Bergkamp, CEO da Textile Exchange concorda. “Não atuamos exclusivamente para fibras orgânicas, mas sim com a meta de incentivar o uso de fibras preferenciais, independente do modo de produção”, revelou a executiva.
O financiamento privado da produção sustentável do algodão também esteve em pauta. “A adoção de um sistema produtivo mais responsável não ocorre de uma safra para a outra, mas em médio a longo prazo, de três a cinco anos. Algumas marcas têm investido nisso e esse movimento precisa aumentar”, observou o gestor de Sustentabilidade da Abrapa, Fabio Carneiro.
Outro tema de destaque foi a preocupação com a grande produção de roupas com fibra sintética. O volume de resíduos, o desperdício e a destinação final da chamada “fast fashion” preocupam o setor. “A notícia positiva é que o algodão é uma alternativa de menor impacto, totalmente biodegradável e mais apto à reciclagem”, pontuou o presidente da Abrapa.
Os ganhos ambientais da agricultura regenerativa também foram abordados. O tema foi objeto de um painel específico, que foi acompanhado pelo diretor da Ampa, Guilherme Scheffer.
Além de participarem dos debates da conferência, os representantes da Abrapa realizaram reuniões paralelas. Uma delas foi com a Cascale, antiga Sustainable Apparel Coalition (SAC), rede internacional de cerca de 300 marcas de roupas, calçados e produtos têxteis focada em criar ferramentas para avaliar e medir impactos ambientais da indústria.
Saiba mais
A presença da delegação brasileira na Textile Exchange Conference integra as ações do Cotton Brazil, programa de promoção do algodão brasileiro em escala global desenvolvido pela Abrapa. A iniciativa tem a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e recebe apoio da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea).