O hub “Perfil e fertilidade de solo como estratégia para minimizar consequências da variabilidade climática” abordou um dos eixos de discussão do 14° Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), a fisiologia do algodoeiro. Com coordenação de Fernando Lamas, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, o painel reuniu três especialistas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) para falar sobre a importância de entender o perfil do solo e como corrigi-lo, para que ele esteja apto a enfrentar as adversidades, como as variações climáticas, cada vez mais comuns nas lavouras de todo o mundo. “Qualquer fato que venha a interferir na atividade fisiológica do algodoeiro pode resultar em queda da produtividade ou impacto negativo na qualidade da fibra”, explica Lamas.
Para Álvaro Vilela Resende, da Embrapa Milho e Sorgo, o solo ideal é aquele que apresenta sinergia entre química, física e biologia, tendo a matéria orgânica como a “liga” dessa tríade. “A gente está vivenciando um novo patamar de gerenciamento agrícola. No caso do manejo de solo, é preciso uma visão global de como integrar as características químicas, físicas e biológicas, através do manejo para utilizar o potencial produtivo de forma sustentável e com alta rentabilidade”, afirma o palestrante.
Na sequência, o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Júlio Cesar Salton, abordou a qualidade física do solo. Para ele, a capacidade do “sistema solo” de proporcionar condições para as plantas enfrentar as adversidades climáticas, como a ocorrência de veranicos, está na cobertura permanente da superfície, que terá uma boa estrutura, graças à maior taxa de infiltração da água, dentre outros fatores.
“Essa qualidade física é resultado de um processo que não ocorre de um dia para outro. É uma construção ao longo do tempo. O elemento fundamental para que se verifique a qualidade física do solo é a entrada de carbono, através de plantas e raízes que vão levar matéria orgânica à terra. Isso vai proporcionar, ao longo do tempo, as condições desejadas”, explica Salton.
Ieda Mendes, da Rede Embrapa de Bioanálise de Solos (BioAS), finalizou o debate falando sobre a saúde do solo como ponto fundamental para a produtividade da lavoura. “Solos biologicamente ativos são mais produtivos e mais resilientes. Toleram melhor as mudanças climáticas. E para manter os solos biologicamente ativos e produtivos temos que adotar sistemas de manejo que estejam mais alinhados com a natureza”, conclui Mendes.